(...Harry...)
Água fria. Este é o único modo de me trazer de volta a terra dos vivos. Era assim, que Grindelwald me acordava, todos esses vinte e cinco infernais dias! Cada um deles era pior que o outro. Estou surpreso por ainda estar vivo, minha determinação deve ser maior que eu pensava. Porem mesmo que morresse, minha alma se recusaria a ter paz com um maníaco que consegue bater de frente com Voldemort a solta.
Ele me torturou cada um desses míseros dias. Suas técnicas sempre se inovavam, mas seu sorriso psicótico era sempre o mesmo.
Não importava o método que ele usa-se, ou quão grotesco ele poderia ser, não importava se eu brevemente poderia sentir como era o inferno, eu nunca deixei de enfrenta-lo. Algo que eu aprendi a fazer tem algum tempo.
Suas torturas eram desde Cruciatus intermináveis a abusos físicos e psicológicos. Tive que aguentar cada um deles, e se possível, xingar o filha da puta o quando podia. Lembro-me de cada um desses dias e o que ele usou para me torturar. O chicote com espinhos nas pontas. Multinação. E as velhas correntes pegando fogo... Mas os físicos não doíam tanto como os psicológicos.
Quando era a hora da verdadeira tortura, Grindelwald nem piscava, apenas para me ver contorcer de dor, gritar por ajuda, implorar que pare. Porem, quanto mais eu fazia isso, pior ficava. Então finalmente entendi o que o desgraçado queria... Eu parei de demonstrar o que sentia. Apenas ficava com um olhar de desgosto, ou, com um sorriso que aprendi a amar... Um sorriso inocente.
Os métodos dele ficaram cada vez piores, mas isso não importava. Eu conseguia não demonstrar o que sentia... Teve uma vez... Me lembro como se fosse ontem...
Eu estava amarrado de ponta cabeça há três horas. Grindelwald assistia sentado em sua poltrona favorita de couro preto. Não comia a um dia... Em resposta eu o encarava. Esperando que meu olhar explodisse a sua cabeça. E ele continuava lá, me olhando de volta com um sorri orgulhoso... Foi quando ele apelou para tortura psicológica... Disse que meus pais me condenaram me deixando vivo, para assim salvar o mundo deles, apenas para serem conhecidos como pais do herói. E que o plano deles era continuarem vivos para desfrutar da popularidade, mas acabaram morrendo... Disse que ninguém se aproximou de mim porque queria, todos tinham um porque de fazer o que fizeram, desde Hermione e Ron, a Dumbledore e Sirius... Apesar de tudo, eu sabia das duas últimas coisas... Mas falar dos meus pais e do meu padrinho daquele modo...
O interessante era que toda a vez que ele terminava com a sua brincadeirinha... Conversávamos como se nada tivesse acontecido... Tenho que confessar, sou muito grato e esse cara. Ele me tornou mais forte. Me ensinou a controlar minha força, sem precisar de ninguém para me apoiar. Tudo que ele fez foi me preparar para enfrentar o futuro Voldemort... Mas a vontade de mata-lo aumentou muito! Ah, e ele também me obrigou a chama-lo de pai.
Hoje, eu e Grindelwald iremos batalhar mais uma vez. Ele quer ver o quanto cresci.
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- Vamos filhão, quero ver se já saiu das fraudas. – Disse ele com uma risada neutra, que ecoou por todo o salão desgastado por nossas inúmeras batalhas.
- E eu quero ver se já comprou as suas velhote! – Começo atacando. Desta vez ele quem vai ter que se preocupar em defender.
Fiamos assim por algum tempo, os dois atacando e defendendo. Pelo menos agora consigo lançar feitiços. Eu realmente melhorei muito.
Nesses tempos percebi que ele vive completamente sozinho. Do modo que ele me trata não é difícil saber o porque. – Você não vai me pegar, sei todas as suas manhas pai. – Digo correndo de um ataque dele.
- Então que bom que tenho castas nas minhas mangas. – Grindelwald diz sorrindo perverso. Sinto algo se enrolando em meu tornozelo.
- Isso é golpe baixo! – Grito enquanto sou puxado do chão por uma corda da cortina.
- Não, é algo que vai garantir minha vitória. – Ele disse me atacando. Consigo bloquear. – Algo que você nunca entendeu. Guerras não são justas! – Consigo fazer com que a corda me solte e amenizar minha queda, apenas caindo devagar no chão, mas acabo perdendo minha varinha que cai a poucos centímetros daqui. Grindelwald aponta a sua em minha direção. Dela saiam as típicas faíscas vermelhas. – As guerras apenas são justas se as pessoas tem alma. E pelo que sei Voldemort não tem alma.
- Não, não tem... Mas eu tenho. - Rolo para o lado pegando minha varinha e me levantando as presas. – Acabemos logo com isso! – Começo a usar feitiços mais fortes que antes. Os mesmo feitiços que Grindelwald me ensinou. Ele começou a recuar e apenas se defender. – Não vai durar muito tempo apenas se defendendo meu velho. Expeliarmos! – Consigo desarma-lo fazendo com que sua varinha venha em minha direção. Ele me olha despreocupado e com um sorriso orgulhoso. – Por que está com esse sorriso, sabe que posso mata-lo agora!
- Então mate meu filho! Por tudo o que fiz a você. ME MATE! – Seu grito me arrepiou por inteiro. – Vamos, não seja mole! Eu sou igual a seus amigos, igual ao seu amado diretor! Sou aquele que te torturou todo esse tempo! Te mantendo preso aqui e lhe ofendendo desde o primeiro dia. – Ele dizia verdadeiro... – Me mate!
- Me desculpe. – Jogo sua varinha de volta a ele. – Mas não sou como o senhor. – Me viro para a saída.
- Não devia ter feito isso!
Ele tenta me atacar pelas costas, mas consigo me defender. – Crucio! – Acabo dizendo sem pensar. O vejo caindo no chão e gritando pela dor da maldição, ele estava derrotado... Era para eu me sentir feliz, finalmente havia derrotado o maldito, feito ele sofrer como queria... Mas... Não me orgulhei nadinha. Corri até ele e tirei a maldição. – Me desculpe por isso. Não fiz por querer. – Sento ao seu lado no chão.
- Eu infernizei a sua vida até agora. E quando você tem a chance de se vingar... Pede desculpas? – Grindelwald fitava o teto como se fosse a coisa mais interessante que já tivesse visto. – Como pode fazer isso, mesmo eu não sendo nada para você?
- Apesar de tudo que fez... Você cuidou de mim. – Falou olhando fixamente uma parede. – Você me fez mais forte, sou muito grato por isso. – O olho com um sorriso. – E além do mais velho, você é meu pai.
- Se passou quase um mês, e não consegui lhe ensinar boas maneiras. – Ele sorriu paterno para mim. – Talvez nem tudo possa ser ensinado.
- É talvez. – Me deito ao seu lado, e começo a encarar o teto.
Deixo um suspiro preocupado escapar. Minha insegurança era claramente percebida, mas mesmo assim não quero pensar sobre isso agora...
O ano letivo logo ira começar. A desgraça no mundo bruxo começará... E as minhas escolhas serão o único modo de salvar aqueles que merecem serem salvos... Vários caminhos e inúmeras decisões me levam a mesma pessoa... Lord Voldemort... Ou Tom Riddle... Meu objetivo... Meu futuro... Minha decadência...
- É talvez... Espera... QUASE UM MÊS? Eu estou, tão, ferrado! Tenho que ir para Hogwarts! Mas como se nem recebi minha carta? – Me levanto e começo a andar de um lado para o outro em pânico. Estava tão entretido me derrotar o velho que esqueci o que realmente estou fazendo aqui.
- Calma, agora temos tempo para pensar nesta parte. – Ele se levanta. – Mas agora vai tomar um banho, você está acabado. – Ele diz me olhando dos pés a cabeça.
- Já se olhou no espelho hoje? Você não está diferente de mim. – Falo empinando o nariz.
- Então é melhor andarmos rápido com isso. – Grindelwald me puxa para fora do salão.
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Após um banho demorado e uma poção de cura, estávamos no escritório de “papai”. Ele estava escrevendo uma carta algum tempo sem dirigir uma palavra a minha pessoa. Até que uma coruja veio e Grindelwald entregou a carta a ela que logo voltou a voar.
- Esta carta irá para Armando Dippet, o diretor de Hogwarts desta época. Disse que eu queria falar com ele pessoalmente, pois era um assunto muito importante. – Ele disse sentado em sua cadeira atrás da escrivaninha.
- E esse assunto importante seria? – Pergunto olhando a coruja desaparecer no horizonte pela janela.
- Você é bem forte, mas é também bem lerdinho para entender as coisas. – “Papai” falou com um sorriso debochado. Apenas bufei em resposta. – Esse assunto seria você. Não te contei antes, mas não estamos em terras Britânicas. Estamos nos Estados Unidos.
- E estamos aqui por quê? – Pergunto saindo da janela e indo para uma das estantes de livros na parede.
- Antes de você aparecer, eu estava resolvendo negócios pendentes. Mas isso não importa agora. – Grindelwald se levantou para se encostar na parte da frente da escrivaninha. – Vai ser mais fácil garantir sua vaga pedindo pessoalmente.
Me viro com um livro na mão para encara-lo. Ele não pode estar dizendo a verdade. – Então, você, o todo poderoso Senhor das Trevas, vai para Hogwarts, numa boa, como se nada que fez até hoje fosse relevante a eles. E ainda por cima vai falar que quer que eu estude lá? É esse seu plano?
- Alguma objeção? – “Papai” me pergunta preocupado.
- É sério isso? Acha mesmo que vão aceitar? Tipo, vamos chegar, lá e falar. “ Olha este é Harry James Potter, ele é do futuro. Eu, o senhor das trevas e da mandinga toda, não tenho nada a ver com isso, foi ele quem espaunou na minha casa. Mas quero que ele estude aqui para derrotar uma tal de Voldemort que vocês conhecem por Tom Riddle.” – Tento parecer o mais convincente possível. Ele apenas me encarou com a sobrancelha levantada.
- Primeiro, o seu vocabulário é péssimo. Segundo, Vamos ter que inventar uma mentirinha branca. – Grindelwald se aproxima de mim e pega o livro de minhas mãos. – Você não é mais Harry James Potter. Você o filho do mais poderoso Senhor das trevas. Antes estudava em Ilvermorny. É aluno excepcionalmente inteligente, poderoso e impiedoso, capaz de enfrentar qualquer um que entrar em seu caminho. Irá estudar em Hogwarts para manter o contrato de paz entre a escola e seu pai. – Ele bate de leve o livro em minha cabeça. - Harry Gellert Grindelwald o menino das trevas.
- Olhando para o lado bom da coisa, posso afastar as pessoas falando que sou seu filho... – Acho que isso não é nada bom. – Será que Voldemort tem medo de você? – Pergunto esperançoso.
- Ele se inspirou em mim para criar seu exercito... Talvez admiração seja a melhor palavra. – Ele volta para se encostar na escrivaninha com o livro em suas mãos. – Mas acho que por ser meu filho, ele terá um interesse em você.
- Por sorte sei o que a debaixo daquela cara de anjo. – Digo incomodado. Ele enganou todas as pessoas daquele lugar, as manipulando sempre que quis. Porem tudo foi culpa de Dumbledore desde o começo. – Interesse... Certo, vai tentar me usar para chegar a você.
- É o que eu faria no lugar dele. Conseguir a confiança de alguém que para você é considerado um obstáculo. No final o apunhalando pelas costas e ficando com tudo o que é dele. – Grindelwald disse com um sorriso maldoso no rosto. – O garoto é esperto.
- Sim ele é... Se eu não tiver um plano... Vou acabar ferrado por tudo o que tem direito. Sabe o numero de comensais que queriam meu brioco numa bandeja não tá no papel! – Começo a ficar nervoso antes mesmo de saber se vão me aceitar lá. – Eu poderia mata-lo, seria mais fácil deter o mal antes dele começar suas maldades.
- Isso apenas faria sentido se você o matasse quando bebê, e se você não conseguiu me matar, como vai matar ele? – “Papai” me pergunta covencido. – Sem falar que o problema não é especialmente ele. Você apenas quer respostas. Então a pergunta certa seria, como vai conseguir a lealdade dele?
- Dou os meus pulos. Ele é um psicopata que matou os meus pais e quer me matar. Não sei como interagir normalmente com alguém que QUER ME MATAR. As vezes ele consegue ser pior que você. – Falo revirando os olhos.
- Vou tomar isso como um elogio. Mas ele não matou seus pais e nem quer te matar. – O olho espantado. Será que ele não viu a parte de minhas memórias que sou quase morto por aquele desgraçado?! – Ele nem ao menos te conhece, nesta época, ele é apenas Tom Riddle, não Voldemort.
Me aproximo de Grindelwald e o olho nos fundo daqueles olhos azuis claros, para ver se acho algum sentido. – Está defendendo-o sem conhecer o demônio? – Eu ia continuar a mostrar minha indignação, mas a coruja de apouco entrou pala janela e pousou na escrivaninha.
“Papai” pegou a carta do bico dela e começou a lê-la. Consegui fazer carinho na coruja antes que saísse voando. Ela parecia tão livre no horizonte... As vezes desejava ser uma coruja, para simplesmente voar e fugir desta vida... Mas o karma é ferro quando quer fazer alguém sofrer... Olhei para Gellert que estava com um sorriso vitorioso lendo a carta.
- Eu sou um gênio! – Modéstia a parte. – Iremos ter uma reunião com o diretor no primeiro dia de aula. Ele quer te conhecer pessoalmente filho.
O olho dos pés a cabeça. - Temos um pequeno problema. Não sou nada parecido com você. Tanto em personalidade, quanto de aparência.
- Essa parte é fácil. Você puxou mais o lado de sua mãe. – Ele pegou sua varinha.
- Sou a cara a tapa dela né? Somos completamente diferentes. – Cruzo os braços revirando os olhos impaciente. Isso tem varias maneiras de dar errado.
- Acho que não. – Ele acena sua varinha conjurando um espelho grande. Grindelwald me puxa para frente dele ficando atrás de mim. – Até que o formato do seu corpo é parecido com o meu.
- Você é sarado, eu... – Me olho por completo no espelho e acabo me decepcionando. Minha expressão demonstrava o quão incomodado estava.
- Você é sexy. – O olho tentando entender o que disse. – Tem uma carinha muito inocente, que esconde sua real intenção. Lindos olhos verdes, muito manipuladores quando quer. – Não estou entendendo a onde ele quer chegar com isso. - Suas cochas são bem delineadas como de uma garota jovem. Sem falar na sua bunda empinada. – Ele me deu um tapa no local.
- Ou, ou, ou olha essa mão boba ai. – Coloco minha mão no local. O tapa não foi forte, mas queria prevenir que ele não batesse de novo. – O que quis dizer com tudo isso?
Grindelwald suspirou descrente. – Que é quase impossível não se excitar com você. – Me viro para encara-lo. Ele só deve estar ficando louco! – Ou seja, conseguirá enganar a todos os seduzindo... Exatamente como fiz com Dumbledore... Quem sabe você não desencalha? É mas isso vai pegar mal com o seu companheiro...
- Quem disse que sou encalhado? Na minha antiga realidade eu pegava todo mundo. – Empino o nariz e volto a me olhar no espelho... Talvez, só talvez, ele tenha razão. Cruzo os braços com sorriso de canto.
- Está falando de Gina? Aquilo era mais um modo de se aliviar. E com certeza ela ganhava no final. Pensa na fama que seria espalhar para todos que você tirou a virgindade do garoto de ouro! – Ele disse com um sorriso sonhador. – Sem mencionar que ela também estava te usando. E ela não fazia nenhum pouco seu tipo.
- Meu tipo? – Pergunto cruzando os braços.
- Não era um homem. – O olho indignado. – Eu vi nas suas memórias como você olhava para aquele tal de Cedrico...
- Não começa! Aquilo foi só uma vez! – Digo tentando manter meu orgulho. – Eu nunca senti nada por ele!
- Sei, continua dizendo até acreditar. – Ganho um outro tapa na bunda, mas este foi forte.
Suspiro preocupado enquanto massageio minha poupa... Pode até ser um bom plano... Mas o que irá acontecer com meu psicológico? Ficar com alguém que no futuro se tornará Voldemort... Parece um pesadelo!
E a única coisa que eu quero é respostas, apenas isso...
- Você já considerou a possibilidade de Riddle ser o seu companheiro? – Engasgo com o que ele disse.
- Você não disse isso. – Escondo meu rosto com minhas mãos, é impossível ele ser meu companheiro!
- Apenas mencionei a possibilidade...
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