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História O Veneno Que Não Mata - Egoísmo - História escrita por lilcyjn - Spirit Fanfics e Histórias
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História O Veneno Que Não Mata - Egoísmo


Escrita por: lilcyjn

Capítulo 4 - Egoísmo


Pela primeira vez, Taehyun ficou entediado na sala de instrumentos.

Quando a luz voltou, ele correu para o único lugar que gostava naquele prédio maldito, mas nem o piano conseguiu distrai-lo dos próprios pensamentos. Tinha uma avalanche se passando em sua cabeça, principalmente acerca do possível contrato da Dawn Kiss, e não saber o que estava acontecendo fazia com que perdesse até a vontade de cantar.

E tudo conseguia ficar ainda pior quando se lembrava que Damian havia proibido ele de sair da empresa. Agora, tinha um segurança na porta da sala que foi contratado para vigiá-lo o tempo inteiro como se fosse uma criança teimosa. Ele queria gritar até que suas cordas vocais explodissem, mas estava sem forças até para se rebelar, então apenas deitou no chão e colocou o álbum da Dawn Kiss para tocar enquanto desejava que o chão o engolisse.

O ar-condicionado estava o mantendo em uma temperatura agradável, e isso fez com que seu corpo relaxasse até que pegasse no sono quando o álbum terminou de tocar. Seu subconsciente começou a divagar dentro de um cochilo bom, que o levou de volta ao dia em que foi ao show da Dawn Kiss.

Ele conseguiu sentir a energia de volta como se fosse real, principalmente porque estava extremamente perto da banda. Porém também estava mais angustiado que da última vez, com seu corpo implorando para que saísse correndo e se escondesse de todos os perigos que corria.

Mas o Kai do seu sonho notou isso, pois andou à sua direção no mesmo instante.

Ele estendeu a mão para que Taehyun a segurasse, e foi como se soubesse de todas as suas necessidades só pela forma como o olhava, cheio de compreensão. Era seguro e confortável, então Taehyun segurou a mão dele sem pensar duas vezes, sentindo o coração acelerar com o toque.

Em seguida, Kai o puxou para o palco. Porém, no momento em que pisou nele, foi acordado pela batida forte da porta da sala de instrumentos.

Taehyun sentou na mesma hora, atordoado, mas começou a entender o que estava acontecendo quando viu Damian já no meio do cômodo. Ele estava com aquela expressão de raiva que costumava ter quando era contrariado, e, por alguns segundos, Taehyun pensou ter sido o culpado de novo.

— Caralho! Aqueles moleques arrogantes negaram todas as minhas propostas e tiveram a porra da coragem de propor um contrato novo. Quem eles acham que são?! — Damian disse, andando até uma das guitarras apoiadas. Taehyun arregalou os olhos quando ele pegou uma delas e a estendeu no alto. — Eu quero que eles se fodam muito!

Em um segundo, a guitarra foi de encontro ao chão com força, e o barulho do metal quebrando e das peças se espalhando fez Taehyun se arrastar para trás, sentindo um medo genuíno lhe assombrar de novo. Damian sempre ficava agressivo quando não conseguia o que queria, e Taehyun não duvidava que fosse sobrar para ele, como já havia acontecido antes.

E o que seguiu foi uma grande sequência de destruição musical. Taehyun só pôde se encolher enquanto todos os instrumentos de corda eram quebrados à medida que Damian gritava como um maníaco. Totalmente perturbador, mas nada foi pior que a sensação que ele sentiu ao vê-lo se aproximar do piano.

Claro, Damian tinha dinheiro para repor todos aqueles instrumentos quantas vezes quisesse, mas isso não tornava a situação nem um pouco melhor.

— Senhor Damian! — O segurança gritou, e só então Taehyun percebeu que a porta estava aberta.

Onde esse maldito segurança estava o tempo inteiro?, pensou, mas ele provavelmente estava lá, apenas ignorando o que acontecia como costumavam fazer.

Damian parou no lugar, com a respiração descontrolada igual a de um animal, e olhou para trás com ódio.

— Tem dois empresários na recepção que querem falar com você. — O segurança voltou a falar, agora com mais hesitação.

— Mande ambos para a sala de reunião, estarei lá em alguns minutos. — Respondeu, engolindo o ódio latente.

O segurança concordou e saiu o mais rápido possível, como se não tivesse visto o que estava acontecendo. A indiferença das pessoas que trabalhavam ao redor de Damian era cruel, e Taehyun sentia vontade de vomitar sempre que via isso acontecendo com os próprios olhos.

— Não ouse sair dessa sala, não quero mais problemas hoje, entendeu? — Damian disse.

Taehyun apenas concordou, sentindo a garganta seca demais para responder. Ele só conseguiu soltar o ar que estava prendendo quando ficou sozinho de novo, tentando digerir que porra havia acabado de acontecer.

E, apesar de todo o misto de desespero e confusão, conseguiu entender que a Dawn Kiss não havia assinado o contrato, então se permitiu sentir um pouco de alívio. Pelo menos eles não teriam que trabalhar com um lunático, diferente de Taehyun, que ainda estava preso naquele filme de terror sem ter para onde fugir por mais alguns anos dolorosos.

 

 

 

 

— Acho que vamos ser a primeira banda a manter um contrato temporário pra sempre em uma empresa que tá caindo aos pedaços. — Yeonjun disse quando voltaram para o apartamento depois da reunião.

— Estamos fodidos… — Soobin suspirou, balançando a cabeça. — É sério, nós precisamos fazer alguma coisa. Todo dinheiro que a gente ganha tá sendo investido em estrutura pros shows e a margem de lucro não tá razoável. A gente nem conseguiu sair desse apartamento ainda, e isso é um péssimo sinal.

— Nós podemos falar sobre isso depois? — Kai pediu. — Tô com dor de cabeça, preciso de um tempo sozinho.

— Tudo bem, não vai se resolver em um dia mesmo. — Beomgyu respondeu. — Vai descansar, qualquer coisa pode chamar.

— Obrigado. — Kai agradeceu, andando em direção ao quarto.

— Ok, eu tentei o meu máximo lá, mas aquele cara realmente é um psicopata. — Yeonjun disse, se jogando no sofá. — O jeito que ele fala é muito perfeito, como se a proposta dele fosse levar a gente até o céu. Muito bizarro.

— O pior é que não é difícil cair naquele papinho torto, né? — Soobin respondeu, sentando ao lado dele. — A gente teve a sorte de ler o contrato antes da reunião.

— Realmente, graças ao Kai e ao nosso querido Gyu. — Yeonjun falou com seu tom brincalhão e sorriu para Beomgyu.

Em um dia normal, Beomgyu iria revirar os olhos, ignorar e ir para qualquer outro canto da casa. Mas, para surpresa de todos, ele sorriu de volta e sentou do outro lado de Yeonjun, cruzando as pernas em cima do sofá.

Soobin arregalou os olhos, sentindo o corpo inteiro tremer assim como havia acontecido no elevador, e até mesmo Yeonjun entrou em choque, perdendo todas as piadinhas dentro da própria boca. Só isso havia sido o suficiente para mexer com os dois de formas tão diferentes, que nem imaginaram que ele ainda tinha mais cartas na manga.

— Eu fico feliz de poder ajudar a banda. — Beomgyu respondeu, agindo como nunca havia feito antes. — Você também foi bem na reunião, eu fiquei orgulhoso.

Em seguida, Beomgyu olhou para Soobin como se estivesse esperando que ele jogasse as próprias cartas. Então é um jogo?, Soobin pensou, mas ainda não conseguia entender por que ele estava fazendo aquilo ou o que havia mudado tão rápido. Era muito confuso, porém ver o jeito que Yeonjun estava hipnotizado pela proximidade com Beomgyu fez o seu cérebro entrar em estado de alerta.

Ele definitivamente precisava fazer alguma coisa. Mas o que poderia fazer? Não adiantava lutar por um coração que não era seu, mas também não queria perder o jogo.

O que lhe restava era tentar derrubar a estratégia do adversário.

Pensando nisso, Soobin se levantou do sofá e andou até ficar na frente de Beomgyu, pegando toda a atenção para si. Sua mente estava tão nublada que ele não raciocinou antes de inclinar o corpo e colocar a mão na cabeça de Beomgyu, bagunçando o cabelo dele de leve.

— Gyu, você realmente fez a diferença dessa vez. — Sorriu, usando a mão livre para fazer um carinho singelo na bochecha dele. — O Yeonjun também, a gente tem sorte por ter vocês dois na banda.

Soobin sentiu uma onda de emoção passando por suas veias quando percebeu que Beomgyu ficou afetado com os toques, encolhendo o corpo e ficando com as bochechas coradas. E isso era bom, era ótimo. Afinal, Soobin nunca negou ser um bastardo egoísta. Ele havia rezado por anos para que Beomgyu nunca correspondesse Yeonjun, e agora que um de seus maiores pesadelos estava acontecendo, ele teria que baixar o nível ainda mais.

Se o coração de Beomgyu batesse mais forte pelo seu que pelo de Yeonjun, então tinha chances de não perder o resto que ainda tinha do coração da pessoa que estava longe de lhe corresponder.

— O-obrigado… — A voz de Beomgyu vacilou, e ele começou a se levantar. — Vou tomar um banho…

E restou para Soobin e Yeonjun o assistirem correr até o banheiro em silêncio, e um clima estranho ainda pairou entre os dois.

— O que foi isso? — Yeonjun perguntou, olhando para a televisão desligada na sua frente. — Eu tô delirando.

— Acho que não foi nada demais. — Soobin respondeu, engolindo a verdade de vez. — Beomgyu deve ter ficado aliviado por hoje.

Yeonjun virou para Soobin e ainda abriu a boca para falar, mas desistiu. Soobin sabia que ele estava perdido, e aquele precisava ser seu momento de virar o jogo.

— A gente devia descansar também. — Soobin voltou a falar. — Vem, eu faço uma massagem em você lá na cama.

Yeonjun assentiu, ainda calado, e os dois foram até o quarto em silêncio. Soobin apenas se preocupou em controlar a respiração e ignorar a voz no canto de sua mente lhe dizendo o quão errado era aquilo.

Ele não podia voltar atrás agora que havia começado, e só podia esperar que não resultasse em um completo desastre.

 

 

 

 

Beomgyu sempre foi uma pessoa fácil de lidar, com os pensamentos em constante ordem e cheio de palavras na ponta da língua, apesar de sua personalidade quieta. Ele sempre quis manter todos os ambientes da sua vida em harmonia, e isso não mudaria com a banda, afinal, tinha música como o pilar de sua vida, e amava a Dawn Kiss do fundo do coração.

Por conta disso, temia que um possível relacionamento amoroso pudesse afetá-los de forma negativa. E ele sabia que tinha chances de acontecer, principalmente por estarem juntos o tempo inteiro, então fez questão de rejeitar Yeonjun desde o dia em que recebeu o primeiro flerte, mesmo sentindo borboletas fazendo a festa em seu estômago com aqueles olhares indiscretos e sorriso encantador.

Beomgyu genuinamente pensou que essa fosse a melhor forma de evitar confusões futuras, mas fingir que não sentia nada apenas resultou em corações partidos e estresse. Era difícil entender como todo o seu esforço em reprimir os próprios sentimentos estava sendo jogado fora há anos porque Yeonjun e Soobin simplesmente não se importavam com a banda da mesma forma que ele.

E isso passou a irritá-lo bastante, porque absolutamente ninguém saía ganhando.

Ele não havia mentido em nenhuma das palavras que disse a Soobin quando ficaram presos no elevador. Na verdade, Beomgyu ainda sentia que não havia falado tudo que realmente tinha a dizer sobre a bagunça que era a relação deles há anos, e estava farto de ver tudo aquilo se repetindo de uma forma viciosa.

Já fazia algum tempo desde que começou a pensar em quebrar esse triângulo amoroso esquisito e acabar com toda essa palhaçada de uma vez, mas não sabia como. Ele não tinha muitas oportunidades de ficar a sós com Soobin, e não sabia se conseguiria ter uma conversa séria com Yeonjun, então esteve engolindo até a oportunidade perfeita surgir.

Aquele elevador pareceu adivinhar exatamente o que precisava, então não pôde desperdiçar a chance de enfim abrir o jogo. Ele tinha ficado nervoso, mas Soobin era tão óbvio que as palavras haviam saído de sua boca antes mesmo que percebesse.

Ah, e como Beomgyu detestava a forma como ele sempre se escondia sob aquela máscara de pobre coitado sofredor, quando na verdade era um puta egoísta que amava se machucar. A maior prova disso foi o que havia acontecido há poucos instantes. Soobin literalmente preferiu afetá-lo com toques mesquinhos do que lutar por Yeonjun ou apenas jogar as próprias cartas na mesa, em um jogo sujo que nem mesmo Beomgyu conseguiu prever.

Era ridículo!

E Beomgyu se sentia ainda mais patético por ter caído naquela armadilha.

Porém iria virar aquele jogo de um jeito ou de outro, porque Soobin não era o seu único alvo naquela brincadeira. Também tinha Yeonjun, e Beomgyu não iria deixá-lo se safar, uma vez que ele também não era inocente naquela história.

Yeonjun parecia uma criança mimada e birrenta, que não sossegava até ter o que queria. Beomgyu soube disso desde a primeira vez que deu um fora nele, porque a única reação que teve de volta foi um sorriso cafajeste, e isso nunca poderia significar algo bom. E essa insistência parecia cegá-lo de tudo, especialmente da forma como usava Soobin.

Ambos eram malucos e masoquistas, perfeitos um para o outro.

Mas, se combinavam tanto, por que Beomgyu ainda tinha que estar no meio disso tudo? Ele havia se feito essa pergunta tantas vezes, mas não conseguia encontrar uma resposta coerente, então decidiu entrar no jogo e ser tão maluco e masoquista quanto Yeonjun e Soobin.

Entretanto, agora, estava molhando o rosto com desespero, esperando que aquele calor em suas bochechas passasse logo.

Vai passar, eu só preciso colocar minha cabeça no lugar, repetiu para si mesmo várias vezes até se recuperar. Foi ele que decidiu entrar naquela loucura, e não iria desistir tão fácil. Assim, se enfiou debaixo do chuveiro e se forçou a pensar que nem um ser humano normal, ainda que soubesse que mal havia começado.

Porém iria acreditar no tempo, afinal, uma coisa de cada vez era o melhor a se acreditar naquele momento.

 

 

 

 

Após alguns dias, Kai começou a notar que algo estranho estava acontecendo entre seus amigos. Em especial, entre Soobin e Beomgyu.

Eles nunca foram tão próximos assim, então foi um choque quando ouviu Soobin usar o apelido Gyu pela primeira vez, ou quando assistiu Beomgyu elogiar a aparência dele na frente dos outros. Claro, deveria estar feliz pela aproximação repentina dos dois, mas algo parecia fora da curva.

Aquelas interações carinhosas tinham um fundo de passivo-agressividade que estavam incomodando Kai, porém Yeonjun não parecia ligar. Pelo contrário, ele ficava radiante sempre que Beomgyu e Soobin começavam a conversar daquele jeito suspeito.

Era estranho, porém, como não queria se meter na vida de qualquer um deles, preferiu focar nas próprias questões.

E essas questões tinham nome e sobrenome.

Nos últimos dias, quanto mais Kai conversava com Taehyun, mais sentia vontade de salvá-lo daquela vida que estava levando. Uma sensação de injustiça queimava em seu peito cada vez que Taehyun se abria um pouco mais, e qualquer pessoa veria como tudo ali estava errado. Eles até mesmo tiveram que combinar um horário de conversar por mensagem para que Damian não suspeitasse de que havia qualquer tipo de relação surgindo entre os dois! Era doentio, e não tinha como apenas engolir isso.

Essa situação estava começando a consumir mais sua mente do que deveria, e sabia que tinha que separar suas prioridades, mas, desde o primeiro dia, havia sido difícil não pensar em Taehyun. Ele era tão estoneante, cheio de talento e beleza, que Kai não conseguia fingir indiferença, mesmo se tentasse muito. Às vezes, até sentia que estava ficando louco pela vontade de encontrá-lo de novo, mesmo sabendo que seria quase impossível naquele momento.

Era um campo minado completamente perigoso, mas ele não pôde evitar. A cada segundo que tinha livre, estava sonhando acordado com Taehyun, quase ultrapassando limites da realidade.

— Kai! Kai! — Ele ouviu Soobin chamá-lo, só então percebendo que estava mergulhado dentro da própria cabeça novamente.

Ele estava sentado na mesa da sala, almoçando pizza com Soobin, Yeonjun e Beomgyu, e não tinha prestado atenção em porcaria alguma estavam falando.

— O que foi? — Perguntou, e Soobin estendeu o celular em sua direção.

— Recebi uma notificação do nosso e-mail profissional, e a Offload Records entrou em contato com a gente. — Respondeu como se não acreditasse nas próprias palavras.

E isso bastou para que Kai despertasse de verdade e pegasse o celular na mesma hora. Era um e-mail curto, mas direto e bem explicado, falando que a gravadora tinha interesse na banda e que gostaria de marcar uma reunião.

— Caralho! — Kai arregalou os olhos. — Porra, se isso aqui não for uma grande cilada, vai ser o nosso momento de sorte.

— Exatamente! — Yeonjun respondeu. — E essa gravadora é a maior concorrente do Damian, tenho certeza que ele vai ficar puto.

Ouvir isso fez os olhos de Kai brilharem ainda mais.

— Vamos marcar essa reunião o mais rápido possível, então. Não tem motivo pra esperar. — Respondeu, e os outros concordaram sem pensar duas vezes.

Soobin enviou um e-mail de volta confirmando o interesse, e tiveram uma resposta ainda no mesmo dia, confirmando uma data na semana seguinte. Naquele instante, eles se esqueceram de qualquer problema pessoal e apenas comemoraram um possível grande passo na carreira deles.

E quando a noite caiu, Kai foi para o próprio quarto, deitou na cama e mandou mensagem para Taehyun como vinha fazendo há algum tempo, esperando ansiosamente pela resposta.

Ele aproveitou para contar sobre o possível contrato que a banda assinaria e perguntou como ele havia passado o dia, e, para sua surpresa, a resposta veio como uma chamada de vídeo. Ele entrou em choque, até pensando que algo poderia dar errado, porém atendeu mesmo assim.

— Taehyun! — Disse, abrindo um sorriso imenso ao vê-lo pela tela de seu celular.

Taehyun também estava na cama, com o cabelo bagunçado e sem maquiagem, mas Kai só conseguia pensar no quanto ele ficava lindo de qualquer jeito.

— Oi, Kai. — Sorriu de volta. — Eu vi as mensagens e quase gritei por você. Eu espero que dê tudo certo na reunião da próxima semana.

— Ah, eu também, você não sabe o quanto eu fiquei aliviado. — Suspirou. — Eu tava esperando pra poder falar sobre isso com alguém além daqueles três patetas.

— Ah, eu também tava ansioso pra conversar com você. — Sorriu. — Hoje meu dia foi um completo tédio.

— Por quê?

— É que Damian viajou e só volta na próxima semana. —Taehyun respondeu, mas seu tom não era tão alegre. — Isso significa que vai ser uma semana inteira preso aqui sem poder fazer nada.

— O que?! — Kai arregalou os olhos. — De jeito nenhum! Você não tem como, sei lá, fugir?

— Acho que não, ele dobrou a quantidade de seguranças. Além disso, eu nem tenho pra onde fugir. Facilmente me reconheceriam na rua.

Kai franziu o cenho, tendo que segurar a vontade de correr até a casa de Taehyun e tirá-lo de lá a qualquer custo.

— Vem pra cá. — Ofereceu, sem pensar direito. — Eu te ajudo a fugir, você pode ficar aqui no apartamento quanto tempo quiser.

Taehyun ficou surpreso, mas negou com a cabeça rapidamente.

— Eu não quero te envolver nisso, de verdade. Damian poderia arruinar a sua vida e acabar com a Dawn Kiss só estalando os dedos. — Suspirou. — E eu poderia até fugir, mas faria isso sozinho. Eu me odiaria ainda mais se colocasse alguém no meio dessa confusão.

Kai quis retrucar, mas engoliu a contragosto. Taehyun estava certo até certo ponto, e isso só tornava tudo pior.

— Você nunca pensou em expor ele? — Perguntou depois de um curto silêncio.

— Todo dia penso nisso, mas, sinceramente, só eu iria sair perdendo. — Respondeu, olhando para o teto. — Eu poderia expôr um vídeo dele cometendo o crime mais cruel do mundo, mas, ainda assim, iria ter uma legião de fãs para defender ele com unhas e dentes. Não é isso que acontece com a maior parte dos homens ricos e idolatrados dessa indústria? Além disso, eu não tenho pra onde ir ou dinheiro pra gastar. Tudo que eu tenho é a porcaria da minha voz.

— Se tudo que você acha que tem é a sua voz, então o que você tem medo de perder? — Kai perguntou. — A única coisa que não podem tirar de você é o seu talento, então o que te impede de jogar tudo pro alto?

Taehyun arregalou os olhos, e Kai viu como a expressão dele se tornou perdida.

— O que eu tenho medo de perder…? — Taehyun repetiu baixinho. — Eu não faço ideia.

— Sabe de uma coisa? Você é incrível demais pra ser uma Rapunzel. — Jogou, esperando que Taehyun não o achasse maluco. — A gente não se conhece tão bem ainda, mas é impossível não pensar nisso toda vez. Você é uma estrela, e me mata não te ver brilhando como uma.

— Eu costumava pensar assim também... — Disse, sorrindo de um jeito triste. — Na verdade, eu quero voltar a pensar desse jeito. Eu me sinto vivo quando acredito nas minhas próprias palavras, mas eu nunca sei se elas vão me levar a um lugar seguro.

— Bom, considerando que o lugar que você tá agora não é nem um pouco seguro, acho que não iria fazer tanta diferença.

— Realmente. — Riu. — Eu vou pensar sobre o que fazer para não enlouquecer de vez dentro dessa casa gigante.

— Você deveria enlouquecer. — Kai respondeu, pegando Taehyun de surpresa. — Às vezes a raiva move montanhas.

— Acho que a minha raiva moveria um país inteiro. — Negou com a cabeça. — Mas você tá certo, eu ando muito cansado de tudo isso ultimamente. Só preciso pensar mais um pouco em como eu posso fazer da vida de Damian um inferno de volta sem que isso me mate.

— Faz Damian perceber o quanto ele precisa de você. — Kai sugeriu. — Isso já é um grande passo.

Taehyun sorriu, e, com mais alguns minutos de conversa, Kai percebeu que ele já sabia o quão importante era. Taehyun tinha completa noção do quanto era incrível, só estava exausto para brigar por isso. Porém o brilho naqueles olhos lindos fez Kai ficar mais tranquilo, porque conseguia ver que havia esperança dentro deles, e esperava que ele se agarrasse nela com todas as forças.

E, desse jeito, os dois conversaram até o momento que Taehyun começou a bocejar, avisando que iria dormir. Depois que desligaram a chamada, Kai ainda ficou olhando para o celular, sem saber o que fazer com a agitação em seu coração. Era tão bom que ele se sentia nas nuvens, desejando que pudessem passar mais horas conversando como se tivessem todo tempo do mundo.

Pelo menos não demorou para Beomgyu entrar no quarto, o acordando do seu mundinho de ilusões. E ver o amigo fez com que se lembrasse de que havia algumas perguntas que queria fazer sobre o que vinha acontecendo, então tratou de sentar na cama quando ele fechou a porta, pronto para fofocar.

— Ei, Gyu, que porra tá acontecendo entre você, o Soobin e o Yeonjun? — Perguntou de vez, agradecendo por não precisar se segurar com Beomgyu.

— Eu e o Soobin estamos em uma guerra fria. — Beomgyu riu, se jogando na própria cama.

— Conta isso direito. — Kai pegou uma almofada e jogou nele, que a agarrou ainda rindo.

— Eu cansei de tudo que vinha acontecendo, e abri o jogo com ele quando a gente ficou preso no elevador.

— Eu sabia! Soobin ficou muito estranho naquele dia. — Kai disse, indo para a beirada da cama. — Mas como chegou nesse ponto?

— Eu meio que fiz um pouco de tortura psicológica com ele lá, ameaçando corresponder os sentimentos de Yeonjun, só pra ver se ele acordava pra vida. Só que ele é tão imbecil que em vez de tentar conquistar Yeonjun, ele tá tentando me conquistar pra ver se eu vou deixar Yeonjun em paz. — Explicou, e Kai abriu ainda mais a boca pelo choque.

— Eu não acredito nisso. — Balançou a cabeça. — Vocês três são malucos.

— Sabe o que é pior? No início, eu entrei em choque, mas agora eu tô me divertindo. Já faz uma semana que estamos nesse joguinho, e eu continuo ganhando, porque Yeonjun é maluco por mim, e Soobin sabe que isso não vai mudar.

— Então você tá gostando da atenção que Soobin tá te dando? — Kai perguntou, totalmente curioso. — Ele tá sendo tão fofo com você esses dias que tá me deixando enjoado.

— Eu não queria admitir, mas eu gosto do frio na barriga que ele me dá. É confuso, porque eu sempre tive receio de corresponder aos sentimentos de Yeonjun, mas nunca imaginei que logo Soobin iria me afetar. E agora, eu não consigo ficar muito tempo sem flertar com Yeonjun só pra irritar Soobin e ver o que ele vai fazer em seguida.

— Corresponder o Yeonjun…? — Kai piscou algumas vezes. — Espera, como que ele fica essa história?

— Yeonjun também merece sofrer um pouquinho por todos esses anos usando o Soobin. — Respondeu, brincando com a almofada de Kai. — Quero que a bomba exploda, aí eu vou poder jogar na cara dos dois tudo que eu vinha sentindo todo esse tempo. Quando esse joguinho chegar no limite, eu espero que os dois sintam o peso de um ciclo vicioso sendo quebrado.

— Você é tão cruel, Gyu. — Kai riu. — Ainda bem que você gosta de mim.

— Ei, mas eu adoro o Yeonjun e o Soobin, juro! — Respondeu, e, apesar de sua voz brincalhona, Kai sabia que era sincero. — Eu gosto deles mais do que eu deveria, e é provavelmente isso que me deixa tão doente. Os dois são idiotas e burros, mas eu também sou, então tudo bem.

— Como assim?

Beomgyu respirou fundo, parecendo hesitar, mas decidiu continuar falando.

— Eu reprimi tudo que eu sentia esse tempo inteiro por medo de um relacionamento amoroso afetar a banda de um jeito ruim. Mas desde quando isso funciona? Eu passei anos rejeitando o Yeonjun, mas não teve uma única vez que meu coração não acelerou pelas piores cantadas que eu já ouvi. E agora, Soobin tá me fazendo sorrir com tão pouco que eu me sinto em um filme. — Confessou, surpreendendo até a si mesmo. — Tá vendo? Eu sou tão idiota e burro quanto eles.

— Então você sempre gostou do Yeonjun? — Perguntou, completamente em choque.

— Não me faz falar de novo. — Bufou, fazendo Kai gargalhar. — Eu tentei muito fugir daquele insuportável, mas tudo nele virou parte da minha vida também. Eu acabei criando uma casca muito grossa esperando que Yeonjun desistisse de uma vez, mas ele é louco por mim e acabou me deixando maluco também.

— Você bem que podia ter falado sobre isso comigo, você sabe que eu guardo segredo. — Disse, suspirando pelo amigo. Ele não conseguia nem imaginar como Beomgyu havia se sentido por todo esse tempo. — Eu também tinha receio de que isso afetasse a banda, mas eu nunca iria interferir nos sentimentos de vocês.

— Eu sei, eu sei. — Sorriu em agradecimento. — O problema sou eu. Na real, eu só consegui admitir isso pra mim mesmo recentemente, quando tudo começou a me irritar de verdade. E eu tô me forçando a ser sincero, porque, mesmo me divertindo com esse joguinho ridículo, eu sei que ele também pode, e provavelmente vai dar muito errado. — Suspirou. — Eu preciso estar com minha cabeça no lugar se eu quiser ser levado a sério, e eu tô preparado para as consequências, porque atrapalhar a Dawn Kiss não é nem uma possibilidade.

Kai concordou com a cabeça, não sabendo como ele conseguia organizar tantos pensamentos dentro da cabeça.

— Eu confio em você, Gyu. Isso realmente é uma bagunça, mas você vai conseguir lidar com isso, e aqueles dois cabeças de vento também. E eu tô aqui para o que precisarem.

— Obrigado, Kai. — Riu, e jogou o travesseiro de volta. — Ah, precisamos dormir porque amanhã temos a agenda apertada.

— Cacete, é verdade. — Concordou, voltando para deitar na cama. — Boa noite, Gyu.

— Boa noite, tenta não sonhar tanto com o Taehyun.

— Vai se foder!

Eles riram e depois deixaram o silêncio tomar conta do quarto, ambos com vários pensamentos diferentes rondando suas cabeças, mas um pouco mais aliviados por terem conversado sobre isso.

 

 

 

 

Você é uma estrela, e me mata não te ver brilhando como uma.

Essas palavras ecoaram pela cabeça de Taehyun como se fossem as memórias da sua adolescência gritando para que as resgatasse do lugar em que as manteve escondidas por tanto tempo. Seu sangue ferveu ao lembrar que Damian havia mexido tanto com sua cabeça, que o fez enterrar boa parte de sua autoconfiança em um cemitério no fundo do próprio coração, e agora estava temendo perder algo que não tinha.

Afinal, tudo que lhe restava era sua voz, e isso jamais poderiam roubar.

Não havia nada a perder.

E pensar que os fãs poderiam odiá-lo caso algo desse errado repentinamente se tornou tolerável, já que duvidava que alguém o odiaria mais que ele mesmo. Taehyun não sabia se era algo do momento, mas quis largar tudo de vez e abandonar o resto dos seus sonhos para experimentar uma liberdade solitária e dolorosa, já que isso significaria estar longe da maior ruína de sua vida.

Porém não podia fazer isso de qualquer jeito. Se fosse para abandonar algo que lutou a vida inteira para ter, então teria que afundar Damian junto com ele. Era o mínimo depois de tudo.

Por isso, ele pensou bastante e, dois dias depois, decidiu ser egoísta e mandou mensagem para Kai pedindo o endereço dele e perguntando se poderia dormir lá naquela noite. Taehyun também disse que era melhor que conversasse com os outros membros da banda, já que corriam certo risco, mas não demorou para que recebesse uma resposta positiva, garantindo que estava tudo bem ir para o apartamento deles.

Dessa forma, Taehyun saiu do quarto e começou a observar como estava a situação ao redor da casa. Claro que uma hora ou outra notariam sua ausência, mas ele gostaria que isso demorasse o máximo possível para acontecer. E depois de analisar bem, percebeu que seria difícil fugir silenciosamente pela quantidade de seguranças ao redor de sua casa. O que era aquilo? Um regime semiaberto?

Taehyun xingou as paredes com toda a força que tinha nos pulmões, e voltou para o quarto enquanto tentava pensar em alguma solução. Ele começou a caminhar em círculos, sem saber exatamente o que fazer, sentindo vontade de quebrar tudo pela frente. E essa agonia durou até o momento em que parou na frente da janela e viu algo que chamou sua atenção.

Um dos carros enormes de Damian estava estacionado bem na frente da rua.

Taehyun estreitou os olhos, se perguntando onde estaria a chave dele. Em seguida, correu até o quarto de Damian e foi direto ao armário em que ele costumava guardar os pertences mais importantes, encontrando três chaves de carros. Taehyun sorriu, esperando que aquilo fosse o suficiente para que conseguisse fugir, e pegou a chave que tinha o símbolo da marca certa. E antes de sair do quarto, viu uma caixa de máscaras descartáveis, decidindo pegar uma por precaução.

Depois, foi até a sala, agradecendo por não ter empregados passando e olhando para a janela de novo. Daquele ângulo, o carro estava mais distante, mas Taehyun apontou o pequeno infravermelho na direção dele e apertou a opção de abrir, quase chorando de alívio ao perceber que havia funcionado. Assim, começou a apertar o botão de abrir e fechar várias vezes até o alarme começar a disparar.

Os seguranças se assustaram, correndo até o carro para entender o que havia despertado aquele som estridente, e, depois disso, a mente de Taehyun funcionou no automático. Quando percebeu, já estava saindo da casa pelos fundos e correndo até a portaria antes que alguém o encontrasse, mais uma vez apenas com o celular em mãos e as roupas do corpo.

Ele se recusou a pensar no futuro, apenas aproveitando a adrenalina correndo por suas veias e prometendo a si mesmo que aquele seria apenas o começo.

Iria se livrar das garras de Damian, não importava o quanto isso custasse.

 

 

 

 

Desde que Taehyun mandou mensagem perguntando se poderia visitá-lo, Kai começou a arrumar o quarto como um louco. Organização nunca foi algo que o preocupou tanto, e isso nunca pareceu tão importante até perceber a dificuldade de andar pelo cômodo sem chutar algum objeto perdido no chão. E ele ainda obrigou Beomgyu a ajudar na limpeza também, já que aquela responsabilidade era mútua, então agora os dois estavam tentando melhorar a situação do quarto.

— Taehyun vai dormir aqui? — Beomgyu perguntou, jogando o lixo espalhado dentro de um saco.

— Aham. — Respondeu, sentindo a respiração pesar só de pensar sobre isso.

— Então eu vou dormir com Yeonjun e Soobin hoje, aí ele vai poder ficar aqui com você. — Sorriu, fazendo Kai gargalhar.

— Você é tão generoso, Gyu. — Negou com a cabeça. — Mas obrigado, se não fosse isso eu iria dormir no sofá da sala pra ele dormir na minha cama.

— É uma boa troca, então. Espero que Soobin e Yeonjun gostem da notícia também.

— Eu nem quero imaginar como vai ser. — Riu.

Apesar de ser uma tarefa cansativa, ambos continuaram limpando enquanto conversavam besteira. Eles mal perceberam o tempo passar, porém foram assustados pela campainha que tocou antes do que esperavam.

— Eu termino por aqui, pode ir dar atenção a ele. — Beomgyu disse.

— Valeu, Gyu! Fico te devendo essa. — Agradeceu, saindo do quarto em seguida.

Ele correu até a porta, a abrindo com tanta rapidez que assustou Taehyun do outro lado. Os dois se olharam por alguns segundos, completamente atônitos, mas desataram a rir logo depois.

— Desculpa, eu vim correndo. — Kai disse, dando espaço para que ele entrasse.

— Tudo bem, eu nem avisei quando ia chegar. — Respondeu, andando até a sala com timidez e tirando a máscara descartável. — Obrigado por isso, eu tive que fugir rápido, só tive tempo pra pegar uma máscara.

— Nem se preocupa com isso, o importante é que você tá longe de lá. — Sorriu, fechando a porta. — Tá tudo bem?

— Acho que sim, me sinto bem melhor agora que cheguei aqui. — Taehyun suspirou, indo sentar no sofá. — Eu fiquei repetindo a nossa conversa na minha cabeça, e ela esclareceu o que ainda faltava.

— Faltava para o quê? — Olhou com curiosidade, sentando ao lado dele.

— Para enlouquecer de vez. — Afundou no lugar, sentindo o estômago formigar pela quantidade de emoções que estavam abraçando seus sentidos. — Eu tive uma ideia, mas não sei se vou conseguir.

— Qual? — Perguntou com animação.

— É que eu comecei a pensar sobre como eu poderia matar Damian por dentro, bem aos poucos, assim como ele fez comigo, e cheguei a conclusão que precisaria começar pelo pilar de toda a ganância dele: aquele ego de merda. E acho que uma boa forma de fazer isso seria mostrando que ele não é o centro do universo, sabe? Eu queria fazer uma apresentação sozinho, em algum lugar aberto em que as pessoas pudessem gravar e compartilhar.

Kai abriu a boca pela surpresa, porque tudo que ele disse fazia completo sentido. Era impossível esquecer de como Taehyun exalava paixão quando tinha somente ele e a música, então não podiam desperdiçar a chance de mostrar isso ao mundo.

— Essa ideia é perfeita! As pessoas vão amar, eu tenho certeza. Você precisa fazer isso o mais rápido possível.

Taehyun não conseguiu esconder sua felicidade pelo entusiasmo na voz dele, brincando com os próprios dedos para descontar aquela sensação boa em seu coração. Ainda era um pouco difícil se acostumar com a forma que Kai pegava seus sentimentos e os sentia como se fosse o seu espelho. Era difícil explicar, mas sentia uma conexão muito forte com ele, mesmo que se conhecessem há pouco.

— Eu quero muito, só não sei como. — Respirou fundo. — Eu desliguei meu celular assim que entrei no carro que me trouxe, e não tem mais nada comigo.

— Hm… se você precisar de um teclado, o Soobin tem um aqui. Microfones e caixa de som também. — Disse, e parou para pensar mais um pouco. — O Yeonjun tem uns amigos influencers, eles podem divulgar o local.

— Mas… e se der errado? — Perguntou, sentindo algo pesar dentro do próprio peito. — Damian não pode sonhar que vocês têm qualquer relação com isso. Eu realmente não tenho nada a perder, mas vocês têm.

Kai franziu o cenho no mesmo instante, sabendo que precisaria pensar com calma.

— Eu entendo sua preocupação, mas detesto a ideia de sentir medo de Damian. — Respondeu, passando a mão no cabelo. — Vamos fazer isso, ok? Nem que eu tenha que ir fantasiado.

— Eu adoraria te ver fantasiado. — Riu fraco.

— Seria engraçado. — Sorriu, aliviado pela expressão dele ter ficado mais amena. — Vamos conversar com os outros e ver como podemos fazer isso, ok?

Taehyun quis negar, mas Kai estava olhando para ele com tanto carinho que foi impossível não balançar a cabeça positivamente. Era a primeira vez que alguém estava lhe apoiando tanto desde que fugiu de casa, e o conforto que estava sentindo fazia com que seu corpo inteiro ficasse anestesiado.

Ele não havia se permitido se sentir bem assim por muito tempo, sempre remoendo a culpa e a raiva de si mesmo por ter sido tão irresponsável, mas queria tentar diferente daquela vez. Além disso, Taehyun não podia ser ingrato com Kai, e nem com os garotos da Dawn Kiss, que, apesar dos contratempos que tiveram quando se conheceram, não criaram qualquer tipo de antipatia.

Era incrível não estar sozinho.

— O que você acha do píer da praia de Santa Mônica? — Kai sugeriu. — É público e sempre tá cheio, tenho certeza que você faria aquele lugar parar.

— Oh, parece bom. — Respondeu, sorrindo. — Eu nem tinha pensado onde eu faria isso ainda, mas acho que seria perfeito.

— Ok, vem cá. — Kai estendeu a mão em sua direção, e Taehyun ainda precisou raciocinar por alguns segundos antes de segurá-la. — Bora falar com os outros logo.

Taehyun sentiu o coração acelerar na mesma hora, se levantando com ele em seguida. Mais cedo, Taehyun havia pensado que estava prestes a desistir dos seus sonhos em troca de sua liberdade, mas, ali, sentiu que estava começando a desenhar um caminho completamente diferente de tudo que havia imaginado esse tempo inteiro.

E ele nunca se sentiu assim. Era tão forte e bonito, que quase chorou, porém não queria fazer isso naquele momento. Se fosse para chorar, então que o fizesse em uma folha de papel, escrevendo a música mais linda de toda a sua vida.

Até porque ele sabia o quão incrível era, só precisava voltar a acreditar nisso de verdade.


 



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