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História O Sol da Primavera - Alfa de olhos vermelhos - História escrita por Moyashii - Spirit Fanfics e Histórias
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História O Sol da Primavera - Alfa de olhos vermelhos


Escrita por: Moyashii

Notas do Autor


Consegui finalizar um cap em uma semana então vi m agraciá-los com a continuação :)

Boa leitura!

Capítulo 2 - Alfa de olhos vermelhos


Ser acordado pelo canto angelical de certo ômega fora uma experiência que Katsuki estranhamente gostaria de repetir. E o modo como o esverdeado fugira após ser “pego” cantando fora de fato peculiar, atiçando ainda mais a curiosidade do alfa.

Então com um sorriso em seu rosto, o loiro partiu para a sua casa, o caminho todo pensando em como faria para se aproximar de Izuku, sabendo que seria bem difícil, é claro.

Não que fosse algo ruim, já que Katsuki amava um desafio.

— Tadaima.

Avisou sobre a sua presença assim que retirou os sapatos logo na entrada da casa, ouvindo a mãe resmungar sobre o seu atraso, como também lhe informar que o primo o estava esperando no quarto.

— Yo, bro!

Eijirou o cumprimento sem fitá-lo, já que estava concentrado jogando no console alheio, era um jogo famoso de corrida que sempre deixava Katsuki competitivo.

— Me passa o segundo controle.

Jogou a mochila em um canto qualquer e aceitou o remoto, rapidamente sentando-se na ponta de sua cama e conectando-se ao jogo. E em poucos minutos, o loiro era o líder da corrida, gabando-se como uma criança que acaba de escapar do castigo.

— Você nunca perde?

O ruivo jogou-se para trás, levemente frustrado por ter perdido mais um game para o primo, embora ainda assim conseguisse se divertir. O que não era o caso de Katsuki, pois quando este perdia, fazia o inferno na Terra.

— Treine mais e quem sabe um dia consiga me alcançar.

Eles ainda jogaram mais algumas rodadas antes da matriarca os convidarem para jantar, então as perguntas sobre a escola nova começaram e o alfa de olhos carmesins ficou grato pelo primo estar presente, visto que Eijirou adorava falar.

Todavia, o tema “escola nova” permitiu que a mente de Katsuki se perdesse no rosto corado de certo ômega, Izuku era de fato gracioso, acabou por sorrir, ganhando a atenção de seu pai.

— Gostaria de compartilhar algo conosco, filhão?

O loiro amava o pai, porém esse seu super sentido ômega costumava colocá-lo em posições delicadas, como naquele exato momento.

— A escola é tranquila e o pessoal é de boa. — respondeu com um dar de ombros, rapidamente escondendo o sorriso.

Masaru apenas lhe ofereceu uma piscadela, e ele até podia ainda não saber que o assunto escondido era “romântico”, porém tinha as suas suspeitas e por isso mudou de tópico, sabendo que na hora certa, Katsuki lhe contaria.

— O pessoal da editora também é bem tranquilo. — o pai comentou. — Pensei que Tokyo seria mais agitada.

— Agora que você disse, querido, também não me estressei nenhuma vez a caminho do trabalho.

Talvez porque você seja a louca que enfurece todo mundo, Katsuki resmungou em pensamento. Felizmente, o jantar logo teve fim e o loiro pode tomar o banho que tanto queria, para logo em seguida se deitar só de cueca em sua cama.

Foi só então que notou o quão cansado estava, acabando por dormir sem nem mesmo conseguir conferir as suas redes sociais, despertando no dia seguinte com o grito de sua mãe.

Trocou-se sem pressa, apesar da matriarca ainda estar gritando o seu nome, Katsuki só conseguiu ignorá-la por poucos segundos, pois logo estava a berrar de volta.

Para o patriarca, aquela situação já era algo corriqueiro, mas os vizinhos com certeza estariam tendo problemas em se adaptar à nova família. Não que mãe ou filho de fato se importassem, eles eram Bakugou afinal.

— Vê se não se atrasa hoje de novo, Katsuki!

Revirou os olhos, já fechando a porta para não ter que escutar a voz estridente de Mitsuki, podendo enfim colocar os fones de ouvido e pegar o rumo da escola. O que consistia em uma caminhada de dez minutos, lembrando que logo na esquina de sua rua estava Eijirou, aguardando para acompanhá-lo.

— Ohayo, bro!

Às vezes, o loiro podia jurar que o primo brilhava, como se ele tivesse feito um pacto com o sol, era ridículo, Katsuki sabia, mas ainda assim não conseguia se impedir de imaginar.

Limitou-se a grunhir, sabendo que o ruivo não se importaria de ir conversando sozinho, visto que o som reverberando no ouvido do outro tinha o propósito de isolá-lo do mundo.

Pelo menos naqueles dez minutos antes de enfrentar a sociedade, Katsuki gostaria de um pouco de paz. E ele ainda ficava bravo quando Eijirou o taxava de velho ranzinza.

— Hoje teremos aula de educação física, imagino que exercícios o professar vá nos fazer...

Aumentou o volume, dando um mínimo sorriso de satisfação ao formar a sua bolha de “autopreservação”, as mãos nos bolsos da calça e os olhos meio perdidos.

Desse modo, um pouco mais de doze minutos se passaram, graças a Eijirou que parou no meio do caminho para paparicar um gatinho, o que fez o loiro ter de contar até dez para não arrastar o outro pela gola da camisa.

Não que Katsuki estivesse louco para estudar, mas ficar parado que nem um idiota na calçada também não lhe parecia uma boa opção.

E pronto, ele estava ainda mais mal-humorado do que quando acordara, bufando a cada meio segundo e reclamando sobre como Eijirou gostava de tirá-lo do sério.

— Foi mal, bro. — desculpou-se, logo se defendendo. — Mas você sabe como eu gosto de gatinhos.

Katsuki revirou os olhos ao tirar apenas um dos fones para escutá-lo, arrependendo-se de imediato, até que o cheiro adocicado de Izuku chegou às suas narinas.

E tão logo, a voz sedosa o fez identificá-lo com maior precisão e rapidez, o ômega estava parado próximo ao portão, entregando algum tipo de panfleto. Para o loiro, aquela era a oportunidade perfeita e, sem pensar duas vezes, desligou a música, guardou os fones e se aproximou.

Talvez tivesse se esquecido da presença do primo ou quem sabe não se importasse mais, porque Katsuki estava descaradamente flertando na frente de quem desejasse assistir.

— Ohayo, Sunshine.

Perigosamente sedutor, o esverdeado pensou ao mesmo tempo em que forçava um sorriso, tentando esconder a vergonha diante a cara de pau alheia.

— O-Ohayo, Bakugou-san.

Ofereceu um panfleto ao outro, vendo os olhos carmesins nem se moverem de sua face, deixando ainda mais claro qual era a sua real intenção ali.

— Do que se trata? — indagou, dando mais um passo em sua direção.

O conteúdo daquele papel pouco lhe importava, mas se isso o garantisse mais tempo da atenção do esverdeado, Katsuki até mesmo se fingiria de burro. E, por imaginar que o outro seria educado demais para respondê-lo com grosseria, atreveu-se a testá-lo.

Na verdade, até passou pela cabeça de Izuku em replicar de maneira curta e pedir que não o atrapalhasse mais, porém como Shouto vivia lhe dizendo, ele era bonzinho demais para se impor.

— Nossa escola é conhecida pelos eventos de primavera. — explicou com calma, tentando não focar tanto no rostinho bonito de sorriso safado. — Este ano faremos um festival e uma viagem.

— E você vai participar?

— Claro! — o ômega assentiu. — Este é meu último ano e pretendo aproveitar ao máximo.

Afirmou todo certo de sua atitude, fazendo os olhos carmesins brilharem como brasas, ah, se Izuku soubesse o efeito que tinha naquele alfa.

— Como faço para participar?

Apesar do esverdeado compreender que o outro estava ganhando tempo, ainda assim pode notar um leve interesse em sua voz, o que o animou o suficiente para explicar detalhe por detalhe.

Não que o loiro tenha absorvido cem por cento do que fora dito, mas descobrira algumas coisinhas intrigantes, como a mania do ômega de murmurar quando perdia o foco de algum assunto.

Ou o jeitinho atrapalhado de mexer as mãos enquanto explicava algo complicado, também havia as sardas que por algum motivo faziam os dedos de Katsuki coçarem de vontade em tocá-las.

— Você entendeu, Bakugou-san? — seu rosto estava bem corado ao terminar.

— Onde posso te encontrar para sanar o restante de minhas dúvidas?

O alfa sabia ser educado quando queria, ou melhor dizendo, ele sabia como atrair a sua presa, além de que não tinha intenção nenhuma de esconder este fato, por isso acrescentou.

— Um local privado de preferência.

Se Izuku já não estivesse acostumado a queimar de vergonha, com certeza teria desmaiado devido ao calor que sentiu.

— E-Eu preciso ir.

A mesma frase do dia anterior, só que dessa vez protegida pelo som do primeiro sinal que indicava o começo das aulas matinais.

— Tenha uma boa aula, B-Bakugou-san.

Entretanto, Katsuki preparado para esta possível reação, segurou em sua mão antes que ele conseguisse fugir de si de novo.

— Tô falando sério. — substituiu o sorriso malandro por uma expressão mais neutra. — Gostaria de te ver depois das aulas.

O coração do esverdeado galopou em seu peito, parte de medo do desconhecido, assustado com aquele sentimento crescendo sem a sua permissão, mas também ansioso para saber o que aquelas palavras realmente significavam.

— O clube de canto acaba às dezesseis horas. — respondeu sem jeito, mas sem conseguir desviar o olhar. — Podemos nos encontrar aqui mesmo e comer algum doce, não sei, ou você prefere conversar na escola mesmo? Porque eu posso conseguir uma sala pra gente...

Embora Izuku fosse uma graça quando ficava todo nervoso assim, o alfa teve de interrompê-lo.

— Fora da escola. — afirmou, voltando a sorrir malandro. — E eu pago.

Só então o deixou ir, soltando a sua mão e caminhando em direção ao prédio principal, finalmente notando a ausência do primo. É, isso provavelmente lhe daria uma baita dor de cabeça, mas que se dane, pois já estava na hora de viver do jeito que queria.

E o que Katsuki mais queria naquele momento era ter a chance de chamar aquele ômega lindo e cheiroso de seu.

Quanto ao esverdeado, este ainda perdeu alguns preciosos segundos parado, falhando miseravelmente em acalmar o próprio coração, afinal aquela fora a primeira vez que gostara de ser cortejado.

Então ainda de bochechas rosadas e coração agitado, Izuku foi para a sua aula, pedindo perdão por ter se atrasado e logo se acomodando em seu lugar.

— Está tudo bem?

Shouto que se sentava logo atrás de si, perguntou levemente preocupado, mas para não atrapalhar com os seus estudos, o ômega anuiu com um pequeno sorriso, dizendo que era apenas o calor de seu cio que estava próximo.

O que não era de todo mentira, mas com certeza não era o culpado, ah, não era mesmo. Pensou, suspirando antes de pegar os seus materiais, acabando por ficar olhando todo perdido para as próprias anotações, imaginando como contaria tudo para o melhor amigo.

Visto que era imprescindível que o bicolor soubesse, pois Izuku precisava dos seus conselhos, ele não conseguiria lidar com toda aquela “paixonite” sozinho. Quer dizer, ele nem sabia o que era, porém Shouto saberia, tinha de saber.

Foi por isso que ao final do primeiro período, o esverdeado lhe enviou uma mensagem pelo celular dizendo que precisavam conversar.

#

— A sua técnica é tão pura, Midoriya-chan!

Kayama Nemuri, também conhecida como Midnight, era a professora de canto mais cativante e excêntrica, além de uma das maiores admiradoras do esverdeado.

Claro que Izuku amava ser paparicado, mas nunca soube como lidar com elogios em excesso, porque eram esses que vinham com alguns olhares atravessados e outros de raiva, inveja.

— Você com certeza ganhará um solo no festival deste ano!

O ômega escutou uma parte resmungar “de novo” e por breves segundos se sentiu acuado, ansiando pelo fim do discurso da professora, para que assim pudesse ser liberado.

A mulher então prosseguiu exaltando cada um dos seus alunos, afinal só os melhores eram aceitos em sua aula, assim como em todas as outras atividades extracurriculares.

Era por isso que o colégio Flores da Primavera estava entre os três melhores de Tokyo.

— Dispensa-ados. — Kayama cantou, alegre como sempre, em seguida voltando-se para o de fios verdes. — Midoriya-chan, poderia me fornecer um minuto?

O mesmo grupo de alunos que resmungara anteriormente bufou em descontentamento, só que dessa vez o ato não passará despercebido pela mais velha.

— Usem esse sentimento para investir em vocês mesmo.

Ditou séria, voltando a sorrir quando só havia o pequeno ômega a sua frente, as mãos se apertando de nervosismo.

— Tenho grandes expectativas em você, querida. — disse gentilmente, sentando-se no palco e indicando que o aluno fizesse o mesmo. — Porque eu sei que você pode ser mais do que só a melhor de Tokyo.

Atualmente, Midoriya Izumi era a cantora juvenil mais bem avaliada em toda Tokyo, havia ganho o prêmio no final do ano passado.

— Mas você precisa acreditar mais em você. — ela continuou sorrindo para manter o clima da conversa mais suave. — Vai ter que ser forte também, pois o caminho do sucesso é repleto de desafios que o farão questionar se o que está fazendo é o certo, se é o que realmente deseja e principalmente se está pronta para enfrentar cada um deles.

Ele a ouviu atentamente, imaginando se o seu pequeno segredo seria algum tipo de obstáculo posto em seu “caminho do sucesso”.

— E como a senhora conseguiu?

Antes de se tornar professora, Midnight era atriz e cantora mundialmente famosa, seus hits sempre eram quentes e muito bem vendidos.

— Eu encontrei o meu ponto de apoio. — respondeu ao se levantar. — No meu caso, o meu marido.

Instantaneamente, a mente de Izuku o lembrou de certo alfa loiro e sem conseguir refrear os próprios pensamentos, o ômega também se levantou e agradeceu aos conselhos antes de sair correndo da sala.

As mãos em frente as bochechas diante a vergonha de estar pensando em Katsuki, estaria ele se tornando um depravado? Choramingou em frente ao seu armário, trocando os sapatos e guardando os cadernos que não lhe teriam utilidade naquela tarde.

Visto que ele tinha um encontro.

— Não seja bobo, Izu, ele só te pediu pra comer um doce... só isso.

Fora da escola e com tudo pago por ele, acrescentou em pensamento, finalmente se dando conta da “enrascada” que se metera.

Onde estava Shouto quando ele mais precisava?

— Está atrasado.

Como se uma estrela tivesse acatado ao seu pedido, o bicolor surgiu ao seu lado, o uniforme impecável de sempre e a expressão neutra permitindo que Izuku se acalmasse.

Será que o Todoroki daria um bom ponto de apoio? Não romanticamente falando, corrigiu-se, mas ele era um ótimo amigo e seu maior confidente.

— Aconteceu algo?

Negou antes de explicar que a professora Kayama o segurara por um tempo para lhe dar conselhos.

— E sobre o que você gostaria de conversar? — o alfa de fios bicolores prosseguiu, a face tranquila escondendo o quão preocupado estava com o outro. — Você me parecia aflito.

Confessou, fazendo Izuku sorrir ao notar como o amigo o conhecia tão bem, tão logo contando tudo sobre Katsuki. Desde a noite em que fora visto no parque até o convite para se verem após as aulas.

— Esse alfa me parece alguém impulsivo.

Não soube dizer se Shouto o estava criticando, apenas esperou que prosseguisse.

— Mas ele está guardando o seu segredo e com certeza gosta da sua presença. — os olhos heterocromáticos seguiram em sua direção. — Como você se sente sobre ele, Izu?

Tá, o ômega definitivamente não estava preparado para esta pergunta, ainda assim a resposta saiu sem dificuldade.

— No começo, eu achei que ele fosse usar a verdade para ter uma vantagem sobre mim. — declarou, o olhar perdido em seus próprios sapatos. — Ou quem sabe me desprezar.

— Mas ele não o fez.

— Não, ele não fez nenhum dos dois.

Sem nem perceber, mordeu levemente o lábio inferior, lutando para entender o que estava sentindo, e talvez esse fosse o problema.

— O Bakugou-san é diferente, Shouchan.

— E isso, para você, é bom ou ruim?

— Eu... não sei. — foi sincero, olhando-o em um mudo pedido de socorro.

— Então vá descobrir.

Era por isso que amava o melhor amigo, aquele alfa compreendia os seus temores e sabia ajudá-lo a enxergar uma saída, aquela luz no fim do túnel.

— Sem arrependimentos.

Repetiu o mantra que a dupla de amigos gostava de usar em momentos “decisivos” como aquele.

— Sem arrependimentos. — Shouto repetiu esboçando um levantar de lábios. — Mas se precisar, posso buscá-lo a hora que for.

Todoroki Shouto era com toda a certeza desse mundo a melhor pessoa que existia.

#

Como combinado, Katsuki o esperara no portão da escola e logo em seguida o guiara até uma das melhores confeitarias do bairro. O caminho que durou cerca de dez minutos foi mais silêncio do que o alfa gostaria, o que era algo incomum vindo de si, mas ambos pareciam perdidos em seus próprios pensamentos para manter um longo diálogo.

Isso até estarem acomodados e de pedidos já feitos, obrigando o loiro a tomar uma atitude, começando por perguntar de seu ferimento.

— Já está praticamente curado. — o esverdeado mostrou a mão ainda enfaixada. — Aliás, obrigada por ter me ajudado.

O uso do feminino ainda incomodava o maior, embora Izuku soubesse se portar como uma verdadeira dama, o alfa gostaria de vê-lo se comportar mais solto a sua frente.

— Aquele alfa... o de duas cores.

Havia os visto várias vezes juntos naquela semana, e seria mentira dizer que o seu lobo não se sentiu ameaçado pelo outro.

— Ele sabe da verdade?

Não era bem isso que gostaria de questionar, mas se deteve antes de cometer algum crime contra o seu próprio orgulho.

— O Shouchan? — assentiu, sorrindo ao lembrar do amigo. — Eu o conheço desde que me entendo por gente.

Katsuki não conseguia imaginar como seria viver uma vida que não era bem sua, fingir ser algo que não era deveria ser uma tortura.

— Vocês estão juntos?

Primeiro, quis se estapear por ter pisado em seu próprio orgulho, depois ficou fascinado pela gargalhada alheia, sentindo uma imensa vontade de colocar o ômega em seu colo e beijá-lo até ambos ficarem sem fôlego.

— Ele é o meu melhor amigo. — explicou ao se recompor do riso. — Céus, você é mesmo impulsivo, Bakugou-san.

— Katsuki... me chame de Katsuki. — insistiu, firme no olhar. — E eu só não gosto de ficar pensando muito antes de falar.

Mentira. O loiro podia ser esquentadinho e até mal-educado, porém sabia escolher as palavras que iria usar, isso até certo ômega ficar mexendo com o seu lado animal.

— Eu gostaria de ser um pouco assim. — desabafou. — Sabe, sem medo de dizer o que penso ou estou sentindo.

— Não tô vendo nada nem ninguém te impedindo.

O esverdeado o fitou incrédulo, não entendendo se ele era uma brincadeira de mau gosto ou se ele o estava testando.

— Você está me dizendo para gritar pra todo mundo que eu finjo ser uma garota?

Fez uma careta, mas logo voltou a suavizar a expressão ao ver que o outro permaneceu sério, voltando a falar.

— Quando você estiver pronto, eu quero sim. – afirmou como se fosse algo fácil. — Mas enquanto isso, você pode ser você se estiver comigo, não pode?

Abriu e fechou a boca diversas vezes, indeciso sobre como argumentar contra os fatos apresentados, já que Katsuki sabia do seu segredo.

— Acho que... você está certo.

— Eu sempre tô certo. — cruzou os braços sobre o peito, realçando os músculos.

Provavelmente, Izuku o teria corrigido por ser tão egocêntrico, porém a visão dos bíceps firmes e do peitoral definido alheio o deixaram literalmente sem palavras. Para a sua sorte, a garçonete veio servi-los, dando-lhe tempo necessário para voltar a si, embora as bochechas avermelhadas já o tivessem denunciado.

E como o loiro gostaria de ter dito “gostou do que vê?” só para ver aquele rostinho se contorcer de vergonha e desespero.

— Enfim, só diz logo o que tá passando nessa sua cabeça e pronto. — deu de ombros, experimentando o bolo de morango que havia pedido. — Prometo que não vou te julgar.

Era incrível como o esverdeado não conseguia desconfiar daquele alfa, como se ele tivesse ganho a sua confiança por apenas ser ele. Impulsivo e sincero demais, além de quase sempre grosseiro, ainda assim verdadeiro.

Talvez fosse por isso que o seu lobo se sentia tão seguro perto de Katsuki, por causa de sua personalidade genuína.

— O que vier na cabeça?

Era ridículo estar ansioso em expor a primeira coisa que viesse em sua mente, mas não podia evitar.

— Só botar pra fora. — gesticulou, dando-lhe permissão para se soltar.

— Eu queria entender por que as pessoas me subestimam, tipo, eu sei que eu vivo sorrindo que nem um bobo. — fez uma pequena careta antes de prosseguir. — Mas isso não significa que eu seja ingênuo.

Aquilo estava sendo divertido, muito mais do que havia imaginado, percebeu Katsuki ao assistir o monólogo se desenrolar de maneira tão natural.

— Também não adianta nada eles ficarem me olhando com cara de nojo só porque eu canto bem.

— Pra caralho.

O alfa complementou, vendo as sardas se destacarem no avermelhar de seu rosto, e quase lhe escapou um elogio que provavelmente faria o outro desmaiar de vergonha.

— É, i-isso ae. — concordou, embora não teria usado exatamente a palavra “caralho”. — Eles que lutem, certo?

Seus olhares se encontraram e Katsuki só pode concordar ao passo que terminava o seu suco, controlando-se para não se babar todo.

— Porque só Kami-sama e o Shouchan sabem o quanto eu me esforcei pra fazer parte da sala da Kayama Nemuri! Poxa!

— Calma ae! — os olhos carmesins dobraram de tamanho. — A Midnight é a sua professora de canto?

— Sim!

E lá estava o Midoriya versão fã número um, falando sem parar sobre todas as conquistas da sua diva inspiradora assim como fora quando a conhecera pessoalmente.

Enquanto isso, a mente do loiro estava bem ocupada imaginando o pequeno ômega como uma espécie de discípulo da cantora mais sensual e sedutora que o Japão já tivera.

Depois de alguns segundos, Katsuki soube que teria bons sonhos naquela noite e não pôde deixar de sorrir.

— Por que você está sorrindo como se estivesse pensando em algo safado?

Eles se fitaram, ambos em choque, Izuku por ter sido tão invasivo e o alfa por ter sido pego em um momento um tanto quanto íntimo.

— D-Desculpa, é que v-você disse pra eu falar o que vinha na cabeça, ai e-eu...

Foi a vez do loiro gargalhar, não podendo acreditar que existia um ser como este ômega, um projeto de humano que o fazia achá-lo adoravelmente fofo.

Eu tô fodido, concluiu assim que o clima voltou a suavizar, pois agora compreendia o motivo do seu lobo ter se interessado e, sinceramente, só podia concordar com o mesmo.

— Você tem o clube de canto todo dia?

Indagou de repente, quase podendo ver as engenhocas do cérebro de Izuku tentando se encaixar.

— Hmm... não. — por algum motivo, os seus dedos sobre a mesa lhe pareciam tão intrigantes. — Mas eu costumo ajudar o clube de vôlei sempre que posso.

Parece que já temos um clube para se inscrever a partir da semana que vem, o alfa anotou em sua mente.

— E de fim de semana?

— Normalmente, eu fico em casa ou vou na casa do Shouchan quando ele não inventa de viajar.

— Perfeito.

Katsuki voltou a sorrir ao que finalmente ganhava de volta a atenção do esverdeado, e antes que o seu orgulho o convencesse do contrário, soltou a sua proposta.

Uma que ele havia a pouco bolado.

— Me dê uma hora por dia do seu tempo, no mínimo.

Que tipo de “ordem” era aquela? O ômega franziu o cenho e dada a sua falta de resposta, o outro prosseguiu.

— Pensa comigo, Sunshine, você vai ter um momento pra ser você mesmo e eu vou poder te conhecer melhor. — seu tom ficou mais provocativo, arrepiando os pelos da nuca alheia.

— Uma hora por dia?

— No mínimo. — relembrou, o sorriso bonito fazendo a barriga do esverdeado formigar de ansiedade. — Me diga, o que você tem a perder?

Nada. Deduziu em poucos segundos, oferecendo ao alfa um tímido sorriso antes de aceitar a tal proposta.

— Só não sei o que você vai ganhar com isso. — comentou quando ambos se levantaram, após Katsuki ter pago.

— Eu já disse que quero te conhecer melhor. — aproximou-se o suficiente para sussurrar em seu ouvido. — Assim vou saber como te conquistar.

Deveria acrescentar direto ou quem sabe sem vergonha na cara nos adjetivos que compunham a sua visão de Katsuki, não que fosse algo ruim, só talvez inesperado.

#

Depois de quase fazê-lo infartar dentro da confeitaria, o alfa se redimiu ao permitir que Izuku os guiasse até uma praça menos movimentada, quem sabe assim não passaria mais tanta vergonha naquele dia.

— Você não deve bater bem da cabeça. — enfim falou, depois de segurar por tanto tempo. — Seu desavergonhado.

Sussurrou mais para si mesmo, porém sabia que o alfa o havia escutado, ainda assim se sentiu bem por ter colocado para fora.

— Não fale assim, Sunshine, que vou ficar magoado.

Fingiu tristeza, mas não por muito tempo, sorrindo todo malandro ao que via o ômega sentar-se em um balanço.

— Se eu te pedir para cantar pra mim agora... você cantaria?

Um pedido um tanto quanto inesperado, ocasionando em um esverdeado corado e meio sem jeito, novamente incapaz de colocar o que sentia em palavras.

Não que estivesse com vergonha, afinal adorava cantar em público, era a única ação que conseguia fazer com liberdade, entretanto, com aquele alfa o olhando daquela maneira.

Como se pudesse vê-lo por dentro e ler todos os seus mais profundos pensamentos, só então Izuku percebeu que essa relação que eles estavam começando era um perigo.

Um perigo tentador demais para ser recusado, e por isso, ele cantou.

Habataitara modorenai to itte

(Se você pudesse voar e nunca mais pousar)

Mezashita no wa aoi aoi ano sora

(Você iria direto ao azul ao azul céu que brilha)

E mais uma vez, o alfa havia sido surpreendido, dessa vez pela atitude alheia, pois sabia que para Izuku aquilo não havia sido apenas um pedido.

Kanashimi wa mada oboerarezu

(Esquecendo as tristezas que já passei)

Setsunasa wa ima tsukami hajimeta

(Começo a entender o que é esta dor)

Anata e to ida kono kanjou mo ima kotoba ni kawatteku

(E quando esses sentimentos te tocarem, dentro de você tudo irá mudar)

Sem conseguir desviar o olhar, Katsuki o admirou, permitindo-se sentir aquilo que o esverdeado estava expondo, os seus mais verdadeiros sentimentos até então protegidos pela música.

Michinaru sekai no yume kara mezamete

(É como acordar de um sonho em um novo mundo)

Kono hane wo hiroge tobitatsu

(Então abra as suas asas e voe)

Embora impressioná-lo não fosse a intenção, o ômega tinha de admitir que aquele sentimento de apreciação vindo do outro o deixou feliz.

Habataitara modore nai to itte

(Se você pudesse voar e nunca mais pousar)

Mezashita no wa aoi aoi ano sora

(Você iria direto ao azul ao azul céu que brilha)

O loiro sabia do seu segredo e mesmo assim quis se manter por perto, pensar nisso o fez finalizar a canção com lágrimas nos olhos.

Tsuki nuketara

(Você sabe que se conseguir superar, vai encontrar o que procura)

Mitsukaru to shitte furukiru hodo aoi aoi ano sora

(Então, continue tentando se libertar para àquele azul, céu azul)

Aoi aoi ano sora

(Azul, céu azul)

Aoi aoi ano sora

(Azul, céu azul)

Fechou os olhos por fim, não querendo que o outro soubesse o quanto aquele pequeno momento havia sido importante para si. Então o ouviu se agachar a sua frente, depois sentiu os dedos levemente ásperos tocarem em suas bochechas, essas que agora queimavam ainda mais de vergonha.

Será que Katsuki iria beijá-lo?

A curiosidade fez as esmeraldas se abrirem no exato momento em que os lábios finos do alfa tocaram os seus, fora algo rápido, um breve selar que fez o coração de Izuku disparar.

— Esse será o primeiro de muitos. — prometeu, erguendo-se novamente. — Vamos, eu vou te acompanhar até a sua casa.

— H-Hai.

Ainda em completo choque, o ômega desceu do balanço para que assim pudesse acompanhá-lo, e os seus batimentos estavam tão instáveis e rápidos que podia senti-los por todo o seu corpo.

Era verdade que não havia sido nem mesmo um beijo de verdade, porém aquele fora o seu primeiro selar, por assim dizer, então ele poderia surtar à vontade, certo?

Engoliu em seco, os olhos esmeraldas fixos nas costas largas do alfa, do bendito indivíduo que havia lhe roubado o seu primeiro “beijo”. Não sabia se estava bravo pelo quão repentino fora ou se extremamente animado por ter recebido um carinho tão íntimo.

Izuku não era ingênuo, todavia nunca havia se permitido tentar algo com outra pessoa, pensando bem, o ômega sempre dava um jeito de sumir com qualquer interesse alheio, já que ele tinha um grande segredo a guardar.

Mas Katsuki já sabia da verdade, logo não havia motivo para afastá-lo, o menor concluiu, ficando ainda mais corado ao perceber que havia gostado bastante da ação atrevida feita anteriormente.

Aparentemente, não seria tão complicado assim para o alfa lhe conquistar, embora soubesse que não facilitaria as coisas, já que tinha um coração a preservar.

Logo a sua frente, o loiro queria muito se virar e verificar o estado do ômega, não conseguindo decifrar o que o outro estava sentindo, ainda não havia aprendido a identificar todos os sinais presentes no cheiro do esverdeado.

Trincou os dentes, em parte se odiando por ter se precipitado, porém também se permitindo apreciar o calor que ainda vibrava em seu peito. Pelo menos agora não lhe restaria mais dúvidas, Midoriya Izuku tinha de ser o seu companheiro, e Katsuki faria o possível e o impossível para convencê-lo disso.

— Minha casa fica para este lado, Katsuki.

A voz quase inaudível chegou aos seus ouvidos, obrigando-o a fitar o pequeno ser que ainda lhe parecia bem corado. O alfa teve de engolir em seco e controlar o seu lobo, antes que o beijasse como realmente gostaria, com direito a mordidas e mãos bobas.

Controle-se, Katsuki, disse a si mesmo em pensamento, voltando a sua atenção ao ômega que o fitava em silêncio.

— Certo. — assentiu, agora prosseguindo com o outro bem ao seu lado.

Menos de dois minutos depois, eles haviam chego ao destino final, sendo esta a residência Midoriya.

— Obrigado por ter me acompanhado até em casa. — agradeceu com uma breve reverência. — E por hoje também.

Os olhares voltaram a se encontrar e dessa vez fora Katsuki quem perdera a fala, pois era inacreditável como alguém podia ser tão belo, tão encantador.

— Eu me diverti bastante... de verdade. — sem perder a sua graciosidade, Izuku se aproximou, as mãos juntas em frente ao próprio peito. — E se você ainda quiser me encontrar todo dia...

— Eu quero! — amaldiçoou-se por ser tão impulsivo. — Estar contigo é bom.

Me faz bem, quis completar, porém conseguiu se conter, esperando que o outro enfim rumasse para a própria casa.

— Até amanhã, Katsuki.

Gostava de ouvi-lo dizer o seu nome, mas jamais admitiria em voz alta, é claro.

— Até, Izuku. — devolveu, vendo-o se afastar.

E quando o esverdeado já havia aberto a porta da frente, ele se virou para o alfa e sorriu, ele lhe deu o sorriso mais sincero e bonito que o loiro já presenciara, como se estivesse finalizando o encanto que tivera o seu início naquela noite do parque.

— Você ainda será meu, Sunshine.

Katsuki sussurrou para o vento ao passo em que pegava o rumo de sua casa, na qual notou alegremente estar próxima e, talvez uma vez na vida, o destino não parecia querer gozar com a sua cara.


Notas Finais


Ain, eu adoro esses começos kawaiis de relacionamentos <3
E vocês, o que acharam?
Até semana o próximo!

Música do capítulo: Blue Bird - Naruto


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