Eu não fazia ideia de como isso era esplendido de se ouvir, agora um serial killer possuía uma divida de vida comigo! Mas algo estava me intrigando, porque ele está conversando naturalmente? Por que eu sinto que ele está falando sério? Jeff tendo uma atitude séria, Uma coisa que eu jamais pensei em presenciar – Anda... – Ela se afastou da árvore – Vou te escoltar para fora daqui. – Eu sai devagar, mas minha mão continuou bem firme segurando o revólver. Ele ficou observando meus movimentos fixamente, já tinha notado arma – Não vou atirar Jeff – Respondi – Trouxe porque eu ia ver o Rake, e caso ele conseguisse sair... Eu tinha algo para me defender.
- Haha, um revólver não causa nem um arranhão naquela coisa. – Jeff pôs as mãos nos bolsos do casaco – Vamos, antes que algum dos meus amigos resolva brincar contigo. – Senti minhas pernas ficarem bambas, mas tentei disfarçar. Luzes vindas de lanternas e barulhos de latidos e uivos vinham lá de longe, eles ainda estavam atrás de nós. – Venha por aqui, tenho um caminho mais prático. – Ele me guiou pelo meio do bosque, aos poucos eu ficava mais nervosa, não olhava nem para frente, nem para trás, muito menos para cima. Somente o chão me dava certa segurança. – Olha o galho. – Já era tarde, bati com a cabeça no galho que praticamente não se mexeu. Apertei a cabeça tentando segurar a dor, tirando boas risadas do meu guia maníaco. Ele dava passos arrastados, escondendo as pegadas dele, comecei a imitá-lo e ia sempre prestando atenção para o que ele fazia.
Aos poucos fui perdendo o medo daquele lugar, comecei a ganhar mais confiança e parecia que estava acompanhando bem os passos dele – Eu não pedi para você ser minha sombra – Ele disse ironicamente – Pare com isso, incomoda.
Era melhor obedecer, não queria atiçar o lado obscuro desse rapaz. O vento passa uivando por nós, como uma melodia sombria. Os animais noturnos faziam ruídos ou passavam na nossa frente de supetão, dando alguns sustos, dependendo o que era. Havia uma árvore derrubada, que fazia uma ponte que atravessava o rio. Jeff saltou ali e andou sem precisar se equilibrar – Consegue imaginar quem derrubou essa árvore? – Ele me perguntou – Algo bem grande – Estava com medo de responder algo errado, mas coisa pequena não poderia ser, - Ha ha, alto e fino, um fósforo preto e branco! – Ele deu uma pirueta ao cambalear brincando – Sabe de quem estou falando não sabe?
- Sei... – Respondi baixo ao olhar para a água corrente que descia até lá embaixo. – Ele está por aqui? – Ele virou para mim e riu – Ele aparece quando quiser, mas, acho que agora ele deve estar ocupado, deve estar mais para dentro do bosque. Junto com os outros.
- Os outros? – Pensei – Vocês se reúnem em algum lugar?
- Isso não te interessa, está começando a saber demais. – Ele ficou com a faca na mão e eu finalmente calei minha boca. Estava começando a ver as luzes da cidade, as amareladas, alaranjadas e as piscantes luzes vermelhas dos alarmes de segurança. Jeff suspirou e colocou a mão nos bolsos novamente – Sabe voltar para casa daqui? – Ele olhou para mim enquanto eu tentava identificar onde estava – Acho que sim... Ali é a padaria... Cafeteria... Livraria... – Ele colocou a mão no meu ombro – Acho bom você se achar rápido, faltam apenas 20 minutos para meus colegas começarem seu balaio de gato... – Eu dei uma última olhada nele e agradeci, logo correndo morro abaixo até a rua. Não podia contar a ele que minha casa era bem próximo dali, olhei para trás e ainda dava para ver aquela face branca dele. A expressão praticamente imudável, eu consegui mudar. Comecei a correr para chegar mais rápido e logo dobrei a esquina seguindo em direção ao meu condomínio. Quando o porteiro me viu, não hesitou e abriu o portão para eu passar.
- Está louca minha jovem? – O velho Sr.Perickles disse preocupado – O que fazia na rua tão tarde? Não está com medo dos monstros daquele bosque? – Ele pegou os óculos e os limpou com um paninho – Não se preocupe senhor, fui só andar um pouco, aproveitar a noite enquanto posso... – Dei adeus a ele e fui andando calmamente. Ao dar 00h:00min, eu fechei o portão de casa. Sentei no chão e o pittbull mais manso veio até mim. Meu pai nunca me deixou dar nomes aos cães, para que eu não os tornasse todos inúteis. Mas um eu acabei desobedecendo. Dei o nome dele de Lumo, não faço se isso significa alguma coisa, mas desde pequena eu o chamei assim. Ele era um pittbull de pelagem branca e olhos azuis, conheci esse docinho feroz ainda filhote e nos tornamos amigos assim que eu dei para ele um biscoitinho de cachorro. Acariciei o focinho dele e dei um beijinho – Estou em casa agora meu floquinho de neve! Pode se acalmar... – Ele lambeu meu rosto, mas começou a farejar meu ombro de maneira estranha – Que isso fique entre nós... Ninguém pode saber... – Levantei-me do chão e Lumo me acompanhou até a entrada.
Abri a porta e entrei correndo, passando de supetão pela escadaria, entrando em meu quarto e trancando a porta. Meu coração estava a mil, fechei as cortinas rapidamente e coloquei meus dois puffs prendendo as quatro portas dos armários. Meu quarto era bem grande, para chegar a minha cama, tinha que subir três degraus e dois para chegar aos armários. Meu pai fez com que parecesse um verdadeiro palácio, tanto que entre duas janelinhas com cercas vivas cobertas por roseiras, tem uma varanda com portas estupidamente altas que fazem um oval partido ao meio. Quando eu vi que cada metro quadrado estava impossível de qualquer lenda sair, sentei em minha cama e coloquei as mãos sobre o rosto. Não queria ligar o computador, não quero ser surpreendida hoje... Peguei o telefone e liguei para a Michelle.
- Anda... Atende... Atende... – Eu dizia desesperada, andando para um lado e para o outro, acendendo todas as luzes possíveis. Ela atendeu – OI AMIGA TUDO BEM? – Ela estava falando como se fosse uma pateta. – Não! Não está! – Eu gritei – O que aconteceu? – Ela perguntou preocupada, eu não podia contar a ela que salvei a vida do Jeff, não existiria palavrões que descrevessem a besteira que fiz. Não entendo porque eu não via isso como besteira...
- E-eu vi uma lenda na rua... – Disse tentando demonstrar meu medo – UMA LENDA? – Ela gritou como uma felicidade absurda – QUAL?
- Não sei cara! Não me peça para lembrar... – Eu mordi os lábios só de pensar na possibilidade dele aparecer aqui no meu quarto - Eu fico com medo só de lembrar das vítimas...
- Já sei! Deve ter sido o Eyeless Jack! – Ela disse toda convincente – CARA VOCÊ ESTÁ SISMADA COM ESSE CARA! NÃO É SÓ ELE QUE EXISTE NÃO! – Gritei – NÃO É ELE! – Minha vontade era desligar o telefone na cara dela, mas tive que me controlar. Ela respirou fundo e logo consegui escutar ela virar umas páginas de livro. – Olha, foi quem? Não me diga que era o titio Jeff? – Quando ela gozava da cara das lendas, ela as chamava de titio. Engoli em seco e fiquei em silêncio.
- Alô? – Ela perguntou – Ele te pegou? – Não estou aqui... – Disse a ela parecendo mais aliviada. – Olha amiga, não recomendo que você durma hoje, eu até poderia ir aí, mas já bateu meia-noite. Acalme-se e certifique-se que tudo está no seu devido lugar. Vou ter que desligar, minha mãe já está brigando. Beijos!
- Beijos... – Como eu queria sentir o calor de um beijo no rosto agora. Minhas mãos tremiam, meu estomago deu um nó, minhas pernas estavam bambas por si só. Comecei a roer as unhas compulsivamente, não havia como eu me acalmar. Meus móveis resolveram estalar, e a cada estalo era um eco no quarto. Estava com medo e ao mesmo tempo não, minha cabeça girava em círculos, não conseguia entrar em um acordo nunca. Isso conseguiu tirar meu sono a noite toda, até meu despertador tocar junto com os sinos da igreja, alertando que houve vítimas essa noite. Parece que Jeff fez a festa naquela noite.
Após arrumar minhas coisas, saí de casa bocejando. Trouxe comigo uma maçã bem vermelha para comer no caminho enquanto assistia a cidade de luto. Os estudantes aos poucos saiam de suas casas, todos se perguntando quem foi a vítima dessa vez. Se era importante ou não, se fazia parte de sua família ou era apenas um conhecido. Tudo era assustadoramente normal. Cheguei a escola, fui direto para minha sala que fica no 2º prédio, no 5º andar, sala 2.A. próxima a biblioteca (Para minha gloriosa alegria). Dormi praticamente a aula inteira de matemática, química e física. Só acordei na aula de história porque Michelle me sacudiu pensando que eu estava morta.
- Você não dormiu a noite toda? – Ela perguntou preocupada.
- Não, nem conseguia piscar direito de tanto medo de fechar os olhos...
- Exagerada... Também não é assim. Agora é aula de história! Você sabe, sua matéria preferida!
- Eu sei sua anta...
- Estou adorando a matéria sobre os Somber Crows, sabia que o Douglas foi convidado para se tornar um? – Michelle saiu da carteira dela e ajoelhou ao meu lado.
Isso tirou meu folego, como você pode imaginar, os Somber Crows são os verdadeiros caçadores de lendas urbanas. Astutos e imbatíveis, eles saem à meia-noite e protegem a cidade e de dia fazem longas explorações por dentro do bosque, espalhando armadilhas para pegá-los e por um fim em seu reino de desgraça. Você deve estar se perguntando por que eu nunca disse onde está minha mãe. Pois bem, ela é uma das melhores caçadoras. Imagina qual seria a reação dela assim que ela souber que sua filha salvou a vida de Jeff, the killer. Não iria sentar por no mínimo dois meses.
Ao bater o sinal do recreio, aproveitei para trocar o material no armário. Saí de sala no meio daquela correria, praticamente invisível. Cheguei até meu armário e destranquei a porta...
- Oi. – Jeff disse acenando dentro do armário.
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