~Pov Ioan~
Gabriel e Lucio trocam alguns golpes. O templário está levando a melhor, conseguindo empurrar seu adversário para trás, mesmo que Lucio pudesse desviar de seus ataques contra-atacar não era possível.
Me escondo atrás de alguns destroços, assim como havíamos combinado antes, preciso apenas de uma abertura para atacar.
Não sei ao certo qual o regime de treinamento desses soldados, mas seu estilo de combate é um tanto quanto interessante. Mesmo lutando de forma comum, usando principalmente golpes horizontais, Gabriel ainda tenta alguns golpes parecidos com de esgrimas, com estocadas visando pontos vitais. Me lembra um pouco de Chloe e seu estilo de luta, embora ela fosse muito melhor quando comparada a ele.
Lucio desvia de três golpes consecutivos, andando sempre para trás, sem conseguir avançar sequer um único passo. Por um pequeno instante nossos olhares se cruzam, parece que essa era a abertura.
O templário tenta mais uma vez usar uma estocada, mirando o peito do vampiro. Um golpe que Lucio poderia desviar facilmente, mas deixa ser atingido. A espada atravessa seu peito, logo em seguida ele segura a lâmina. Não tinha uma forma melhor de criar uma abertura?
— |Lança de pedra|.
A magia o pega desprevenido. A terra se move rapidamente, subindo como estaca e acertando a barriga do soldado.
— |Lâminas de ventos|. — Utilizo a magia e corro em sua direção.
Uma das lâminas vai em direção a sua cabeça, enquanto a outra de seu peito. Lucio anda para frente, fazendo com que a espada ficasse ainda mais presa e ataca com sua adaga.
Tudo ocorre em uma fração de tempo. Uma fraca luz dourada parece envolver o corpo de Gabriel, protegendo-o do ataque que foi em direção a sua cabeça, mas não teve chance de desviar dos outros dois ataques. A lâmina de Lucio corta seu peito, posso ver por um instante algo negro surgindo em sua lâmina que despedaça a barreira dourada, em seguida a magia atinge no mesmo local.
Essa é minha vez de atacar com a adaga. Passo correndo por Lucio, meu ataque vai em direção ao peito, já machucado. Porém, quando estou passando, sinto um puxão me fazendo perder a oportunidade e dando a oportunidade do templário pular para trás.
— O que está fazendo? — Olho para Lucio.
— Você não iria conseguir passar por sua habi... — Colocando a mão no peito ele caiu, colocando um de seus joelhos no chão.
Ajudo-o a retirar a espada de seu peito. Pode parecer uma ferida mortal, mas nós vampiros temos uma resistência maior que a dos humanos, além de conseguimos nos curar de feridas absurdas. Pelo menos era o que esperava, olhando para seu peito fica claro.
— Porque você não está se curando?
Ouvindo minha pergunta ele faz uma expressão amarga.
— Não temos tempo para isso — diz fazendo um sinal para frente.
Parece que Gabriel conseguiu se recuperar do ataque anterior. Sangue escorria por seu peito, manchando sua roupa branca por completo.
Alguns soldados também estavam começando a se aproximar, mas são impedidos por um sinal de seu comandante, pedindo para que esperassem.
— Ele está dizendo que pode ganhar de nós dois — sorrio.
Na verdade acredito que esse seja o caminho mais provável.
— Então teremos que mostrar o contrário... — Lucio se levanta com um pouco de dificuldade. — Tudo que preciso é que tire ele do chão mais uma vez.
Gabriel começa a caminhar em nossa direção.
— Apenas isso? — pergunto.
Não posso negar que sou um pouco cético.
— Esse é meu às — responde colocando a mão sobre seu machucado no peito. — Apenas o levante, caso a use muito baixo o número de mortes pode ser alto.
Parece arriscado, mas provavelmente seja nossa última chance.
— Se acabar morrendo irei voltar para te assombrar. — Giro minha adaga em minha mão.
Ele fica ao meu lado tomando uma pose de combate com suas duas adagas.
— Será um pouco difícil — sorri. — Pois se você morrer também acabarei morrendo.
Começo a correr em direção ao inimigo.
— Você não está nem próximo do nível do anterior. — Gabriel toma uma pose de combate desarmado.
— Concordo completamente. — Pulo para frente. — Por isso preciso usar alguns truques, |Vendaval|.
Jogo a magia de vento em meus pés, arremessando meu corpo para frente com uma velocidade absurda. Não posso me equiparar em status, isso é algo que simplesmente não pode ser superado facilmente, velocidade, força, provavelmente é melhor em todos esses aspectos. Em um combate um contra um minha derrota seria algo óbvio.
Meu golpe o pega desprevenido, mas assim como disse Lucio, não posso cortar através de sua armadura, a lâmina parece acertá-lo, porém não há dano.
Um soco da esquerda, seguido de uma joelhada pela direita. Apesar de conseguir ver seus golpes não tenho reação o suficiente para me defender, tudo que posso fazer é amenizar o dano. Me movo poucos centímetros à esquerda, tirando força de seu soco ao me atingir, em seguida coloco a mão direita na frente da joelhada, péssima ideia, posso ouvir o som do osso quebrando.
— |Lâmina de vento|.
A magia sai a queima roupa, acertando sua barriga. Assim como antes não há dano, mas percebi algo, o impacto ainda ocorre de qualquer forma. Ele acaba sendo empurrado um pouco para trás. Nesse momento seguro seu braço direito, mas minha mão começa a queimar instantaneamente me fazendo soltar.
— Merda. — Salto para trás.
— Infelizmente parece que não pode me tocar, certo? — Por um instante a armadura dourada pisca novamente.
— Magia de luz? — Embora o dano seja maior. — Na verdade, é magia sagrada, isso vai demorar para curar, sabia?
Em um piscar de olhos ele desaparece, aparecendo logo em seguida em minha frente. Parece que estava se segurando até agora, não há como desviar de seu ataque. Um corte se abre em meu peito, mas não sai sangue. Ele usou sua magia para cobrir as pontas de seus dedos, usando-os como uma espada, ainda havia cauterizar a ferida para que não morresse rapidamente.
— Você ainda não tem poder o suficiente para esta luta... — Gabriel olha para baixo, uma pequena mancha de sangue sai do lugar onde a magia de vento acertou anteriormente. — Embora tenho um grande potencial.
Mais uma vez não consigo ver seus movimentos, mas dessa vez tento desviar andando para trás. Meu instinto estava certo, o golpe era para me finalizar, o golpe acerta apenas o lado direito do meu rosto, destruindo meu olho.
— A derrota de vocês já foi decidida no momento em que sua rainha não conseguiu derrotar nosso herói.
O modo Berserk é a única coisa que me mantém em pé neste momento. Em meu estado normal essas feridas seriam o suficiente para tirar minha vida, no entanto, sou mantido pela cura, que também aumenta com o modo.
Tudo parece perdido, mas parece que nesse momento ele acabou de baixar a guarda, minha única chance. Seguro seu braço direito com as duas mãos. Elas começam a queimar.
— Mais uma vez isso? — Sua expressão não parece a de alguém que está vencendo, ele parece não estar à vontade com este combate. — Você apenas queimará se tocar em mim.
Sorrio. Percebendo minha expressão Gabriel fica confuso.
— Sinto muito. — Giro meu corpo, colocando seu braço por cima do meu ombro enquanto girava. — Você perdeu.
Minhas mãos, meu ombro, todo local que toca nele parece ficar em carne viva, mas ainda tenho força suficiente para jogá-lo para cima. Esse é o fim das minhas forças, o próprio modo berserk está chegando ao seu fim.
— |Chama do demônio|.
Uma grande rajada de fogo negro o engole no ar. O ataque sobe diversos metros no céu, agora entendo o que queria dizer com matar quem estava no chão sem querer. Provavelmente os soldados atrás dele e até mesmo alguns lobisomens por perto poderiam morrer.
Minha visão, pelo menos o olho que me restava, está começando a embaçar, estou próximo de perder minha consciência, mas preciso ver o fim.
Assim que a rajada de fogo se cessa posso ver algo parado no ar, queimando como fogo negro. Isso não é possível...
— Vocês foram muito bem. — Era a voz de Gabriel. — Isso não pode ser negado, mas já chegaram ao seu limite, sou de classe cavaleiro santo, estou acima até mesmo da elite da igreja, os cavaleiros sagrados.
Ele está falando da classe que aparece nos status dos humanos. Cavaleiro sagrado é considerada uma das classes mais altas que a raça pode atingir.
Uma forte luz dourada está o cercando, o fogo se extingue completamente.
— |O poder do arcanjo| — fala baixo.
Aquilo que estava no ar não poderia mais ser chamado de humano. Um grande par de asas surgem de suas costas, assim como uma auréola sobre sua cabeça e seus olhos se tornam um branco puro. Uma aparência celestial, mesmo eu que conheci uma divindade não posso negar a força que estava transmitindo agora.
Gabriel fica em silêncio, nos ignorando ele olha para cima. Algo estava errado, a barreira estava começando a se dissolver, em cima de nós, ainda mais alto que o "anjo", estavam algumas figuras que não posso identificar graças a distância.
— Você tem que sair daqui. — Lucio se aproxima cambaleando.
— Se a luz do sol te atingir irá acabar morrendo. — Tento segurá-lo para que não caia, mas ele me rejeita.
— Não está entendendo. — Tosse. — Já cheguei ao meu limite.
Seus machucados não estavam curando.
— Não posso te deixar aqui. — Tento convencê-lo.
Gabriel parece ter perdido o interesse em nós.
— Por favor, vá. — Ele dá um passo à frente. — Quero ter meus momentos finais lutando pelo que acredito ser certo.
Olhando em seus olhos tenho certeza que está disposto a morrer, não havia medo, ele já estava preparado para isso quando veio até aqui.
— Você não está curando por causa dessa luta ou... — Tenho medo da resposta. — Graças a outra coisa?
Ele parece pensar um pouco, mas decide falar.
— Outra... — Uma simples palavra, mas entendo tudo.
— Entendo... — Dou um passo em direção contrária a sua. — Tentarei trazê-la de volta com todas minhas forças.
Não há resposta.
~Pov Bianca~
— anca... — Uma voz baixa, parecia estar muito distante de mim, mas ao mesmo tempo parecia estar gritando para que chegasse próximo.
Uma voz que já ouvi antes.
— ianca...
Masculina.
— Bianca. — A voz fica muito mais alta, abro os olhos.
Estou caída no chão, Ioan está em minha frente, olhando para mim. Não sinto dor alguma, mas sinto meu corpo um pouco adormecido. Ele me ajuda a levantar.
— Vamos começar a recuar! — Ele grita. — Quero que você corra, irei te dar cobertura.
Fico perdida por algum tempo, não consigo reconhecer o lugar em que estávamos, uma grande destruição havia ocorrido. Após algum tempo lembro, estávamos no lugar onde estávamos observando antes, volto minha atenção para Ioan, em minha frente. Espera, já vi isso antes.
Acabo soltando um grito quando olho para ele.
Foi um grito de surpresa, mais do que qualquer outra coisa. Ioan estava muito machucado, mais do que ficou no fim da luta contra os homens-bestas, feridas por todo seu corpo, mas o que mais chamou atenção foi seu olho direito, que estava coberto por seu cabelo, porém podia ser visto que muito sangue escorria por baixo. Foi isso que apareceu na visão, algo ruim acontecerá agora.
— Co... — Tento falar, mas minha voz parece não sair.
Porque não consigo falar? É a primeira vez que posso tentar mudar algo antes que aconteça, por favor, por favor...
— Saia... — Ele me corta.
— Tenho que... — Ioan tenta falar algo, mas um som muito algo a sobrepôs sua voz.
Era um som parecido com que já tinha ouvido antes, na floresta, enquanto lutava contra os homens-bestas, o som do vento sendo cortado, porém desta vez era muito mais alto que antes. Depois deste som uma grande explosão se segue, tento olhar direção ao local... Talvez possa mudar...
Um garoto estava para à poucos metros de onde estávamos, o grande impacto que causou quando apareceu destruiu o terreno ao seu redor. Ioan se vira, me deixando atrás de suas costas. O puxo para trás.
— Isso estava na minha lembrança, por favor não tente lutar com ele — peço enquanto o puxo com todas minhas forças.
— |Bola de fogo|.
Uma grande bola de fogo acerta o local onde estava cobrindo-o completamente.
Era Alícia, finalmente havia acordado.
Sinto minha mão direita, a que segurava Ioan, tremer um pouco. Olhando para ele posso ver que é a causa, muito suor escorria de seu rosto, parecia estar próximo de desmaiar, a batalha anterior o consumiu completamente.
A magia de fogo parece ser absorvida pelo garoto, não havia causado dano algum. Ele levanta sua mão, mirando em Alíca. Sinto um empurrão, caio para trás e acabo soltando-o.
Ioan corre na direção do novo inimigo, ficando entre ele e Alícia.
— Não se preocupe. — O garoto suspirou. — Essa garota não me interessa muito, apenas me chamou um pouco atenção seu poder.
— O que deseja? — Ioan pega sua adaga.
— Sua amiga Chloe tomou uma decisão. — Com essas palavras ele desaparece, surgindo na frente de Ioan. — Por causa disso sua vida chega ao fim neste momento.
— Co...
Não há tempo de reação. Espadas negras surgem ao redor de ambos, a primeira dispara rapidamente, acertando a barriga de Ioan, o atravessando e fazendo-o com que caísse de joelhos no chão.
— Não! — Ouço o grito de Alícia.
Porém nada podíamos fazer nesse momento. Uma por uma as espadas desceram, perfuraram suas costas, peito, braços, pernas, uma atrás da outra, em um piscar de olhos. Nem ao menos conseguir mover um milímetro.
— Isso não pode ser...
O jovem parece controlar a última com sua mão.
— Acabou.
A espada perfurou sua cabeça, derrubando seu corpo no chão.
A luta contra o futuro parece ser algo impossível de ser vencido.
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