História O fogo do coração gelado - Jogo

Reira alcançou a mãe e observou:
- Saindo da sala do comandante, por acaso teria alguma novidade pra mim?
- Ah, filha, sempre perspicaz, ne? Sim, o comandante Kyouraku conseguiu uma nova audiência para a Michiko com a central 46.
- Sério? - questionou surpresa, com expressão alegre.
- Não brincaria com isso...
- E quando será?
- Daqui a 4 dias.
- Na véspera do campeonato! - pensou alto, exclamando.
- Campeonato?
- Sim, acabamos de receber essa notícia, campeonato avaliativo dos tenentes. - explicou um pouco indiferente ao evento.
- Que bom, Reira, assim ficará entretida até lá.
- Digamos que sim! - ela sorriu.
- Está livre pro almoço?
- Estou.
- Me acompanha até o 10º? Buscar seu pai e irmos juntos?
- Bem que eu gostaria, mas preciso assinar um relatório para a taichou antes, vá na frente, eu chegarei em seguida. - a tenente estava era receosa em encontrar Toshiro novamente.
- Tá, não demora! - concordou a Yamamoto mãe apressando os passos.
Chegando a seu destino, Tsukiumi encontra Renji, Toshiro e Matsumoto saindo do batalhão com uma pilha de papéis, cada.
- Renji! - chama acenando.
- Tsuki-chan? - estranha o Abarai.
- Surpreso?
- Um pouco.
- Indo a algum lugar?
- Pra casa.
- Que bom, passei por aqui para acompanhá-lo.
- Ótimo, ajuda aqui então... - pede o capitão estendendo parte da pilha que levava.
- Uff... o que vão fazer com tantos papéis?-  reclama a capitã recebendo um pouco de cada.
- São novos relatórios que o comandante Kyouraku enviou logo cedo, pediu pra concluirmos antes do anoitecer, então pra não perdermos tempo, faremos em casa, o esquadrão é muito movimentado. - explicava enquanto caminhavam.
- Ah, que prático! - elogiou a esposa.
Conversaram sobre assuntos aleatórios e aproximando-se do destino, o pai lembra:
- Reira não vem?
- Vem sim, passou no esquadrão para resolver algo com Sói Fong.
Entraram, guardaram os relatórios no escritório de Renji (sim, ele tinha um escritório, podem não acreditar, mas ele leva muito trabalho pra casa) e sentaram-se a mesa.
Reira apareceu em seguida na porta:
- Cheguei, desculpem a demora! - ainda não havia notado Toshiro e Matsumoto, e quando se da conta, sua expressão muda.
- O que há, lindinha? Parece que está vendo um fantasma... - comenta Rangiku.
- N-não, eu só não esperava vê-los aqui, desculpem-me pela grosseria.
- Ah, não tem problema algum! - Matsumoto da com os ombros.
- Que bom! - e virando-se para o pai, continua - trouxe alguém pra almoçar conosco.
- Quem? - questiona enciumado (¬¬).
- O 3° oficial do meu esquadrão, Hideki-kun, estou responsável por ele até que tenha dinheiro o suficiente e pagar suas próprias despesas.
Renji silenciou encarando a filha furioso.
- Pode pedir que entre, Reira! - interrompe Tsukiumi, quebrando o clima que o esposo tinha deixado, tenso.
- Tá... - ela assentiu sorrindo e saiu para chamá-lo. 
- Por que fez isso, Tsuki-chan? - questionou o Abarai irritado.
- Ele já está aí, não podemos fazer nada!
- Tsc.. - reclamou pouco antes de sua filha retornar!
- Bem, esse são meus pais, Tsukiumi e Renji, capitães do 4° e 10° esquadrão, e estes são Toshiro e Matsumoto, que conheceu mais cedo! - falou Reira apresentando-os.
- Satisfação em conhecê-los, espero não está incomodando!
- Não mesmo... - Renji falou com sarcasmo.
Tsukiumi da uma cotovelada no esposo, sorri e pede:
- Sentem-se!
Assentiram e iniciaram uma refeição silenciosa.
Toshiro terminou primeiro, na verdade, mal havia tocado na comida, e pediu para retirar-se, iria retornar ao trabalho.
Logo após, Matsumoto, que não deixaria seu amigo tenente curtir uma fossa sozinho, bem sabia o que poderia estar se passando por sua cabeça depois da conversa que tiveram pela manhã.
Aos poucos, Reira se via a sós com Hideki.
"Que clima chato eu causei, mas como poderia saber que eles viriam também? Uff...", suspirou a tenente e tentando amenizar disse:
- Eles estão muito ocupados esses dias...
- Relaxa! - diz o rapaz tranquilo, deitando-se de costas no chão, sentindo-se bem a vontade.
- Ainda temos tempo até voltar ao esquadrão, se quiser pode descansar num dos quartos de hóspedes. - Reira avisa esticando-se.
- Depois de lutar com todos aqueles oficiais, não conseguiria recusar.
- Ótimo, venha comigo! - a tenente o chama e sai na frente, guiando o amigo até um quarto que tinha a varanda para o jardim, próximo ao escritório do pai, ela pretendia ter a oportunidade de ver Toshiro um pouco mais, porém, encontra sua mãe mais a frente:
- Só faço coisas erradas, ne? - indaga com ar de cansaço.
- As visitas em geral foram inesperadas, onde ele está?
- Naquele quarto. - ela aponta e senta num degrau, encolhendo as pernas e as abraçando.
- Está desanimada... - comentou sua mãe.
- A manhã foi cheia! - a filha responde como um suspiro.
- Dias melhores virão, não se preocupe! - Tsukiumi sorri e recebe outro de volta. - Aconselho que descanse, eles passarão a tarde trancados no escritório.
- Nem queria saber. - Reira faz beicinho e vira o rosto.
- Haha, e precisa perguntar?
- Irei para meu quarto! - levantou-se logo caminhando.
Reira on:
Tirava o shihakushou enquanto pensava: Estar no meu quarto ou ficar no jardim, ou Karakura ou Seireitei não fazia diferença, todos os lugares haviam memórias com ele e não me deixavam esquece-lo.
Agora ele estava tão perto e tão longe ao mesmo tempo, e logo agora que devo reconquista-lo, há mil coisas pra fazer, ficar de olho em Hideki, acompanhar o andamento do novo julgamento de Michiko, e treinar pro campeonato, principalmente o último irá me deixar bem ocupada, isso sem contar com minhas atividades habituais no esquadrão, a capitã é muito rígida.
Coloquei um short confortável bem folgadinho cinza e uma regata azul marinho, ok, não faziam parte de um mesmo conjunto, mas eu gostava de usá-los assim.
Me encarava no espelho enquanto prendia meu cabelo num rabo de cavalo alto, deixando alguns fios soltos na frente, e percebi que não iria conseguir pregar o olho enquanto estivesse pensando em tantos problemas ainda sem soluções.
Suspirava de tédio então resolvi que algo doce poderia me ajudar a melhorar, mesmo descalça fui até a cozinha, que não era muito longe do meu quarto, eu amo essa facilidade, haha, tentava pegar uma bandeja no alto do armário, mais um pouco, mais um pouco, desisti do utensílio e de repente, senti alguém por trás de mim pegando-na pra mim, me arrepiei, não vi ninguém se aproximar até agora, nani?
Virei-me e lá estava Toshiro, que sina essa de nos encontrarmos na cozinha, hein?
- Era essa que estava tentando pegar? - ele me perguntou sério.
- S-sim. - gaguejando de novo, que vacilo!
- Assaltando a geladeira novamente? - sério que ele só pensava nisso?
- Estou na minha casa desta vez. - retruquei me desviando e afastando.
- Tudo bem, isso não foi uma crítica!
- Pareceu...
- Pegue. - ele me estendeu a bandeja.
- Obrigada. - agradeci e a puxei pra mim, coloquei em cima de uma bancada, abri a geladeira e perguntei - Quer comer algo? Percebi que mal tocou no almoço.
- Não precisa se incomodar, vim buscar apenas um pouco de água.
- Tem certeza? Veja, tem bolo, torta, chá... - questionei pra ter certeza, colocando muitos doces pra fora, no último, um bolo de chocolate, instintivamente passei o dedo na cobertura, levando a boca em seguida, ele me olhou surpreso, ou ao menos era essa a expressão que me passava, será que fiz outra besteira?
- Não deveria fazer isso... - ele alertou, e me lembrei do dia em que fiz o mesmo em sua frente pela primeira vez em Karakura, Toshiro havia dito o mesmo, e decidi tentar repetir o diálogo sem que percebesse, estava curiosa pra saber até onde iria chegar.
- Isso o que? - passei novamente o dedo na cobertura do bolo enquanto perguntava.
- Isso. - apontou pro meu dedo sujo.
- Ah, não me diga que o senhor tenente tem "nojinho" de comer com as mãos... - provoquei me aproximando e passando o chocolate na ponta de seu nariz.
- Pare já com isso! - falou sério, desviando a atenção, é, parece que dessa vez ele não tinha entrado no clima da brincadeira, suspirei, virei-me de costas, limpei meu dedo levando a boca, peguei os talheres arrumando tudo na bandeja, o encarei e disse:
- Ok, você venceu! - voltando para o meu quarto.
De canto pude observa-lo escorando-se no armário como uma forma de aliviar a tensão, era isso que causava a ele? Sério?
Perdi até a vontade de comer os doces, havia levado apenas para não parecer tão frustrada quanto sua reação, coloquei a bandeja numa mesinha que ficava próximo a minha cama, afundei minha cabeça no travesseiro e depois de alguns minutos adormeci, sei disso, pois me acordei assustada com o despertador fazendo o maior barulho, que saco!
Tomei um banho relaxante, vesti meu shihakushou, fiz uma trança, passei na cozinha, esquentei água para o chá, peguei uns bolinhos, organizei-os numa bandeja ainda maior da que tinha levado pra quarto, e aquela? Acabei comendo os doces, haha.
Deixei-a na porta do escritório do meu pai, bati a porta e saí, ainda tinha a missão de acordar Hideki.
Assim o fiz, e ao partir percebi Toshiro pegando a bandeja e levando pra dentro.
Seria mais fácil se estivesse apenas fazendo um jogo, entraria facilmente nele e jogaria junto, mas não é bem assim, ne? Nossa situação era bem mais complicada do que parecia.
Cheguei ao esquadrão, terminei alguns relatórios e fui a sala da capitã.
- Período concluído, taichou. - avisei.
- Ah, muito bem...
Ela parecia estar pensando em outra coisa paralela e não deu a mínima pro que eu falei, ousei perguntar:
- Esta sentindo-se bem?
- Sim, na verdade, pensava no campeonato dos tenentes.
- Especificamente em que?
- Em você não me decepcionar e vencer!
- Nani?
- É muita responsabilidade? 
- Não, só inesperada sua atitude, pois desde o princípio esse é meu objetivo.
- Ótima escolha, vou te ajudar nos treinos, e a ensinarei o shunkou avançado.
Parecia surreal ouvir que haveria algo mais poderoso que o shunkou que tinha me ensinado, fiquei animada com a possibilidade, mas não deixei transparecer e antes que me pronunciasse, ela continuou:
- Leve o oficial Hideki, ele será essencial. - não entendi muito bem, mas obedeci, assenti e saí.
Hideki-kun estava do lado de fora da sala me esperando, em menos de dois dias ele tinha se tornado um fiel companheiro e cumpria sua promessa de estar sempre ao meu lado, conquistando minha confiança e amizade.
Puxei-o pelo braço sorridente até o pátio principal:
- Que tal um novo desafio?
Ele sorriu de lado, socou a mão e falou:
- Não pense que pegarei leve, prepare-se!
Reira off.