O único som provindo em meio aquela floresta era o farfalhar das folhas sendo levemente pisoteadas, enquanto as árvores eram acalentadas pela brisa fria do fim da estação. Sesshoumaru caminhava calmamente, entregue aos seus próprios pensamentos, de maneira tal que, a cada passo em direção ao seu castelo, a sua escolha se solidificava em seu interior junto às suas dúvidas, perdido num misto de arrependimento, incertezas e desgosto.
Aquela saída solitária de sua fortaleza veio para comprovar a armadilha ardilosa em que pusera a si mesmo nesses últimos dias. Culpava-se pelo que acontecera à Rin, pelo que haviam compartilhado na floresta no momento em que se uniu a ela. Culpava-se por... Por ter de negar-lhe o que era inegável. Em meio a todos esses sentimentos conflitantes, a única coisa que se sobressaía era o desejo de manter a jovem em segurança até a destruição de Seishirou. Após aquela batalha interrompida, sabia que a intenção maior daquele youkai era aumentar a extensão de seu poder e domínio. Talvez, a próxima batalha fosse decisiva, e teria de matá-lo, por sua audácia por levantar suas mãos imundas à sua protegida e por buscar trazer destruição a si, o Senhor do Oeste. Ia mostrar que sua reputação não é mera falácia, de maneira a demonstrar o quão cruel Sesshoumaru pode ser, em principal quando o inimigo se acha no direito de surrupiar e ameaçar aquilo que lhe é precioso.
Alias, como esse seu lado poderia ser questionado? Quando se mostrou tão afetado, para que todos acreditassem que Rin era seu ponto fraco? Essas eram circunstâncias que ocorreram nesse ínterim e que o faziam refletir, perguntas que, teimosas, permaneciam em sua mente, perturbando-o de tal maneira que seu orgulho Youkai estava, aos poucos, ruindo-se. E a ruína do orgulho denotava a ruína de suas muralhas internas, expondo ao mundo aquilo que sempre buscou suprimir: os seus verdadeiros sentimentos e vulnerabilidade.
Talvez... No fim de tudo, o correto sempre foi que Rin ficasse longe dele. Talvez... O correto seria que ela seguisse sua vida humana segura e não ficasse ao lado daquele que poderia trazer-lhe a morte. A morte eterna... Seus sentimentos por ela eram incontestáveis. Sempre a protegeria e nunca a abandonaria. Mas, não podia permitir que seu protecionismo viesse alimentar sentimentos avassaladores que beiravam em um amor transcendental e uma paixão carnal que abrasava seu corpo, alma e coração. Tinha suas obrigações e o erro que seu pai cometera não podia se repetir. Não com ele...!
Decidido, por fim, teria que enfrentar Rin e expor a ela as rédeas que o mesmo escolheu para ter o controle de sua própria vida. Uma vida que seria marcada pela ausência dela em definitivo. Pela ausência desses sentimentos que o levariam à ruína. E o pior: sentimentos esses que a colocaram em perigo de morte. Ela teria que entender e aceitar! Eles sabiam que um envolvimento entre um humano e youkai nunca teria um bom final. Já tomara sua decisão e essa era irrefutável. Restava-lhe agora saber a escolha que Rin tomaria para sua breve vida humana. Poderia morar no castelo, com todo o luxo e segurança que ele lhe proporcionaria. Ou, simplesmente, tornar a viver com aqueles que a protegeram quando ele não fora capaz, que a acolheram. Aqueles que a ensinaram o que ela havia aprendido.
Aceitaria a sua escolha, mesmo que interiormente preferisse que ela nunca saísse de perto de si. Mesmo que isso significasse apenas vê-la de longe e nunca mais tocá-la. A escolha agora era dela, e apenas ela poderia decidir.
Sesshoumaru continuou a caminhar, deixando então seus pensamentos voarem assim como as folhas secas seguiam o fluxo suave do vento, enquanto seu grandioso império, que reinava adiante a colina, se mostrava, agora, visível ao horizonte, no momento em que o Sol, estrela da manhã, estava saudando o Lord Youkai em mais um dia que renascia...
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