Heung-min Son estava começando a acreditar que ele estava fadado a morrer sozinho e que seu histórico amoroso seria sempre enfeitado por uma eterna galha.
Quem não conhece o rapaz, acredita que o mesmo é apenas um pouco dramático demais quando pensa dessa forma, mas é só ter uns 10 minutos de conversa sobre todos os relacionamentos anteriores do homem que a pessoa começa realmente a concordar com o pobre coitado.
Son sempre gostou muito de namorar. Mas essa abertura só ocorreu na adolescência, quando ele percebeu que tinha mais interesse em beijar a boca dos mocinhos de boybands do que pensar que queria ficar com alguma ídola teen da sua idade.
Se isso fosse a algumas décadas atrás, como em 2010, 2020, seria um verdadeiro escândalo. Mas agora o mundo já não tinha mais tanto preconceito com pessoas LGBTQIAP+, era muito raro acontecer esse tipo de crime. Pelo menos nisso o mundo tinha evoluído.
Então a notícia de que Heung-min gostava de homens para os pais e os irmãos no meio do jantar foi como avisar que tinha conseguido ganhar um brinde em algum sorteio de supermercado. Legal, que bom que entendeu as suas preferências, querido, agora poderia me passar a salada que está do seu lado? Sim, esse foi o comentário da sua mãe. Seu pai apenas disse um Tudo certo, filho, e os irmãos apenas continuaram a comer como dois mortos de fome, como sempre.
O problema de Heung-min foi que ele descobriu que era um castigo gostar de homem. Ele já tinha sido traído em diversas situações em relacionamentos diferentes.
O primeiro namorado o traiu com um amigo de balada; o segundo abriu o relacionamento e esqueceu de avisar a ele; o quarto namorado o traiu em uma festa da empresa em que o próprio Son trabalhava! Se ele soubesse nem tinha insistido ‘pro traste acompanhar ele. Antes só do que mal acompanhado.
Ok que o terceiro namorado que ele teve era uma boa pessoa, mas até hoje ele se perguntava porque namorou por três meses um jogador profissional de xadrez on-line. Eles não tinham absolutamente nada em comum e o homem nunca queria sair de casa para nada. Talvez tenha sido por isso que não houve traição. Não que ele saiba até então e prefere viver na ignorância.
A última piada de péssimo gosto é que o, até então namorado, tinha viajado a trabalho e simplesmente tinha enviado uma mensagem para ele com a seguinte informação:
Son, vamos precisar terminar. Minha esposa está voltando da missão e irá desembarcar hoje no porto. Obrigado por tudo, estamos aí ‘pra qualquer coisa.
E simplesmente o bloqueou.
Às vezes ele pensava que a pessoa que escrevia a história da sua vida era uma pessoa muito amargurada e queria transformá-lo em um ser tão amargo quanto.
Por essa razão, Heung-min recorreu ao Odnos. Ele não aguentava mais. Já tinha 30 anos e queria dividir uma vida com alguém digno. E tinha que admitir que era um pouco humilhante que os dois irmãos mais novos fossem comprometidos e ele não.
Heung-yun era dois anos mais novo que ele, tinha se casado a pouco mais de um semestre e teve a descoberta na semana passada que a esposa estava grávida de três meses. Hye-seon tinha 26 anos e estava noiva de um jogador de basquete que conheceu através do Odnos.
E foi a pirralha que tinha induzido o mesmo a tentar o Odnos, já que ela era extremamente apaixonada pelo noivo e fazia campanha do quanto o Odnos achou a metade da laranja dela. Se tinha dado certo com a irmã, daria certo com ele também, certo?
Mas como a vida amorosa de Heung-min era um tanto quanto difícil, até hoje não tinha recebido nenhuma atualização no site do Odnos de um possível par ideal para ele. E já tinha três semanas que ele findou a fase de análise do governo. Pelo jeito, não tinha homens no planeta para ele.
— Meu Deus, como você é dramático! — Hye-seon que bebia seu café gelado pelo canudo, se apoiou no encosto da cadeira que estava sentada, como se estivesse cansada do assunto do irmão.
— Não é drama! Tem três semanas e até agora nenhuma resposta. Eu ‘tô dizendo, eu vou morrer sozinho e vocês dois que vão ter que cuidar de mim na velhice. — Heung-min termina seu chocolate quente rápido demais, pensando que deveria ter pedido o tamanho maior.
— Meu primeiro filho ou filha nem nasceu e você já ‘tá querendo que eu vire pai de mais um. — Heung-yun comenta, tomando seu chá.
Os irmãos Son estavam no típico dia sagrado deles do mês. Eles sempre foram muito unidos, principalmente por terem idades tão próximas. Quando saíram da casa dos pais, tinham combinado de fazerem pelo menos uma vez ao mês o dia dos irmãos. Eles se encontravam em algum lugar e jogavam conversa fora. Era um momento de desabafo e fofoca da vida de conhecidos. Eles acreditavam que comentar alguma novidade (ou fofoca) era muito mais emocionante quando faziam isso cara a cara do que por ligações ou mensagens.
— É que você é tão chato que a análise do Odnos tem que ser muito minuciosa para não ter erro. — a moça comenta para o irmão, só na intenção de perturbar, já que era essa a principal função de um irmão mais novo.
— Ai, garota, ser hater é coisa de décadas atrás, se atualiza aí. — o mais velho responde dando língua para a mulher, gerando uma revirada nos olhos do outro rapaz que estava na mesa.
— Vocês cansam a minha beleza, sinceramente. — diz Heung-yun, pegando um biscoitinho no recipiente em cima da mesa que tinha pedido para acompanhar o seu chá.
— Então melhor a gente parar, Heung-min, nosso irmãozinho aqui já é meio prejudicado da face. — a moça cumpria muito bem o seu papel de irmã, dando risada no final da frase, gerando uma olhada entediada de Heung-yun em sua direção e uma risada do mais velho. — Já ouvi lamento o suficiente do dramático, agora conta logo quando a gente vai descobrir se é menino ou menina que a Sarah ‘tá esperando, Heung-yun.
E era sempre assim que aconteciam os momentos dos irmãos Son. Uma implicância aqui, um conselho ali, uma revirada de olhos cá, uma risada debochada lá e sempre deu certo essa dinâmica entre eles. Por isso eles valorizavam tanto esse momento.
💘
Son tinha acabado de entrar pela porta de casa depois de mais um dia de trabalho como psicólogo. O dia foi cheio de atendimentos e ainda bem que nenhum problema aconteceu no consultório durante o período laboral. Estava apenas cansado mesmo e não via a hora de ser quinta-feira para poder descansar os três dias do fim de semana.
Deixou suas coisas no aparador próximo à porta de entrada e seguiu em direção ao banheiro para um banho. Sabia que se resolvesse sentar no sofá antes disso, demoraria algumas horas até que resolvesse se lavar e jantar.
Depois do banho e do jantar já sendo ingerido, ele acessa seu computador. Responde alguns e-mails e entra na sua conta do Odnos.
Existe uma nova notificação.
E seu coração já bate um pouco mais rápido. Por ser psicólogo, muitas pessoas acreditam que Son teria muito mais facilidade em controlar emoções e ser menos ansioso. As pessoas não poderiam estar mais enganadas.
Antes de clicar para abrir a notificação, um rápido pensamento passa pela mente do rapaz cogitando que depois de quatro semanas esperando, a mensagem que ele receberá deve ser que ele será para sempre um lobo solitário.
Mas logo ele tenta jogar esse pensamento fora e pensar minimamente positivo como seu melhor amigo Ben sempre o aconselha.
E então ele clica para abrir a notificação.
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