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História O Pecado do Anjo - Chuva - História escrita por PipocaSinger - Spirit Fanfics e Histórias
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História O Pecado do Anjo - Chuva


Escrita por: PipocaSinger e UzuKitsune

Notas do Autor


Sim, eu sei. Tô atrasada.
Em minha defesa, a faculdade tá me consumindo ksks
Mas tô aqui, com o capítulos que todos esperavam (ou não)
Finalmente a famosinha conversa entre o Naru e Hina.

Como já tô atrasada, não vou prolongar isso.

Boa leitura à todos!

Capítulo 17 - Chuva


A chuva caia forte do lado de fora da casa de Hinata, provocando um som calmante ao bater contra o telhado. Em um outro dia ela provavelmente ficaria na varanda do quarto, apreciando as nuvens carregadas e sentindo-se relaxar por aquele mesmo som acompanhado do cheiro característico que a chuva sempre trazia consigo.

 Já se faziam quase duas horas desde que deixara Naruto na porta da boate, a chuva tinha começado pouco antes dela chegar em casa e a acompanhava em sua espera pelo loiro até àquela hora. Enquanto ele não chegava já havia providenciado um banho quente e um café, tinha lavado as vasilhas e arrumado uma bagunça invisível na sala. Tudo na expectativa de ver o tempo passar mais rápido.

Acompanhada de uma xícara de café fumegante ela finalmente aquietou-se no sofá, aconchegada debaixo de um cobertor grosso, estava frio mesmo na casa fechada. A televisão exibia um filme qualquer pelo qual ela não se interessara em prestar atenção, estava ligada apenas para que fingisse estar distraída com algo que obviamente não estava, até mesmo o som do aparelho estava baixo, quase inaudível em comparação ao barulho da chuva. Hinata percebeu que não se importava, o som da água caindo a ajudava a pensar melhor que qualquer trilha sonora de mais uma das grandes produções Hollywoodianas. 

Quando finalmente a porta da sala se abriu, tomando-a em uma surpresa rápida, ela não soube se havia cochilado enquanto esperava ou se estava apenas tão perdida em seus devaneios que perdera por completo a noção de onde estava. Ao perceber a caneca ainda pela metade em sua mão concluiu que havia sido a segunda opção.

Naruto não aparentava estar voltando do temporal lá de fora, seu corpo e suas roupas estavam completamente secas, mas Hinata não se surpreendeu. O fato de ele estar ali, em carne e osso naquele momento, não significava que ele estivera assim nos segundos anteriores ao abrir da porta. Conhecendo-o como o conhecia, sabia que ele só se dera ao trabalho de entrar pela porta para anunciar sua chegada, ele poderia muito bem ter surgido em qualquer cômodo sem provocar barulho algum, mas isso talvez a deixasse um pouco irritada. Hinata estava cansada de vê-lo fugindo das conversas, estava o esperando por um motivo e não queria ter a sensação de que ele continuava fugindo dela.

Quando Naruto se sentou ao lado de Hinata no sofá, esperou que ela lhe dissesse alguma coisa, que fizesse uma série de perguntas e que até o acusasse de ser um idiota ou coisa parecida, mas ela não disse nada. O silêncio se prolongou entre os dois por longos minutos, era como se não soubessem o que falar. Hinata se sentia ridícula por isso, passara os últimos dias querendo uma conversa com Naruto e agora que ele estava lá, pronto para ouvi-la, ela simplesmente não encontrava a voz ou as palavras que queria usar.

-Hina? –Ele a chamou finalmente, fazendo-a encará-lo pela primeira vez desde que chegara.

Quando Hinata fitou-o nos olhos viu nos orbes azuis uma profundidade de preocupação e ansiedade que normalmente não estavam lá. Naruto parecia bem, mas seus olhos denunciavam um cansaço gigantesco. Ela esperou que ele lhe dissesse mais alguma coisa, mas ele apenas tomou de sua mão a xícara abandonada e, após deixa-la sobre a mesa, esticou-se para envolve-la em seus braços. Hinata não resistiu ao gesto e deixou-se ser abarcada pelo abraço delicado, sabia que era uma ação ainda complicada vinda dele.

-Me desculpe. –Ele pediu sem a soltar. –Por tudo.

-O que aconteceu com você? –Ela perguntou ciente que as lágrimas desciam por seus olhos, estava cansada de contê-las.

Naruto suspirou, soltando-a. Era o momento de ser sincero com Hinata, o máximo que conseguisse, então a encarou sem saber por onde começaria. Apesar de saber que aquele momento chegaria ele não tinha um discurso ensaiado para ela, apenas deixaria as palavras correrem e tomarem sua própria direção.

-Hinata, eu estou vivo desde antes da humanidade ser formada, mas só conheci o afeto, o amor, a preocupação pela vida humana, quando conheci você. Nós, anjos, temos como uma de nossas funções proteger os homens, admiramos a mais bela e perfeita criação de Deus, mas não nos envolvemos com ela. Um anjo pode viver a vida toda sem criar laços com ninguém e isso não nos afeta, não ficamos tristes por não criarmos esse tipo de relacionamento afetivo que vocês, humanos, parecem passar a vida toda à procura.

“Eu não sei como você conseguiu, eu sequer percebi o que estava acontecendo antes de ser tarde demais, mas você me cativou de uma forma que ninguém na Terra já foi capaz de fazer, de uma forma que raros humanos são capazes de fazer com anjos. O problema desse nosso envolvimento é que eu não sou capaz de compreender com perfeição os sentimentos desconhecidos que tem tomado conta de mim com uma frequência assustadora. Eu ainda não sei quais são os limites entre o que eu sinto e o que posso fazer em relação a isso sendo um anjo, tendo minhas possibilidades muito mais ampliadas em relação às suas.”

“Eu tento me espelhar em você, tento demonstrar o que eu sinto copiando as suas atitudes. Se eu vejo que você gosta de abraçar, eu te abraço também. Mas isso não é natural para mim, essas demonstrações não surgem de forma natural comigo, então mesmo que eu pense em fazer, em te abraçar, na maioria das vezes eu simplesmente não consigo. Na maior parte do tempo eu não consigo ser claro com você em relação às coisas que sinto, mas confesso que na maior parte do tempo essas coisas também não são claras para mim.”

“Nas últimas semanas toda essa confusão se intensificou porque eu percebi que o que sinto atingiu proporções tão altas que eu não pensaria duas vezes antes de ultrapassar meus limites como anjo para te salvar quantas vezes fossem necessárias, percebi que eu queria demonstrar mais, queria te abraçar mais, queria ficar mais com você e eu jamais senti isso, jamais senti tamanha necessidade por um humano. Eu fugi disso, fugi de você e das coisas confusas que se acumulam na minha cabeça em relação a você. Eu fui um covarde e venho sendo assim desde que perdi por completo a noção de tudo que eu já vivi até aqui.”

“Quando eu fui na boate hoje estava determinado a vencer meu medo desses sentimentos desconhecidos, estava determinado a ser seu amigo e a entender de verdade o que isso significava. Eu queria ter ido lá mostrar meu apoio às suas decisões, te acompanhar no caminho de casa, pedir desculpas e ouvir da sua boca como tinha sido seu dia porque, você pode até não saber, eu sinto uma falta absurda das nossas conversas mais simples. Eu sinto falta das suas piadas horríveis e das risadas sem razão que você dá.”

“Só que quando eu cheguei lá dentro, quando eu te vi e eu vi o perigo ao qual você estava exposta eu surtei. Tudo que eu quero é proteger você, é te manter segura e impedir que todas aquelas coisas ruins do seu passado voltem a se aproximar de você. Quando eu vi que aquele homem poderia te bater, te ferir, eu quis impedir que acontecesse, que ele te machucasse, eu não medi minha força, não pensei no que estava fazendo, apenas fiz. Quando estávamos indo embora e eu entendi que aquele segundo homem era o mesmo que tinha abusado de você da última vez que ficou chapada eu senti toda a raiva daquele dia de novo. Eu lembrei de tudo que eu vi na sua cabeça, da quantidade absurda de vezes que se aproveitaram de você porque você não estava sóbria e eu agi sem pensar de novo, eu queria que ele se arrependesse, que sentisse o que fez você sentir.”

“Isso não é justificativa para agir daquela forma, eu sei. Eu fui um idiota, descontrolado, estúpido e honestamente, isso me apavora. Eu não sei lidar com o que sinto, sentimentos bons e ruins, é como se eu fosse uma máquina que não tivesse sido programada para isso e agora colocaram em mim um programa novo que eu não sei como executar direito.”

“Então, por favor, me ajuda. Me ajuda a entender o que eu sinto porque eu não sei mais o que fazer. Eu estou completamente perdido, Hinata.”

-Você é um idiota, Naruto. Um filho da mãe estúpido. –Ela murmurou secando as lágrimas antes de se jogar nos braços dele mais uma vez.

-É ótimo te ouvir me xingando de novo. –Ele sorriu a ajeitando sobre seu colo e a apertando mais no abraço. –Isso é um bom sinal. –Ele se lembrou da conversa que teve com Kiba na primeira vez que se viram.

Hinata ergueu o rosto para encará-lo.

-Quando você se sentir assim, precisa me contar ao invés de fugir de mim. Suas confusões, seus medos... Todas essas coisas devem ser compartilhadas, não só as boas. O ponto de sermos amigos é poder contar com o outro quando as coisas estão complicadas de lidar e isso é uma via de mão dupla, é o que amizade significa. Você passa tanto tempo querendo me proteger e me deixar bem que se esquece que eu quero o mesmo para você.

“Eu imagino o quanto essa situação seja difícil para você, mas acredite, nós humanos também vivemos cheios de dúvidas sobre o que sentimos, isso é normal. Eu mesma me sinto perdida em relação a você grande parte do tempo.”

-Mesmo?

-Mesmo. Todos os dias o que eu sinto por você se torna mais e mais intenso, mesmo que você se afaste e que não demonstre o que sente tanto quanto eu gostaria. Mas nada disso importa porque, ao final do dia, eu continuo aqui, te amando e sentindo todo esse amor crescer como se fosse tomar conta de mim.

-Hinata...

-Eu estou apaixonada por você, mas acho que você já sabe.

Naruto a encarou em silêncio por alguns instantes, não estava surpreso com o que Hinata havia dito, ele já desconfiava dos sentimentos dela, mas não esperava ouvi-la se confessar daquele jeito. 

-Eu não sei o que deveria dizer agora.

-Diga a verdade.

-Você não vai gostar da verdade.

-Mas eu preciso ouvi-la.

Naruto cravou seu olhar no de Hinata, ela parecia tensa, mas seus olhos transmitiam suavidade e calma. Ela já imaginava o que estava por vir, não tinha dito nada criando falsas esperanças. Hinata não era mulher de depositar expectativas em situações complicadas como aquela.

-Eu me sinto feliz ao ouvir isso, de alguma forma é bom saber com certeza de seus sentimentos.

-Por que isso é bom, Naruto?

-Porque eu me sinto correspondido.

Hinata sorriu com aquelas palavras e segurou o rosto dele em suas mãos.

-Mas? –O incentivou a continuar. Ela precisava ouvir tudo, precisava ouvir aquelas palavras que sabia que lhe seriam dolorosas, mas necessárias para que ela seguisse sua vida.

-Mas eu não posso me envolver com você, seria errado. –Hinata sentiu seus olhos lacrimejarem, mas evitou que as lágrimas caíssem em grande quantidade, não queria que ele se sentisse mal por algo que ela sabia que ele não podia controlar.

Naruto desviou seus olhos dos dela, não conseguiria continuar a encarando, então abaixou a cabeça antes de prosseguir.

-Hoje eu tive certeza de que não posso avançar nessa relação com você, tive certeza de que não posso me permitir ir além do que já fomos. O que eu sinto por você, esse amor, é intenso e avassalador demais para que eu o controle, então ele tem me controlado. Quando se trata de você, Hinata, não existe lógica ou razão, apenas a necessidade de te proteger. Eu não posso alimentar esse sentimento dessa forma. Hoje eu fiz uma coisa... Eu provavelmente deveria estar arrependido, mas eu não estou.

-O que você fez, Naruto? –Hinata perguntou preocupada e se assustou ao erguer o rosto dele e ver que ele chorava.

-Infelizmente isso eu não posso contar para você. Não ainda. –Ele murmurou e colou sua testa à dela. –Você só precisa saber que eu faria tudo por você, Hinata, passaria por cima de tudo. Esse sentimento tem me consumido descontroladamente e eu sei que não pode continuar assim, sei que mesmo eu preciso de limites, mas perto de você eu me sinto ilimitado. 

-O que isso quer dizer? Você está me deixando confusa, Naru.

-Quer dizer que se eu me deixar ser consumido pelo amor que sinto por você eu seria capaz de usar todo o meu poder contra o inferno inteiro, sem medo de qualquer consequência, se eu apenas sonhasse que você corre perigo. E isso não é bom Hinata, não é bom porque as ações de um anjo têm muitas consequências que não podem ser ignoradas, me render a você, ao nosso amor, me faria ignorar qualquer uma delas. Me desculpe por não poder te dar o que você quer.

-Não se desculpe por isso. Nunca. –Ela sussurrou. –Nossas vidas são complicadas demais, mas ao menos eu posso dizer que devo ser a mulher mais amada desse mundo para ser capaz de gerar tantos problemas.

Naruto sorriu com aquilo.

-Com certeza você é. Droga, Hinata! –Ele reclamou fazendo-a rir. –Eu te amo tanto. –Sussurrou e acariciou o rosto dela, passando delicadamente a ponta dos dedos sobre os lábios rosados da morena. –E te desejo tanto.

-Vamos aprender a viver com isso. –Ela segurou a mão dele e a beijou. –Me basta saber que posso contar com você como amigo. Vai ser suficiente para você? –Ele respondeu com um movimento suave de cabeça, concordando. –Obrigada por ser sincero comigo.

-É como amigos devem ser uns com os outros. –Os dois sorriram. –Você deveria ir dormir agora.

-Acho que você está certo. Boa noite, Naru. –Disse e beijou-lhe a bochecha.

-Boa noite, Hina. –Beijou-lhe a testa.

Hinata se levantou do colo dele e subiu as escadas, sem olhar para trás. Naruto a observou até que ela não estivesse mais em seu campo de visão.

Na cama de seu quarto Hinata chorava controladamente, em silencio. Não estava triste, apenas emocionada demais com o que tinha acontecido. Ela sempre soube que as coisas não funcionariam como um conto de fadas e, na verdade, estava bem satisfeita com o final daquela conversa. Não era nem de longe o final feliz que seu coração queria, mas era o melhor final que sua vida permitiria.

No sofá da sala Naruto suspirava cansado. Ao menos Hinata o havia compreendido, mas ele não tinha certeza de que as coisas continuariam assim. Seu encontro com Azazel se repetia em sua cabeça, a certeza de que logo suas ações trariam consequências o fazia temer o amanhecer. Como ele gostaria que as coisas pudessem se manter em paz, mas sabia que a tempestade já se aproximava.

Olhou ao redor, ainda era capaz de sentir o cheiro de Hinata. Lágrimas caíram de seus olhos e ele quis gritar, pedir perdão pelo que havia feito, mas ele não conseguiria contar a verdade. Não para ela.

Secou os olhos e subiu as escadas correndo, precisava fazer algo antes que o mundo desabasse sobre os dois e nunca mais tivesse sua oportunidade. Invadiu o quarto de Hinata, assustando-a e fazendo-a se sentar imediatamente na cama.

-O que houve? Naru? –Chamou assustada, vendo que ele não respondia, apenas andava em silêncio na sua direção.

Naruto ajoelhou-se ao lado da cama e a encarou firme.

-Ao menos uma vez, me mostre como seria se as coisas não fossem tão complicadas.

-Como? –Ela estava confusa.

-Um beijo, Hinata. Eu quero saber como seria poder te beijar.

Hinata o encarou atônita, parecia improvável que Naruto a pedisse algo assim, mas ela viu pelo olhar dele que ele não brincava.

Com cuidado ela segurou o rosto dele entre suas mãos.

-Tem certeza disso?

-Absoluta.

O viu fechar os olhos conforme se aproximava, Naruto sequer a tocou, não tinha coragem para fazer nada, sequer sabia o que fazer. Hinata deixou que seus lábios tocassem o dele de forma delicada, distribuindo pequenos selinhos ali até que ele abrisse a boca para um contato mais profundo. O beijo se aprofundou de forma desajeitada, tímida, quase medrosa, mas ao final do toque, ao se separarem, os dois sabiam que jamais haviam sentido coisa igual.

-Obrigado. –Pediu constrangido.

Hinata apenas assentiu, as bochechas levemente coradas. No instante seguinte Naruto desapareceu do quarto e Hinata deixou o corpo cair na cama, afinal de contas, parecia que cada célula sua estava em choque com o que havia acabado de acontecer.

Ela sorriu, mas, parado no telhado da casa, Naruto chorava.

E as lágrimas do anjo misturaram-se à chuva e a impressão que se tinha era de que o céu chorava com ele.

 

 

 

 


Notas Finais


Por hoje é só pessoal!

Espero que tenham gostado, me desculpem o atraso.

Vejo vocês segunda, se tudo der certo.


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