Capitulo 14
A cólera dos Deuses
O Rei Roger mandou que os guardas amarrassem Jared numa fonte que havia um tanto afastada do palácio. Era uma fonte farta de água gelada da cachoeira. A coluna de onde jorrava água tinha uns três metros de altura, era branca e rodeada por um lago igualmente gelado de três metros de comprimento da fonte até as bordas. A profundidade media um metro, o que fazia com que Jared ficasse até a cintura com o corpo submerso naquela água gélida. A água caía constantemente em sua cabeça num tormento que não teria fim.
- Podem deixa-lo aí! Sem comida até que meu filho esteja curado! – Esbravejou o Rei.
Jared já começava a tremer com a água gelada incessante escorrendo do alto de sua cabeça por todo o seu corpo. Não produzia palavra, apenas olhava o Rei com intenso ódio. Dizer o que? Não havia nada que ser dito. Prometer mata-lo? Quem realmente o faz, não promete, pensava ele. E ademais como poderia matar o pai do alvo do seu desejo? Desejo...Pois ainda era o que Jared compreendia sentir por Jensen.
Ao ficar sozinho, deixou escorrer algumas lágrimas que ninguém notaria pois se misturavam a água gelada que escorria pelo seu belo rosto. Forçou as correntes. Nada. Olhou o céu, o amanhecer estava lindo no céu.
Triglav? Eu não peço nada para mim... Apenas cure o Principe..., pensou ele
Dentro do Templo, Jensen ainda febril abriu os olhos. As sacerdotisas sorriram olhando para ele.
- Principe? Está se sentindo melhor?
Ele olhou em volta procurando não sua mãe, não seu pai, mas o General Jared.
- Eu... – Ele tentava falar
- Sim, Alteza,- Todos sorriam de felicidade e sua mãe se aproximou
- Meu filho?! Você está bem? – Ela chorava.
- Eu... tenho um recado...
- Um recado, meu amor? O que é? De quem? – Perguntou Donna
Ele balbuciou coisas, murmurou e enfim alguma coisa saiu.
- Ziva mandou soltar... seu protegido...ou – Ele pausou e todos já se entreolharam – O Rei irá morrer... – Ele foi bem claro e em seguida desmaiou.
A Rainha o olhava apavorada. Não sabia mais o que pensar.
- Todos que estão aqui ouviram o que ele disse? Vá chamar o Rei! – Ela gritou com as sacerdotisas.
Em alguns minutos Roger estava no Templo e esbravejava, furioso.
- Ele ouviu em seu estado moribundo o que houve aqui e está falando asneiras! Eu não vou dar ouvidos a isso! E se alguém tentar soltar aquele rapaz, eu corto a garganta, ouviram bem? Vocês, sacerdotisas não prestam para nada! A Rainha de vocês só chora, não faz nada! Eu quero meu filho vivo!
Donna o olhou com raiva. Há muito tempo não o desafiava. Achou que já era hora.
- Escute aqui, Roger- Ela se levantou – Eu faço o que for preciso para salvar a vida do meu filho e não me importo com você!
Ele a pegou pelo pescoço e a atirou longe.
- Eu já disse que ninguém fará nada sem minhas ordens! Aquele rapaz fica lá!
Todos os torneios e treinos estavam suspensos. Os guardas reais faziam farras no alojamento da guarda e pouco se importavam se o seu príncipe iria viver ou morrer. Não se importavam com a realeza. Exceto Jason. Este estava a um canto, sofrendo. Amava muito Jensen desde que fora seu amante. Mal conseguia comer desde que o príncipe fora esfaqueado e planejava sua vingança.
O palácio estava imerso em uma penumbra mesmo ao meio dia. Todos estavam com medo. O caos parecia que se instalaria a qualquer momento.
Misha foi ver Jared com Matt e Scott.
Misha se ajoelhou em frente a fonte e tentava falar com o amigo, que tremia por inteiro. O queixo de Jared batia, rangia os dentes com a água gelada em seu corpo, não sabia quanto tempo aguentaria. Ele olhou Misha.
- Me mate... – pediu Jared
Misha começou a chorar, baixou a cabeça colocando-a entre as mãos. Matt e Scott se olharam com profundo pesar pelo General. Nada podiam fazer ou seriam mortos pela guarda real.
- Me mate, Misha!! – Gritou ele e a sua voz retumbante e desesperada os fez estremecer.
- Meu General... Eu posso lhe trazer comida a noite...- falou baixinho.
Assim que terminou de falar um guarda real apareceu desembainhando sua espada.
- Eu ouvi o que disse! Podem sair daqui os três ou serão acusados de traição! E sabem o que o Rei faz com traidores!
Jared estava sozinho novamente.
Pendeu a cabeça vendo as gotas de água gelada rolarem abundante de sua cabeça. Não sabia se estava já alucinando com a hipotermia mas via um rosto feminino na água do lago da fonte. E cada vez o rosto se fazia mais cristalino e límpido.
Não tema... Se é preciso levar o Principe para que o Rei aprenda... nós o faremos..., a voz que pertencia aquela visão era feminina e suave.
- Não, por favor não! – Gritou ele em desespero – Tudo menos isso!
Se queres que levemos o Rei... Assim o faremos... Serás vitorioso pois é filho dos magnânimos...O Rei saberá disso antes de partir...
- E o Príncipe? Ele não tem nada com isso, é um homem bom, não merece morrer!
O rosto foi se desvanecendo na água do lago e a voz desapareceu. Jared fechou os olhos com raiva, apertando-os.
Era um sonho, pensou ele, estou dormindo... Sou filho da minha mãe de carne e osso
Nada do que dizia para si mesmo parecia fazer sentido diante do que acabara de ver. A água voltou a parecer pequenas facas espetando seu corpo, seu estômago doía de fome, somente conseguia beber aquela água gelada que parecia congelá-lo por dentro. Voltou a tremer de frio.
O Templo estava na penumbra. As horas passavam enquanto as sacerdotisas cuidavam do ferimento de Jensen para que não infeccionasse e parecia dar resultado. A cada hora ele parecia menos febril. Ofertavam-lhe água fresca e sopa e ele parecia melhorar a olhos vistos. Os lábios do príncipe não mais estavam pálidos como antes e ele parecia se mover mais, os braços e pernas pareciam ter vida novamente.
Scott foi ter com Jason no alojamento da guarda.
- Soube que o príncipe esta melhorando... Parece que vai viver. – disse Scott.
Jason abriu um sorriso de contentamento como há muito tempo não o fazia. Desde que Jensen parou de procura-lo, parou de sorrir.
- Verdade?
- Sim, pode ir procurar saber com seus ouvidos se não me acredita...
- Acredito em você, Scott. – Pôs a mão no ombro do guarda e levantou-se para ir tomar um ar e tentar saber de Jensen.
Donna no Templo rezava junto a seu filho ajoelhada no chão.
- Ele está com menos febre, Alteza...- Disse uma das sacerdotisas.
- Eu estou notando. Afinal parece que torturar o semi-Deus deu certo não é?
- Senhora, não diga isso... Pode ser castigada...
- Sim, sim, peço perdão, poderoso Triglav! – Respondeu ela
Misha soube da melhora de Jensen enquanto estava próximo ao rio, rezando por Jared.
Ora, ora , pensou ele, Parece que tirar a vida de Jared, devolve a vida de Jensen? Deuses de uma figa...
Matt o observava.
- Em que pensa, soldado? – Perguntou a Matt
- Em como você ficou transtornado ao saber que o semi Deus pode morrer para salvar o príncipe.
Misha sorriu.
- Eu nunca escondi meus sentimentos...
- Sim, talvez eu deva desistir então...
Misha refletiu sobre aquelas palavras e não gostou delas. Achou que devia realmente dar uma chance a Matt. Aproximou-se dele e o beijou, vendo de relance por entre as árvores uma figura soturna feminina com um vestido branco e capuz.
- O que? – Ele se afastou de Matt assustado enquanto via a figura feminina sumir diante de seus olhos. – Um fantasma! Eu vi um fantasma! – Misha assustado começou a correr e Matt foi atrás dele
- O quê? Como assim?!
- Eu sei o que vai acontecer! – Gritava Misha correndo.
A noite, Jared já se encontrava inconsciente, seu corpo parecia sem vida. O Rei foi vê-lo. Sentia-se cansado. Estava tossindo sem parar. Arrastava-se e os guardas estavam preocupados. A Duquesa Lauren estava por lá, sentada na fonte, observando-o.
- O que acontece com ele que não se mexe? – Perguntou o Rei a ela.
- Pergunte a sua consciência. – Respondeu ela e murmurou baixinho- Maldito...
Lauren havia começado a sentir algo que não conseguia descrever para si sobre Jared. Tudo que quisera durante dias, sua vingança por ele tê-la desprezado havia desaparecido. Agora só o que ela queria era vê-lo fora daquela fonte gelada que tirava seu sorriso, sua vida. O Rei a olhava com desprezo, enquanto tossia. Era uma mulher muito bela. Estava trajada com um vestido comprido até os pés, de cor roxa e uma túnica roxa que cobria sua cabeça. O Rei reparou no decote da Duquesa. Os demais nobres não se envolviam ou tomavam partido daquelas disputas internas. Somente ela começava a fazê-lo.
Desde que tudo começou, Joshua desapareceu. Decidiu que iria procura-lo. O Rei percorreu todo o castelo, achando seu filho mais novo seguindo gemidos que vinham do alojamento da guarda. Joshua estava entre dois guardas numa cama, fazendo sexo tranquilamente, sendo penetrado alternadamente por dois guardas reais. Um tinha o membro ereto sendo sugado habilidosamente por Joshua e o outro arremetia-se dentro dele de olhos fechados, adorando aquele corpo. As tochas crepitavam nas paredes dando um tom âmbar ao ambiente. Joshua se encontrava totalmente nú, suas vestes nobres espalhadas pelo chão.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.