- Assim está bom? - me inclinei para o espelho vendo como meu cabelo mais curto ficava, caindo em poucas camadas até o meio das costas. As pontas estavam repicadas para das mais leveza.
Dylan parou próximo ao espelho, segurando o pedaço de meu cabelo que havia sido cortado. Ele o colocou no recipiente de plástico e voltou para perto de mim.
Estávamos de volta ao seu estúdio de fotos, no prédio comercial onde ficava o escritório de Tom. E, pela extensa lista de contatos que meu amigo tinha, assim que chegamos um dos melhores cabeleireiros de Londres estava a nossa espera.
- Parece até mais claro depois da hidratação. - Dylan moveu algumas mechas com os dedos e sorriu. - Você está sempre linda, mas é bom renovar. Ficou ótimo.
- Também gostei - sorri abertamente para Peter, com sua aparência jovial e cabelos platinados.
- Agora é minha vez - Dylan reclamou dando um tapinha em meu ombro.
- Já estou saindo - ergui as mãos em rendição.
Assim que ele se sentou, eu fui até o computador e comecei a descarregar as fotos do dia para uma pasta nova, própria para o projeto.
- Posso começar a editar? - Perguntei antes, com medo de estar sendo enxerida demais.
- Claro, fique a vontade. - Ele estava em seu momento de relaxamento enquanto Peter lavava seus cabelos. Ouvimos a porta e nos viramos, Dylan abriu os olhos e riu.
- Que é isso, gente? - ele disse em meio a risada - Asgard fica pro outro lado, sabia?
- Este aí ama mesmo o personagem - Peter comentou, ainda espichando os olhos para Tom, que comodamente se apoiava no batente da porta de braços cruzados. O olhei e sorri. Ele me chamou, acenando com um dedo. Fui até ele, surpresa por ainda estar "fantasiado".
- Você está linda - ouvir aquilo de Loki era um elogio e tanto. Me senti realmente bonita. Além das palavras e o sorriso bobo nos lábios, seus olhos brilharam de uma forma que comprimiu meu coração. E novamente meus batimentos cardíacos e meus andar ficaram descompassados. Antes que eu pudesse chegar perto dele, Tom antecipou nosso encontro estendendo as mãos e puxando meus braços, deixando meu corpo colado ao dele. Tom me olhou de uma forma tão intensa que cheguei a sentir uma pontada de dor nas partes mais sensíveis.
- Oi - ele sussurrou com o rosto bem próximo ao meu, seus olhos iam dos meus para minha boca, passeando por meu rosto.
- Olá - Respondi como pude, expulsando o ar dos pulmões e sugando novamente. Ele me deixava atordoada.
- Posso beijar você? - ele tinha a voz quente, convidando - me a imaginar coisas nada legais, levando em conta que não estávamos sozinhos. Olhei por cima do ombro. Os rapazes estavam conversando, absortos em assuntos de moda. Voltei a atenção para Tom que ainda me olhava, esperando.
- Acho melhor não fazermos isso aqui. Não com você assim - dei uma olhada em seu look completamente elegante. Seu terno era impecavelmente preto, combinando com o negro dos fios do cabelo. Parecia tão real.
- Por que não? - ele franziu a testa mas havia um sorrisinho em seus lábios.
- Você pretende tirar essas roupas logo? - perguntei.
- Prefere fazer isso você mesma? - a pergunta ousada me tirou o fôlego.
- Eu não estava falando nesse sentido - ri nervosa, sentindo as bochechas ficarem quentes.
- Eu estou com um pouquinho de preguiça de voltar a ser o Tom - ele comentou me abraçando mais apertado. - Que bom. Assim posso me aproveitar da situação. - falei com a sobrancelha erguida.
- Me fala mais sobre isso enquanto a gente passeia pelo corredor - ele sussurrou dando uma olhada para dentro do estúdio e me puxando para fora da sala. Sua mão pegou a minha e ele me levou até o meio do corredor, parou de frente para sua sala e pensou um pouco, olhando ao redor.
- O você que está fazendo? - meu coração acelerava só pelo pensamento de fazer aquilo, ainda mais ali. Era inapropriado demais, mas eu não estava em posição de contestar nada naquele momento.
Logo eu estava dentro da sala.
Era um ambiente agradável e aconchegante. Nem tão grande, mas também não era um cubículo. Tom me disse que não queria ocupar a cobertura do edifício, embora eu soubesse que ele tinha grana e capacidade para isso, mas ele se contentava com um lugar mais compacto.
O lugar era bem organizado e decorado em tons de cinza e azul escuro com poucos detalhes em cores claras como o amarelo, verde e o branco. Havia uma grande mesa de madeira próxima a janela central. Era de aparência antiquada. Não obsoleta, mas de uma aparência que me fazia lembrar de filmes medievais. O material parecia ser resistente. Em contradição total com o ar antigo que a mesa transmitia, tudo acima dela era tecnológico e atual desde o Notebook até o bloco de notas digital. No canto da parede esquerda, contrária a do banheiro, tinha uma enorme estante abarrotada de livros. Já na parede do banheiro tinham quadros e arranjos de plantas. Ele deixou as luzes apagadas e trancou a porta. Já estava anoitecendo lá fora. Vi pela fresta da janela antes que ele fechasse as persianas. Eu ainda consegui enxergar perfeitamente, pela luz forte que vinha do banheiro. Fiquei parada perto da porta e Tom voltou de trás da mesa, após bloquear a visão da janela. Ele tinha um olhar determinado no rosto.
- E então… - ele lambeu os lábios, se aproximando devagar, fazendo cena - você ainda quer se aproveitar da situação?
- Não aqui - fiquei boquiaberta - com esse pessoal todo lá fora…
Tom me alcançou, pegando em minha cintura e aproximando o rosto do meu pescoço.
- A maioria já foi embora e o resto acha que também fui. - ele disse rapidamente adentrando os dedos por baixo de minha blusa. Fiquei sem fôlego.
- Ahnnm… - murmurei entre um suspiro e um gemido. Seus dedos estavam ágeis e logo envolveram meus seios, apertando com vontade. - Tom…
- Quer que eu seja o Tom? - ele riu, mordiscando meu queixo e me virando, levando meu corpo para trás, até eu encostar na beira da mesa. Tirei os sapatos no caminho, deixando-os sobre o carpete. Desse jeito eu ficava muito mais baixa que ele, então tive que sentar na mesa. Assim que me sentei e afastei as pernas ele se encaixou com força contra mim, subindo os lábios para me beijar na boca. Agarrei seus braços, apertando. Minha idéia era apertar seus cabelos, mas eu não queria tirar sua peruca.
- Me sinto traindo você com você mesmo - ri entre o beijo. - Mas se você quiser ser o Loki eu não vou me opor a isso… majestade.
- Seu pedido é uma ordem… - ele mordeu meu lábio inferior e se afastou, olhando para mim com as pálpebras minimizadas - ...humana insolente.
Ele sorriu após dizer aquilo. Tornando Loki tão real quanto eu... Tão real que soltei um grunhido incontido pelo desejo que aquilo me causou.
- Pode me usar… - me entreguei entrando na brincadeira. - Quer que eu me ajoelhe?
- Agora não. - Ele afastou o corpo olhando para mim com sede. - Quero que você tire essa blusinha… e bem lentamente… quero apreciar cada pedacinho que surgir.
Me sentei mais ereta e peguei a borda da blusa, subindo aos poucos. Tom tinha um olhar brilhante e alegre com o que via. Ele respirava fundo, paciente em admirar minha pele ser descoberta aos poucos. Retirei a peça e joguei no canto da sala. Sorrindo e esperando.
Senti os dedos dele abrindo minha calça e desci da mesa para me livrar da roupa. Fiquei de calcinha e sutiã enquanto ele continuava todo vestido.
- E agora? - o olhei por baixo dos cílios, tentando fazer meu charme chegar a altura do seu. Tom… Quero dizer, Loki… riu, puxando o canto da boca e curvando. Me concentrei no gesto, sentindo uma vontade louca de beijar aquela linda boca. Antes que ele respondesse, minhas mãos já estavam se prendendo em seu terno. Puxei seu rosto para mim e o beijei com vontade, enfiando minha língua em sua boca. Tom grunhiu e incliniu o corpo sobre o meu, apertando meu traseiro com as mãos. O beijo nos tirava o fôlego mas continuamos. Eu estava amando me esfregar em seu corpo todo vestido. Desci uma mão para acariciar seu membro por cima da calça. Ele cedeu um pouco, empurrando a ereção em minha direção, movendo um pouco o quadril para fazer mais atrito. Estava tão duro. Abri seu zíper e tentei me livrar de sua calça. Tom grunhiu e se afastou, me olhando com fogo nos olhos.
- Vira esse corpo delicioso pra mim - estar como seu personagem lhe dava mais facetas, percebi que ele se soltava mais.
- Você gosta disso - comentei sem fôlego. Meus olhos passeavam sedentos pelo rosto dele, vendo Loki prestes a me atacar.
- Você não? - ele fincou os dedos em minha cintura e me virou rápido. Me apoiei na mesa e senti seu corpo colar no meu. Ele veio falar próximo de meu ouvido. Na voz arrastada e sensual que só ele tinha.
- Já quis fazer isso antes? Como Loki? - perguntei, curiosa.
- Nunca pensei nisso antes. - ele mordiscou minha orelha e desceu para minha nuca e ombro, beijando e acendendo mais ainda meu corpo. - Com você eu quero. Quero tudo.
Gemi, jogando o quadril para trás, roçando em sua ereção.
- Deita - ele sussurrou passando uma mão em minhas costas, dando mais pressão para que eu deitasse o tronco na superfície lisa e fria de madeira. Me estiquei ali, respirando precariamente.
- Assim? - perguntei o olhando por cima do ombro.
- É assim que eu quero você - ele respondeu, ainda acariciando minha pele com seus lábios e sua língua habilidosa. Mesmo que ele não soubesse o que estava fazendo, - e ele sabia até demais - seria possível me levar ao delírio. O mínimo gesto que seja, vindo dele, era motivo para me ter pronta para mais.
Senti minha bunda ser agarrada e mordi os lábios. Tom baixou seus dedos, afagando onde pressionou e descendo, enganchou os dedos na minha calcinha e afastou o tecido. Sua lentidão me fazia ofegar em expectativa. Minha intimidade foi tocada e seus dedos ficaram úmidos facilmente. Gemi baixinho querendo adiantar as coisas.
- Sim - sussurrei, me movendo contra sua mão. Ele me penetrou com os dedos, deslizando e o girando ao atingir o fundo.
- Está tão molhada - ele murmurou. A tensão estava em sua voz ansiosa. Ele gostava de provocar mas também adorava estar no controle da situação. Seus dedos ficaram ágeis, me sentindo por dentro. Eu gemia mais alto e mais forte, esquecendo o medo de que alguém nos ouvisse. Não era possível controlar meus sentidos quando eu os entregava ao Tom.
- Por favor… - pedi com a voz fraca. Ele me torturava com os dedos e eu queria mais. Agarrei a borda da mesa ao sentir ele sair de mim e se livrar da calça. Pelo menos o suficiente para colocar seu pênis para fora. Sua respiração também estava ofegante e ficou mais pesada quando ele me penetrou de uma vez, tocando fundo. Contraí o corpo inteiro ao me sentir preenchida.
Sussurrei seu nome e gemi. Tom saiu de mim e empurrou novamente, indo além, o suficiente para causar um pouquinho de dor.
- Não pare - gemi.
Tom ofegou e começou a se mover com estocadas lentas e profundas, massageando meus pontos de prazer. Eu o abraçava com o sexo, latejando contra ele… tentando engolir por inteiro todo o seu tamanho.
- Não vou parar - ele disse antes de começar a meter com força o suficiente para nos balançar na mesa.
E ele não parou, até que estivessemos totalmente exaustos, esparramados no carpete.
- Eu juro que não lembro como viemos parar aqui no chão. - Minha voz saiu rouca após tanto gemer.
Tom riu ao meu lado.
- Eu lembro. Você me fez cansar as pernas e me puxou para o chão, montando em mim. - Ele tinha um sorriso de satisfação masculina no rosto. Meus olhos passearam pelos seus e sorri, mordendo os lábios. - e a julgar pelo seu olhar, você faria isso de novo.
Olhei o relógio na parede.
- Se você não fosse para a peça a gente iria conversar mais sobre isso. - me sentei, procurando minhas roupas.
- Droga - ele suspirou.
- Não esquenta, ainda vamos nos encontrar na cama.
- Ou no sofá. - Ele comentou, jogando minha blusa. Me levantei junto com ele e nos vestimos.
- Ou na mesa da cozinha… - dei uma risadinha quando ele me puxou e me beijou.
...
Na verdade nos encontramos no chuveiro, quando ele voltou da peça.
Dylan já tinha ido embora quando saímos do edifício e fomos para o flat. Tom voltou a ser ele mesmo rapidamente enquanto se arrumava para ir pro teatro. Fiz uma ligação para casa e depois, porque ainda estava incomodada com os comentários de Katherine, pedi comida do restaurante. Jantamos assim que Tom voltou e fui para o banheiro tomar um banho enquanto ele retirava a mesa. Tom dividiu o chuveiro comigo logo depois. Nos envolvemos na água quente e lavei seus cabelos, aproveitando para ensaboar seu corpo. Eu podia ficar horas passando minhas mãos por ele, sempre seria interessante. E ele parecia gostar daquilo tanto quanto eu. Seu sorriso ficou estampado nos lábios, as mãos passeavam por mim, sentindo minha pele molhada. Seus olhos estavam pregados em mim enquanto eu estava em meu momento feliz. Subi as mãos por seu pescoço e o fitei.
- O que você tanto olha? - perguntei já ficando tímida com sua atenção em mim.
- Não acredito que você está aqui, comigo - ele comentou, pensativo. - pensei que nunca mais veria você.
Franzi a testa ao ouvir o final e ele logo explicou.
- Quando me despedi de você em Cancún. - ele ficava triste quando falava sobre isso. - Eu sabia que voltaria lá, se você sumisse. Mas você deixou claro que não queria se envolver comigo. Só que eu já estava interessado em você. E o interesse se transformou em paixão, toda vez que eu lembrava de você. Você ficou inalcançável.
- Foi isso o que fez você se apaixonar? Achar que não me teria mais? - perguntei, curiosa. Sempre teria dificuldade em entender como alguém como ele se apaixonaria por alguém como eu, tão simples.
- Não sei - ele deu de ombros, ponderando sobre isso. - eu já queria você antes e era um desejo. Desejo pelo sexo. - ele explicou. Me aconcheguei nele. Adorava ouvir ele falar, qualquer coisa que fosse, principalmente se o assunto era nós. - Cada vez que eu a via, você estava mais linda. E interessante. Nós tivemos a oportunidade de conversar mais e eu vi como era inteligente e especial.
- Especialmente enlouquecida por você - falei. Tom riu fazendo o peito vibrar contra o meu.
- Você me deixou louco. Depois aceitou minha investida e… depois do sexo eu continuei querendo você, mais e mais. Enquanto você se afastava.
- Me desculpe por isso. - falei. - mas eu ainda não entendo. Não compreendo o porquê de ser eu, se você sempre teve outras opções. - falar sobre aquilo também me deixava para baixo. Era bem mais fácil ignorar e seguir em frente. Ou minha mente iria pifar.
Na minha cabeça, por mais que ele dissesse e demonstrasse seus sentimentos, nunca seria o bastante para eu acreditar. Tom Hiddleston estava e sempre estaria acima de meus padrões. E um dia ele iria se cansar daquilo, de toda bagagem que eu levava para sua vida perfeita.
- Você nunca vai entender meus sentimentos por você? - isso parecia magoar ele e me afetava também.
- Eu… - tentei contestar.
- Eu amo você, Liana Blanco. - ele pegou meu rosto entre as mãos, fazendo com que eu me concentrasse em seu olhar, brilhante. Uma lágrima escapou do canto do meu olho - Ponha isso em sua cabeça de uma vez por todas.
Ele me beijou docemente, e do mesmo jeito fizemos amor. No chuveiro e na cama sem pressa e com muita delicadeza Tom me conduziu, como se quisesse estampar seus sentimentos em mim. Eu não negava que ele estivesse apaixonado. Mas estaria preparada para quando ele não quisesse mais nada comigo. Ou assim eu pensava que estaria.
…
No dia seguinte acordei com um sorriso no rosto e apesar de estar com o corpo dolorido após os esforços do dia anterior, estava disposta a ser mais positiva e confiante. Eu estava em uma das cidades mais lindas do mundo, acompanhada do homem dos meus sonhos e ainda havia ganhado um excelente amigo pra levar para a vida. O projeto no qual eu trabalhava era um escape bem legal para atrair energias boas e necessárias para mim. As circunstâncias que me fizeram chegar até ali eram amargas, mas eu estava com vontade de começar a mudar essa perspectiva. Eu iria concertar isso de uma vez por todas.
Tom havia acordado cedo para sua corrida matinal, mas deixou um bilhete no travesseiro.
"Volto logo, querida.
Você estava dormindo tão lindamente. Não quis te acordar.
Espero que tenha sonhado comigo.
Amo você"
T.H
Suspirei e guardei o bilhete na gaveta do criado mudo, dentro de meu bloco de notas. Espreguicei meu corpo e meus músculos protestaram. Sorri também, lembrando como haviam ficado assim. Era melhor eu adquirir o hábito de me exercitar também se quisesse me manter resistente ao Tom.
Preparei um café da manhã e o esperei voltar. Já estava arrumada para nossa próxima fase do projeto. Iríamos dessa vez em um orfanato.
- Não tem Loki dessa vez? - perguntei fazendo um biquinho quando o vi sair da suíte. Ele estava lindo com vestes azuis. O terno e calça eram de um azul escuro enquanto por cima do blusão branco a gravata azul brilhante se destacava. Ele a ajeitou e sorriu.
- Lamento muito - ele riu. Também parecia feliz. Mais descontraído. Ele havia reparado em meus ânimos. - Mas quando quiser tê-lo de volta, estarei pronto para isso.
- Você é o melhor namorado do mundo, sabia? - suspirei teatralmente.
- Se você diz - ele fez uma careta, se gabando.
- Use esse charme no nosso jantar, hoje. - falei me sentando na mesa do café. Tom se juntou a mim, servindo-se de café preto e torradas.
- Já escolheu o lugar?
- Sim. Vou buscar você no teatro e de lá podemos ir.
- Por que você não entra e assiste? - ele me olhou por cima da xícara, vendo minha recaída.
- Não sei. Acho que não é uma boa ideia eu ficar perto de Katherine… - fiz uma pausa fingindo que estava distraída com minha torrada. A quebrei e levei um dos pedaços até a boca.
- Sabe que essa preocupação é inútil, né?
Apenas dei de ombros.
- Não quero discutir.
- Não estamos. - ele respondeu simplesmente.
- Tudo bem - sorri para ele, tentando esquecer.
O dia mais uma vez foi ocupado por alegria e emoção. Tom era bom em lidar com as crianças e atraía as atenções para ele que conversava com todas e cada uma, dando uma enorme atenção. Naquele dia não havia outro famoso além dele. Chris Hemsworth já tinha voltado para sua casa. Estava apenas o pessoal do projeto mesmo.
- Ele gosta disso, está vendo? - Dylan falou, olhando admirado para Tom. Meu amigo estava deslumbrante com seu cabelo cortado. Demorei um tempo para reconhecer ele quando cheguei no estúdio. O corte havia mudado completamente seu semblante. Ele estava mais maduro, com a aparência mais ousada e sensual, pois ao perder o comprimento, seus fios assumiram cachos. Ele amou os elogios que dei a ele, ficando radiante. O fato é que ele estava lindo. Foi uma idéia maravilhosa e solidária a que ele teve. Seu cabelo foi levado para a confecção da peruca apropriada especialmente para Alba. Enquanto o meu iria para qualquer criança que precisasse e gostasse.
- O Tom? - confirmei de quem ele estava falando - ele parece um menino brincando com eles.
- Vai ter que dar crias para ele. Sabe disso, não sabe? - Ele me olhou e riu com a cara que eu fiz.
- Nem de brincadeira! - ralhei com ele.
- Não gosta de crianças? - ele perguntou.
- Amo. Mas você já quer apressar as coisas. Somos só namorados, pelo amor… - bufei.
Dylan imitou meu gesto com humor.
- Só isso? Pois devia saber que ele não entraria nessa se fosse SÓ para namorar. - ele enfatizou bem a frase.
- Como é? - quis saber mais.
- Tom Hiddleston é um cara das antigas. Vai por mim, eu conheço a peça. Ele não pede a mão sem a intenção de colocar algo nela. - Ele falava entre um clique e outro. - e você sabe do que estou falando.
Seu olhar voltou a mim, que havia esquecido a câmera. Engoli em seco e olhei para Tom.
Será que era possível?
Com isso muitos pensamento bombardearam minha mente. Uns agradáveis e outros nem tanto. Tentei afastar tudo e me focar no que estava fazendo.
- Não me desconcentra, D. - falei baixo, voltando a segurar a câmera e indo para mais perto de Tom com as crianças. Ouvi a risada dele atrás de mim.
…
Eu estava pronta cedo demais. Havia me produzido bem, com um vestido preto que marcava meu corpo e fazia com que eu me sentisse bonita. Fiz uma maquiagem mais marcada nos olhos e passei um batom vermelho.
Fui até a janela do quarto que também dava para o teatro. O movimento crescia na porta, na calçada. Muita gente estava ali para ver meu namorado brilhar no palco. Ele amava o que fazia e o fazia muito bem, até demais. Eu estava muito orgulhosa dele, orgulhosa com seu sucesso e seus projetos beneficentes. Ele me mostrava que além de um cara bonito e carismático, com infinitos adjetivos e predicados, era igual ou melhor por dentro. Querendo ajudar o próximo, se sentindo na obrigação de fazer. Meu peito se encheu de amor.
Suspirei, sabendo que ele amava demais tudo o que fazia. Principalmente atuar e eu nunca seria capaz nem de pensar em me opor a isso. Se o conheci assim, me apaixonei e me envolvi… se me comprometi romanticamente com ele era porque o aceitava como era. Mesmo que eu fosse não gostar de vê-lo atuando romanticamente com outras atrizes, que como Katherine também poderiam não resistir ao seu charme, eu tinha que aceitar. Era a prova de que eu o amava.
Respirei fundo e reuni meu orgulho, deixando que falasse mais alto. Eu iria assistir meu namorado atuar e arrasar mais uma vez. Ajeitei meus cabelos e após checar minha aparência no espelho, desci para esperar na fila.
Assim que o pessoal do teatro me reconheceu, fui colocada para dentro e posta na fileira vip na frente do palco. Me senti culpada pelos que ficaram na fila mas me distraí depois de um tempo, conversando com a equipe da peça. Eles me reconheciam como namorada de Tom e diziam o quanto ele falava de mim. Fiz o possível para ser simpática e extrovertida com eles, o que foi fácil. Logo a platéia ia lotando e as luzes do palco começavam a dar o tom das cenas iniciais. O som foi ajustado e todos ficaram em silêncio, esperando começar. E assim que começou, Tom nos saudou com sua voz única e grave. A peça se desenrolava perfeitamente.
Demorou para que Tom me encontrasse, mesmo eu estando próxima. Ele me viu e sorriu abertamente, quebrando uma cena. Aquilo não estava no roteiro. Sorri, dizendo para ele voltar ao personagem. Seus olhos brilharam e ele facilmente deu continuidade, como se nada tivesse acontecido.
Meu sorriso bobo logo foi apagado. Após a pequena mudança no humor de Tom, Katherine notou minha presença também, mas sua reação não foi nada amistosa. Ela fechou a cara e vi raiva em seu olhar ao ver o sorriso de Tom direcionado para mim.
Grunhi internamente. Não havia como mudar seu pensamento. Talvez eu tentasse conversar com ela ou relevar suas atitudes. Eu pensei ser possível fazer ela entender que ele não iria ficar com ela e que eu não era inimiga. Tentaria ser legal com ela, ou assim eu pensava…
Na cena em que ele se declara para a personagem dela. Tom tenta se aproximar, mas anteriormente ela sempre se esquivava. Naquele dia não foi só Tom que quebrou a cena. Quando Katherine o viu se aproximar, em vez de se afastar ela investiu, selando os lábios nos dele com força. Tom puxou a cabeça para trás, confuso com sua atitude. Ela o olhava com lágrimas nos olhos. Eu podia ver seus lábio inferior tremer. Ela voltou para a personagem depois de um minuto o encarando. Tom fechou a cara, mas continuou a cena lançando um olhar de desculpas em minha direção. E eu...bem. Estava espumando de raiva. Minha respiração fluia pesada e crítica. Pensei em sair dali, mas era isso o que ela queria. Minhas mãos suavam e eu as apertava, tentando focar em outra coisa a não ser a revolta que estava em meu peito. A partir dali não prestei mais atenção na peça. Olhava para qualquer lugar, para qualquer pessoa, menos para os dois. Assim que se encerrou, eu havia respirado fundo o suficiente para estar mais calma. Eu não despejaria minha frustração no Tom.
Não nele…
Esperei pacientemente no corredor, bebi uma água, conversei mais com algumas pessoas da equipe e quando não me aguentava mais de ansiedade, fui ao camarim de Tom. Permitiram minha entrada e eu segui.
O corredor estava vazio como sempre. A movimentação maior ficava no andar de baixo.
Antes de abrir a porta, respirei profundamente e expirei. Eu entraria ali com um sorriso no rosto e diria o quanto estava orgulhosa dele, lhe daria um beijo e o provocaria bastante no caminho para o restaurante. Nossa conversa lá iria servir para discutir assuntos mais sérios e se ele quisesse falar sobre aquilo, tudo bem. Mas eu não o pressionaria.
Girei a maçaneta e entrei, ouvindo o som ligado. Uma música romântica tocava no interior do camarim. Senti um perfume diferente ali e notei que não estava sozinha. Havia mais um ruído ao fundo. Ruído de água caindo ao chão. O chuveiro estava ligado. Sorri, imaginando Tom molhado, se esfregando com bolhas de sabonete. Dei um passo, ficando de frente para a penteadeira e notei algo em minha visão periférica. Havia uma pessoa no sofá, ao canto da parede. Virei a cabeça e vi Katherine deitada ali, vestida apenas com um roupão felpudo. Este estava aberto parcialmente, mostrando um seio. Ela estava nua. Seus cabelos estavam bagunçados e sua respiração ofegante. Ela tinha os olhos fechados e um sorrisinho nos lábios, borrados com o batom carmim. Na mesinha ao lado do sofá tinha um balde de gelo com uma garrafa de champanhe. Na superfície da mesa, duas taças quase vazias. Reparei no chão, haviam roupas ali. Roupas dela e… as roupas de Tom.
Olhei na direção do chuveiro e meu estômago ameaçou se esvaziar ali mesmo. Tapei a boca e prendi a respiração. Meu rosto queimava como brasa ardente. Eu queria gritar, mas o bolo se formava em minha garganta, causando uma dor lancinante. Eu ainda não tinha fechado a porta e Katherine não tinha me escutado, nem notado minha presença. Voltei no mesmo passo que entrei. Deixei a porta do jeito que estava e saí em passos firmes. Meus olhos estavam cheios de lágrima e elas escorriam pesadas, logo voltando a acumular e impedir que eu visse com clareza o caminho para a saída.
Eu iria embora hoje mesmo. Devia desconfiar que estava tudo bom demais para ser verdade.
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