História O ômega de Skarius - The secret.

Já fazia um pouco mais de três meses que o Esverdeado não saía das muralhas, mas não estava sendo um tempo ruim, muito pelo contrário, ele apenas sentia falta de acariciar os pelos loiros do lobinho que via quase todo dia, e foi com esse pensamento que começou a se questionar sobre como o lobo ficou com o seu sumiço. Era um animal, mas ele se sentia conectado de alguma forma com o coiote e isso acabou o deixando com um sentimento de culpa no peito por tê-lo o deixado pra trás.

— Tá tudo bem filho? - Izuku voltou para a realidade quando notou sua mãe de frente para si, vendo a mesma com uma feição um tanto preocupada pelo rapaz estar parado sem fazer nada por muito tempo.

— A-ah, eu tô bem! Só tava pensando se esses rabanetes tão realmente bons pra gente fazer uma sopa! - O garoto sorriu, se agachando e olhando a verdura que tinha mencionado.

Inko também se agachou, puxando um dos rabanetes e verificando o tamanho do mesmo, sorrindo e assentindo com a cabeça. — Estão perfeitos! Vamos colher os daqui e depois vamos ver as batatas e as berinjelas, é o que mais tá rendendo na feira e a gente tem a melhor plantação dos quatro reinos! Tudo isso graças a você, meu bebê. - A mais velha disse dando um beijinho na testa do filho.

— Eu já tenho dezessete! Vou fazer dezoito logo logo mãe, não sou mais um bebê! - Reclamou risonho o ômega mais jovem, colocando as verduras na sua cesta como a sua progenitora também fazia.

— Pra mim você sempre vai ser um bebezinho fofo de bochechas gordinhas! O seu pai diria o mesmo que eu se estivesse aqui, tenho certeza. - A mulher comentou ainda sorrindo, contagiando o outro que prestava atenção na mesma mesmo estando ocupado.

— Eu não me lembro de muita coisa sobre o papai, mas as poucas lembranças que eu tenho dele já me deixam muito feliz e com saudades, mas eu sei que onde o papai estiver ele está bem. - A Midoriya mais velha encarou o primogênito, concordando com a cabeça sobre o que o mesmo disse e se levantando com a sua cesta em mãos.

— Agora, uma coisa que o seu pai amava muito era a minha sopa de rabanetes! Então que tal a gente fazer uma pro jantar? Você escolheu os melhores e isso merece uma comemoração digna de banquete a moda Midoriya, então por favor querido, vá na frente! - Falou risonha e animada, vendo o seu filho ficar em pé carregando a cesta dele também, agora os dois foram andando juntos até a casa enquanto riam e falavam divertidamente da parte paterna da família.

Mas, fora das muralhas havia uma mulher, com um longo vestido preto que a bainha se arrastava no chão, os cabelos negros dela eram grandes e ajudavam no contraste de sua pele que era branca como leite, mas o lábios brilhavam com um vermelho cor sangue que muitos iriam querer beijar se o olhar da mulher não fosse ameaçador e sanguinário. Ela encarava aquelas árvores enormes enquanto pensava em como dar um jeito de entrar e fazer o que desejava realizar a anos. Havia um poderoso campo de força envolvendo toda aquela área até debaixo da terra que a impedia de passar, mas qualquer mero mortal e a pessoa que o criou passariam sem problema algum.

— Louis. - Chamou o seu escravo sem desviar o olhar da muralha.

— Sim, minha mestra? - O mencionado respondeu ao chamado, se aproximando da mesma lentamente de cabeça baixa para caso a sua Deusa quisesse bater nele.

— Você notou o que eu notei? - Perguntou dando passos para frente em direção à proteção, sentindo a força do muro aumentar e ficar ainda mais visível a crosta verde que não a deixaria passar.

— Não, minha mestra..

— Eu imaginei. - A fala veio de imediato, fazendo o rapaz loiro abaixar ainda mais a cabeça. — A força diminuiu um tempo atrás mas agora está forte novamente, e você sabe o que isso significa. - Se virou para encarar o beta, dando passos em sua direção dessa vez e cada pisada que ela dava arrepiava o corpinho pequeno do Louis.

— Significa que o garoto estava saindo de casa mas que ele parou depois.. Então você tinha a chance de pegá-lo um tempo atrás.. - Respondeu mesmo que não fosse uma pergunta, encolhendo ainda mais o corpo quando sentiu a mulher parar na sua frente.

— E significa que você falhou! - Deslumbra deu um tapa no rosto pálido do garoto, gritando de raiva enquanto via a criatura repugnante sentir dor. — Você não serve pra nada! - Tapeou o outro lado da face dele, em seguida o pegando pelo pescoço e erguendo o seu corpo com o braço. — Eu te dei um único trabalho seu imprestável! Estou a séculos esperando uma oportunidade para pegar o poder do primogênito da mãe natureza e você acaba com as chances que me aparecem! Seu inútil! - Jogou o corpo magrelo para o lado com força, o fazendo bater contra cinco árvores uma atrás da outra, partindo todas no meio pela força que o corpo fora arremessado e a velocidade.

Louis se levantou com dificuldade, sentindo enormes dores mas tinha que obedecer tudo o que a Deusa mandava, então não importava o quanto ela machucasse ele, tinha que retornar para o seu lado, então foi mancando para perto da sua mestra e se ajoelhou em frente a ela, mostrando que se arrependia pelos seus erros. — Eu sou inútil, minha soberana.. Mas eu consegui uma coisa para ti e tenho certeza que vai te ajudar! Então por favor, eu imploro o seu perdão minha Deusa.. - O corpo encolhido e quase desnudo do rapaz não traziam pena para a bruxa, que apenas o encarou com desprezo, mas Louis foi seu escravo por muitos séculos e nem a morte o livraria de si  afinal, já estava meio morto mesmo.

— Me mostre o que você tem para mim, e se for realmente útil eu lhe permito viver mesmo sendo um incompetente sem ter onde cair morto. - Quase rosnou as palavras, vendo o beta pegar um papel que tinha guardado dentro de sua roupa e o estendendo com as mãos trêmulas para a sua dona. Deslumbra não tocou na folha, usou magia para levanta-la e deixar mais perto de seu rosto, vendo que era um cartaz de procurado e a imagem era do garoto Izuku, o primogênito de todo o poder da mãe natureza.

— O rei de Skarius está atrás dele, minha senhora, pelo o que dizem ele está apaixonado pelo filho dos Midoriya e quer se casar com o mesmo, mas são apenas boatos que rolam a solta.. - Começou a contar as informações que recolheu, tendo apenas a atenção dos ouvidos da sua mestra já que ela ainda encarava o pedaço de papel um tanto amassado. — Os cartazes estão espalhados pelos quatro reinos que você quer dominar inicialmente, e estão o chamando de "O ômega de Skarius" por causa do rei a sua procura.. Eu tenho certeza que a senhora pode ter um plano baseando-se nisso..

— É claro que eu já tenho um plano, Louis. - Ditou e mexeu apenas dois dedos das mãos, incendiando o papel que flutuava e encarando o escravo por não ter muita opção do que olhar. — Vamos, não gosto de perder tempo e ainda tenho muitos Obscuros para criar. - Deu a volta pelo corpo esquelético no chão, logo o vendo se levantar e a seguir em seguida, então estalou os dedos e o seu portal apareceu, se virando apenas para olhar o campo de força. — Esse poder ainda será meu, Midoriya. - Disse e sorriu diabolicamente, dando as costas para aquela muralha.

Inko encarou o portão de entrada do lado de fora pela janela da cozinha, sabendo exatamente onde e quem estava do outro lado, o que a deixou um tanto séria, mas não preocupada. A proteção iria os deixar seguros enquanto Izuku estivesse ali, principalmente ele mesmo, porque a cada passo que ele dá fora de casa é um perigo não apenas para a família, mas sim para o mundo todo.

— Mãe! Terminei de cortar as batatas, já posso pôr na panela? - A esverdeada ouviu a pergunta e encarou o filho que estava distraído das coisas ao seu arredor, focado apenas na sopa. Ela sorriu, assentindo rapidamente.

— Sim, mas deixa eu ver o tamanho que dá última vez a batata não cozinhou por causa que você deixou muito grande! - Disse e deu risada, se aproximando e verificando o tamanho do corte.

[...]

Já estava tarde da noite quando Inko abriu uma brecha da porta do quarto de Izuku e observou se o mesmo estava dormindo, respirando fundo quando teve certeza que sim e desceu a escada até a sala, arrastando a mesa de centro e puxando o vaso de planta que tinha ali, pegando um punhado de terra do vaso e jogando no meio do tapete, logo os grãos começaram a tremer e o formato de uma mulher foi se formando, e então a mesma pareceu tomar vida.

— Senhora Midoriya, eu pensei que iria me chamar mais tarde mas esse horário é bom também, então vamos lá, aconteceu o que eu disse que aconteceria? - A mulher que estava se transmitindo pela terra disse, se sentando no chão de frente para a esverdeada enquanto sorria pequeno mesmo que o assunto não fosse ser um dos melhores agora.

— Ela estava lá fora Magnus! Eu senti! Eu não sei se conseguiremos aguentar até o Izuku fazer vinte e cinco anos, até lá ele já vai me odiar por mentir tanto, por o proibir de sair desde de pequeno, e isso já tá acontecendo agora! Você me disse que se eu voltasse cedo pra casa a três meses atrás eu iria ver ele saindo da passagem secreta e aconteceu mesmo! Agora eu não sei como continuar escondendo tudo dele ainda, não vamos aguentar todo esse segredo, eu não vou! Pra você que tem milhões de anos de idade deve ser fácil, mas pra mim não é.. - A ômega falou muito mal, sentindo lágrimas no seu rosto por ter sido tão tola e boba achando que iria conseguir lidar com tudo isso sozinha desde a morte do marido.

Magnus suspirou, coçando a nuca e encarando a mulher a sua frente. — Vamos ter que fazer uma coisa, e eu vou precisar que você seja forte Inko, porque tá na hora da gente adiantar nossos planos e tentar algo mais arriscado. - A garota começou a falar, deixando a Midoriya mais tensa enquanto limpava o seu rosto molhado. — Izuku vai ter que sair de vez daqui, e você vai saber quando fazer isso e como fazer. Eu não posso falar muita coisa, mas quando a chance aparecer, tire-o daqui e o deixe em outras mãos, com outras pessoas que vão ser ainda mais protetores do que você pensa e aconchegantes. - A esverdeada fez uma feição surpresa, mas depois de tantos anos ouvindo o que a bruxa que salvou seu filho dizia ela já estava sabendo engolir bastantes informações de uma vez.

— E-eu entendi.. Ele vai ficar seguro mesmo, não vai? Eu só preciso saber disso! - Perguntou aflita, pensando unicamente no seu filho.

— Izuku vai ficar seguro sim, Inko, você não precisa se preocupar com isso. Independente do que você fazer, tudo leva pra um lado positivo, e você sabe muito bem que eu não minto e muito menos engano. - A mulher de terra confirmou sorrindo, e então acariciou os cabelos verdes da senhora. — Você irá ver o seu marido no futuro próximo, e você também sabe como isso vai acontecer.. - A frase foi um baque enorme e forte, fazendo a esverdeada voltar a chorar mais um pouco, mas ela logo se recompôs pois tinha que ser forte agora e descobrir quem eram as pessoas que ela deixaria o seu filho.

— Obrigada pelas respostas, Magnus.

— Obrigada por ajudar a salvar o mundo, Inko.

A terra voltou para o estado de antes, então a ômega pegou a vassoura e limpou o tapete, colocando a mesa no lugar de antes e se sentou no sofá, respirando fundo enquanto pensava no que teria que fazer e sacrificar tudo o que já tinha feito até agora.

— Mãe? - Se virou e viu o seu garoto descendo a escada sonolento, coçando os olhos e o cabelo estando ainda mais bagunçado que o normal. — Você tá bem? Você não tava no seu quarto.. - Falou e se sentou ao lado da progenitora, deitando a cabeça no colo da mesma enquanto bocejava de sono.

A Midoriya sorriu, segurando as lágrimas mais uma vez enquanto acariciava os fios verdes do couro cabeludo do filho. — Tá tudo bem meu bebê, tá tudo bem.. - Sorriu, olhando para cima e suspirando baixo, ainda fazendo um cafuné no mais novo e tentando dar todo o seu carinho para ele em forma de beijos e afagos.

A hora estava chegando, e ao mesmo tempo que tudo promete melhorar também promete piorar.