História O Pecado dos Deuses - Capítulo XIV

- Jelamet, ajude Nerobasta! - pediu Mael à sua subordinada.

 

Imediatamente, Jelamet foi até Nerobasta e Ryudoshel para prestar os devidos socorros. Tentou ao máximo parar o sangramento, mas não conseguiu.

 

- O que você fez com Ryudoshel-sama, Sariel?! - perguntou Nerobasta aflita.

 

- Eu já disse, meu amor... - falou o pequenino - Já que eu não posso ter você só para mim, eu devo eliminar aquele em meu caminho.

 

Nerobasta mostrou um semblante de pavor perante as atitudes e palavras de Sariel.

 

Tarmiel, não aguentando ver a insanidade de Sariel, implorou o retorno de sua consciência.

 

- Sariel, por favor! - pediu o dono da graça Taikai - Este não é você, cara!

 

- Queremos o Sariel que conhecemos! - pronunciou Mael - Queremos aquele que derrotou os soldados divinos traidores com um só golpe e sem uma gota de suor.

 

Sariel os olhou com desprezo, mas respondeu aos pedidos com a franja azulada tampando seu rosto.

 

- Você não entendem. Não há nada de errado comigo. - disse Sariel - A única coisa que desejo é ter Nerobasta para mim! - complementou levantando suas mãos e se preparando para atacar de novo.

 

Desta vez, Mael e Tarmiel estavam com sua atenção toda voltada para o pequeno arcanjo, Sariel. Eles não permitiriam que ele machucasse mais Ryudoshel, tampouco Nerobasta que cuidava do mesmo.

 

- SAIAM DA FRENTE! MAEL! TARMIEL!

 

- Não vamos! - disse Mael.

 

- Se quiser matar Ryudoshel terá que nos matar primeiro.

 

Sariel os encarou com nojo e deboche. Em seguida, sorriu para eles e apontou sua mão direita.

 

- Está bem então. Preparem-se para morrer. - disse Sariel.

 

Dali, Tarmiel e Mael começaram a lutar contra Sariel, que parecia cada vez mais poderoso.

 

(...)

 

- Ryudoshel-sama, aguente firme! - pedia Nerobasta com o coração acelerado.

 

- Nerobasta, parece que ele foi envenenado! - falou Jelamet ao fazer uma análise da ferida.

 

- O que?! Essa não...

 

- Aquela adaga... Será que ele a envenenou? - sugeriu Jelamet.

 

- N-Nerobasta... N-Não se preocupe... - dizia Ryudoshel sofrendo os efeitos do miasma.

 

- É claro que eu me preocupo, Ryudoshel-sama! - disse a deusa pondo suas mãos no rosto do arcanjo.

 

- Nerobasta, o veneno está se espalhando. O que vamos fazer?!

 

 

 

 

Nerobasta não sabia como agir. Ver seu amado Ryudoshel sofrendo daquela maneira por sua causa fazia seu coração partir.

Nerobasta ON

 

 

Ryudoshel-sama está em perigo! O que eu faço? O QUE EU FAÇO?! Está acontecendo de novo... Exatamente como há três mil anos.

 

Ryudoshel-sama me deixou encarregada de proteger o portão para o Reino Celeste.

 

Naquela época, eu estava começando a entender meus sentimentos; o que eu sentia pelo Ryudoshel-sama de verdade. Sempre acreditei que ele pudesse me amar de volta.

 

Mas quando ele foi embora da Luz da Graça...

 

- NEROBASTA, O QUE VAMOS FAZER! - gritou Jelamet.

 

Eu estava muito aflita. Não podia acreditar que meu grande amor estava morrendo bem na minha frente.

 

- NEROBASTA, LARGUE ESTE ARCANJO MÓRBIDO E VENHA CUIDAR DE MIM! - dizia Sariel enquanto lutava contra Mael e Tarmiel.

 

Foi então que me lembrei da primeira vez que tratei de Sariel.

 

[...] "membros do clã dos Druidas eram capazes de curar seus amigos usando um pano úmido, limpo com água de qualquer templo" [...]

 

- Jelamet, me ajude a levar Ryudoshel-sama para Zukwik!

 

- Certo. - confirmou ela - Mael-sama, detenha Sariel ao máximo.

 

- Deixem conosco! - disse Tarmiel.

 

- Nerobasta, cuide do meu irmão! - ele pediu.

 

Acenei com a cabeça para ele. Eu e Jelamet apoiamos os braços de Ryudoshel em nosso ombros e saímos através da janela.

 

(...)

 

Algum tempo depois, Jelamet e eu chegamos em Zukwik. Rapidamente, deitamos Ryudoshel no mesmo divã de mármore que nos beijamos no dia anterior.

 

- Nerobasta, pegue um pano e molhe ele na fonte. Rápido! - disse Jelamet.

 

Como não tinha um pano, exatamente, rasguei a borda do robe que vestia e o molhei na fonte do templo. Também o revesti de magia divina para ajudar na cura.

 

- Rápido, Nerobasta!

 

Fui até Jelamet e Ryudoshel; coloquei o pano de forma delicada para não lhe causar desconforto.

 

- Vou pegar algumas ervas anestésicas, tudo bem? - disse Jelamet.

 

- Tudo bem... - falei um pouco triste.

 

- Não se preocupe, minha amiga. - falou pondo a mão em meu ombro - Ele vai ficar bem. Tenho certeza.

 

- Obrigada, Jelamet. Por tudo que está fazendo por nós.

 

- Não precisa agradecer, Nerobasta. - disse ela beijando minha cabeça. Ela, então, nos deixou para buscar as ervas especiais.

 

 

 

 

Nerobasta OFF

Jelamet ON

Deixei Nerobasta cuidando de Ryudoshel. Sabia que ia cuidar dele com toda sua dedicação, afinal, ela o ama muito.

Eu gostaria de cuidar do Mael-sama daquele jeito... Mas ele é um homem muito cauteloso e destemido, o que impede que ele tenha ferimentos graves.Voltei a procurar as ervas.

Quando, finalmente, as achei, senti que estava sendo observada e quando olhei para trás...

- VOC--

Jelamet OFF

Nerobasta ON

Peguei a mão de Ryudoshel e a apertei de leve. Concentrei minha magia curativa na ferida dele e beijei sua testa e, por acidente, eu o acordei.

- Nerobasta... - chamou ele.

- Sim! Sim, sou eu, Ryudoshel-sama. Estou aqui com você.

- E-Eu n-não acho que vou durar muito...

- Não... Não, por favor, não diga isso. - disse juntando nossas testas - Eu te amo... Não posso perder você, Ryudoshel-sama. Não consigo viver sem você...

- E-Eu g-garanto que S-Sariel pode te proteger mais do que eu.

- NÃO! EU NÃO QUERO SER PROTEGIDA PELO SARIEL! EU PRECISO DE VOCÊ, RYUDOSHEL-SAMA!

Nerobasta OFF

De repente, Nerobasta e Ryudoshel foram surpreendidos por um estrondo ensurdecedor, destruindo uma parte do que restava do Templo Zukwik. Era Sariel.

Nerobasta se assustou com a chegada brusca do arcanjo. Recuou até cair no colo de Ryudoshel. Este, por sua vez, usou toda força que tinha para levantar, mas não conseguiu.

- Eu sempre consigo o que eu quero, Nerobasta... E eu quero você só pra mim!

- Sariel, já chega! - exclamou a deusa - Mesmo que você faça coisas horríveis comigo para que eu o ame, eu nunca abandonaria meus sentimentos pelo Ryudoshel-sama, porque é ele quem eu realmente amo!

Cuidando de Ryudoshel, Nerobasta viu que o mesmo carregava um florete consigo.

Para se defender e proteger o arcanjo, Nerobasta sacou a arma e apontou para Sariel, o desafiando.

- Eu não luto com mulheres, especialmente, se ela for você, Nerobasta.

- Então está com medo de me enfrentar? - provocava Nerobasta.

- Não temo enfrentar qualquer pessoa, mas contra você, eu não ousaria lutar, afinal reconheço que é a melhor espadachim de todo o nosso clã.

- É, eu sou a melhor, sim. Por isso, não vou abaixar minha espada contra aquele que quer ferir quem eu amo.

- Então, você o ama mesmo... E nada que eu faça vai mudar isso. - disse Sariel triste.

- Você já deveria saber disso! - falou Nerobasta autoritária.

- É uma pena. Uma pena mesmo...

- O que?!

- Desse jeito, você não me dá escolha, meu amor... EU TEREI QUE MATÁ-LA TAMBÉM.

- M-Me m-matar?! Não!

Sariel sacou suas adagas; com seus poderes saltou de asas abertas em direção a Nerobasta, que se manteve em posição de combate.

Entretanto, repentinamente, Sariel é subjugado por uma magia divina superior a sua.

- O-O que está a-acontencendo?! - resmungou Sariel sendo forçado contra o chão.

- Sariel, o que aconteceu com você?

- M-Majestade? - indagou Ryudoshel ainda tonto.

- Fez Nerobasta sofrer muito, envenenou Ryudoshel, machucou Mael e Tarmiel e ainda nocauteou Jelamet, que tentava ajudar Ryudoshel...

- Majestade, e-eu posso explica-- AHHH!

- CHEGA! Por seus desejos obscuros e essa luxúria sem limites, eu o condeno ao exílio. - declarava a Divindade Suprema olhando para seu pequenino anjo - Ninguém lhe mostrará amizade ou gentileza e não dirão uma palavra para você! - continuou - Ficará por lá até que eu decrete seu retorno. Entendido?!

- S-Sim, s-senhor-- AHHH!

A Divindade Suprema enviou Sariel para uma ilha mágica no Pacífico Sul com uma espécie de teletransporte divino. Ela pousou diante de Nerobasta e pôs sua mão na testa da rosada.

- Você tem a minha benção, Nerobasta. - disse a Deusa Suprema de maneira terna e calma.

- Obrigada, majestade. - agradeceu Nerobasta ainda assustada - Mas não sou eu quem precisa de ajuda.

- Sei que Ryudoshel foi ferido, porém, não há a necessidade de aflição.

- Por favor, majestade! Eu imploro que salve ele! - pedia Nerobasta apoiando Ryudoshel em seu colo.

A Divina Graça permaneceu em silêncio por uns instantes enquanto olhava a tamanha preocupação de Nerobasta com Ryudoshel.

Ela viu que a rosada estava muito apaixonada e, devido a isso e a situação da hora, a rosada tinha aflição estampada em seu rosto.

- Você ama o Ryudoshel, não é, Nerobasta? - indagou Vossa Divina Graça.

Nerobasta olhou para a rainha confusa; abaixou sua cabeça levando suas orbes azuis até o rosto pálido de Ryudoshel.

- Sim, majestade... Eu o amo muito.

- Então é só disso que ele precisa, Nerobasta. - retrucou a majestade - Leve-o para um quarto confortável e continue cuidando dele com todo seu amor.

(...)

No dia seguinte, a paz reinava em todo Reino Celestial e, no quarto da deusa Nerobasta, Ryudoshel estava desacordado no leito da cama de sua amada.

A deusa, durante todo aquele tempo que havia se passado desde a confusão com Sariel, estava dando tudo de si para cuidar de seu querido arcanjo.

Ela ainda utilizava dos conhecimentos Druidas para tratar da contusão de Ryudoshel. Depositava no pano úmido todo seu amor e carinho.

Bateram na porta de prata. A mesma foi semi-aberta bem devagar revelando a visita de Mael.

- Nerobasta, como ele está? - perguntou Mael preocupado com seu irmão.

- Estável, mas ainda inconsciente.

- Meu irmão tem muita sorte de ter você ao lado dele. - disse Mael pondo a mão nos ombros de Nerobasta - Obrigado por cuidar dele, Nerobasta. Serei eternamente grato por tudo que você fez pelo Ryudoshel.

Nerobasta sorriu de maneira gentil o que passou tranquilidade a Mael.

- Vou deixá-lo em suas mãos, tudo bem? Vou ver como Jelamet está.

- Certo. Mande lembranças a ela por mim.

- Eu mandarei.

As horas passaram e a noite chegou. Nerobasta ainda estava ao lado de Ryudoshel, que continuava desacordado.

(...)

Passado algum tempo, Ryudoshel recuperou a consciência. Olhou ao redor e viu Nerobasta ao seu lado apoiada na borda da cama tirando um cochilo.

"Nerobasta... Você ainda está aqui... Comigo..."

Acidentalmente, Ryudoshel se moveu e Nerobasta acordou.

- Ryudoshel-sama! - exclamou ela abraçando Ryudoshel, vendo que o arcanjo havia se recuperado.

- AH! - resmungou devido a chaga.

- Desculpe, Ryudoshel-sama! - se desculpou a deusa.

- Não tem problema. - respondeu Ryudoshel acariciando seu rosto - Como você está? Sariel te machucou?

- Ele machucou muita gente, inclusive você. Ele não conseguiu me ferir; estava atenta a cada movimento dele tentando te proteger.

- Entendi. - disse Ryudoshel abaixando a cabeça - O que aconteceu com Sariel?

Agora, foi a vez de Nerobasta abaixar a cabeça e desviar seu olhar. Ryudoshel tocou no queixo da rosada e trouxe as íris celestes de volta para si.

- Ele foi expulso do Reino Celestial. A Divindade Suprema o condenou ao exílio.

- Exílio?! - exclamou Ryudoshel ao receber a notícia.

- Eu sinto muito, Ryudoshel-sama... Eu queria que Sariel aprendesse a respeitar o espaço dos outros, mas não imaginei que ele fosse condenado a viver sozinho por um longo tempo e... E... - Nerobasta começou a gaguejar e lágrimas escorriam dos olhos dela.

Ryudoshel percebeu que deixou sua amada com um grande sentimento de culpa pelo que aconteceu com Sariel.

Ele pôs suas mãos em seu rosto e o limpou; beijou a cabeça da deusa e a reconfortou em seu peito acariciando os fios cor-de-rosa de sua amada.

- Desculpe. Eu não queria fazer você se sentir culpada. - consolava Ryudoshel.

Ele encostou nos volumosos travesseiros e deitou Nerobasta junto de si; não tardou os dois caírem no sono, exaustos.

(...)

Na manhã seguinte, Nerobasta foi a primeira a acordar. Se viu envolta aos braços de Ryudoshel e apoiada no peitoral do arcanjo.

De repente, a deusa sente um embrulho no estômago. Ela levantou depressa para se aliviar, mas sentiu uma desconfortável tontura ao ficar de pé. Ryudoshel acordou com os movimentos bruscos da deusa.

- Nerobasta, ainda é muito cedo. Volte a dormi-- - Ryudoshel se interrompeu quando viu que Nerobasta caía para trás e corria risco de bater a cabeça na quina da cama.

Um pouco melhor dos efeitos do veneno, Ryudoshel usou a graça Senkō para ajudar Nerobasta.

Imediatamente, ele pôs sua mão direita na cabeça dela, com a esquerda segurou na cintura e usou suas pernas como apoio para a coluna da deusa.

- NEROBASTA! NEROBASTA! - gritava Ryudoshel aflito - HEY! ALGUÉM ESTÁ AÍ FORA?! MAEL? JELAMET? - mas ninguém respondia.

Sem muitas opções, Ryudoshel a pegou no colo e a pôs na cama e resolveu chamar por ajuda psiquicamente.

"Mael... Jelamet... Tarmiel... Alguém me ouve? Elizabeth-sama!"

"Jelamet aqui, Ryudoshel-san. O que deseja?"

"É uma emergência! Venha até o quarto onde estou. Rápido, Jelamet!"

(...)

Não precisou de muito tempo para que Jelamet pudesse socorrer Nerobasta. A rosada acordou atordoada e confusa depois que Jelamet usou sua magia divina para recuperar os sentidos deusa de olhos celestes.

Ryudoshel ON

Jelamet me pediu para deixar elas a sós para que pudesse fazer uma espécie de exame em Nerobasta.

Ela disse não estar machucada nem nada do tipo, então o que será a causa desse mal-estar logo de manhã?

Alguns momentos depois, Jelamet finalmente saiu do quarto. Ela veio até mim e começou a falar em um tom baixo para que ninguém ouvisse nossa conversa.

- Ryudoshel-san, ela está ótima foi apenas um desconforto matinal comum para a condição atual da Nerobasta. - explicou ela - Ela está muito saudável, mas precisa de repouso máximo quando sentir este tipo de enjoo, em especial, se ocorrer na parte da manhã. Também é necessário uma boa alimentaçã---

- Certo, certo. - interrompi - Mas o que exatamente ela tem? Você disse que ela está bem. O que justifica o desmaio?

- Ora, você não sabe? Não tem a mínima ideia? - indagou Jelamet com um sorriso feliz.

- Não. Diga logo, Jelamet, o que ela tem?! - disse já perdendo a paciência.

- Eu acho melhor ela contar. Até porque, é um assunto de vocês. - disse ela se virando para ir embora - Se ela tiver qualquer sintoma estranho, me chame sem hesitar. Até mais, Ryudoshel-san.

Entrei no quarto um pouco nervoso e a vi no mesmo lugar onde a deixei. Ela estava com a postura curva e com o olhar preocupado. Aproximei-me e sentei a sua frente segurando suas mãos que suavam muito.

- Nerobasta, como se sente? - perguntei.

- Bem... Muito bem...

- Jelamet disse a mesma coisa, mas sinto que não está nada bem. - falei preocupado - Por favor, me diga o que aconteceu.

Foi então que eu vi ela abrir o rosto com um sorriso iluminado; aquele sorriso era tão lindo e encantador. Fazia me interior se derreter por inteiro.

- Estou esperando um bebê, Ryudoshel-sama!

Continua...