Capítulo 7
Eu precisava dizer. Precisava contar que ela tinha uma saída, que não precisava casar com ele, que havia outro final feliz que esperava por ela e que esse fazia mais sentido.
Mentalizei as palavras que diria enquanto descia as escadas e bati na porta de minha melhor amiga. Hinata abriu e me puxou para dentro, sabia ser totalmente inapropriado estar no quarto da noiva em plena véspera de casamento, mas para todos os efeitos eu era gay.
Adentrei o local e sentei na cama ao seu lado. Ela puxou um álbum de fotos para seu colo e mostrou uma de quando estávamos na faculdade, adotando uma expressão nostálgica e melancólica.
— Uau, estamos muito gatos nessa foto, não acha? — comentei, convencido.
— Você sempre me fazendo sorrir, mesmo nas fotos… — ela deixou escapar, tirando meu sorriso do rosto. Como podia me derreter daquela forma sem nem se dar conta? Ela era tão… tão Hinata. Engoli um suspiro e mantive a pose, puxando assunto.
— Nem sempre, lembra de quando nos conhecemos?
— Como esquecer uma cena icônica como aquela? — ela respondeu, divertida.
— Inesquecível, de fato — concordei, sorrindo em nostalgia. Tinha tanto tempo…
Observei como a perolada passava os dedos pelo álbum distraidamente, absorta em seus pensamentos por um momento.
— Minha mãe me deu, para eu sempre ter um pedacinho de casa.
— É um belo presente…
— Sim… — ela suspirou, mantendo o silêncio no quarto por longos momentos. Quando pensei que não havia mais assunto, ela soltou uma risada sem graça e me fitou com os olhos brilhando. — É engraçado, ela me contou que papai achava que nos casaríamos, acredita?
— Acredito — disparei, esperançoso. No entanto, quando a vi franzir a testa, tratei de completar: — Quer dizer, éramos inseparáveis! Ainda somos.
— Não mais… — Hinata balbuciou num tom triste, fazendo meu sangue ferver. Era a hora, tinha que ser…
— Hina, preciso te contar uma coisa…
— Pode ser enquanto trabalho em meus votos? Estou tremendamente travada — pediu, deixando o álbum de lado e puxando um papel amassado e rabiscado. Tentei não me ater ao que ela tinha tentado escrever para aquele paspalho, aquela era a oportunidade que eu precisava e não deixaria escapar. Pensando nisso, respirei fundo e deixei que meus sentimentos finalmente fluíssem e fossem verbalizados:
— Ok… eu nem sei como dizer isso de uma forma que você acredite, mas você é incrível. Eu sou completamente louco por você e desejo passar o resto da minha vida contigo — a olhei nos olhos, em completa expectativa. A perolada me fitava de volta, prendendo o ar e aumentando minha ansiedade enquanto aguardava sua resposta. No entanto, tudo o que ela disse quando soltou a respiração foi:
— Uau, que genérico, Naru…
— O quê? — pisquei, perdido.
— Não posso dizer isso. Essas diferenças culturais estão me matando, de verdade, eu tentei ser engraçada, mas fiquei com medo de ofender alguém, então apelei para o romantismo, mas acho que está muito chato… — desfiz minha careta ao perceber que ela pensava que aquela era minha contribuição para os votos. Sorri e enlacei nossas mãos.
— Ninguém no mundo me faz sorrir como você. Você é minha melhor amiga, só quero estar contigo, e para sempre… demorei a entender, mas estou desesperado para que você veja que foi isso que mudou em mim — pulei da cama com o barulho da porta sendo quase arrombada, mas consegui ver a expressão mexida de Hinata e torcia para que ela tivesse entendido dessa vez. — Estão loucas?
— Não, animal! Viemos buscar a Hina para a despedida de solteira! — Akemi, sempre simpática, me empurrou.
— É uma tradição! Nós vamos a um bar e você precisa pagar nossas bebidas com beijos que irá receber de estranhos! — Sakura explicou de modo entusiasmado, mas só consegui prestar atenção no fato de que Hinata teria de beijar outras pessoas. Desci o olhar para o objeto que Akemi segurava, reprimindo a risada em seguida.
— E o penico é para quando encherem a bexiga? — indaguei de sobrancelhas franzidas, recebendo um tapa da prima de Hina.
— Não, imbecil! É aqui que os homens vão colocar o dinheiro — respondeu, completamente grosseira.
— Agora chega de conversa e vamos celebrar! Uhuuuuu — Tenten parecia mais entusiasmada ainda, rodopiando pelo quarto afora.
Sem escolha, segui as malucas que arrastavam minha hime para longe de mim pelo bar em que estávamos momentos mais tarde, e assisti impotente vários homens nojentos selares os lábios nos dela. Hina andava de um lado para outro recebendo selinhos rápidos e dinheiro em troca, no início parecia confusa mas simplesmente começou a ir no embalo.
Não havia um que quisesse ficar de fora, e eu… eu era um deles.
De canto de olho, podia notar a mãe da hime assistindo a tudo aquilo completamente horrorizada, mas quando a encaravam tentava disfarçar numa carranca sorridente como se estivesse aprovando tudo aquilo.
Quando Hina encostou na parede parecendo cansada, me aproximei e depositei uma moeda no penico cheio. Olhei ao redor, as outras pareciam muito ocupadas se embebedando e dançando para prestar atenção a sua volta, então levantei o queixo de Hinata e selei nossos lábios ternamente. Ao nos separarmos, apenas nos fitamos nos olhos e deixamos o instinto falar mais alto. O meu gritava desesperadamente por Hinata e, desobedecendo completamente o senso, selei nossos lábios novamente, mas dessa vez não com um simples selinho rápido. Não fui gentil, não fui terno, estava com fome, faminto e só ela poderia me saciar.
Puxei-a para mim e segurei sua nuca enquanto a outra mão passeava por suas costas, senti sua indecisão, mas não foi por muito tempo. Quando ela se decidiu, ouvi o barulho do penico caindo no chão e logo suas mãos estavam em meus cabelos, ombros, braços, costas… me tomando e me enlouquecendo. Pedi passagem e ela concedeu, logo nossas línguas dançavam sincronizadas, como se toda vida tivéssemos feito aquilo. Aquela era uma experiência que certamente tinha valido à pena esperar, mas sabia que eu nunca mais iria querer ficar longe da mesma. Meu coração explodia, saltitava, berrava, queimava. Era tão bom, tão certo, tão perfeito e eu não queria que acabasse, era apenas um minuto, mas constatei ser o minuto mais feliz da minha vida e eu o aproveitaria sem pensar nas consequências. Minha morena pareceu seguir minha linha de pensamento, em nenhum momento me censurou ou ameaçou soltar, ela parecia tão necessitada por aquilo quanto eu e da mesma forma como estava desesperadamente faminto, desejava preencher aquela necessidade latente que só crescia. Até que, infelizmente, o maldito ar fez falta e fomos obrigados a nos separar, ainda que relutantes. Não contente, selei seus lábios uma, duas, três vezes enquanto reuníamos as moedas e o sal que caíra no chão e depositávamos dentro do penico.
Eu queria dizer… necessitava dizer, mas com um selar final nos despedimos por hora, eu estava farto, precisava tirar aquilo do peito ou enlouqueceria, faria naquela noite.
A hora do tudo ou nada se aproximava e eu queria tudo.
Não importa o que custasse…
∞
Andei de um lado para o outro no meu quarto, sem saber ao certo o que fazer. Era para eu descer? Mas é claro que deveria descer, ela correspondeu! Conseguia ainda sentir a textura de seus lábios contra os meus, sua entrega e paixão, seu desespero por mais…
Passei a mão suada pelos meus cabelos arrependendo logo em seguida, não queria que me visse com o cabelo engordurado… não senhor… lavei minhas mãos no banheiro e recomecei meu trajeto, mas congelei quando ouvi batidas urgentes na porta e me apressei a abrir.
É ela, pensei, mas quando abri a porta, uma Akemi bêbada invadiu o recinto, me encurralando contra a parede.
— Eu sinceramente estou cansada de brincar, podemos ter uma trégua? — pediu de modo arrastado, seu hálito só evidenciava quão alcoolizada estava.
— O que está fazendo aqui? — indaguei ao tentar afastá-la de mim, mas ela voltava como um ioiô irritante.
— Eu hesitei muito, porque você é bem galinha e me fez raiva, mas estou num ponto muito baixo da minha vida e preciso de alguma satisfação — esclareceu, passando as mãos em mim e beijando meu rosto.
— Algumas pessoas se unem a uma religião para isso, poderia me dar licença? — pedi, tentando ser o mais educado possível.
— Não! Eu quero sexo! Me satisfaça! — para a minha infelicidade, ela começou a berrar, atiçando meus nervos. Só queria sair dali, era só isso.
— Eca! Não! — torci o nariz, enojado com ela e com a situação.
— Cuidado hein, Naruto? Todo mundo acha que você é gay! Vou começar a acreditar… — provocou, obviamente pensando que isso de certa forma me afetaria.
— Acredite no que quiser, mas saia do meu quarto — trinquei o maxilar, realmente irritado por ela não desistir.
— Não! Tenho uma regra pra você, só vou sair daqui depois que me deu uns orgasmos — começou a rir e se jogou em cima de mim, caímos os dois na cama e só conseguia pensar em como aquilo era errado e constrangedor.
— Saia de cima de mim! — gritei, tentando desesperadamente tirá-la do meu colo.
— Me satisfaça, caralho! — ela berrou à mesma medida, tentando me beijar e tirar a minha roupa. Como não surtira efeito, passou a me arranhar como uma fera, o que só serviu para me assustar e irritar ainda mais.
— Ai! Está louca?
— Louca de tesão por você! — continuou a gemer sozinha e a falar arrastada, fazendo com que meu rosto se contorcesse cada vez mais.— Vamos cavalinho, reage! Não posso montar assim…
— Não! — segurei seus braços, tentando tirá-la de cima de mim, mas o estrago estava feito, Hinata vira tudo e dava as costas descendo as escadas correndo. Arregalei os olhos imediatamente, pensando apenas no quanto estava fodido.— Hinata! — exclamei, tirando Akemi de cima de mim na força bruta, e descendo as escadas correndo. Testei a fechadura de Hinata e estava trancada, então não me vi com outra saída além de bater e implorar. — Hina! Me deixa explicar, por favor!
— Não, vá embora Naruto!
— Por favor, Hina, me deixe entrar e vamos conversar, sim? — sussurrei, sabendo que ela estava do outro lado da porta.
— Não… adeus.
— Hina! Por favor, assim não. Abre a porta e me deixe explicar, não é o que você pensa! — deixei que o tom de desespero se infiltrasse em cada palavra proferida por mim, precisava que ela me ouvisse e acreditasse.
— Não importa mais — seu tom era gélido, congelando meu sangue instantaneamente. Ela nunca falara comigo daquela forma.
— Importa sim!
— Apenas suma, Naruto. Por favor.
— Tudo bem, eu vou, mas me diga porque foi ao meu quarto. Por favor, Hina…
— Para falar sobre o beijo — sua resposta veio alguns segundos depois como uma brisa suave, sua voz tão baixa em um sussurro.
Mantive silêncio, absorvendo nosso curto diálogo. Não teria outra chance, já era tarde, então… por que não?
Colando minha testa à porta, fechei os olhos e deixei o pedido de minha alma fluir, esperando desesperadamente que ela o realizasse.
— Por favor… Por favor, não se case com ele, Hina.
— Todos esses anos Naruto, todo esse tempo… por que agora?
— Não se case Hina, eu te imploro, por favor.
— Como pode fazer isso? — sua voz saíra embargada, fazendo com que meus olhos se enchessem. Tão errado…
— Eu sei… eu sinto muito… por favor me deixe entrar. Por favor, Hina — supliquei, fechando os olhos mais uma vez. Podia ouvi-la do outro lado, e me matava não conseguir estar ali com meus braços ao seu redor, implorando em seus ouvidos para que ficasse comigo.
— Não posso. Não posso.
— Por favor…
— Não, você só está fazendo isso por medo de me perder. Preciso de alguém que esteja sempre ao meu lado para o que eu precisar, não importa o que aconteça… alguém que me ame de verdade. Preciso de alguém em quem posso confiar… não posso confiar em você. Em seu medo de me perder, está arriscando a minha felicidade, está sendo egoísta. — Hina continuou a falar, me matando a cada palavra. A cada momento eu morria um pouco mais, mas permaneci ouvindo o que ela tinha a dizer, ainda que estivesse com a voz embargada e fria. Podia imaginá-la me olhando mais decepcionada do que uma vez me olhou, como se jamais tivesse imaginado que eu era aquele monstro. E aquilo doía. Mas não mais do que ela disse em seguida: — Eu vou me casar com o Gaara amanhã, Naruto
— Então… eu não posso fazer isso Hina, não posso simplesmente assistir você casando com outro homem… não posso ser sua madrinha, não mais…
Esperei. Qualquer coisa, qualquer reação, mas nada aconteceu.
Então eu dei as costas e fiz a única coisa que podia. Admitir a derrota e… partir.
∞
Fitei Hinata me assistindo colocar as malas no carro junto ao funcionário que nos trouxe, e só conseguia pensar em como eu conseguia foder tudo sem nem foder dessa vez…
Olhei-a uma última vez e acenei, me despedindo. O meus olhos arderam quando Gaara a envolveu em um abraço por trás, algo que eu sempre fazia e que agora não poderia mais, e entrei no carro.
Não havia mais nada para mim ali…
Refizemos o caminho e o tempo parecia simpatizar com meu humor, seria pedir muito que a igreja queimasse sem ninguém dentro, ou que o monstro do lago ness engolisse a balsa, novamente sem ninguém dentro?
Fitei a paisagem pela janela imaginando o que poderia ter feito diferente, quando um rebanho de ovelhas cercou o carro. Ótimo, ficaria preso ali até eles casarem…
Um latido conhecido me chamou atenção e saí do automóvel, encontrando meu amiguinho da balsa me olhando em expectativa. Ajoelhei e acariciei atrás de sua orelha.
— Estraguei tudo amigo… ainda não sei o que poderia ter mudado as coisas… mas eu te amo, viu? — congelei por um momento e fitei meu novo amigo. — Eu não disse a ela… ela não sabe… obrigado, amigo! Te amo. — despedi e entrei no carro, ansioso. Ainda podia consertar as coisas! — Precisamos voltar, por favor! Rápido — o homem me obedeceu e logo estávamos na balsa, ou melhor, observando a balsa que estava do outro lado do rio. — Moço, eu preciso da balsa! — exclamei, suando frio. Precisavam voltar!
— Vixi amigo, só temos uma balsa e ela vai ficar do outro lado até o final do casamento.
— Não! Eu preciso ir para lá! Quanto tempo de carro? — perguntei, sem fôlego. Uma solução, precisava de uma solução com urgência!
— Uma hora e meia.
— Não vai dar tempo! — baguncei meus fios loiros, quase os arrancando.
— Você pode ir nadando.
— Ou andando — o outro homem completou, mas não estavam ajudando em nada.
— Não vai dar tempo… — nesse momento um homem encostou com o carro, estava transportando um cavalo e finalmente me ocorreu um insight. — Preciso do seu cavalo! — me aproximei imediatamente, o olhando com desespero.
— Pra quê? — ele franziu a testa, confuso, mas eu já estava decidido.
— Preciso chegar na igreja! Toma — larguei várias notas em cima dele e peguei o cavalo pelas rédeas.
— Tudo bem, mas ele é bem arisco, sim? — percebi quando subi no cavalo e ele desembestou floresta afora, não me deixando sequer responder ou até mesmo gritar de susto. Seria engraçado se não fosse trágico e eu precisasse chegar na igreja antes do “sim”. Se ela ainda não tivesse dito o “aceito”, ainda havia possibilidade… as palavras do meu avô me acalentaram por alguns momentos, o velhote era o sábio tarado que eu mais respeitava.
O animal era bem treinado, pulava obstáculos e praticamente voava, deixando um borrão por onde passávamos, eu tentava segurar em seu pescoço com alguma dignidade, mas o animal parecia querer me derrubar antes do destino final e isso era algo que eu não aceitaria. Ele trotou pelo que pareceu uma eternidade, a velocidade e movimentos estavam me deixando a cada vez mais enjoado e tonto, além de estar totalmente sem senso de direção; até que me choquei contra algo sólido e sonhei com a voz de Hinata.
— Naru…
Eu teria certeza de minha morte e estar no céu, se não fosse aquele penteado horrível, ninguém no céu seria obrigado a usar aquilo.
— Oh Naru… o que está fazendo? — era oficial, eu não estava morto e estávamos no meio da igreja, sob os olhares de todos. Tinha aterrissado de alguma forma no local, o que me levava a acreditar que ou aquele cavalo era usado por Papai do céu, ou a sorte resolveu me notar e me dar um empurrão literal.
— Hina… você casou? — balbuciei, arregalando os olhos por lembrar de minha real missão ali. Aceitei sua ajuda para me levantar e me sustentar, então engoli em seco esperando sua resposta.
— Ainda não — ela cantou minha música favorita, era tudo o que eu precisava ouvir.
— Deu tempo — agradeci a todos os responsáveis por minha chegada e Hinata me checou, acreditando que eu estava sofrendo de concussão. — Hina, você está parecendo a Marge Simpson com esse penteado — confessei numa só respirada, a fitando para que não tivesse dúvidas. Ela imediatamente pôs as mãos na bizarrice que haviam transformado seu cabelo e piscou, um pouco trêmula.
— Estou?
— E a faixa… uau… é horrorosa! — apontei para a mutação que estragava o lindo vestido da perolada.
— Oh — ela deixou escapar, tocando as próprias vestimentas e me encarando em seguida.
— Hina, sempre me gabei por ser muito honesto e por anos eu fui, mas me desviei desse caminho quando te conheci. Após nos tornarmos amigos, passei a mentir para mim mesmo, acreditando que tudo o que temos é apenas amizade e negando a profundidade de meus sentimentos por você… Anos atrás, fui para a cama com a mulher errada, mas que mostrou ser a certa para mim em todos os aspectos — deixei tudo jorrar e dessa vez sem filtros, não era hora de parar, estava literalmente correndo contra o tempo perdido e qualquer erro poderia ser fatal. — Então, lá vai honestidade: Hinata Hyuuga, eu te amo, sempre amei, sempre vou amar…
Aquelas palavras simplesmente saíram, e ao contrário do que sempre acreditei, foi fácil e… honesto. Eu realmente a amava, e pareceu certo dizer aquilo pela primeira vez àquela que realmente alimentava esse sentimento dentro de mim. Eu a amava, eu a amava. E, por mais incrível que pareça, me sentia disposto a dizê-lo muito mais vezes, e se ela permitisse eu realmente o faria. Tudo estava em suas mãos a partir daquele momento…
Voltei a fitá-la, encontrando em seu rosto um olhar tão brilhante quanto a via láctea. Lágrimas escorriam feito uma cascada, e o rubor em suas bochechas somente a tornava ainda mais adorável. Além de tudo… sonhadora. Chocada. Esperançosa. Feliz. Aliviada. Eu nunca a vi tão fascinada, e pensar isso fez com que um sorriso crescesse em meu rosto. Será que aquilo significava que…
— Naruto Uzumaki… você é a pior madrinha da história dos casamentos! — dito isso, puxei-a para um beijo, tentando expressar tudo o que guardei dentro de mim inconscientemente por todos esses anos. E o melhor de tudo? Ela aceitou de bom grado, até mesmo sorrindo antes de selarmos nossos lábios. Porém, quando terminamos, prestei atenção às caras de espanto e as portas sendo fechadas atrás de mim, impedindo que eu sequer tentasse fugir com a noiva que talvez já não era mais noiva.
Eu estava fodido. De novo.
Hinata caminhou até seu ex-noivo, tirou a pedra do Titanic de seu dedo e devolveu para ele, parecendo um pouco envergonhada pela cena.
— Gaara, eu não sei como começar a me desculpar com você e não espero que venha me perdoar um dia… Mas quero que saiba que você é o cara mais perfeito que conheci, em absolutamente todos os aspectos. O problema é que… — ela suspirou, olhando para mim e de repente se sentindo encorajada o suficiente para prosseguir.— Apenas não é perfeito para mim… eu vejo isso agora… Não podia mentir pra mim mesma por mais tempo, sabe? E estar contigo seria estar roubando o lugar da pessoa certa para você. Foi tudo tão rápido que sequer conseguimos coincidir nossos próprios pensamentos, não é? Me desculpa ter assumido isso tudo em voz alta só agora…
— Adeus, Hina… espero que seja feliz — beijou Hinata no rosto e ouvi sua avó resmungando algo em sua língua nativa e os outros convidados concordando. O que quer que fosse, eu sabia que ia sobrar pra mim.
— Desculpe por tudo… não queria que acabasse assim, mas o que ela disse? — indaguei, curioso. Gaara trincou o maxilar e me fitou diretamente, dessa vez não parecendo tão compreensível assim como foi com a hime.
— Para eu acabar com sua raça — respondeu, caminhando na minha direção.
— Ah, acho justo… — mal terminei a frase antes de ser nocauteado pelo punho do ruivo, caindo outra vez no chão. Estava levemente ciente de Hinata e as outras damas de honra me chamando, mas a queda do cavalo junto ao soco me enviaram direto à inconsciência. Contudo, fui tranquilo sabendo que minha missão estava feita e completada com louvor, então conseguiria levar minha princesa para casa… dessa vez para sempre.
Eu venci.
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