‘‘Tempos difíceis, desejos que cada vez mais não cabem no coração. O infinito de possibilidades da vida. Mas afinal, se não houvesse o ego, o que seria importante para você?’’
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Taehyung andava com Jungkook ao seu lado, segurava delicadamente a mão do maknae, o olhando às vezes e sorrindo. Chegaram a um dos inúmeros pátios existentes no castelo. Haviam três alunos da Corvinal, dentre eles, Namjoon, que conversava animadamente com os amigos e não notou os grifinórios ali. Optaram por cumprimentarem o amigo depois.
Jungkook sentou no banco encostado próximo a uma coluna e o Kim deitou colocando a cabeça em seu colo.
O mais novo lembrou que comemoraram o aniversário de Seokjin, dias antes, naquele mesmo lugar. Comeram e beberam algumas cervejas amanteigadas, mesmo que estivessem infringindo algumas regras. Foi algo pequeno e muito divertido. O Kim mais velho era simples e tinha um coração enorme, bastavam seus amigos estarem consigo, e claro, ganhar presentes e comer, que já valia a pena!
O grifinório foi retirado de seus pensamentos quando Taehyung falou.
— Não acredito que teremos aula até o fim de novembro – lamentou fazendo drama enquanto recebia um carinho nos fios azulados quase ficando esverdeado.
Jeon riu baixo, admirando o bico adorável que adornavam os lábios do mais velho. Impossível não se apaixonar por Kim Taehyung, tem tanta sorte!
— Amor, só restam 23 dias, por aí… Logo passa! O natal não irá demorar e passaremos juntos novamente, a única diferença é que dessa vez será na escola, junto dos nossos amigos.
Kim revirou os olhos, fazendo Jungkook sorrir e o puxar para um beijo. Sorriram um pouco tímidos,
ainda ficavam assim. Taehyun deitou novamente e olhou para o relógio em seu pulso, falando baixo.
— Horas iguais… Faça um pedido!
Jungkook fez um barulho na garganta como se pensasse, então olhou para o namorado respondendo em sequência.
— Fica comigo até o universo pensar ser necessário e resolver nos separar! Se houver outras vidas, promete que irá me encontrar novamente?
Taehyung sentou rapidamente e olhou sério para o de fios escuros, sentindo o coração acelerar. Ele nunca havia falado daquela maneira, até porque estavam namorando apenas há um ano e meio. Ficou bastante feliz vendo que o rapaz tinha aquele pensamento.
Passou o dedo pela bochecha avermelhada do mais novo, por conta do frio, também por vergonha, talvez, e respondeu docemente.
— Ficarei com você até quando enjoar de mim ou quando o universo nos separar. Espero que isso
nunca aconteça! Eu te amo, Jeon Jungkook, amo muito! Te encontrarei em todas as vidas possíveis.
Jeon sorriu e abaixou a cabeça, abraçando Taehyun rapidamente, o máximo que conseguia devido às camadas de roupas de frio. Encostou a testa na do grifinório e sussurrou.
— Também te amo, hyung, amo tanto! O universo não fará isso conosco. Sou tão grato por tê-lo ao meu lado, me sinto tão especial por você ter me escolhido.
— Você é especial, sempre será! Eu te escolheria em todas as minhas vidas, seria impossível não te escolher! – O Kim falou sério, olhando nos olhos cor jabuticaba que tanto ama, sentindo o coração quase sair pela boca.
Jungkook rapidamente beijou o Kim, com um pouco de desespero. Não davam a mínima se tinham outras pessoas ali, pouco tempo depois o ar se fez presente e se afastaram minimamente, sorriram e continuaram trocando juras de amor.
Nem perceberam que Namjoon estava sozinho e os observava com um sorriso bobo nos lábios. No entanto, existia uma certa tristeza em seu sorriso.
O corvino acha lindo aquele casal, a maneira que se entendem, mesmo que rolasse uma briga vez ou outra e reagissem com infantilidade, independente de qual fosse o assunto, sempre se resolviam. Sem contar que ele era um dos que mais escutava Jungkook falando do namorado.
Todavia, sua situação era um pouco diferente, já que nutria sentimentos por dois lufanos. O pior de tudo, eles namoram. No entanto, o casal parecia sentir o mesmo pelo Kim. O que aconteceu em Ilsan, na casa de seus pais, mudou a vida do corvino completamente. Poliamor ainda é um tabu, talvez continue sendo por um longo tempo. Além de que o Kim sente medo por continuar pensando que atrapalha o relacionamento dos dois, mesmo eles falando que só contribui.
Lembrou de alguns conselhos que recebeu de Yoongi e suspirou. Estava perdido em pensamentos quando notou vestimentas pretas e amarelas ao seu lado, virou o rosto e viu Baekhyun sentando-se ao seu lado. O rapaz sorriu docemente e logo começaram a conversar, mas Namjoon já sabia para onde o assunto iria. Byun teve cuidado ao usar as palavras certas, sempre começava conversando sobre o que a pessoa mais gostava, então ia articulando de uma maneira sutil até chegar onde queria. Independente de quem fosse, sempre caiam na lábia do lufano.
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Os dias passavam rapidamente, felizmente a segunda tarefa seria no próximo ano, Yoongi teria tempo de se preparar adequadamente, apesar de outra coisa rondar sua mente: a detenção de Jimin. Park deu uma desculpa que os amigos não engoliram e passou uma semana cumprindo algumas tarefas com a supervisão do zelador, Argus Filch, que adorava pegar alunos infringindo as regras da escola.
Nesse momento, Yoongi seguia para a biblioteca. Estava a procura de um livro específico, entretanto, esse era para fazer o exercício de Defesa Contra a Arte das Trevas, que era grande e já estava deixando o sonserino estressado.
Antes que chegasse ao local de origem, avistou os Taekook, nome que deram ao casal grifinório. O Kim passou o braço ao redor do ombro de Yoongi e cantou.
— ‘‘We are the champions, my friends. And we’ll. Keep on fighting till the end. We are the champions… ’’
O sonserino parou e o olhou incrédulo. Enquanto Jeon tentava não rir, Taehyung sorria abertamente, esperando a resposta de Yoongi, que começou a andar novamente.
— Não festeje antes do tempo, Kim! Apesar de serem só vocês dois, agradeço por me apoiarem!
— Sempre iremos te apoiar, hyung! – Jungkook falou e o namorado concordou, tornando a falar: — Só mais uma coisa! – cantou novamente — ‘‘No time for losers, cause we are the champions of the world!’’
Antes que o Min pudesse responder, Jungkook puxou Taehyung e saíram correndo pelo corredor gargalhando. Min suspirou e meneou a cabeça em negação.
— Esse casal tem o mesmo neurônio! – murmurou adentrando a biblioteca.
Estava grato por tê-los como amigos, são pessoas maravilhosas, além de que a energia que aqueles dois tinham alegrava os dias do sonserino.
Não demorou a encontrar o livro e logo retornou para a Sonserina. Passavam das 18:30, quando os Park e Yoongi terminaram os exercícios, sentados numa das mesas do salão comunal da Sonserina. Jimin espreguiçava-se quando viram Daniel passar por eles com uma cara nada boa, devia ter discutido com a namorada novamente. Yoongi conversaria com o rapaz depois.
— Dan está puto! Não é seguro ir para o dormitório agora. Ele só não é pior que o Jimin quando está com raiva, parece um Pinscher, pequeno e raivoso! – Apontou Yoongi, fazendo Marcos e Chanyeol sorrirem.
Na primeira oportunidade que surgia, ambos discutiam, mas isso todos já estão carecas de saber. Além de zoarem com a altura um do outro, devido a famosa diferença mínima de poucos centímetros. O loiro rebateu.
— Muito alto que você é, nunca se viu com raiva, né? Idiota!
Yoongi sorriu, era muito fácil irritar o outro. Espreguiçou-se, falando novamente.
— Minhas costas doem, preciso de uma massagem!
Falou olhando para Jimin, entretanto, o rapaz parecia não prestar atenção. Alice, que estava sentada próxima a eles, perguntou se queria que ela fizesse e ele confirmou. A moça ficou atrás de si e começou a realizar a massagem, Yoongi fechou os olhos aproveitando as mãos ágeis da ruiva.
Jimin ergueu os olhos rapidamente e analisou a cena, então voltou a atenção para o pergaminho. Alice desconfiava que Park sentia algo pelo rapaz e como uma boa sonserina que é, tiraria a prova. Começou a depositar selares no pescoço do moreno, fazendo Jimin olhar rapidamente na direção dos dois, sem nem disfarçar o quanto ficou incomodado com a situação. Yoongi continuava com os olhos fechados e um sorriso de canto desenhava seus lábios. Park pegou suas coisas e saiu rapidamente dali, pisando duro e bufando.
A ruiva parou a massagem e afastou-se sorrindo. Yoongi olhou para os amigos em reprovação e seguiu atrás do loiro, mas, no fundo, ele agradecia.
Jimin subiu as escadarias rumo ao quarto com muita raiva, então Yoongi correu para se aproximar dele, segurou seu braço, mas Park conseguiu soltar. Ele entrou no quarto e ia bater à porta, no entanto, Min conseguiu ser mais rápido, impedindo a ação.
Park bufou e afastou-se.
— Ji, o que deu em você? – Jimin colocou o material em cima da cama e não respondeu. Estava com as bochechas vermelhas de raiva. Daniel observava os amigos com uma pitada de animação, ver aqueles dois brigando era interessante até certo ponto. Yoongi falou novamente. — Jiminie, responda, por favor! Está com ciúmes?
Park lançou um olhar mortal para o Min, que ignorou, estava em uma tentativa falha de fazer Jimin admitir sentir ciúmes, no fundo, sabia ser algo difícil de acontecer.
— Não aconteceu nada, me deixa em paz! Eu, com ciúmes de você? Isso foi o auge do ridículo!
Yoongi suspirou e não insistiu. Seu coração apertou um pouco, contudo, resolveu ignorar, não valia a pena. Virou-se e saiu do quarto, retornando para onde os amigos estavam.
— Conseguiu falar com ele? – perguntou Marcos no momento que o menor aproximou-se.
Min negou com a cabeça.
— Será difícil conversar com ele, se não fosse a Alice!
Fechou a cara para a ruiva, que sorriu dando de ombros, mas resolveu responder ao amigo.
— hora Yoon, deveria agradecer, ele nitidamente ficou com ciúmes. Todos os presentes aqui notaram o óbvio! – Levantou-se, então parou ao lado de Yoongi e sussurrou no ouvido do mesmo: — Gosto de mulher e você sabe disso! Entretanto, ele não… Aproveite esse deslize que o Ji deu.
Não queria ficar preso naquele sentimento ruim, já discutiu tanto com Jimin, não sabia o motivo de ter ficado abalado. Resolveu deixar para lá e guardou o material seguindo para o Salão Principal, estava faminto.
(...)
A aula chegava ao fim. Terminaram a tarefa dada e copiavam o dever de casa. (‘‘Descreva, com exemplos, como os Feitiços de Transformação devem ser adaptados ao se fazerem trocas cruzadas entre espécies’’) A sineta devia tocar a qualquer momento, os alunos conversavam animadamente quando a professora chamou atenção.
— Silêncio! Tenho um aviso para dar a todos – os alunos se calaram rapidamente e ela continuou: — Sei que falta um tempo, mas eu estava animada para lhes contar. Como devem saber, é uma tradição do Torneio Tribruxo que aconteça o Baile de inverno, e é uma ótima oportunidade para convivermos socialmente com os nossos hóspedes estrangeiros. Agora, o baile só será franqueado aos alunos do quarto ano em diante, embora vocês possam convidar um aluno mais novo se quiserem.
Ela deu uma pausa e retornou a falar.
— Traje a rigor e a vestimenta adequada. O baile, será no salão principal, começará às oito horas e terminará à meia-noite, no dia de Natal. – McGonagall olhou deliberadamente para a turma. — O Baile de inverno naturalmente é uma oportunidade para todos… Hum… Se soltarem… – Alguns alunos seguraram o riso, por imaginarem a diretora dançando, ela fingiu não notar! — Mas isso não significa que relaxaremos os padrões de comportamento que se espera dos alunos de Hogwarts. Eu não permitirei que vocês manchem o nome da escola comportando-se como babuínos bobocas balbuciando em bando! – Algumas risadas baixas foram impossíveis de segurarem. A diretora olhou sério para os alunos, que logo pararam — Sr. Min, os três campeões precisaram de pares para dançar. Se já tem, ótimo, se não, trate de arranjar logo, não deixe para última hora!
Yoongi encolheu os ombros, tinha uma pessoa em mente e esperava que desse certo.
Minerva deu mais alguns avisos então a sineta tocou. O moreno teve um tempo livre depois dessa aula e aproveitou para se ‘‘esconder’’ em um dos pátios que sabia ser o menos movimentado possível. Amava observar a neve cair lentamente, deixando tudo em tons de branco, era uma de suas cores preferidas, não se cansava disso.
Precisava conversar com alguém, existiam apenas cinco pessoas que o moreno se sentia à vontade para contar suas frustrações sem se preocupar se seria questionado ou algo referente. Como se uma dessas pessoas sentisse que o Min precisava conversar, na hora que o rapaz virou o rosto, lá estava ele; Park Chanyeol.
O sonserino aproximou-se sentando ao seu lado, o olhando com doçura e Yoongi não precisava falar nada, apenas colocou a cabeça no ombro do platinado, respirou fundo e permaneceu ali em silêncio. Um tempo depois falou.
— Como me encontrou aqui?
Park deu um meio sorriso e respondeu como se fosse óbvio.
— É o pátio menos movimentado! Você não foi o primeiro a vir aqui sozinho outras vezes. Bom, depois falamos disso! Me conte o que o Ji fez dessa vez?
Yoongi sorriu e respondeu ao amigo.
— Dessa vez ele não fez nada. Pelo menos, não ainda. Só estou com a cabeça cheia!
— Entendo! – Chanyeol começou, fazia um tempo que queria ter aquela conversa com Yoongi — sabe, o Jimin é uma ótima pessoa, entendo que para ele é difícil falar sobre sentimentos e tudo bem. Entendo ele, tive dificuldades de me declarar para o Baekhyun, e piorava porque ele só me via como um dongsaeng fofo e atrapalhado.
Yoongi gargalhou, lembrava muito bem daquele tempo e Chanyeol bateu em seu braço, sorrindo também, antes que ele continuasse, Min parou de rir e resolveu colocar para fora o que estava sentindo.
— Chan… Há alguns meses, depois da aula de poções em que ele ganhou o frasco com sorte líquida, nós discutimos em uma sala vazia e acabamos nos beijando… No entanto, fingimos que nada aconteceu. Sei o que você deve estar pensando! Não julgo ele por querer que as coisas sejam assim, sei que o Jimin tem dificuldades em demonstrar seus sentimentos e está tudo bem, realmente está… – Algumas lágrimas intrometidas e completamente inesperadas caiam por sua face. O sonserino olhou para Yoongi, era tão raro ver o amigo chorar, sentiu seu coração apertar em decorrência daquela cena. Segurou a mão dele e o esperou continuar — tem momentos que imagino tudo dando certo, tenho planos para convidá-lo para o baile, mas não sei se ele aceitará, sem contar que, a aproximação dele com o Klimov… – Respirou fundo e suspirou frustrado — isso me irrita tanto! É como se qualquer pessoa pudesse se aproximar dele sem nenhum tipo de dificuldade e comigo, é excessivamente difícil Não sei exatamente quando esses sentimentos surgiram, sou apaixonado por ele, tudo bem, eu assumo! Acredito que sou desde o primeiro ano, talvez. Infelizmente sinto que nunca serei retribuído.
Park suspirou, aquela sensação era uma das piores. Sua voz soou baixa e tranquila.
— Vocês têm muitos assuntos em aberto… Não fazia ideia! Precisam sentar e terem uma conversa séria. Yoon, está mais que óbvio ele sentir o mesmo, nós percebemos diariamente, caso pergunte aos nossos amigos, eles confirmaram também. Algo no Ji não o deixa dar esse passo, talvez você precise tomar uma atitude! Faça antes do ano novo, pelo menos comece o ano com o coração leve, sem desentendimentos, tenho certeza que fará bem para o relacionamento de vocês, me refiro ao de amizade, o namoro vem depois. Se declare logo, depois poderá ser tarde.
O sonserino falou e levantou-se. Precisavam ir para a próxima aula e assim fizeram. Foi bom para Yoongi falar tudo o que estava sentindo, tirou peso enorme das costas, mas não era o suficiente.
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Alice, Celine e Yoongi conversavam sentados em um sofá perto de uma grande janela. Faltava pouco para o jantar e a comunal da Sonserina estava animada em decorrência aos búlgaros estarem ali.
Alice estava quase sentada no colo de Yoongi e o moreno não estava achando ruim. Jimin estava do outro lado do local, observando aquela cena, nem prestava atenção no que Klimov falava, somente quando o rapaz entrou em um assunto em especial, foi que Park prestou atenção e concordou. Olhou novamente na direção de Yoongi, estava com ciúmes, não conseguia controlar o sentimento.
Pediu licença ao estrangeiro e saiu. A ruiva, que observava tudo, falou próximo ao ouvido do Min.
— Ele acabou de sair, vá resolver seus problemas, rápido!
Yoongi seguiu atrás de Jimin, quando passou pela porta e avistou o loiro no final do corredor. Não conseguia entender como Jimin estava andando tão rápido, correu para se aproximar do mesmo, porém, o rapaz sumiu de sua vista por uns segundos, vários alunos ainda transitavam pelos corredores, o que dificultava a vida do Min, mas logo o encontrou novamente. Cada segundo era precioso, as escadas mudam de direção, então caso perdesse Jimin de vista novamente, poderia acabar em outro lugar e seu plano falharia.
Park seguia para a torre de astronomia, era proibido a entrada de alunos naquela hora, porém, quem ligava para regras naquela altura do campeonato, não é mesmo?! Entrou atrás do sonserino e observou o rapaz seguir na direção da grade de proteção, olhando para o céu.
Parou um pouco atrás dele e falou baixo.
— A lua está linda! – Yoongi falou baixo, admirando a mesma.
Jimin virou o rosto devagar, não se assustou, como se soubesse que o outro estaria ali. Suspirou, respondendo com uma voz cansada.
— O que você quer? Não estou interessado em conversar com ninguém!
Yoongi não estava preocupado com aquilo, aproximou-se um pouco mais e seu perfume adentrou as narinas do loiro, que fechou os olhos, agradecendo pelo moreno não ver seu rosto com clareza.
O outro falou baixo, rente ao seu ouvido.
— Não quero discutir! Quero apenas entender sua reação em relação à Alice. Primeiro foi com o beijo que ela deu em meu pescoço, hoje foi com ela quase sentada em meu colo – viu Park fechar a mão direita e Yoongi sorriu de lado e continuou a falar — foi uma atitude estranha vindo de você!
Os pelos da nuca do Park arrepiaram e por sorte, estavam a meia-luz da lua. Ji mordeu o lábio quando a lembrança surgiu em sua mente, sentiu uma raiva se apossar de si.
— Isso não é da sua conta, Min Yoongi!
Respondeu um pouco arrogante, mas com medo que sua voz falhasse em decorrência dos sentimentos bagunçados. Yoongi respondeu em um tom bem debochado.
— Isso é da minha conta, sim, principalmente por eu estar envolvido na história. Ficou com ciúmes? O que custa ser sincero pelo menos uma vez? Que merda, Jimin! Do que você tanto se protege?
Jimin virou-se e quase se arrependeu, Yoongi estava próximo demais. Soou o mais tranquilo possível, mas apenas Merlin sabia como seu coração estava acelerado e todos os sentimentos que sentia naquele momento.
— Pare de perguntar isso, ficou maluco de vez? – Yoongi aproximou-se um pouco mais e um misto de coragem colocou uma mão no rosto de Jimin, que perguntou nervoso. — O-o que está fazendo?
‘‘Talvez você precise tomar uma atitude!’’
Se olharam com intensidade, os corações batiam na mesma velocidade. A mão de Yoongi deixava a bochecha de Park quente e os dedos davam pequenos choques, como se correntes elétricas percorressem ambos corpos.
O sonserino falou tão baixo que se não estivessem próximos, não seria possível escutar.
— Por que é tão difícil para você assumir que aquilo te deixou incomodado?
Park mordeu o lábio e sentiu suas bochechas ganharem tons de vermelho.
— Me desculpe… – Sussurrou.
— Então está assumindo que sentiu ciúmes? – Yoongi perguntou, um tanto esperançoso.
Jimin deu um mínimo sorriso respondendo.
— Você é quem chegou a essa conclusão!
Yoongi sorriu abaixando a cabeça, ponto para ele! Acabou com a pouca distância que restava. Jimin passou os braços ao redor dos ombros do outro, aproveitando o beijo, se permitiu esquecer um pouco das suas inseguranças e aproveitou o momento. Sentiu o Min segurar sua nuca e subir os dedos delicadamente para os fios loiros puxando de leve. Park fez o mesmo, então aumentaram a intensidade do beijo, aproveitando cada sensação. O fôlego se fez presente e precisaram parar. Terminaram o beijo com leves selares.
Min juntou a testa com a de Jimin, falando baixo.
— Quero te fazer uma pergunta, tudo bem se demorar a responder…
Jimin engoliu seco e sussurrou.
— Pergunte!
Yoongi limpou a garganta, afastou-se um pouco e olhou nas íris avelã, puxadas para o castanho-esverdeado, lindas, do Park.
— Quero saber… Se vo-você quer ir ao baile comigo?!
O olhar de Jimin pairou um pouco, ele mordeu o lábio e sentiu seus olhos lacrimejarem, afastou-se mais um pouco e falou baixo.
— Me desculpe Yoon… É que já aceitei o pedido de outra pessoa!
Então o moreno conseguiu chegar a conclusão de quem seria. Apenas murmurou.
— Ah… Tudo bem… Sem problemas! No fundo, eu já sabia que isso poderia acontecer, tudo bem. – A decepção em sua voz não foi escondida, nem se ele tentasse, conseguiria.
Deu uma última olhada para a lua e saiu em sequência. Assim que a porta fechou, Park sentiu lágrimas escorrerem pelo seu rosto, odiava o fato de chorar facilmente quando o assunto era Min Yoongi e tudo o que sentia pelo mesmo! Não era fraco, mas ele era seu ponto fraco. Nunca conseguia lidar com essa parte sensível de seu coração, tudo se tornava tão complicado. Era tão idiota. Sentou no batente um pouco atrás de si e desabou.
Demorou algumas horas ali, havia parado de chorar e estava perdido em pensamentos quando uma voz calma o fez voltar à realidade.
— Aqui realmente é um bom lugar para pensar, porém, esta tarde Sr. Park.
Jimin virou-se rapidamente e viu McGonagall. Tratou de responder o mais rápido possível, já imaginando mais uma detenção por quebrar mais uma regra.
— D-diretora… Eu sei! Desculpe-me.
O olhar da diretora não havia mudado, ela se aproximou do loiro que engoliu em seco.
— Sabe, não julgo seu desprezo por quebrar algumas regras, é uma característica da Sonserina. Todavia, não aprovo também! O senhor não deveria se arriscar assim, e não me refiro apenas a perambular o castelo altas horas. Lembre-se disso! Agora vá para sua comunal, caso algum monitor pergunte o motivo de estar pelos corredores quando todos já foram para as suas casas, diga que o chamei e que a pessoa vá conversar comigo para confirmar seu álibi.
O sonserino confirmou com a cabeça, suspirando aliviado.
— Obrigado diretora, desculpe-me novamente! – fez uma reverência para a senhora: — Boa noite!
Tratou de se retirar do ambiente o mais rápido possível, encontrou o monitor da Lufa-lufa no caminho e por sorte o rapaz acreditou no que Park disse. Se livrou dessa e seguiu para a comunal, passava das 22:00. Havia perdido o jantar, mas não era um problema, não estava com fome. Naquela hora, apenas os monitores e alguns professores perambulavam pelo castelo, pensaria em seus problemas em frente ao fogo da grande lareira de sua comunal.
[…]
Uma semana depois.
Namjoon estava sentado em uma mesa afastada com vários livros em cima da mesma e um Yoongi não tão animado, mas sabendo ser necessário está ali. O Kim começou a falar.
— Você sabe que a mente é o estado da consciência ou subconsciência que possibilita a expressão da natureza humana. – Meneou a cabeça em confirmação e o Kim continuou: — ‘Mente’ é o conceito utilizado para descrever as funções superiores do cérebro humano relacionadas à cognição e ao comportamento. Particularmente as funções que tornam os seres humanos conscientes, como; interpretação, desejos, linguagem, imaginação, etc. Isso é o básico, até aí tudo bem?
Perguntou segurando o riso por saber que o amigo estava achando aquilo uma chatice. Yoongi suspirou, respondendo à pergunta.
— Sim, prossiga!
Kim continuou.
— Bom, pelo que você comentou, no pergaminho dizia o seguinte: você conhece seus medos? Todos eles? Consegue diferenciar o que é realidade de ilusão? O que julga ser ilusão pode ser realidade, o que pensa ser realidade pode ser ilusão. Conseguiria lidar com seu maior medo na sua frente ou desistiria por deixar seu medo o consumir? Pode estar acontecendo dentro de sua cabeça, mas por que isso deveria significar que não é real? – Fez uma pequena pausa, deu um leve sorriso, retornando ao assunto: — Soa tão problemático!
— Soa? – Yoongi perguntou com um tom de ironia. O que foi visivelmente ignorado pelo corvino.
— Voltando, temos três pontos: realidade, ilusão e medo. Precisamos diferenciar ilusão de realismo e trabalhar seus medos. Yoon, teremos até fevereiro para trabalharmos nisso. É muito provável que a segunda tarefa ocorra nesse período.
Yoongi limpou a garganta e olhou para o Kim. Suspirou e respondeu.
— Tudo bem… Não será nada fácil, mas não é como se fosse coisa de outro mundo. Em relação aos medos, não tenho muitos, essa parte não deve ser difícil.
O corvino concordou, porém, foi sincero.
— Fácil também não é! Principalmente por tratar de assuntos delicados e confusos até certo ponto. Não sabemos o que esperar com todas as letras da prova, mexerá com sua mente? Sim! A parte do medo até me arrisco a dizer que um bicho-papão estará no meio. Já as outras… O feitiço para espantar essa criatura é o mais fácil, entretanto, não são todos que conjuram perfeitamente. O assunto é medo, as reações que ele causa afeta a parte física e a psicológica, impossibilitando de lembrar de um simples detalhe.
O sonserino suspirou passando a mão pelos fios pretos, bagunçando um pouco.
— Teremos muito trabalho pela frente e eu já estou me arrependendo! – Respondeu Yoongi, encostando a cabeça na mesa.
Namjoon pegou um pergaminho e começou a fazer algumas anotações. Yoongi apenas observava com a cabeça apoiada nos braços, o Kim montava alguns tópicos que considerava importantes. Um tempo depois, ele tirou o olhar do papel, então olhou para o sonserino fazendo a seguinte pergunta.
— Para você, o que é realidade e ilusão?
Min o olhou duvidoso, estalou a língua, arqueou uma sobrancelha e respondeu como se não acreditasse.
— Sério isso? – O Kim confirmou com a cabeça, então o sonserino sentou direito e prosseguiu: — Bem, em resumo, a realidade em uso comum é tudo o que existe, já ilusão é uma situação criada pela mente. Algo assim.
O corvino concordou e fez as anotações, quando terminou, falou.
— A realidade é apenas uma ilusão, embora muito persistente. Já dizia Albert Einstein!
— Kim Namjoon, se está tentando ajudar, saiba que não está adiantando! – Yoongi passou a mão pelo rosto em frustração.
Namjoon sorriu mostrando suas covinhas, fazendo duas moças na mesa da frente suspirarem. Yoongi revirou os olhos e colocou a testa na mesa, enquanto Kim fazia um leve carinho nas costas do amigo.
— Calma! Dará tudo certo. – O sonserino acreditou naquelas palavras.
Todas as tardes depois das aulas iam para a biblioteca, ou pátios menos movimentados para estudarem sobre mente humana, controlar emoções, bicho-papão, feitiços que poderiam ser úteis no momento da prova, entre várias outras situações possíveis. Yoongi possuía medos que nem sabia existir, não era uma situação fácil e o Kim fazia de tudo para deixar tudo o mais fácil possível.
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