Encontro-me fitando a tela do celular, observando o ponto de inserção piscando repetidamente no campo de texto. Pensamentos que não sou capaz de controlar rondam a minha mente.
For the First Time de Mac DeMarco está tocando em um volume quase inaudível no fone de ouvido Bluetooth. Não sei ao certo há quanto tempo a mesma música está se repetindo.
Diversas, com certeza.
Várias e várias vezes.
Foram tantas que não pude memorizar.
As lágrimas quentes escorrem de meus olhos e rolam por minhas bochechas. Fecho meus olhos e respiro fundo, segurando firme o aparelho em minhas mãos, como uma tentativa falha de segurar mais um soluço.
Posso jurar que senti meu coração errar as batidas quando vi o seu on-line na tela do celular. Reuni toda a coragem que restava e comecei a digitar tudo o que eu sentia naquele momento: raiva, tristeza, angústia, um misto de sentimentos, não sei decifrar quais são. Escrevo rapidamente, errando algumas palavras no caminho, pressiono a barra de espaço guiando o ponto de inserção até algumas frases e as consertando.
Após terminar meu desabafo, começo a ler o que escrevi:
“Nunca havia refletido sobre o quão profundo é o “para sempre”, mas, algo notei: que agora, já é tarde demais. Às vezes, na calada da noite, me vejo lembrando de nós dois, de nossos momentos juntos. Recordo-me também do juramento que fizemos, sobre ficarmos juntos para sempre, mas, vejo que infelizmente quebramos nossa promessa. Entretanto, um dos juramentos que fiz naquela época, eu fui capaz de cumprir: sempre que o tempo insistisse em nos afastar, eu sempre iria voltar. Agora, estou contigo, mas não da mesma forma de antes. Não mais com os mesmos costumes, conversas, apelidos e principalmente, não mais com o mesmo amor e carinho que tínhamos um pelo outro. Cheguei à conclusão de que talvez nós não fomos feitos para ficarmos juntos para sempre. Nós voltamos ao início, onde somos meros desconhecidos novamente.
Hoje, me despeço de você, através desta mensagem.
Atenciosamente, um alguém que você jamais amou de verdade.”
Levanto meu queixo, na tentativa de segurar minhas lágrimas, aperto os olhos os pressionando com força. Puxo para meus pulmões todo o ar que consigo reunir e envio a mensagem. Clico nos três pontos do lado direito na tela do aplicativo e sem hesitar aperto fortemente a opção ”Bloquear“.
— Droga, Sasuke... — Minha cabeça está pendurada para baixo e as lágrimas molham meu cobertor. — Todos os dias eu lembro de você, mesmo que eu não queira. Mas sempre, eu sempre lembro de você. Tento não lembrar, mas não consigo, eu queria conseguir parar de gostar de você, entretanto, sei que morrerei gostando de alguém que nunca vai sentir o mesmo por mim novamente.
Não quero mais vê-lo, não apenas ele, assim como mais ninguém que eu tenha um laço afetivo. Na manhã seguinte irei para bem longe desta cidade. Sem um lugar em mente, apenas seguindo a estrada, sem rumo.
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