Acordei tendo a sensação de que meu corpo pesava toneladas, abri os olhos lentamente e alcancei meu celular sobre o criado mudo, com os olhos entreabertos dei uma olhada nas horas, já passava das seis da noite, meu cochilo levou mais tempo do que eu previa.
Me levantei preguiçosamente e após me espreguiçar, caminhei a passos lentos até o banheiro, molhando o rosto na pia para espantar o sono. . Já fora do quarto podia ouvir algumas vozes no andar de baixo, Namjoon devia ter chegado. Desci os degraus esfregando os olhos inchados por ter dormido demais e tive a visão de Yoongi e Namjoon jogando videogame.
— Oi Yoon.
— Oi. — Diz seco sem sequer tirar os olhos da TV pra me olhar. Viciado!
— May, tem um pedaço de pizza na geladeira pra você, guardamos porque não queríamos te acordar. — Fuzilei Namjoon com os olhos. — O que foi?
— Eu devia matar você. Não me acordou pra irmos juntos pra faculdade e nem deu as caras pra me mostrar o campus.
— May, me desculpa, eu tive que resolver umas coisas com o conselho estudantil, por isso saí bem tarde de lá.
— Não sabia que o presidente do grêmio era tão ocupado assim. — Dei a volta no sofá e me aproximei do Nam me sentando ao seu lado. O garoto passou seu braço em volta do meu corpo e eu me aconcheguei em seu colo.
— Caramba, hoje era o primeiro dia de aula. — Disse emburrada.
— Me desculpa mesmo May. — Depositou um beijo no topo de minha cabeça. — Eu vou te compensar.
— Acho bom.
— Yah Namjoon, presta atenção! — Yoongi disse erguendo as mãos segurando o controle, bravo por Namjoon ter sido morto no jogo, fazendo com que os dois perdessem a partida.
— Foi mal cara. — Se endireitou no sofá. — E então May, como foi o primeiro dia? Fez amigos? — Perguntou voltando sua atenção para o jogo.
— Conheci uma galera bem legal.
— Que ótimo! Amanhã prometo que iremos juntos.
— É bom mesmo. — Cruzei os braços com a cara emburrada. Namjoon me encarou brevemente e sorri, apertando o meu biquinho. Yoongi fingiu estar vomitando mas o ignoramos. Nossa amizade era tão melosa mas eu amava.
— Jin nos convidou pra jantar na casa do Jungkook.
— Mas nem fodendo eu vou ‘praquela casa.
Espera, o Jin convidou? Então os dois se acertaram?
— Por que não? Ele me contou o que rolou com o JK, foi ‘mó vacilo da parte do Jungkook mas enfim, o Jin disse que o pai da Aly está em casa e quer pedir a mão dela em namoro. Ele precisa do nosso apoio May. — Revirei os olhos e soltei um suspiro longo. Eu não queria ver o Jungkook nem pintado de ouro mas não deixaria de ir apoiar o Jin que era meu amigo a tanto tempo por causa daquele babaca.
— ‘Tá né, eu não tenho muita escolha.
— Boa garota. Se arruma rapidinho e iremos assim que acabar essa partida.
— Ok.
Me levantei do sofá e subi pro quarto á contra gosto, eu não queria ter que ir naquela droga de jantar. Já tinha tomado banho quando cheguei em casa então apenas procurei algo descente para vestir; um vestido soltinho branco de renda e mangas compridas. Amarrei os cabelos em um rabo de cavalo alto, passei rímel e um batom nude, apenas para amenizar o rosto inchado.
[...]
Jimin nos recebeu na porta e acompanhou os garotos até a sala de estar, não vi nem sinal do Jungkook por ali, graças ao bom Deus. Decidi ir ver como Alyssa estava, então sem que os outros percebessem, me esgueirei pelo corredor e subi as escadas correndo e quando enfim cheguei no extenso corredor do segundo andar, tentei me recordar de qual daquelas portas brancas pertencia ao quarto da garota. Nem precisei pensar muito quando vi Jin saindo de uma delas.
— ‘Tá tudo bem com ela?
— Acredito que sim.
— Namjoon me contou sobre o seu pedido. Você tem meu total apoio. — Ergui o polegar em sinal positivo o fazendo sorri e me abraçar apertado.
— Resolvi encarar as coisas de frente, não vou abrir mão da Alyssa por causa do Jungkook, ele pode me odiar pro resto da vida mas eu não 'tô nem aí. Vai lá falar com ela, mas lembre-se, é uma surpresa. — E sumiu pelas escadas após picar para mim.
Dei duas batidinhas na porta que estava encostada e coloquei a cabeça pro lado de dentro, vendo Alyssa deitada de bruços folheando uma revista. Ela faz sinal para que eu entrasse e assim o fiz, fechando a porta atrás de mim.
— Como você tá?
— Bem, na medida do possível. — Ela se ajeitou na cama dando espaço para que eu pudesse me sentar junto a ela. Posso perceber seus olhos inchados.
— E então, como estão as coisas por aqui?
— O Jin até tentou conversar com o meu irmão, mas o Jungkook não quis ouvir, ficou emburrado e se trancou no quarto.
— O seu irmão é um idiota, já te disse isso né?! — Ela riu.
— Agora concordo cem por cento. — Logo um silêncio se instalou no quarto e a dúvida que rondava em minha mente me corroia por dentro, então resolvi perguntar logo sem fazer rodeios.
— Aly, mudando um pouco de assunto… — Me ajeito na cama, criando coragem para questioná-la. — Por que você não me contou que o Jungkook tem namorada? Sabe, se tivesse me dito isso aquele dia que eu vim aqui, teria me poupado de muita humilhação. — Não contenho um suspiro cansado.
— Olha Maia, é complicado. — Disse sem sequer me olhar nos olhos. Por que ela estava agindo assim? Por que mentiu? Queria tanto me fazer mal assim como o irmão? E por que todo mundo dizia que era complicado?
— Era uma informação mais do que crucial Alyssa. Não sabe como eu fiz papel de trouxa diante do seu irmão, não sabe o quanto ‘tô me sentindo envergonhada. Sei que você sabe que eu curti ter ficado com ele na festa do Jimin. E depois… acabou rolando de novo. — Abaixo a cabeça e brinco com meus dedos, era doloroso admitir aquele e me sentir ainda mais burra por ter deixado ele me tocar.
— O quê!? Vocês ficaram de novo? — Assenti e dessa vez foi eu que desviei o olhar para qualquer canto daquele quarto a não ser os olhos dela.
— Bem no dia que eu vim aqui, ele foi lá em casa e me beijou. E o pior de tudo é que eu acho que ‘tô gostando dele. Por que você não me falou da Irene? Eu pensei que fôssemos amigas. — Droga! Admitir que estava começando a nutrir um sentimento pelo Jeon doeu mais do que eu imaginava.
— É claro que nós somos amigas. — Alyssa se sentou de frente pra mim e segurou minhas mãos me forçando a encará-la. — Me desculpa Maia, eu não quero que pense que enganei você, não quero que pense que eu não sou sua amiga, você é a pessoa que eu mais me identifiquei e me dei bem logo de cara, você já se tornou uma pessoa especial e importante pra mim. Mas eu não posso contar, isso vai muito mais além da nossa ami… — Ela se calou ao ser interrompida por alguém que bateu na porta. — Entra. — Gritou e logo a porta se abriu e um senhor usando um terno elegante adentrou o quarto. — Papai! — Alyssa se levantou rapidamente e correu em direção ao mais velho, dando-lhe um abraço apertado.
— Olá minha princesa. — Seu olhar se direcionou a mim e eu me levantei num pulo, ele podia tê-la chamado de princesa, mas sua figura rígida era bem intimidadora. — Quem é esta adorável jovem?
— Ah, pai esta é a Maia, Maia este é o meu pai.
— É um prazer conhecê-lo senhor Jeon. — Me aproximei estendendo a mão para ele que a segurou e depositou um beijo ali. Ato que me deixou menos tensa.
— O prazer é meu querida. É bom ver minha filha fazendo novas amigas. — Ele beijou a testa de Alyssa que parecia super feliz com a presença do pai. — Vamos descer?
— Sim papai, nós já vamos, só nos dê um minuto.
— Tudo bem querida, onde está o Jungkook?
— No quarto dele. — Pude notar em seu tom de voz que ainda estava com raiva do irmão. Não a julgo. Felizmente o senhor Jeon parece não ter notado, pelo visto não tinha conhecimento da briga de mais cedo.
— Aquele moleque não teve nem coragem de buscar o pai no aeroporto, francamente. — Disse já deixando o quarto e reclamando de outras coisas que naquele momento eram inaudíveis para nós.
— Maia?
— Sim? — Voltei a minha atenção para Alyssa.
— Olha, eu tenho que te contar, meu pai decidiu fazer este jantar como boas-vindas ‘pra Irene que acabou de voltar de viagem. — Ela me encarava com cautela, talvez achando que eu fosse a espancar ali mesmo. — Então... se você achar que não vai se sentir à vontade e confortável com a presença dela aqui, tudo bem se quiser ir.
— Tudo bem Alyssa, eu ficarei pra te dar apoio e porque o Jin me pediu. — Eu não iria fugir, mais cedo ou mais tarde teria que lidar com isso, teria que ver os dois pombinhos todo santo dia no campus. Então, melhor aceitar agora e lidar com isso de frente. Alyssa deu um pulinho e me abraçou.
— Obrigada Maia, você é a melhor! Não seria a mesma coisa sem você aqui.
Alyssa passou seu braço esquerdo por cima dos meus ombros e me guiou para a porta, meus pés queriam me deixar na mão e sair correndo porta a fora, mas com grande esforço deixei Alyssa me guiar para a tortura que seria aquele jantar. Quando deixamos o quarto e seguíamos pelo corredor, - com objetivo de nos juntar aos outros na sala de estar,- demos de cara com a Irene.
— Aly! — Disse animada enquanto se aproximava e dava um abraço apertado em Alyssa. Pelo visto eram bem amigas. Me segurei para não revirar os olhos. — Quem é essa? — Me olhou curiosa após se desfazer do abraço.
— Essa é a Maia. — Alyssa disse notavelmente desconfortável.
— Oh, a garota que me falou há alguns dias?
— Sim, ela mesma.
O que Alyssa andou falando de mim pra essa magricela metida a besta?
— É um prazer Maia, Aly me falou muito de você, espero que nos tornemos amigas. — Disse toda sorridente. Forcei um sorriso, não queria ser mal educada. — E a propósito, adorei seu vestido, é uma graça. — Eu não sabia dizer se ela era realmente simpática ou se estava sendo totalmente falsa.
— Obrigada. Adorei sua bolsa. — Disse com um sorriso mínimo.
— É linda não é!? A marca me enviou como um mimo. É exclusiva, só existem cinco no mundo todo. Dá pra acreditar? — Quis revirar os olhos mas me contive, ela não passava de uma exibida.
— Que sorte a sua. — Respondi de modo um pouco rude sem conseguir conter minha língua. Irene deu um sorriso sem graça e se virou para Alyssa.
— Onde está o Kookie?
— No quarto dele. — Alyssa informou, logo entrelaçando o braço com o meu me puxando para o andar de baixo deixando aquela nojenta para trás. — Tem certeza que está tudo bem?
— Está sim, eu vou sobreviver.
Prontamente corri para perto do Nam e me sentei ao seu lado no sofá. Me encolhendo em seus braços.
— ‘Tá tudo bem? — Me encarou confuso e apreensivo. Neguei com a cabeça, não queria preocupa-lo por tão pouco. — O que foi? O que aconteceu? — Se endireitou no sofá analisando cada detalhe de meu rosto, provavelmente tentando decifrar o que tinha de errado comigo.
— Te conto depois. — Sussurrei.
— Não é nada sério ‘né? — Neguei com a cabeça. — Quer voltar pra casa? Não precisamos ficar aqui se não quiser.
— Não, não é nada com o que se preocupar e não podemos ir embora agora, Jin precisa de nós. — Quando fechei a boca, meu olhar se direcionou a escada.
Vi Jungkook e Irene descerem de mãos dadas, meu semblante mudou no mesmo instante, senti meus olhos marejarem, desviei minha atenção deles e meu olhar se cruzou com o de Namjoon, ele pareceu entender o que eu sentia e o que precisava naquele momento e num movimento rápido passou o braço por minha cintura, levando a mão livre até meu rosto, repousando delicadamente minha cabeça na curvatura de seu pescoço, sussurrando um “vai ficar tudo bem”.
— Bom pessoal, já que minha querida nora já está aqui, se juntem à mim na sala de jantar.
Todos se levantam e meu olhar cruzou com o do Jungkook por um instante, ele pareceu surpreso por me ver ali. Não sustentei o olhar por muito tempo, não queria fraquejar diante dele, respirei fundo pedindo à Deus forças para aguentar esta noite.
Agarrada a mão do Namjoon, seguimos para a sala de jantar. A mesa enorme de doze lugares estava repleta das mais variadas refeições. O senhor Jeon se sentou na cabeceira, Jungkook se sentou ao seu lado direito e Irene ao esquerdo. Jin se sentou ao lado de Irene, de frente para Alyssa, me sentei ao lado do Jin e Namjoon se sentou ao meu lado. Jimin estava sentado à minha frente e Yoongi de frente para o Nam.
— Agradeço muito a presença de todos, é ótimo ter os amigos de meus queridos filhos aqui. Podem se servir à vontade, sem vergonha em minha casa. — Riu divertido. O senhor Jeon estava se mostrando bem simpático. Imaginava ele de outra forma, mais rígido com os filhos.
Todos se serviram com uma macarronada que estava com um cheiro divino, Namjoon me serviu um pouco de suco e eu o agradeci, dando logo uma garfada na comida que como o esperado, estava deliciosa.
— Irene, me conte como foi estudar em Milão?
— Ah pai, foi incrível. — Pai? — Milão é um lugar encantador, de tirar o fôlego eu diria. Pude frequentar alguns desfiles de estilistas super reconhecidos e graças a mamãe recebi muitos convites para desfilar na próxima coleção da Victoria Secrets.
— Minha querida isso é maravilhoso! Não vejo a hora de ver minha modelo em ascensão brilhar nas passarelas.
— Nas férias de verão quero levar Aly comigo, pai.
— Sério!? — Alyssa deu alguns pulinhos na cadeira, animada com a ideia.
— Se você se comportar eu deixo você ir Alyssa.
— Papai, eu sempre me comporto. — O velho riu.
— Sei disso querida. E você Namjoon, ainda é representante da Universidade?
— Sim, senhor Jeon, fui até convidado para fazer um discurso na ONU. — O encarei surpresa, ele não havia me contado sobre isso.
— Oh, que maravilha rapaz! Se quiser, tenho uma vaga ‘pra você na empresa.
— Pensarei a respeito senhor.
— Pense o quanto quiser, a vaga já é sua meu rapaz, eu vi você crescer, se tornou um homem e tanto. — Namjoon agradeceu com uma reverência e o senhor o encarou eu diria que com orgulho. — Você tem uma linda namorada. — Direcionou seu olhar para mim e eu me engasguei com o suco.
— Eles não namoram pai. — Jimin disse com a boca cheia.
— Ah não? E por que não? Dois jovens bonitos devem namorar. — Ele parecia animado em se meter na vida particular dos amigos de seus filhos e constrangê-los.
— Bem que eu queria ter tanta sorte senhor. — Namjoon disse me encarando com aquele sorriso fofo expondo as covinhas e piscou para mim. Sorri para ele com ternura. Já falei que tenho o melhor amigo do mundo? Pois é, eu tenho. O melhor.
— Aproveitando a deixa senhor Jeon, eu gostaria de fazer um pronunciamento. — Ditou Jin formalmente.
— Prossiga rapaz. — Jin se levantou e encarou Alyssa com um sorriso terno nos lábios. Direcionou ao senhor Jeon e pigarreou.
— O senhor sabe que eu sempre fui muito próximo de seus filhos e me sinto parte da família, o senhor sempre me tratou como um filho. Acredito que de tanto frequentar esta casa, acabei me aproximando mais e me apaixonando pela sua filha… — A medida que Jin ia falando, os olhos de Alyssa se iluminavam com as lágrimas que estavam prestes a escorrer por suas bochechas gordinhas e rosadas. Lágrimas de felicidade, óbvio. Senhor Jeon escutava tudo atentamente encarando o garoto com um olhar severo. Me permiti encarar Jungkook, o garoto olhava para Jin de cara fechada, mas não parecia mais tão irritado, ou melhor, furioso. — Então... eu gostaria de pedir a sua benção para namorar a Aly, eu prometo ao senhor que cuidarei bem dela, que a protegerei… — Olhou para Alyssa. — e jamais a farei chorar, porque eu à amo mais que tudo.
Estava me derretendo com a declaração do Seokjin, “este é o meu garoto, que orgulho”. Todos ali pareciam transbordar com o sentimento genuíno de nosso amigo, - menos o idiota do Jungkook que nem sequer olhava para o Jin.
— Jin, você sempre foi sim como um filho pra mim. Posso perceber que Alyssa gosta muito de você e sei que você é um bom rapaz e que vai cuidar bem da minha princesinha. Então, seja muito bem-vindo a família meu rapaz.
Alyssa se levantou rapidamente, depositou um beijo no rosto do pai e contornou a mesa pulando nos braços de seu príncipe encantado.
[...]
Enfim chegou a hora mais esperada de todas, hora da sobremesa. Antes de devorar o pudim que foi colocado em minha frente, pedi licença para ir ao banheiro, estava super apertada e já não aguentava mais esperar.
Ao passar pela sala subi os degraus da longa escada a procura do banheiro social. Imaginei ser a segunda porta à esquerda no corredor e caminhei até lá lentamente enquanto admirava alguns retratos pregados na parede, a maioria eram de Alyssa, Jimin e Jungkook ainda crianças. Eram adoráveis. Principalmente o Jungkook, com os cabelos negros lisos e os olhinhos redondinhos. Nem parecia que ia crescer e virar essa babaca idiota metido a besta.
Quando voltei a caminhar, senti alguém segurar meu pulso e me virei rapidamente dando de cara com o Jungkook. Meu olhar se intercalou entre sua mão ainda apertando meu pulso e seu olhar de cachorro abandonado.
— Da pra soltar? — Perguntei com o resto de paciência que ainda restava em mim.
— Vamos conversar.
— Não tenho nada pra falar com você. — Puxei meu braço com agressividade e ele me encarou com o olhar triste, parecia estar esgotado. Mas eu não sentiria pena dele.
— Maia, não faz assim. — Tentou se aproximar mas dei um passo para trás.
— Eu não quero falar com você e não quero que chegue perto de mim.
— Está assim por causa da Irene? — “Não, imagina.” Revirei os olhos e respirei fundo.
— Olha Jungkook, estou assim por mil e um motivos, devo começar a listá-los pra você? É tão idiota assim que não consegue nem distinguir os seus erros?
— Maia…
— Agora você vai me ouvir. — Fechei os olhos pra dizer tudo que estava entalado em minha garganta sem agredi-lo ali mesmo. — Você está sendo um puta de um babaca escroto, quando te conheci já havia percebido que você era um idiota, mas com o tempo, você me mostrou que podia ser um cara legal, mas é claro, era apenas eu me iludindo... — Neguei com a cabeça me lamentando por ter sido tão trouxa por acreditar nele. — Jungkook, o que você fez com a Aly e o Jin não foi nada legal, é o seu amigo e a sua irmã ali. Você deveria querer vê-la feliz…
— E eu quero...
— Não. Você a trata como uma criança, Alyssa já é bem grandinha pra tomar suas próprias decisões, e o Jin… cara, o Jin é a melhor pessoa pra estar ao lado dela, e você devia pensar assim também, você o conhece como ninguém, sabe que ele jamais a magoaria. — Com as mãos enfiadas no bolso do moletom, Jungkook abaixou a cabeça e encarou os pés. Percebi que minhas palavras o afetaram.
— Eu sei que você está certa Maia, eu sei disso. — Suspirou e me olhou novamente. — Eu não queria ter ficado tão nervoso com os dois, mas as circunstâncias não ajudaram. — Bingo. Eu sabia que tinha um motivo a mais para ele ter agido como um babaca. Quis perguntar quais eram essas circunstâncias, mas me contive. Não queria me aprofundar em sua vida, não queria ter mais nada com ele. — Eu só não quero que ninguém machuque a minha irmã. Prometi pra nossa mãe que eu sempre cuidaria dela.
— Mas desse jeito você não ‘tá cuidando de ninguém. Deveria se desculpar com os dois. Agora se me der licença. — Naquele momento havia até esquecido que precisava ir no banheiro. Me afastei dele e segui o caminho para retornar a sala de jantar, mas, novamente fui impedida por ele que me puxou pelo pulso mais uma vez e me encostou na parede, com o corpo bem próximo ao meu.
— Mas e quanto a nós? — Me olhou nos olhos.
— Não existe “nós” Jungkook, nunca existiu. Você tem uma namorada, não devia estar aqui em cima discutindo sobre uma coisa que nunca existiu. — “E ainda mais tão perto assim.” Por um breve momento fechei os olhos, embriagada por seu perfume amadeirado. Não, eu não vou ceder, jamais.
— Maia, por favor me escuta… Eu nunca quis te magoar. — Abri os olhos e soltei uma risada sarcástica.
— Você mentiu pra mim, me enganou Jungkook. Por que me iludiu dessa forma? Eu fui muito trouxa por ter me deixado levar pela sua encenação. Você devia ser ator sabia, mente muito bem.
— Maia, não foi minha intenção mentir pra você. Eu sei que está magoada, e com razão, mas por favor me escuta, só dessa vez.
— Não, eu não vou ouvir mais nenhuma palavra sua. Acha que eu vou me contentar em ser a outra? Em ser sua amante?
— Maia eu não sinto nada por ela, você não percebeu que eu estou louco por você?
— Ah, então ela é só mais uma coitada que você está enganando? Você gosta de enganar as pessoas? Gosta de usá-las pra se divertir? É um passatempo pra você?
— As coisas não são assim, não é como você ‘tá pensando.
— E ainda por cima pediu pra que o Jimin desistisse de mim, você é muito egoísta, quer tudo pra si, não é mesmo? Não passa de um moleque mimado, você precisa crescer Jungkook. Mas eu te digo uma coisa, a mim você nunca mais vai ter. — Me aproximei dele com o queixo levantado. — Se eu quiser ficar com o Jimin, eu vou ficar. Afinal de contas, ele é muito melhor do que você, em todos os sentidos. — Ditei as últimas palavras bem lentamente. Pude perceber que ele trincou o maxilar e cerrou as mãos em punho, ele estava furioso eu tinha certeza disso, eu havia o magoado. Talvez assim ele me desse paz e se afastasse de uma vez por todas. Coloquei minhas mãos em seu peito e o afastei, seguindo em direção as escadas mas antes que eu pudesse descer os degraus e sumir de suas vistas, o ouvi sussurrar;
— Não vou desistir de você Maia.
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