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História O Mal que Habita - Capítulo Seis. - História escrita por Kah_9uchiha - Spirit Fanfics e Histórias
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História O Mal que Habita - Capítulo Seis.


Escrita por: Kah_9uchiha

Notas do Autor


Oi meus amores!

Então, já faz um boooom tempo que não atualizo essa Fic, mas andei muito focada em terminar Meu Primeiro Amor (já concluída). Agora que estamos em quarentena, resolvi voltar a atenção para minhas fanfics. Tanto essa quanto a terceira temporada de MidNight Falls tenho dado um pouco de atenção quando tenho tempo, isso porquê estou tendo aula de EAD, então não estou totalmente livre dos meus afazeres.

Espero que perdoem a minha demora, e que ainda lembrem do que aconteceu nos últimos cinco capítulos. Nessa quarentena da até pra aproveitar e dar aquela relida, não é? Haha

Boa leitura!

Capítulo 6 - Capítulo Seis.


Fanfic / Fanfiction O Mal que Habita - Capítulo Seis.

 

Foi difícil para Sakura assimilar o dia quando a luz insistente atravessava as persianas por qualquer fresta que deixasse brecha. Ela quis acreditar que fosse apenas uma lâmpada irritante, e que teria tempo o suficiente para dormir, uma vez que passara a madrugada virando as páginas do livro que estava lendo, e tentando não focar nos enjoos que insistiam em fazê-la lembrar da parte ruim de comer demais e beber demais. No entanto, Sakura não podia se dar o luxo de ficar ali pelo tempo que quisesse. Era previsível que Naruto fosse dizer que não haveria problema, quando na verdade, ele só estava tentando ser gentil. Aliás, mesmo que fosse ainda a sua folga, a rosada claramente não iria ficar ali pelo resto do dia. Muito menos na casa de sua mãe.

 

Um pouco depois de ter sido vencida pelo que lhe restara de forças de vontade para seguir seu dia, Sakura pediu para que Naruto a levasse, recusando até mesmo o banquete matinal que ele fizera para si. Foi fácil recusar aquele convite, mas talvez ela só percebesse a gravidade de sua ignorância quando o álcool se dissipasse totalmente de si. A rosada tinha a plena certeza que ainda podia estar levemente sob efeito do sakê, porém, nem isso fora motivo para não terminar a leitura que estava fazendo. Foi um verdadeiro desafio, mas depois de um tempo tentando dormir, ela havia descoberto que era melhor do aquela sensação horrível que jurou a si mesma não sentir tão cedo.

 

Parecia até que nunca colocara uma gota de álcool na boca. Mas a verdade é que ela havia perdido o costume. E por mais que tivesse feito cenas vergonhosas para si, não achou de todo algo ruim o evitamento de ter sexo casual com seu amigo de infância. Sakura não era daquelas que ia para cama com um cara na mesma noite — talvez houvesse casos, mas não era precisamente aquele —, no entanto estava certa de que nem uma exceção poderia abrir para Naruto. E ela tinha a quase certeza de que não seria um grande problema se ele não a lembrasse o tempo todo em como costumavam ser. Aquilo era sim para ela um sinal vermelho, uma vez que o loiro ainda tivesse todas as características que a fazia lembrar daquele garotinho de nove anos atrás. 

 

Todavia, tentou ser o mais legal possível quando o Chevette dele estacionou em frente à mansão intimidadora. Sakura não resistiu em olhar para a janela do segundo andar e relembrar do sr. Uchiha os espionando. Aquilo voltou a dar-lhe uma sensação estranha de comichão no couro cabeludo, mas ainda assim tentou renegar aqueles pensamentos quando ouviu a voz de Naruto, juntamente com seu sorriso astucioso.

 

— Você parece bem apresentável. — Ironizou.

 

— Cala a boca. — Sakura o fuzilou com os olhos, enquanto este ainda achava graça. — Isso é tão constrangedor.

 

— Foi opção sua vir pra cá. Por mim, você teria tomado o café, depois um banho e dormido mais.

 

Era tudo o que ela queria, mas preferiu fazer uma careta para não parecer arrependida agora.

 

— Ainda posso fazer isso. É a minha folga ainda.

 

— Ok, então. Mas se você quiser fugir desse… — Os olhos de Naruto inspecionaram o lugar de maneira sórdida, a procura de um adjetivo que se encaixasse melhor ali. — cemitério, virei salvá-la o mais rápido possível.

 

— Não sou uma donzela em perigo. — As esmeraldas crisparam na direção do loiro. — Estou mais para a irmã megera.

 

— Não se avalie assim. Você é uma boa pessoa, não tem nada de megera.

 

— Como quiser. Mas não pense que sou uma princesinha!

 

— Sei disso. Você me mostrou ontem à noite.

 

Sakura revirou os olhos e abriu a porta, saindo enquanto ouvia as risadas e desculpas baratas do amigo.

 

— Eu deveria ter vomitado nos seus lençóis novos! Obrigada!

 

Em seguida, bateu a porta e ouviu Naruto falar alguma coisa, mas ele ainda achava graça. Mas do que? Sakura sabia que as suas atitudes da noite anterior lhe causariam constrangimentos, mas não aquele ponto. No entanto, se tratando de Naruto, ele ria com o vento! Então preferiu não tornar aquilo significante e quando este deu a volta e tomou o caminho da estrada saindo da mansão, Sakura respirou fundo e caminhou descalça até a porta da frente, com os sapatos pendurados pelos dedos. Ela sentiu a terra molhada devido ao sereno, e gostou de como aquilo lembrava a sua infância. Em Kirigakure era tudo concreto. Há tempos ela não sabia o que era sentir aquele contato tão próximo a natureza, mesmo com toda a sua morbidez.

 

Sorrateiramente, a rosada foi adentrando a casa silenciosa. Não tinha intenção de fazer o carnaval até que chegasse em seu quarto, mas parecia que não teria tanto problema, uma vez que ali estava tão solitário quanto os dias anteriores. Pela primeira vez aquilo pareceu bom, então não precisou andar nas pontas dos pés até alcançar a escada. No entanto, assim que alcançou o corrimão, ouviu claramente, em alto bom som, ser chamada pelo segundo nome.

 

— Srta. Haruno? — A voz gravemente rouca a aprisionara ali. Sakura não moveu um músculo sequer ao sentir aquele som lhe tocar e fazer toda a sua tez urgir.

 

A rosada mordiscou o lábio e apertou os olhos pelo inconveniente. Não esperava ter que se deparar com o seu patrão em sua deplorável chegada após uma noite regada a sushi e sakê, como também a casualidade com o amigo de infância e a moléstia que passou até o dia nascer. Sakura demorou para aceitar que aquele tipo de coisa só acontecia com ela. Ainda mais naquela manhã, que estava com o vestido amassado, os sapatos nas mãos e a maquiagem borrada, bem como o cabelo gritando por uma escovação. Estava tão degradante que tinha vontade de fugirr correndo e fingir que não o ouviu. Mas já era tarde demais. Ela já estava a caminho da sala de jantar, de onde a voz veio.

 

E não muito mais que o comum, deparou-se com o Uchiha retraído na mesa enquanto fazia a sua primeira refeição do dia. Às vezes sentia-se mal por vê-lo tão solitário que tinha vontade de fazê-lo companhia, porém, não era a sua função ali, muito menos a sua vontade no momento. Sakura preferiu ficar debaixo do arco, onde parecia mais seguro. Assim ele não sentiria o cheiro do álcool entre outras coisas deploráveis que fizera na noite passada. Todavia, ele não parecia dá-la atenção. O Uchiha era tão educado, mas nunca o fazia ao ponto de tornar-se o cara mais simpático da região; evitar olhar nos olhos de alguém era como mantivesse qualquer segredo seu escondido do resto do mundo, e ele fazia isso muito bem.

 

— Bom dia, sr. Uchiha. — Ela folgou os braços atrás de si, escondendo também os sapatos, que nem para tê-los calçados.

 

— Você já tomou café da manhã?

 

— Sim, senhor. — Mentiu. Mas quem se importa?

 

— Espero que isto seja verdade. Além do mais, a noite deve ter sido agitada. — Ele a olhou finalmente. Tão inescrutável e intimidador. Parecia até mesmo julgá-la pelo feito na noite passada.

 

— Um pouco. Talvez eu tome um dos seus remédios hoje. — Sakura sorriu, porque era para ser engraçado, mas a seriedade de Sasuke continuava inabalável.

 

— Isso é engraçado para você?

 

— Não, eu só… bem, não tive uma boa noite de sono. Para ser franca, até terminei o livro!

 

Sakura aproximou-se animada, enquanto retirava da bolsa de ombro o livro que tomava quase todo o espaço daquele pequeno lugarzinho. Ela o deixou sobre a mesa, perto do café dele. O Uchiha tinha um cheiro matinal. Estava melhor do que ela.

 

— E então?

 

— E então o que? — Ela não conseguiu esconder a incredulidade.

 

— O que achou?

 

— Ah, sim! Bom… — Sakura ficou pensativa nos próximos segundos, para só depois puxar uma cadeira e sentar. Será que aquele ato era proibido até mesmo na sua folga? Bom, não importava, ela já o fazia. — Eu deveria amá-lo? Porque, por um momento a vingança de Heathcliff parece necessária, mas depois torna-se algo exagerado! E o incesto? Ah, aquilo é incesto sim e não ligo se ele é adotado. É tão depravado.

 

Depravado? — O Uchiha pareceu engasgar-se ao não esconder a surpresa por ouvir aquilo, mesmo que tenha sido de modo quase contido. — É uma história sobre amor que atravessa anos e até a mortalidade, se possível. Não há nada de depravado.

 

— Bom, sobre isso, detesto lhe decepcionar, sr. Uchiha. Mas este tipo de amor não existe. Não hoje em dia.

 

— Então o livro não lhe comoveu nem um pouco?

 

— Não. Talvez tenha me deixado mais zangada na maior parte do tempo. E só.

 

— Isso é diferente. — Franziu o cenho pensativo.

 

— Me desculpe, não sou tão romântica quanto deveria ser. — A rosada apoiou o queixo na mão, entediada. — Não penso em casamentos e nem em filhos. Também nunca acreditei em amor à primeira vista.

 

— Não precisa se desculpa por isso.

 

— Ah, que bom. Porque pra minha mãe isso parece o preço a pagar pelos seus pecados.

 

— Os pecados são unicamente dela.

 

Sakura sorriu só de imaginar a sua mãe e o papel ridículo que seria caso a mesma fizesse de tudo para chamar a atenção do Uchiha. A rosada sorriu, também, por estar tendo aquela conversa com seu patrão. Era algo informal e que quebrava as regras de Tsunade, e ela adorava aquilo. No entanto, seu sorriso é tomado de forma abrupta quando percebe um ferimento no braço direito do homem, ou ao menos, o que parecia ser o curativo que escapava pela manga comprida de sua blusa de frio. Aquilo não estava ali antes.

 

— Aconteceu alguma coisa? — Perguntou sem tirar os olhos dali.

 

— Nada demais. — Ele voltou a usar seu tom seco de habitual, o que fez Sakura entender que não deveria ser assunto.

 

Ela soltou um suspiro pesado. Odiava todo aquele mistério. Então quis aproveitar que o mesmo estava comunicável naquela manhã.

 

— Sr. Uchiha, peço que me ajude quanto a isso. Sou a sua enfermeira. Acha mesmo que estudei por quatro anos somente para dar remédios a alguém? O meu trabalho requer além de cuidados, ética. Então seja lá qual for a sua doença, não irei sair espalhando pela região. Pode confiar em mim.

 

De modo involuntário, sentiu vontade de tocá-lo para que tivesse certeza de que falava a verdade. No entanto, era mais difícil do que imaginava. O desvelo que dava ao Uchiha era diferente do habitual que costumava a dar aos pacientes, por isso, muita coisa estava reprimida em relação aos dois de modo profissional para ela. Ele olhou para a janela, que dava uma visão monótona para a lateral da casa cujo o terreno se estendia até a floresta que a cercava.

 

— Srta. Haruno, mas imagino que a sua profissão respeite as decisões do paciente também, certo?

 

— S-sim. — O respondeu sentindo-se derrotada.

 

— Pois bem. As regras que Tsunade tanto exige, foram impostas por mim, por isso, talvez você devesse levá-las mais a sério.

 

Ela balançou a cabeça, aceitando, mas tentando compreender o porquê então dele ter dado às brechas para ela se sentir confortável o bastante para quebrá-las.

 

— Ok. Perdão por isso.

 

Consequentemente ela levantou-se e seguiu de volta para a escada, deixando-o sozinho, e sem dá-la uma última palavra. Sakura não sabia o que dizer sobre todo aquele mistério que rondava o patrão. Casualmente a deixava roendo de curiosidade, mas como bem concordara, respeitava as decisões dele de mantê-la em sigilo. No início, soube se segurar quanto a isto, mas depois de perceber o quão o assunto parecia incomodá-lo e de certa forma, ser realmente um segredo, Sakura se viu fadada a ser atormentada pelo mistério do Sr. Uchiha. Afinal de contas, o que ele tinha que o fazia não só fazer daquilo um segredo, mas como também a impor as regras estranhas em sua própria casa?

 

A rosada prometeu que quando chegasse ao seu quarto, tomaria um bom banho e vestiria roupas limpinhas. No entanto, quando viu a cama, fora tomada por forças maiores que a fizeram se jogar e ficar ali pelas próximas horas, até que acordasse com câimbras e espantar-se pelo fato de estar no meio da tarde. Foi quando Sakura então tomou aquele banho que prometera mais cedo a si mesma, e vestira roupas confortáveis. Muito inconvenientes para o inverno, mas indispensáveis em seu guarda-roupa. O shorts e a blusinha de algodão fazia-a sentir-se em Kirigakure, que por causa dos grandes prédios e poluição, era sempre abafado e quente. Além do mais, ela não planejava sair de seu quarto pelas próximas horas seguintes.

 

Precisou até mesmo ligar para a irmã mais nova e explicar o motivo de precisar quebrar aquela sua promessa no primeiro final de semana. Não fora a sua intenção. Sakura não esperava mesmo dormir como um defunto, e acordar igual a uma múmia. Ela podia sentir-se quase doente, pelo corpo dolorido e a enxaqueca persistente. Jurou que assim que terminasse a ligação, desceria para tomar realmente um dos remédios do Uchiha.

 

— Então você vem no próximo sábado? — Sayuri perguntou animada, no outro lado da linha.

 

— Sim. Te devo essa.

 

Oba! — A menina deu um tempo e então sussurrou. — Mamãe disse que você iria nos esquecer agora que tem um emprego.

 

Sakura revirou os olhos. Ao tempo que adorava a sinceridade ingênua de sua irmã, talvez ela fosse a causadora de futuros problemas entre mãe e filha. Entretanto, a rosada tentou abstrair.

 

— Acho que talvez a mamãe esteja um pouquinho chateada. — Sakura precisou justificar, mesmo que não achasse de fato aquilo. Era algo típico vindo da sua matriarca.

 

— Sim, sim. Ela até brigou com o papai.

 

— Por que?

 

— Porque ele foi defender você.

 

Um sorriso nasceu no canto do lábio de Sakura, que enquanto se encantava ao saber daquilo e com Sayuri falando sem parar, ela ouviu, sem nenhuma dúvida, gritos vindo de fora do quarto. Rapidamente ela esqueceu a ligação e levantou da cama de imediato, e então colocou-se a encostar a orelha sobre a superfície fria da porta de madeira. Era muito cedo para acontecer aquelas situações desagradáveis que lhe tiravam o sono, mas também, o grito fora diferente e até mesmo mais real e humano, nitidamente algo que propagava pavor.

 

— Sayuri, preciso desligar. Falo com você depois.

 

— Tudo bem. Tchau!

 

Sakura largou o celular na cama e correu para fora do cômodo. Ela andou em passos apressados na direção do burburinho que vinha dali de perto. Seu coração tinha uma palpitação descompassada que faltava pular para fora da caixa torácica. O fato de não saber sobre o que se tratava tornava tudo mais claustrofóbico, até que chegasse ao mezanino e deparar-se com Chiyo e Tsunade sobre o corpo de Sasuke estirado no chão de carvalho, debatendo-se como início de uma convulsão. Então essa era a situação agravada que a governanta tanto mencionava?

 

Rapidamente a rosada abaixou-se e segurou-o pela nuca, ao tempo que o virou para que não se afogasse caso começasse a vomitar. Sakura tentava manter a calma, mas talvez a calmaria em excesso das duas mulheres ali presentes a deixasse mais assustada do que o próprio Uchiha se debatendo. Não demorou muito para que Guy se aproximasse com uma seringa em mãos e a entregasse para Sakura, que muito confusa, hesitou em pegar o utensílio.

 

— Vamos, faça isso! — Tsunade ordenou.

 

— Ele está tendo uma convulsão! Precisa se conter antes de qualquer medicação!

 

— Apenas faça, agora!

 

Os olhos de Tsunade pareciam preocupados, e os de Chiyo e Guy, ansiosos. Aquele era o tipo de situação na qual não gostaria de se ver. Odiava ter que correr para o lado contrário do seu conhecimento, uma vez que contradizia com seus anos de estudos. Todavia, aquilo não só soava como a coisa certa a se fazer, como também, a necessária. E Sakura esperava não se arrepender profundamente pelo feito. Então com muita calma e precisão, a agulha acertou a veia saliente no pescoço de Sasuke, que aos poucos, segundos depois, foi se recompondo.

 

Sakura não sabia o que havia acabado de acontecer. Ela até que suspeitaria, mas talvez não estivesse tão certa de suas “achices”. E quando Guy pegou o Uchiha no colo e o levou para seu aposento, a mesma notou um tremor incomum em si. Fora treinada para manter o controle e saber lidar com qualquer situação, pois mesmo sendo enfermeira, veria de tudo no serviço hospitalar, mas ela não estava preparada para aquilo, ainda mais pelo simples fato de não saber com o que estava lidando.

 

Um tempo depois, que na verdade se resumiu a uma hora de espera, Sakura resolveu ser inconveniente e bater na porta do quarto do Uchiha. Ela havia esperado todos saírem dali de cima para que tivesse a chance de ficar a sós com ele, uma vez que provavelmente com Tsunade ali, só receberia ordens. E quando abriu a porta, ela viu o homem deitado na cama, coberto por lençóis de pano grosso, as janelas fechadas e com a lareira acesa. Sakura sabia que não estava adequadamente bem vestida, mas mesmo assim arriscou-se a plantar-se no pé daquela cama.

 

— Tsunade vai matá-la por estar aqui. — A voz dele estava fraca, mas ainda assim, tão profunda. Sakura não conseguia resistir à ela, mesmo que tentasse.

 

— Se é você que impõe as regras, então é você que tem o poder de me tirar daqui. — Ela cruzou os braços em determinação. — E então, vai me mandar embora?

 

O Uchiha umedeceu os lábios, com uma aparência doente. Estava mais pálido do que o comum.

 

— Você pode ficar, mas não por muito tempo.

 

— Eu não pretendo demorar, mesmo. Como você se sente?

 

— Dolorido? — Ele sugeriu e Sakura deu de ombros. Como ela podia saber? Mas ele continuou. — Há tempos eu não tinha uma reação assim.

 

— Você teve uma convulsão. Por acaso teve uma crise febril e não nos avisou nada?

 

Sakura aproximou-se mais, precisando inclinar seu torso sobre a cama até alcançá-lo no meio da mesma, para então tocá-lo cuidadosamente no pescoço. O contato da sua pele quente com a fria dele quase lhe causara um choque térmico. Ela o repetiu na testa e então, na face. Sakura Não sentira nada de diferente, há não ser pela tensão estranha que se instalou ali no instante em que se aproximou e o tocou pelo simples fato de ser quase uma obrigação da sua parte profissional de fazê-lo.

 

— Que estranho. — Ela comentou, afastando-se novamente. — Você me parece perfeitamente normal.

 

— O efeito do sedativo costuma ser bastante eficiente.

 

— Sedativo para convulsão?! — A rosada exclamou mais assustada do que surpresa.

 

— Não é uma convulsão normal.

 

— E existe uma convulsão anormal? — Questionou sem esperar por respostas. — Aliás, nada parece normal nessa casa.

 

— Ah, você acha?

 

Os olhos esmeraldinos ficaram envergonhados. Sakura não acreditava ter falado aquilo em voz alta.

 

— Eu irei me acostumar, prometo. — Soara tão gentil que fez um sorriso ameno surgir nos lábios sérios do Uchiha.

 

— Na segunda gaveta da cômoda ao lado da lareira. — ele disse. — Vá até lá.

 

Sakura não hesitou. Ela buscou pelo móvel indicado, brilhante envernizado. Era um pouco difícil abri-la. Precisava segurar por debaixo da gaveta e então, puxá-la na direção superior. Não só a casa, mas como os móveis eram tão antigos que tudo ali precisava de um pouco mais de esforço. E assim que abriu a gaveta, deparou-se com um livro de capa preta, com detalhe importante para a máscara branca e a rosa vermelha. Seguro-o firmemente com as duas mãos. Era exatamente o que parecia ser.

 

— O Fantasma da Ópera? — Indagou a ele.

 

— Afinal, o que você prefere? Fantasmas reais, ou o fantasma que talvez só exista na imaginação das bailarinas da Ópera Populaire?

 

— Eu prefiro algo mais realista.

 

— Deixe seu ceticismo de lado e leia esta obra. — Ordenou quase impaciente com a rosada

 

— Isso não é um obrigação. — Ressaltou absorta.

 

— Talvez passe a ser a partir de agora.

 

— Vai me pagar para ler seus livros favoritos? — Ela desdenhou sardônica.

 

— Não. Mas vou facilitar seu trabalho. Você ler os livros, e eu serei mais metódico com os horários.

 

Sakura mordiscou o lábio pensativa. Aquilo iria valer a pena? Afinal de contas, leitura clássica lhe era tão monótono quanto a vida que um dia quase levou se seguisse os conselhos de sua mãe astuta. A verdade era que, mesmo que viesse a recusar aquela troca, o Uchiha sairia perdendo, de qualquer modo. Porém, Sakura só não entendia em como diante daquela circustância em que presenciara mais cedo, o homem levava aquilo como uma espécie de brincadeira. O que a levava imaginar que, se aquela fosse a única maneira de conseguir fazê-lo ser mais gentil consigo mesmo, e também, aproximá-los ao ponto que descobrisse seu diagnóstico, Sakura faria aquele esforço.

 

— Tudo bem. Eu topo.

 

— Isso é tudo. — O homem aprumou-se na cama, a dispensando com seu sinal corporal. — Espero que durma bem essa noite, srta. Haruno.

 

— Obrigada, sr. Uchiha. Boa noite.

 

Ela saiu do quarto ainda confusa sobre o que acabara de acontecer. Nunca esperou que aquilo viesse à tona, mas parecia que seu patrão vinha preocupando-se com a mesma e selecionando a dedo, as melhores obras já lidas. Deveria se sentir privilegiada? Ou o achar um pé no saco? Afinal de contas, ele estava a obrigando fazendo algo da qual fugiu nove anos atrás. Entretanto, Sakura precisava admitir que era difícil ter que resistir a inteligência e cavalheirismo do sr. Uchiha, que a deixava de coração quentinho com as suas atitudes prestativas. E isso talvez o tornasse menos assustador assim.

 

 

 

 



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