Hermione e eu fomos ao dormitório separadamente na noite anterior, e eu tinha uma raiva tremenda só de lembrar das cenas de ontem. Ela presa por aquelas correntes no chão frio, e nada mais e nada menos do que a completa sem noção da Lilá tentando nos ameaçar de alguma forma.
Como se já não bastasse aquele livro misterioso do Príncipe mestiço e a possível ameaça de Voldemort de volta ao poder, ainda tínhamos que aturar Lilá e seus acessos de ciúmes por algo que nem mesmo dizia a seu respeito.
Quando olhei pela janela de madeira gasta do dormitório pensei que ainda era de madrugada, pois o céu estava tão cinza e chuvoso que não permitia que a luz do sol ultrapassasse as nuvens. Me encolhi ao pensar que talvez aquele clima fosse o representativo do meu dia de hoje, com duas aulas inteiras de defesa contra as artes das trevas.
Desci para o café da manhã junto com Harry, ele falando se sabia algo sobre um feitiço chamado sec-não-sei-oque, mas apenas ignorei essa parte para pensar aonde é que Hermione estaria e se ela havia levado aquilo a sério.
A loira me encarava do outro lado da mesa com aqueles olhos furtivos de dar medo, mas ignorei esse detalhe e continuei a comer o mingau de aveia escutando as outras "novidades" de Harry.
Indo para a aula de transfiguração que de repente fui puxado para um armário de vassouras num corredor muito movimentado, estranhando a ação e já pronto para puxar minha varinha, percebi de quem se tratava aquelas mãozinhas delicadas que prendiam meu pulso.
- Pensei que iria me ignorar por causa do show de ontem! - Disse com um sorriso de canto.
- Ah Rony, fala sério! Como se eu fosse ter medo de alguma ameaça de Lilá.
Pensei um pouco antes de responder, não que eu tivesse medo da garota em si, mas sabia do que ela seria capaz para conseguir o que almejava.
- Bom, não digo que não fiquei preocupada em relação á ela ter lançado ou não a maldição pela minha varinha, mas ela apareceu hoje de baixo do meu travesseiro sem nada incomum.
- Hermione... e se ela...
- Eu já sei o que fazer, Rony. Ontem a noite mesmo já tinha todo o plano formado! Quero fazer isso direito e o quanto antes para poder me concentrar no que realmente precisamos agora, o enigma do príncipe mestiço. Então preste atenção no que vou dizer.
Hermione me explicou somente algumas partes do plano, mas basicamente se resumia em pegar Lilá no flagra fazendo algo contra nós com algum professor vendo isso. No primeiro momento nós nos comportariamos como se realmente estivessemos levando as suas ameaças à sério, mas depois colocaríamos o plano em prática.
Dei a ideia de conversarmos através da moeda da armada de Dumbledore para levantar ainda menos suspeita, mas ela disse que todos que ainda tivessem acesso ao objeto poderia ler o nosso diálogo. Mas ainda sim prometi que faria algo para não ficar louco por não tê-la por perto durante algum tempo.
- Posso te dar um beijo de despedida? - Perguntei.
- Eu acho que não posso fazer objeções.
E então nos beijamos novamente, e era mágico da mesma forma que fora todas as outras vezes. Apertei com firmeza Hermione nos meus braços torcendo para que o tempo passasse o mais devagar possível naquele momento, por que por mais que ficássemos somente um tempo sem demonstrações de afeto, seria quase uma tortura para mim.
Quando o ar se fez necessário eu colei minha testa sobre a dela, nossos olhos se conectando da mesma forma que sempre tinham. O castanho de seus olhos me faziam ter esperança de acordar todos os dias e poder encarar a obra prima mais perfeita que já vi.
- Parece preocupado. - Ela disse, provavelmente percebendo que estava mais sério que o normal.
- Nunca se esqueça o quanto eu amo você, Hermione.
- Então também nunca se esqueça do quando eu amo você, Ron.
¤
O plano em si já estava feito, faltava somente procurar as pessoas que precisaria de algum tipo de ajuda para que ele fosse perfeitamente executado. Não iria envolver Harry nisso pois, além de tudo ocorrer muito rápido, também achava que esse último já tinha problemas demais.
Na primeira parte do plano eu e Rony iríamos fingir que levamos o assunto a sério, e não nos encontraríamos mais nem pelo castelo e nem mesmo durante as refeições. Isso levaria algumas semanas para ser feito, pois Lilá tinha que perceber e pensar que tinha conseguido sucesso.
A segunda parte, e a parte final, consistia em pegar Lilá no flagra. Falaria com a Professora McGonagoll para que ela ficasse em alerta no corredor em específico que tudo iria ocorrer.
Eu e Rony iríamos nos beijar em um corredor completamente vazio na hora do jantar, fazendo uma espécie de encenação para que Lilá pensasse que estávamos fazendo isso as escondidas durante todo o tempo.
Ela passaria lá nesse horário em questão e, conhecendo-a, ficaria brava ao ponto de fazer algo que a entregasse, e com Minerva no local testemunhando tudo, ela finalmente teria o que merecia.
A primeira coisa que tinha que fazer era avisar Minerva sobre o plano e pedir com todo o coração para que ela não fosse contra.
- Sou a favor sim, senhorita Hermione, pois confio em você e nos seus extintos. Mas fico infeliz em dizer que caso a Brown não faça nada, e assim pareça que ela não tenha culpa, digo que você e o senhor Weasley seriam devidamente advertidos.
Mesmo me mostrando completamente confiante diante da situação não pude deixar de tremer um pouco na base após a afirmação da Professora. Por um lado sabia que estava certa e que meu plano, que havia sido muito bem planejado, iria funcionar.
Mas por outro lado pensava em todos os acasos que poderiam acontecer, e nas possíveis e consequentes advertências que me ocorreriam se algo não saísse do jeito que imaginava.
Depois disso fui andando a passos fortes até a sala comunal para falar com a pessoa que sabia que cabularia a próxima aula, Córcamo Mcllagen.
Córcamo andava muito depressivo e calado nos últimos tempos, cacteristica que não combinava nem um pouco com a sua personalidade, visto que antigamente ele vendia orgulho e felicidade onde passava.
E lá estava ele, sentado em uma mesa olhando vidrado pela janela escura da manhã nublada dos terrenos de Hogwarts. Me apressei em sua direção sabendo no que falaria e sendo cem porcento verdadeira para que não houvesse desconfiança.
- Córcamo? - Chamei.
Ele se virou lentamente com uma expressão vazia e ao mesmo tempo um pouco raivosa.
- O que é que você quer comigo? - Perguntou friamente.
- Conversar.
- Pois eu não tenho nada para conversar com você, Hermione.
Eu sabia que não seria tão fácil assim, visto que a basicamente um dia atrás ele estava me vigiando enquanto estava algemada em um banheiro ouvindo todo o tipo de ameaças que poderia.
- Olhe Córcamo, não vou tentar ser a sua amiga, mas percebi que você anda muito diferente. Antes você era incrivelmente irritante por causa do egocentrismo que emanava, mas mesmo assim era você, mas agora parece outra pessoa.
E eu já suspeito de quem foi que ocasionou essa mudança em você, e posso pensar até mesmo nos motivos para isso.
Ele me encarou por um bom tempo antes de responder, parecendo pensar ou não se me contaria algo.
- Aquela garota é maluca, e parece que só eu percebo isso.
- Eu sei como se sente, Córcamo e queria poder te ajudar pois sei que acima de tudo você percebeu que errou e tem um bom coração. Eu e Rony achamos uma forma de pegar Lilá, e há uma parte em nosso plano que somente você pode fazer.
- Olhe Hermione eu realmente queria poder ajudar vocês, mas não quero mais me envolver nisso. - Ele disse logo se levantando da cadeira.
Rapidamente peguei em seu pulso da forma mais amigável que consegui, não querendo passar em nenhum momento qualquer outra impressão.
- Por favor, Córcamo. Se não quiser ajudar, pelo menos escute.
Ele pareceu averiguar a ideia e se sentou na cadeira novamente, eu já havia tirado minha mão de seu pulso há muito tempo. Então quando ele finalmente pareceu apto a escutar, comecei a dizer.
- Olhe Córcamo eu sei que você mudou muito esses tempos, e também sei o motivo disso. Não te conhecia muito bem antes de tudo isso acontecer mas todos sabiam quem era você, e agora está muito diferente. Percebendo isso, pensei comigo mesma que talvez você possa ter se arrependido ao juntar essa dupla com o Lilá.
- Hermione, isso é literalmente a coisa que mais me arrependi de fazer. No começo me juntei por que estava com raiva de ter sido rejeitado por você, mas pensei que seriam apenas umas brincadeiras e nada mais.
"Mas a Lilá começou a querer fazer coisas do tipo envenenar a sua comida, ou até mesmo aquelas ameaças que vocês escutaram aqueles dias."
"Não que eu seja algum santo, mas eu realmente me arrependi de participar disso"
- E é por isso que está assim?
- Logicamente! No início, como eu disse, não dei muita importância pois eram apenas pegadinhas, mas agora ela pede coisas esquisitas a todo momento. Coisas que fazem com que eu me sinta mal, e coisas que até me impedem de fazer meus próprios afazeres.
- Mas por que é que você não sai disso? Apenas diga a ela que não quer mais participar de algo assim!
- Eu não posso, é praticamente uma loucura se eu fizer isso! Você não é a única que ela ameaça.
Eu fiquei pensando por um tempo, de onde é que vinha toda essa personalidade perversa de Lilá. Ela até poderia estar com ciúmes, mas do jeito que estávamos vendo parecia estar possuída por algo que a fazia ter pensamentos malignos.
- Olhe Córcamo, tem uma forma de fazer Lilá parar com isso, mas você terá que ajudar a gente!
Contei ao Córcamo sobre todo o plano, e expliquei a ele que mesmo que estivesse arrependido as suas ações ainda seriam comunicadas ao diretor da casa, pois ele também havia participado de todo o plano.
Confesso ter sentido um pouco de pena dele após virar para trás ao passar pelo buraco do retrato, ele ainda estava com as mãos no rosto como se reprimisse um acesso de raiva.
O resto do dia passou-se normalmente, sem Rony ou qualquer novidade eu apenas me entreti com as aulas interessantes do dia e li alguns dos livros trouxas que sempre trazia comigo para Hogwarts.
Apenas quando fui dormir que percebi um objeto estranho e um pedaço de pergaminho abaixo da minha mesa de apoio que ficava ao lado da minha cama.
O objeto era um pequeno livro que cabia na palma da mão, a folhas amareladas e a capa de um escarlate que ao mesmo tempo era bem discreto. No pergaminho as palavras tinham sido escritas com os garranchos que sentia falta.
"Querida Hermione,
Fiz esse pequeno livrinho com o objetivo de nos comunicarmos durante esses tempos. Pode escrever qualquer coisa nele que irei ver, e você também vai ver o que eu escrever!
Do seu admirador secreto, W.r"
Fiquei muito impressionada e nem um pouco surpresa pelo talento de Rony ao criar coisas tão inteligentes e criativas assim. E ele ainda se achava tão pouco, enquanto eu o achava maravilhosamente esperto.
Peguei o livro e me deitei na cama sorrindo de felicidade por poder conversar com ele, mesmo sabendo dos riscos que estava correndo por acreditar num objeto que fazia coisas inusitadas. Apanhei minha pena automatica e comecei a escrever.
"Olá admirador secreto, aqui é a sabe tudo irritante!"
Demorou alguns minutos para que eu obtesse alguma resposta, mas logo abaixo da minha caligrafia veio aparecer a sua mensagem.
"Estou com muitas saudades dos seus resumos, sua CDF."
Eu ri baixinho com aquilo e continuamos a conversar sobre o nosso dia. Já que não havia nada de muito interessante para contar, apenas continuamos a conversa com assuntos aleatórios até que tivéssemos sono.
"Te amo, Rony, Boa noite."
"Também te amo, Mione! Vou sonhar com você hoje, prometo
E deixando o livrinho embaixo do travesseiro, adormeci.
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