Jimin me ligou noite passada pedindo por ajuda, e por mais que eu tenha estudado todos os tipos de símbolos sinistros que existem, esses eu nunca vi em lugar algum, o que me deixou bastante preocupado. Entrei no fórum pedindo ajuda aos meus amigos virtuais que normalmente me ajudam com pesquisas, mas nenhum deles souberam me ajudar, exceto por um que me informou sobre um suposto jeito de entrar na cidade. Com certeza era tudo que eu queria. A anos venho estudando e trabalhando nos mistérios daquela cidade, mas nunca tive a chance de entrar, o que é crucial para os meus estudos passarem a serem mais reconhecidos. Ajudar Jimin com certeza é prioridade mas ficar reconhecido pelo meu trabalho também é importante nessa hora. Meus pais me expulsaram de casa, dizem que não tenho mais jeito, perdi a sanidade mental e que vou acabar ficando realmente doente. Se ter interesse em algo e me dedicar nisso é ser insano, então eu estou afogando no mar da completa loucura.
—Então, você está interessado ou não?—. O homem no outro lado do telefone perguntou.
—Claro que estou, mas como realmente funciona isso?. —Bom, um grupo pequeno de jornalistas estará indo para Etéreos e eu posso garantir que você entrará com eles—. Eu precisava ir, era a chance da minha vida.
—E quanto você quer por isso?—. Perguntei ouvindo o homem suspirar do outro lado.
—Não quero nada, eu só quero te ajudar—. Eu era inteligente o bastante para saber que tudo era muito suspeito, mas como foi um amigo de confiança que arrumou isso, prefiro confiar.
—O ônibus sai as seis e meia de amanhã, próximo ao mercado abandonado, no centro—. Ele disse antes de desligar. Talvez eu pudesse até ajudar Jimin se conseguisse entrar, estava matando dois problemas de uma vez. As seis e meia do outro dia eu terminei de arrumar todas as minhas coisas e sai, a ansiedade fazia meu corpo todo vibrar e eu sentia meu coração acelerado. Entrei no ônibus juntamente com o grupo de jornalistas e seguimos viagem. Jimin ficará surpreso ao me ver lá dentro, já faz tanto tempo que não nos vemos, espero que ele ainda se lembre bem do seu melhor amigo. Algum tempo se passou e enquanto conversávamos dentro do ônibus, um barulho alto seguido de um impacto brusco nos fez parar. Algumas pessoas tiveram pequenos ferimentos e outras acabaram desmaiando.
—Vocês estão sentido esse cheiro?—. Ouvimos alguém falar mas não víamos nada, outras duas pessoas riram alto e então o motorista que estava desmaiado foi puxado para fora pelo vidro. O restante de nós nos afastamos das janelas soltando suspiros assustados, estávamos todos em choque.
—Esse é o nosso prêmio, Taylor pode ficar com o resto—. A voz falou e em alguns segundos um grito agudo e assustador horrorizou a todos. Um homem de meia idade, arrumou seus óculos e foi até a frente.
—Ei, isso é loucura—. Disse quase num sussurro, ele certamente não viveria se fosse até lá.
—Loucura é ficarmos aqui e morrermos todos, sem que ninguém tenha tentado fugir—. Ele foi até a direção e abriu a porta do ônibus. Será que ele estava certo de que conseguiria escapar de três seres, que não pareciam nada humanos?. No mesmo momento em que o homem fugia, um outro entrou pela porta na velocidade de um raio, empurrando o velho jornalista no chão. Sua roupa estava manchada de sangue e os cantos de sua boca eram completamente cobertos por uma camada grossa do líquido vermelho.
—Quem são vocês?—. Uma mulher gritou se afastando até o último banco do ônibus.
—Nós viemos levar vocês até lá dentro—. Ele apontou para o muro distante e sorriu.
—Se forem bonzinhos, ninguém mais vai precisar morrer antes da hora—. Ele se aproximou do corpo do velho jornalista e cravou os dentes em seu pescoço, sugando cada gota de sangue que havia ali. Estávamos todos em pânico, por mais que tenhamos estudado sobre isso, nunca chegamos tão perto dessas criaturas e essa não era uma boa primeira impressão delas. Os três homens cobertos de sangue fizeram com que todos saíssem do veículo e nos amarraram com cordas grossas. Andamos fora da estrada, entre o matagal que crescia e logo os três homens abriram um tipo de passagem secreta, escondida no meio do nada. Andamos mais, por pelo menos meia hora na escuridão total, só conseguíamos ouvir as respirações ofegantes e risadinhas empolgadas. Assim que chegamos, finalmente, em um local iluminado, fizeram com que todos permanecessem ajoelhados e saíram do local por uma porta estreita e escura.
—O que faremos? Morreremos se ficarmos. —Morreremos se tentarmos sair, está claro que viemos para a morte, só basta lidar com o fato—. Disse abaixando a cabeça. Talvez tenha sido um tanto quanto bruto dizer algo assim, mas em momentos assim precisamos encarar de frente a realidade. Olhei em volta prestando atenção no local, havia vários livros e símbolos, todos assim como o de Jimin, eram desconhecidos por mim. Olhava agora na feição assustada de cada um ali, nós morreríamos essa noite. Algum tempo depois dois homens vestidos de branco entraram no local com um carrinho e uma bandeja. Pegaram uma agulha com um líquido amarelo e injetaram em cada um ali. Eu sentia o líquido queimando e logo me senti zonzo, alguns desmaiaram no sono e caíram no chão como se estivessem mortos, apenas a respiração descontrolada dava sinal de que estavam vivos. Não demorou muito para que eu caísse no sono também.
Uma música alta, risos e barulho de copos batendo. Era uma festa? E eu estava vivo? Abri os olhos agradecendo a todos os Deuses que podem existir. Minha visão estava embasada e minha mente confusa. Eu tinha consciência, mas parecia não controlar meu corpo. A música parou e algum tempo depois eu me levantei, não usava mais uma corda mas os outros corpos ainda pareciam presos ao meu, algumas pessoas nos ajudavam a andar enquanto seguimos para um outro lugar iluminado e assim que chegamos nos jogaram no chão. Não tinha ideia do que aconteceria a seguir mas tinha certeza de que era relacionado ao fim. Meu corpo doía e alguns de meus membros incomodavam mais do que outros. Eu nunca tive tanta certeza da morte como nessa noite.
—O que estão esperando? Comecem! —. Uma voz distante falou e então gemidos de dor foram ouvidos, eu queria sair dali, correr, voltar para casa e me esconder, mas o meu corpo não parecia ser mais meu.
—Parem! Por favor parem!—. Uma outra voz distante foi ouvida e essa me era familiar. Jimin? Ele estava aqui? Oh céus. Uma felicidade invadiu meu peito, ele me salvaria, estou certo disso. Jimin não me deixaria morrer aqui, não agora. Meu corpo perdeu força e os borrões que eu enxergava passaram a ser um completo vazio, os segundos de euforia interna passaram e eu voltei a desmaiar sem consciência.
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