–Hã... Posso mudar pra desafio? –Perguntou coçando a nuca e olhando para o chão.
–Claro! –Kogure riu com as mãos na boca– Te desafio a responder a pergunta que te fiz.
Todos riram com a audácia do pequeno, menos Fubuki e Goenji. Isso vai dar um rolo...
–É, parece que você vai ter que responder de um jeito ou de outro. –Kazemaru riu.
–Então... –Respirou fundo– Acontece que por um motivo que eu não tenho a mínima ideia ele simplesmente passou a me ignorar só porque eu fiz um elogio inesperado. Como eu não sou idiota, apenas deixei de lado.
Shirou ofegou, como se tivesse tirado um peso gigantesco das costas. Sentia o olhar de Goenji queimando, mas apenas ignorava. Ele não podia passar de fraco na frente do outro, mesmo que o outro tivesse sido desnecessário. Todos ficaram quietos e para quebrar o gelo, Kidou disse:
–Endo, meu caro, verdade ou desafio?
–Verdade, óbvio. –Sorriu levantando uma sobrancelha.
–Você e Kaze. Quem é ativo e quem é passivo? –Endo corou ao ouvir isso. Ele queria ajudar, mas não sabia que seria tão explícito. O resto mal sabia que era um plano de Kidou e Kazemaru.
Era óbvio o que acontecia com Goenji e Fubuki: Estavam se descobrindo. Primeiro contato com um sentimento a mais por outro garoto, os amigos já haviam passado por aquilo e sabiam como era. Acontece a confusão, a negação, as doidas perguntas sem respostas... Era realmente ruim numa sociedade onde não se tem nenhum apoio ou representação.
Kidou observava os dois há tempos, desde o primeiro contato, até os momentos onde os dois conversavam como se não houvesse ninguém por perto. Chegaram até mesmo a flertar sem ao menos se dar conta disso. Era tão natural quanto é a homossexualidade no reino animal.
–Kazemaru, Endo, vocês têm percebido o que eu percebo? –Perguntou Yuto aos amigos.
O treino do dia havia sido finalizado. Faziam 3 dias que estavam de volta à cidade de Inazuma e a escola já estava reconstruída, o que significava treinos e estudo. Os aliens ainda não tinham dado as caras, o que era bom e preocupante ao mesmo tempo.
–Sobre o quê? –Endo perguntou, enquanto amarrava a chuteira. Kidou apenas apontou para onde Fubuki e Goenji estavam. Os amigos seguiram com o olhar e lá estavam eles, conversando animadamente, o menor deitado no colo do maior e suas mãos quase que se encontrando na barriga de Buki. Os olhos se conectavam durante a conversa, mas um dos dois sempre desviada, deixando dois garotos um pouco corados pela intensidade daquele encontro.
–Meu gaydar tá apitando forte, e olha que eu achava que o Goenji ia casar com a escuridão de tão trevoso que ele é. –Kaze, como sempre, fez uma brincadeira. Endo riu e Kidou revirou os olhos.
–É sério. Vocês dois já passaram por isso e sabem como é.
–Com certeza. O que vem depois disso é, no mínimo, alguém fodidamente machucado. Drama e drama e drama. Conhecendo Goenji, com certeza não será ele o machucado. –O capitão deu um tapinha no namorado depois que ele terminou de falar.
–Goenji não é ruim desse jeito!
–Ei, não quis ofender. Mas ele é cabeça dura, você sabe que ele vai demorar pra se adaptar e que vai precisar de apoio. Sem contar o porra do pai dele...
–É... –Endo repensou e acabou por fazer uma cara chateada. –As pessoas não deveriam passar por isso.
–Acho que tenho uma ideia. –Kidou disse com a mão no queixo. –Endo, Fubuki está dormindo na sua casa, certo?
–Sim. O que pretende fazer?
–Chame os meninos para dormir lá. Você vai me ajudar, vocês dois.
Por fim, o plano estava sendo colocado em prática. Eles já esperavam que os dois se afastassem durante um tempo para pensar, mas não que isso acontecesse tão rápido. Acabaram por continuar sem alterações no plano.
–Ele é ativo. —Alguns olharam assustados, outros já esperavam por isso. Algumas pessoas não são tão ingênuas quanto parecem. A sementinha da indecisão foi plantada com sucesso nas cabeças de Shirou e Shuya.
–Ichinose, verdade ou desafio? –Perguntou Domon.
–Desafio. –Um coro de "uuh" foi ouvido. Domon podia ser perverso quando quisesse.
–Te desafio a passar 4 minutos no armário com alguém de sua escolha.
–Fubuki. –Rebateu e sorriu. Todos arregalaram os olhos, pois foi totalmente inesperado. Sem falar nada, ambos seguiram para o armário de Endo, que ficava num closet à direita do quarto.
Goenji estava se comendo de ciúmes. Odiava esse sentimento mais do que tudo porque significava insegurança e possessividade, duas coisas abomináveis. Suas bochechas estavam vermelhas de raiva, mas manteve a compostura.
–Domon, verdade ou desafio? –Kazemaru perguntou. Era um pior que o outro.
–Verdade. Não confio em você. –Ambos riram.
–Qual foi a última vez que ficou duro? E qual o motivo? –Domon corou.
O jogo continuava e lá estavam Ichinose e Fubuki no armário. Era apertado e eles ficavam quase que espremidos, um de cara para o outro. Estavam corados de vergonha pela situação, mas ao mesmo tempo... Algo os atraía. Curiosidade, talvez?
–Eu nunca imaginaria que Endo fosse gay. –Ichinose começou uma conversa– Na verdade, achava que ele ia casar com o futebol, essas coisas.
–Ah, eu não vejo problema, mas era realmente inesperado. –Shirou tentava não fazer contato visual. –Ele não é tão... sabe?
–Sei, sei. Mas e você? –Sugeriu a ideia. –Já provou do fruto proibido?
Ichinose tocou na cintura do menor com uma das mãos. Por algum motivo, aquilo o deixava fodidamente quente, mas ao mesmo tempo era estranho. Apenas tentava ignorar, mas suas mãos inquietas o denunciava. Estava nervoso com o toque mais íntimo do amigo, embora Goenji já tenha feito isso várias vezes, não era a mesma coisa.
Encarou a íris de Ichinose, o sorriso doce e aproximou um pouco. Colocou as mãos no ombro e, sem pensar muito, os dois se aproximavam. Fubuki estava atraído por um garoto, gostava de ter as mãos dele em sua cintura, sentir seu corpo mais rígido do que um corpo feminino perto de si, o hálito, o cheiro amadeirado como se os hormônios estivessem a flor da pele. Os olhos de ambos já estavam fechados, eles chegavam mais perto e...
–JÁ DEU OS QUATRO MINUTOS! –Endo bateu violentamente na porta, assustando Ichinose e Fubuki, que saíram pra fora vermelhos e ofegantes.
–Meu Deus, vocês estão com falta de ar í? Poderiam ter morrido! –Satoru disse com 'inocência', mas lá no fundo do quarto, Goenji encarava os dois desconfiado.
Sentando-se novamente, os garotos estavam numa tensão muito doida. Kidou havia tirado os óculos que estavam na cabeça de Domon, Kazemaru estava com uma cueca de Endo por cima do short e Kogure tinha que falar "na cama" após todas as frases que formulava. Sem contar o cheiro de leite condensado... O que será esse leite condensado, hein?
–GOENJI NA CAMA! –Kogure gritou. –Verdade ou desafio na cama?
–Verdade. –Respondeu. Na última vez que tinha escolhido desafio teve que retirar suas meias com os dentes.
–O que achou de Fubuki e Ichinose juntos na cama? –Kogure não conseguia se conter. Aproveitou o desafio de falar "na cama" para provocar Goenji e Fubuki. Era ótimo.
–Péssimo. –Respondeu monossilábico. Não iria prolongar o sentimento que o corroía. Naquele momento porra nenhuma fazia sentido, mas ele não ligava. O ciúme era muito maior que qualquer outra coisa que sentia.
–Minha vez. –Kidou, jogando as mãos pra cima, disse. –Desafio Goenji e Fubuki dar duas voltas na roda gigante juntos ao parque de diversões. Todos teremos de estar lá para testemunhar, senão vocês terão que ficar 20 minutos no armário.
Todos abriram a boca, incrédulos com a audácia. Kogure estava amando, Endo e Kaze não esperavam por isso, Ichinose revirou os olhos, Domon estava perdido e Goenji e Fubuki coradíssimos.
–E então? Armário ou Parque de Diversões? –Perguntou desafiador. Os dois responderam ao mesmo tempo:
–Armário.
–Parque.
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