- 38 : Sábado -
A igreja era um dos poucos locais em toda a comunidade que sempre parecia impecável. Não importava qual fosse a época, quem estivesse no comando ou quantas guerras fossem travadas , ela sempre estaria perfeita. Com sua pintura amarela , suas obras , seu jardim florido , suas janelas vibrantes e suas portas abertas. Mas principalmente, acima de toda a estética, a igreja sempre estaria disposta a receber todos que viviam ao seu arredor. Construída em mil novecentos e dezessete, a mando de Jeon Bae como um presente ao falecimento de sua cunhada, ela carregava tudo que o falecido líder considerava como indispensável. Porque até o mais poderoso e cruel dos homens está apto a se declinar e ter o perdão de Deus. E Bae sempre gostou de sentir que era amado pelo criador, assim como Harin um dia foi uma amante da palavra.
Porém, todo esse amor soava frio quando Jungkook se pegava observando a igreja. Todos gostavam de repetir sua semelhança com o falecido líder e com a mulher que o deu a vida , mas Jungkook negava tais compatibilidades quando não conseguia sentir o calor que ambos sempre disseram ter ao entrar no local. A igreja para si soava como um museu, acumulando falsos telespectadores e artes as quais muitos ali não eram capazes de compreender. Ele também não era capaz , por isso não a entrou.
" Pior que um pecador perdido, é aquele que se nega a aceitar sua corrosão "
Jungkook se sentia perdido , parado no meio do corredor de bancos , olhando para a imagem do filho de Cristo preso na parede e principalmente na cruz. Não se recordava mais o motivo para estar ali , se lembrava da breve discussão com Taehyung ao finalizarem o plano da vingança que seria finalizada no outro dia , então seu corpo reagiu sozinho ao leva-lo até ali. Agora não sabia para onde ir ou o que fazer, o que as pessoas faziam na igreja ?
_ Você está procurando pelo Padre ? - a voz doce soou por todo o salão. Levando-o a virar o corpo para notar a mulher distante.
Jungkook sentiu vontade de chorar com a presença de Sook vindo em sua direção. A mulher que carregava tantas semelhanças com Sn o deixava a beira de uma crise , a forma como ela tinha tudo aquilo que ele desejou encontrar na filha dela quando retornou o massacrava. Os cabelos longos e ondulados, as roupas claras , o sorriso reconfortante e então o olhar doce. Sook era uma anjo vindo em sua direção, Jungkook compreendeu seu tio.
_ o Padre está em uma reunião com meu marido , eles devem demorar . Eu posso te ajudar caso não seja nada muito grave - Jungkook queria avançar e abraçar porque Sook parecia a única coisa presa a três anos atrás.
Ela era o ponto certo no meio daquele caos.
Mas Jungkook jamais poderia a abraçar. Porque isso significaria entregar tudo , e ele não poderia arriscar faltando menos de doze horas para conquistar sua vida de volta. Então, mesmo desejando a responder e até a abraçar, Jungkook engoliu todas as palavras e apertou suas mãos. Seu silêncio trouxe estranhamento na mulher.
_ Ah..- ela assoprou - Você é o primo do Jungkook, o que não fala.
Ela sabia sobre ele ?
Sook riu.
_ Você virou notícia por aqui , quase uma celebridade. Mais que falta de modos ! - Sook esfregou as mãos no vestido antes de dar um passo a frente e se curva , logo após a oferecer - Sou Sook Kwan , posso te dar as boas vindas ?
Jungkook curvou-se quando piscou e percebeu que precisava tomar uma reação antes que pioarasse todo o ambiente já estranho. Com sua falta de toque Sook recolheu a mão, ela riu não se abalando por ter ficado no "vácuo".
_ Perdão, é um costume bobo - Jungkook quis gritar o quanto não achava ruim e que desejava toca-la , mas sentir as palmas de Sook significava expor suas mãos.
As tatuagens o entregaria.
_ Então...- Sook riu ao constatar que o garoto a sua frente perdia-se muito fácil - Você realmente é primo de Jungkook, se perder em pensamentos parece algo pessoal dos Jeon's.
Sook sabia muitos sobre eles.
_ Se estiver..- seu olhar escorregou do garoto a sua frente para as duas figuras que vinham atrás. Sua voz morreu e sua expressão caiu , foi o suficiente para fazer Jungkook virar.
Luiz e o Padre conversavam com sorrisos. Jungkook sentiu um arrepio quando o olhar do homem menor foi direcionado a si , todo aquele sentimento amargo e que um dia o consumiu pareceu retornar com força. Em uma tentativa de fugir daquele calor doloroso, culpa de um passado ainda vivo , Jungkook não esperou o primeiro passo dele para fugir. Nem mesmo esperou por algo de Sook , a deixou sozinha para enfrentar Luiz e todo aquele peso que a presença dele significava.
_ Quem era ? - Luiz foi rápido.
_ Primo de Jungkook - Sook manteve o olhar nas costas do Jeon que sumia. Um sorriso fraco em seus lábios, incapaz de sumir mesmo perante o amargo do seu marido.
Luiz diferente dela não sorria. Seu olhar era de um brilho intenso e profundo, e quando sua mente puxou algo que estava guardado suas íris refletiram uma mancha animada.
" Jungkook não tem primos vivos "
_ Eu preciso fazer uma ligação.
_________
Jimin odiava términos. Ele aprendeu a odia-los quando tinha seis anos e observou sua família perfeita ser quebrada , sua mãe não olhou pra trás antes de fugir e o deixar sozinho com seu pai , sua desculpa ? Ela havia encontrado seu amor verdadeiro. O grande problema não foi o tal do "amor verdadeiro" que sua progenitora jurou ter encontrado nos braços do seu professor particular, foi que Jimin era muito novo pra compreender sozinho que não havia sido sua culpa e seu pai nem mesmo estava pronto para amar ou ser responsável pelo filho.
Desde então o amor soava muito como uma prisão. Sua mãe não havia amado seu pai , assim como ele também não parecia capaz de ama-la. Jimin só foi entender que o amor era conveniente apenas quando lhe favorecia anos depois, quando amou uma garota escolhida pelo seu pai e entendeu o porque da sua mãe fugir. Ela não havia encontrado o amor verdadeiro , não foi seu professor o motivo do seu amor ou Jimin a sua motivação para fugir , sua mãe só queria a liberdade ao qual seu pai havia a privado de sentir. Ela se apaixonou pela vida. Sua mãe amou verdadeiramente a liberdade e fugiu com ela.
Jimin também quis se apaixonar pela vida , então ele fez igual sua mãe e procurou alguém que lhe trouxesse tamanho sentimento. Assim como sua progenitora amou seu professor, Jimin amou Gabriela. Mas ama-la não pareceu suficiente, nunca foi o motivo para permanecer, porque depois de um ano ele começou a notar que seu amor por ela manteve-se vivo apenas por causa da liberdade falsa que Gabriela o fazia sentir enquanto estivesse livre do seu pai. Jimin não amou Gabriela, mas se apaixonou e isso foi o suficiente para que aquelas palavras o quebrasse.
" Estou grávida...Taehyung é o pai. Sinto muito , você é incrível Jimin. Estar com você todos esses anos foi maravilhoso, espero que possa me entender. É melhor terminamos por aqui , para o seu próprio bem "
Dizer que sente muito depois de esfaquear alguém não faz o sangue retornar a sua vítima , muito menos a faz querer viver. Gabriela não o matou , mas Jimin sentiu algo morrer naquele instante. Ele foi incrível, os anos consigo foram maravilhosos , mas não o suficiente para que ela evitasse estar grávida do ex namorado e muito menos bastou para que deixasse de o ferir.
" _ Não vai dizer nada ? - ela questionou perante ao seu silêncio. Jimin sorriu , não verdadeiramente, a abraçou e então caminhou para a saída da casa.
_ Obrigado , pelos três anos de liberdade. Seja feliz Gabi , com ou sem Taehyung - e a deixou sozinha , melhor , com seu filho "
E pela terceira vez, Jimin compreendeu sua mãe. É que se apaixonar parece muito fácil quando se viveu parte de sua existência inteira sem sentir tamanho sentimento, mas amar é muito difícil quando nunca conheceu o amor. Gabriela ama Taehyung , Jimin se apaixonou por Gabriela; e entre esse triângulo, ele foi a ponta que ligava o amor dos dois.
_ Está tudo bem , eu posso viver com isso - sorriu sozinho ao se reconfortar. A bebida não parecia queimar mais do que sua mente.
O bar estava quase vazio , ele escolheu estar longe da comunidade e de tudo que pudesse o lembrar da sua liberdade perdida. Seus ombros estavam caídos enquanto tomava o terceiro copo de soju , não se importando verdadeiramente com a bebida , apenas com o calor que ela o proporcionava. Recusava todos que aproximavam com palavras doces e carregadas , Jimin estava farto de paixões.
_ Beber sozinho é meio deprimente - a cadeira ao seu lado foi ocupada sem o dar tamanha oportunidade de negar um acompanhante.
Yoongi sorriu tomando sua garrafa para servir seu próprio copo. Jimin olhou a sua volta , buscando por talvez Taehyung e Hoseok, nunca havia conversado com o homem a sua frente sem alguém o acompanhando. Na verdade, Jimin sempre fugiu de estar sozinho ou ter qualquer contato com o mais velho. Não porque odiava Yoongi pelo seu passado , a realidade era que Jimin nem mesmo sentia-se justo por odia-lo em um momento ao qual não o conhecia de verdade.
Tudo que sabia sobre o homem de tatuagens , roupa larga e sorriso gengival eram as histórias contadas por suas amigas, e sua ex namorada. Nunca foi um homem de formar opinião através das pessoas , gostava de conhecer e julgar sozinho as coisas. Porém , jamais negaria o quanto Yoongi lhe trazia arrepios e uma sensação breve de curiosidade, achava intrigante tudo que o moldava e sempre teve um declínio em conhecer coisas novas.
_ Esse soju está quente - Yoongi afasta o copo antes de acenar para o bartender e pedi uma garrafa fechada.
_ O que faz aqui ? - seu olhar retornando ao homem ao qual ele fez questão de roubar a compania. Yoongi sorri perante a expressão cansada de Jimin.
_ Te observei de longe e achei que precisava de compania - o seu revirar de olhos não incomodou Yoongi, ele manteve a expressão leve e até mesmo agradeceu quando a bebida nova foi deixada na mesa.
_ Não preciso de compania - Jimin sussurrou enquanto tinha seu copo servido.
_ Eu também não preciso. Considere isso uma não compania então. Saúde ! - brindou os copos mesmo ao olhar de protesto do médico.
Yoongi jamais seria a melhor não compania para Jimin. Em menos de vinte minutos o Park constatou ao menos cinco motivos para desgostar de sua "compania". Primeiro que Yoongi bebia soju como água e nunca aparentava estar bêbado, segundo que ele falava muito palavrão e chamava a atenção de pessoas que cruzavam suas mesas ,obviamente era conhecido. E por último, Yoongi sabia ler pessoas.
_ Gabriela finalmente te deu um pé na bunda - a constatação o pegou de surpresa. Após vinte minutos de silêncio aquilo pareceu a única coisa que Yoongi tinha para quebra-lo.
Jimin esfregou o nariz , afastando o copo de bebida antes de o bater na mesa. Assustado pela forma direta ao qual foi atacado, Yoongi sorriu recebendo de seu silêncio a resposta que precisava. Aquilo soava como uma zombaria , mas no fundo não estava zombando da solidão de Jimin porque compreendia dela.
_ O seu relacionamento era uma merda , e olha que eu sou profissional em relacionamentos ruins. Não pode estar sofrendo por algo que era um inferno , é o mesmo que chorar pela morte de alguém que o matava e lamentar por isso , você está se culpando por sobreviver ? Patético - Jimin piscou perante suas palavras.
_ Você não sabe de nada - é tudo que conseguiu como resposta.
_ Você não a amava , disso eu sei - Yoongi conhecia bem olhares de amor , Jimin não tinha as íris de Sn ou Hyun.
_ Como pode saber o que é o amor ? Pelo que sei , você não é capaz de amar - o ataque era sua única defesa quando estava exposto.
Yoongi riu , um riso de desdenho pela tentativa do médico em si proteger o machucando. Se Jimin soubesse que aquilo nunca soaria com um ataque para si , sentiria vergonha de suas palavras.
_ Realmente, talvez eu seja incapaz de amar. Só que eu tenho experiência com pessoas que amam , e você não ama a brasileirinha. Talvez estivesse acostumado e goste de rotina , então o baque de uma possível mudança esteja o deixando chateado , mas não o término. Porque quem ama jamais aceitaria uma traição, isso teria te quebrado ao ponto de querer morrer, você sobreviveu por três anos ; playboy - a conclusão trouxe embrulho ao estômago de Jimin.
_ Você entende de traição - Yoongi riu em uma leve mexida de ombros.
_ Seja o que for seus motivos para estar chateado. Gabriela não vale a pena , ela não é o seu amor verdadeiro e talvez você nunca o encontre. Quem se importa ? - serviu os dois copos - Cá entre nós, é mais divertido viver do que morrer por alguém. Vamos brindar a nossa falta de amores verdadeiros !
Jimin piscou , fraco e escorregadio. Observando Yoongi bater os dois copos e então derramar toda bebida em sua própria boca , ele tocou o copo servido com um olhar ainda no outro homem. Quando o soju amargou e queimou seu paladar, Jimin sorriu para Yoongi. O seu simples ato deixou o ex elite estagnado.
Sua mão escorregou até seu peito, não pode evitar esfregar o local que queimou. Yoongi odiou aquela sensação de perda , mais uma vez.
" Chega de borboletas "
___ sábado ___
Gabriela ensaiou diversas noites para aquele momento. Suas mãos suavam agarrando fortemente a pequena imagem, o borrado do ultrassom recentemente feito era a prova do que faria naquela manhã. Pela primeira vez em anos ; Gabriela usava roupas que a cobriam completamente, seus cabelos estavam presos e não havia nenhum dos seus diversos acessórios chamando atenção, ela se sentia como uma velha prestes a receber sua aposentadoria. Sn odiaria seu pensamento e forma de definir as roupas que usava , já que o vestido era seu.
Não teve coragem para bater na porta , então permaneceu parada enfrente a ela. E se simplesmente fosse embora ? Poderia só enfiar a imagem por baixo da porta e esconder-se quando ele fosse a procurar buscando explicações, não precisava o enfrentar. Era isso , Gabriela não falaria com ele.
" Taehyung não precisa saber "
Foi o que pensou ao dar as costas para a porta e seguir para o primeiro passo para se distanciar. Gabriela parou antes de descer o primeiro degrau. Sua mão descendo até sua barriga e ali permanecendo. O que estava fazendo com seu filho ? Estava o tirando a chance de ter um pai ,algo que ela mesmo um dia culpou sua mãe por fazer consigo , algo que sabia o quanto Taehyung sentia falta de ter tido na infância. Não podia permiti aquele ciclo.
_ Sn vai ficar orgulhosa - sorriu antes de seguir de volta a porta. Duas batidas foi o suficiente para que ouvisse um grito e passos.
_ Gabriela !! - Taehyung sorriu largamente ao abrir a porta. Te-la ali parecia o ponto que precisava , era confirmação de um ótimo dia.
_ Bom dia , desculpa estar aqui tão cedo - ela escondeu a imagem em suas costas . Não pode deixar de notar as roupas escuras e pesadas que o homem vestia.
_ Bom dia !! Você não precisa se desculpar, sua presença é sempre bem vinda. Entre rainha - a deu espaço para que passasse para dentro. Gabriela sorriu nervosa com os primeiros passos.
Já havia estado na casa de Taehyung muitas vezes , mas foi a primeira acompanhada.
_ Você estava de saída ? Algo importante aparentemente...não quero atrasa-lo - notou que a arma dele estava sobre o sofá assim como um casaco pesado.
_ É, eu tenho uns problemas a resolver. Nada demais - ele a respondeu enquanto seguia para a cozinha. O cômodo era compartilhado com a sala e separado por uma bancada.
_ Eu preciso conversar com você - Gabriela o seguiu. As mãos ainda escondendo a foto atrás do corpo, nervosa por ve-lo beber seu café com muita pressa.
_ É algo muito sério ? Não sei se posso ter uma conversa muito longa , Hoseok está me esperando e Jungkook também - Taehyung repetidamente olhava para o celular.
Ele nem mesmo notava o nervosismo sobre a mulher. Gabriela sentiu que suas palavras foram um balde de água fria , não conseguiria ser rápida mesmo se quisesse. Então sorriu deixando a foto escorregar para seu bolso.
_ Eu e Jimin terminamos - Taehyung largou o pão que iria levar até a boca.
_ Gabriela...- a xícara de café também foi esquecida próxima ao celular. Gabriela se assustou quando ele avançou e a puxou contra seu corpo, um abraço que a fez suspirar.
_ Podemos conversar depois , eu só estava muito ansiosa para te contar. Vai terminar de se arrumar para o trabalho, eu te espero pra jantarmos juntos - se afastou após esfregar o nariz no peito dele , aproveitando-se do abraço.
_ Eu posso me atrasar um pouco hoje anoite . Vou trazer comida tailandesa - Taehyung a beijou na testa antes de correr para escovar os dentes.
_ Quero Pad Thai !! - gritou após ser deixada sozinha. Gabriela riu ao receber uma confirmação também em forma de grito.
Encostada no balcão esfregou a mão no bolso onde a foto do ultrassom estava escondida. Um sorriso cansado em seus lábios, poderia o contar enquanto estivessem jantando, mas algo em seu interior gostaria que Taehyung descobrisse antes. Então caminhou até o sofá e guardou a foto no bolso do casaco , o abraçando para de alguma forma sentir que estaria próxima quando ele a achasse.
_ Jungkook mandou mensagem , disse que estou atrasado. Da pra acreditar ? Eu gostava mais dele quando estava morto - Taehyung riu , estranhando ao ve-la agarrada a sua roupa - Está tudo bem ?
_ Está sim - Gabriela o ofereceu a peça. Esfregou as mãos agora vazia no vestido assim que Taehyung a aceitou. Desviou o olhar , temendo que ele notasse sua ansiedade quando vestiu a roupa.
Por outro lado , Taehyung alheio ao seus sentimentos acreditou que todas as ações estranhas dela se resumiam ao seu recente término. Era a porta de entrada que precisava para avançar suas relações, gostou disso. Se despediram com acenos e promessas de um jantar , ao qual Taehyung prometeu estar. Mas ao passar pela porta , ele temeu quebrar as expectativas da mulher, então voltou e a beijou.
_ Amo você - era a única promessa que jamais quebraria. Gabriela sorriu com o carinho em suas bochechas e o calor dos lábios de Taehyung perante aquelas palavras.
Se despediram com sorrisos e breves trocas de beijos. No fim , estavam ansiosos por motivos diferentes. Taehyung temia não estar pro jantar , Gabriela temia não te-lo em sua vida .
••••••••
_ Então não o contou - Sn concluiu enquanto abria a porta e a segurava , evitando que Gabriela batesse no vidro ao saírem da padaria.
_ Não, mas eu vou contar ! Só não foi um bom momento hoje mais cedo , vamos jantar e aí eu conto com calma - Gabriela passou a caminhar na frente , fazendo Sn correr para ficar ao seu lado.
As duas mulheres caminharam juntas pelo centro. Sn precisou ir comprar algumas coisas para o tratamento de alguns moradores e Gabriela se disponibilizou para lhe fazer compania. Estavam desde o almoço juntas , era uma tarde fria e a todo momento suas conversas eram guiadas para os acontecimentos recentes. Gabriela ouviu Sn reclamar sobre o sumiço de Jungkook e a sua falta de perseguição nos últimos dias, e agora era a vez da médica escutar sua amiga sobre Taehyung e a criança que estava sendo gerada em seu útero.
_ Como pretende exatamente contar a Taehyung que ele será pai ? Não pode simplesmente jogar essa bomba enquanto jantam - Sn a ofereceu um bolinho recém tirado da sacola.
_ Vou esperar comermos , não quero que ele morra de um ataque encima do macarrão. Seria um desperdício - Gabriela resmungou com os lábios sujos de chocolate.
Ambas riram, de fato ; seria um desperdício se Taehyung morresse encima da comida. Em um clima tranquilo voltaram a caminhar , zombando de como seria a possível reação do líder perante a novidade. Entre risadas e imitações ruins , viraram a esquina. Sn parou imediatamente de andar quando notou os carros estacionados e os homens que estavam encostados nos veículos, Gabriela não pareceu nota-los. Ela olhou a sua volta, havia mais homens do outro lado da rua e Sn poderia jurar que atrás delas também. Passariam despercebidos em outra ocasião. Porém, pedestres comuns não andam armados e de máscaras.
_ Gabriela - segurou o cotovelo de sua amiga, a fazendo parar de rir e andar. Sua ação fez todos tomarem uma postura.
Eles avançariam.
_ Sn..O que foi ? - Gabriela sussurrou olhando a sua volta e então guiando sua atenção na direção do olhar de sua amiga - Merda.
_ Merda - Sn concordou consigo.
_ O que faremos ? - os homens estavam cada vez mais próximos.
_ Vamos correr em direções opostas , vá para dentro da loja e saia pelos fundos. Tente chamar a polícia ou qualquer um dos meninos - Gabriela negou-se.
_ Eu não vou te deixar sozinha - Sn a empurrou para a loja mais próxima, mesmo com os protestos e a aproximação rápida dos desconhecidos.
_ Gabriela, por favor - implorou já temendo pela amiga. Poderia lutar e tentar fugir , só que isso se tornaria difícil com Gabriela grávida ao seu lado.
A suas melhores chances seria a brasileira estar segura primeiro. O problema era a falta de disposição da outra quanto a esse plano. Temia que Sn fosse pega, não gostaria de ver sua melhor amiga ferida por te-la abandonado para trás. Gabriela jamais aceitaria isso.
_ Vem comigo !! - a agarrou pelo pulso e a puxou junto de si para dentro da loja. Correram entre as roupas e os vendedores, Sn tomou a frente quando escutaram os gritos dos homens as seguindo.
Em todo momento só conseguia sentir desespero. Precisava levar Gabriela para longe e a proteger ,ao mesmo tempo em que também precisava se salvar , Sn estava entrando em um colapso muito grande por não saber o que fazer. Empurrou algumas roupas , uma tentativa de talvez prejudicar aqueles que a perseguiam , seguiu pelo corredor que indicava uma saída de emergência e empurrou com força a porta , dando passagem primeiro para Gabriela. Saíram em um beco e não tiveram a chance de se recuperar.
Com as respirações pesadas e atrapalhadas. Gabriela sentia uma dor terrível nas costas e nos pés, agora também no pulso ao ser segurada com força e obrigada a voltar pra corrida em prol de sua vida. Sn tentava pensar em uma boa alternativa de saída, mas o desespero em ouvir os passos dos homens atrapalhavam sua mente em processar algo. Sua boca já estava seca ,havia perdido seus bolinhos pelo caminho e a sacola de medicamentos, por um segundo pensou em lutar e descartou tamanha ideia porque não sentia-se capaz de proteger a si mesmo e Gabriela sozinha.
Viraram uma esquina , acreditando que agora tomavam uma distância segura dos desconhecidos. Sn foi surpreendida com um ataque surpresa , Gabriela gritou quando a amiga foi atingida e levada ao chão por um dos homens. Tentou a ajudar , porém , seus cabelos foram puxados e Gabriela também foi ao chão. Ao ter a amiga junto a si , Sn tentou chutar o homem que a segurava e até mesmo por um segundo rastejou para libertar Gabriela, falhando quando recebeu um golpe forte na cabeça.
_ Sn !! - Gabriela gritou em desespero quando a amiga caiu desamparada. Sua voz foi a última coisa que Sn ouviu antes de desmaiar.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.