A troca de olhares intensa só cessou após Minho distanciar-se o bastante do amante. Jisung, numa mistura de raiva e tristeza, deixou que lágrimas escorressem seu rosto e o choro tomasse o controle.
Precisou de alguns minutos para se recompor e levantar do banco em que estava, secando o rosto com a manga do moletom que usava e arrastando a mão sobre seus cabelos enquanto respirava profundamente. Logo pegou a chave de sua moto e dirigiu para o apartamento, com a ideia de melhorar um pouco a aparência antes de ir ao encontro com Hongjoong.
Tempos antes das dezenove horas, o Han espalhou a colônia pelo corpo e vestiu uma roupa simples, que tinha, ao mesmo tempo, uma vibe elegante. Pegou as chaves de sua motocicleta novamente e buscou Kim Hongjoong em sua residência.
Juntos, eles se deslocaram até um pequeno barzinho, onde escolheram uma mesa e passaram a jogar conversa fora enquanto bebiam um pouco.
— Mas, afinal, por que me ligou? Estava com seu namorado hoje de manhã. Espero que não esteja querendo brincar comigo. — Joong perguntou em tom de graça, apesar de que levaria a sério a resposta do outro.
— Bem, estava com ele sim. — Jisung concordou enquanto mexia no copo sobre a mesa. — Tivemos uma discussão e… fomos cada um para um lado, dar um tempo. Entende?
— Entendi, bem, então não fará mal eu tirar uma casquinha sua hoje, não é? — um sorriso ladino surgiu em seus lábios.
— Creio que não. — O Han sorriu, mesmo que não estivesse totalmente confortável com aquela ideia.
— Perfeito, então. — murmurou enquanto aproximava o corpo do Han, sentando ao seu lado, colando em seu corpo.
— Uhm… — Jisung sorriu amarelo para a aproximação e se distanciou poucos centímetros.
— Tá tocando uma música legal, você não quer ir dançar? — o Kim perguntou, notando aquele afastamento e imaginando ser insegurança do coreano em aproveitar longe do namorado.
— Ahm, pode ser… Mas eu não sou muito bom com dança, pra te deixar avisado. — concordou e deu um risinho em seguida.
— Sem problemas, eu te digo como fazer. — O moreno logo segurou sua mão e o puxou para o centro da pista de dança.
O Kim parou bem no centro do pouco espaço que ainda estava livre, trouxe Jisung para mais perto de seu corpo e passou a mover-se levemente no ritmo da música. O Han começou a tentar acompanhá-lo, movia-se meio desengonçado, mas ainda sim seguia a melodia.
Aos poucos, o calor entre ambos foi aumentando conforme a bebida tomava conta de seus organismos, seus corpos se aproximavam devagar e Hongjoong já começava a tocar a pele alheia com a ponta dos dedos. Os carinhos do mais velho subiram de sua cintura para seu peito, do peito para seus ombros, e dos ombros para seu rosto, foi quando o Han viu a forma que seu parceiro de dança estava inclinando-se em sua direção, a fim de selar um beijo entre os dois.
Ao perceber a situação, o menor arregalou os olhos e afastou-se de forma repentina, causando estranheza no outro.
— Desculpa, Joong. Eu não posso — disse de forma que o mais velho conseguisse escutar.
— Por quê?
— Eu não quero trair o Minho.
— Tsk… — Um riso soprado saiu por entre os lábios do Kim. — …É só um beijo, uma noite. Não se sinta mal por isso. Vocês estão afastados e, bem… ele já deve ter pulado a cerca com você também, não deixe de aproveitar por causa do idiota do seu namorado.
O Han encarou o loiro com sua fala e crispou os lábios ao lembrar da relação dupla de Minho. Ficando ainda mais magoado ao lembrar que o amante saiu com a namorada.
— Tudo bem? Vamos aproveitar. — Joong sorriu e voltou a tocar o rosto do mais baixo.
Seus olhos se encontraram ao Jisung sentir o toque. O Kim manteve o contato visual e inclinou-se devagar, dessa vez conseguindo unir seus lábios aos do outro e iniciar um contato mais profundo. Seus olhos fecharam em harmonia aos do Han, suas mãos acariciaram a nuca dele e seu corpo grudou no alheio, deixando aquele toque ainda mais intenso.
✩★✩
Apesar do nervosismo, Felix iria se esforçar para que aquela fosse uma noite agradável. Ele arrumou-se e trabalhou bem sua tranquilidade para tentar não ficar nervoso no momento do encontro.
Logo que se viu livre, foi até a sala e se juntou a Chan para que fossem pegar o metrô. Não demorando para chegar no lugar marcado.
— Acha que eu tô bonito mesmo? — Felix parou de andar e perguntou ao amigo logo que chegaram à entrada do restaurante, onde marcaram de se encontrar com os outros jovens.
— Está lindo. — Sorriu. — Não se preocupe com isso.
— Obrigado — agradeceu. — Então vamos — disse e respirou profundamente.
Chan acenou com a cabeça e tocou as costas do mais novo enquanto o guiava para dentro do restaurante, como forma de confortá-lo e reforçar que estava ali como sua companhia.
O lugar não estava cheio. Era um restaurante de comida tradicional que aparentava ser tranquilo e aconchegante. Com tão poucas mesas ocupadas, não foi difícil para a dupla avistar Wooyoung, que estava acompanhado de um jovem alto e bonito. Sem pressa, Felix e Chan caminharam até a mesa, e só então o Bang afastou a mão das costas do Lee.
— Olá. — O sorriso radiante e sincero do australiano mais novo surgiu em seu rosto.
— Oi. — Wooyoung levantou-se rapidamente e inclinou-se para um cumprimento respeitoso, sendo acompanhado pelos demais. — Não pensei que conseguisse ficar ainda mais lindo que já é — o moreno sussurrou próximo do outro, que ficou envergonhado.
— Obrigado — agradeceu e viu o Jung sorrir.
— E você… Chris, certo? — Woo perguntou ao tentar recordar-se do nome do australiano, recebendo um assentir do moreno. — Esse é Yeosang, um amigo, vai te fazer companhia hoje.
— Oh, olá — o Bang murmurou meio sem jeito.
— Oi. — O loiro sorriu. — Não querem sentar? Vamos pedir algo, estou morrendo de fome.
— Claro, claro. — Felix concordou com um balançar de cabeça e sentou-se ao lado de Wooyoung.
Os demais se acomodaram também. O Bang e o Kang sentaram lado a lado e de frente para o outro casal. Assim que leram todo o cardápio, trataram de pedir cada um o seu prato, e ficaram aguardando que os levassem para sua mesa.
— Sabe, não pensei que teria sorte essa noite, normalmente meus encontros a cegas não funcionam. — Yeosang virou o corpo na direção do Bang e cruzou as pernas.
— Ah… mesmo? — Sorriu amarelo, era visível o desconforto do mais velho em estar ali.
— Mesmo. Você é… Bom, talvez seja um pouco atirado de minha parte… mas você parece bom de cama, e eu adoraria testar essa hipótese — murmurou mais próximo de Chan, que ficou paralisado, sem saber como o responder.
— E-eu… er… obrigado… mas…
— Você fica uma gracinha com vergonha. — O mais novo sorriu e tocou os cabelos do moreno enquanto se aproximava mais. — Também é aluno da faculdade do Woo? Nunca tinha te visto por lá.
— S-sou! Sou sim. Eu curso música — falou e limpou a garganta. — E… você?
— Que amor. Eu faço enfermagem. — Sorriu e manteve o carinho suave nos cabelos do Bang. — Se precisar que eu cuide de você, podemos marcar algo a sós.
Um sorriso amarelo veio de Chan, ele não gostava nem um pouco daquilo, mas não queria gerar uma situação mais desconfortável por não querer atrapalhar o primeiro bom encontro que o amigo estava tendo. Procurou permanecer neutro durante as investidas do loiro, tentando não incentivá-las e, ao mesmo tempo, não cortar de uma vez, um trabalho que estava cada vez mais difícil a cada cantada que era dita pelo Kang.
Do outro lado da mesa, a situação era completamente diferente, risos doces e sorrisos envergonhados marcavam a conversa de Wooyoung e Felix.
— E sobre o que gosta de fazer em dias chuvosos? — o Jung perguntou.
— Uhm… Acho que o clássico, ver filme enroladinho no cobertor e comer algo quente e gostoso.
— Eu também! Viu só? Temos tanto em comum! — disse e o Lee deixou mais um riso constrangido escapar.
— Só está falando isso para me agradar.
— Não, é sério! É o melhor a se fazer nesses dias. E melhor ainda se estiver na companhia de alguém que gosta. — Sorriu.
— É, isso eu concordo.
— Então, que tal marcarmos um programa assim? Só nós dois — sugeriu.
— Ah, eu não sei. Seria… especificamente num dia chuvoso? — Deu um risinho.
— Pode ser. Eu olharia a previsão do tempo todos os dias para combinarmos a data perfeita — brincou.
— Bem… Podemos tentar, então.
— Você vai gostar — murmurou.
Nos segundos seguintes, Wooyoung encarou Felix fixamente. O menor desviou o olhar, envergonhado com o contato, mas tendo um sorriso pequeno no rosto.
O Jung, então, tomou a liberdade de tocar o queixo do outro suavemente e erguê-lo em sua direção, desceu sua visão até os lábios do australiano e inclinou-se sem muita pressa. Felix, ao perceber o que tentaria fazer, sentiu seu peito acelerar de forma repentina, e afastou-se do outro em um ato reflexivo.
Wooyoung estranhou a reação, mas não desistiu totalmente de sua ação, deixando um beijo estalado na bochecha do amado e sorrindo em seguida.
— Desculpa. Eu estraguei tudo, não é? — Felix crispou os lábios.
— Não, não se sinta mal por isso, tá tudo bem.
Não estava tudo bem pra ele, apesar de uma boa pessoa, Wooyoung era um pouco mais rápido ao firmar um relacionamento, o que não condizia em nada com o caso de Felix, que buscava paciência e aceitação do parceiro.
E mesmo que o australiano se esforçasse em considerar um relacionamento entre os dois, não sentia nada forte em relação ao Jung, o Lee não os imaginava como dois namorados e sim como amigos de longa data.
✩★✩
Depois de gastarem horas dançando no pequeno bar, Jisung e seu acompanhante voltaram a sentar-se na mesa. Pediram algo mais leve para beber e relaxaram enquanto se divertiam jogando conversa fora.
— Então você não passa de um filhinho de papai? — Hongjoong brincou, bebendo um gole de sua bebida e deixando o copo sobre a mesa.
— Uhum. O grande herdeiro das empresas Han — concordou entre risinhos.
— Se eu tivesse me informado disso antes, provavelmente pensaria que você é um metido que só come moça de boa família.
— Eu posso ser considerado um, mas não que coma mulheres, e também… — O Han parou ao sentir o aparelho celular vibrar no bolso de sua calça, apressou-se em pegá-lo e desmanchou o sorriso no rosto ao ver o nome estampado na tela. — Joong, eu vou só atender a ligação e volto logo — disse, já se levantando do lugar que estava.
— É o seu namoradinho, não é? — Suspirou.
— Não importa. Eu volto logo — repetiu antes de afastar-se até um lugar mais silencioso, só então atendendo a chamada. — Minho?
— Sung… Me leva pra casa… — O ouviu murmurar do outro lado da linha.
— Minho, eu estou acompanhando outra pessoa, não posso simplesmente largá-lo para ir resolver seus caprichos, saiu com a Yuna porque quis — resmungou, por mais que não quisesse deixá-lo lá.
— Saiu com aquele puto, não é?! — o Lee gritou. — E todo aquele papo de que me amava? Estava mentindo! Você só queria fazer sexo e me abandonar igual todos os outros! — Apesar da dificuldade em falar pela voz embolada, Jisung ainda conseguia entender.
— Outros quem, Minho? Sou o primeiro homem com quem fica — disse em resposta.
— É. Meu homem! Não de um arrombado que só quer te dar a bunda!
— Minho, pare de gritar — pediu, suspirando. — Está bêbado, só está falando bobagens.
— Bobagens?! Vai ser bobagem pra você se eu… sair pegando todo mundo aqui?! Se você pode comer qualquer um, também posso dar a bunda pra quem quiser! — gritou, dando um risinho em seguida, o que deixou o Han ainda mais preocupado.
— Não faça nada, Minho… Peça a sua namorada ou… ou, não sei, alguém daí, pra te pedir um táxi e mandar pra casa. Iremos conversar quando eu…
— Não! Não preciso de você pra dizer o que fazer. Eu vou aproveitar! — Interrompeu o amante.
— Minho, me escute! Minho! — Mal pôde terminar a frase e ouviu a ligação ser encerrada. — Merda.
O coreano passou uma mão nos cabelos e respirou profundamente, olhando Hongjoong do outro lado do lugar e não pensando duas vezes antes de ir até o ficante.
— Joong, foi mal, eu preciso ir — disse logo que se aproximou.
— Eh? O que aconteceu para essa pressa toda?
— Nada, eu só… tenho que ir. Me desculpe — murmurou enquanto tirava dinheiro da carteira, mal olhando as notas. — Use pra pagar a conta, se sobrar algo pode ficar.
— Não. Jisung, eu quero que fique.
O moreno apenas negou com a cabeça e despediu-se rapidamente antes de sair apressado do lugar. Subiu em sua moto, colocou seu capacete e a ligou, saindo rápido para o lugar onde Minho sempre ia com Yuna para ficarem bêbados.
Ao chegar, encontrou o Lee dançando sobre a bancada do lugar enquanto o barman tentava o expulsar dali, ele tinha um copo de bebida nas mãos e já não parecia ter noção de nada do que estava fazendo, resultando em um trabalho maior por parte do Han para tirá-lo dali.
Já em casa, Jisung cuidou de Minho como todas as outras vezes, o banhou e lhe fez companhia até que estivesse adormecido na cama. Em seguida o Han foi para seu quarto e deitou sobre o colchão para tentar dormir também, mas sua mente se sentia inquieta, pensando em como sua vida amorosa estava como uma montanha russa, e sobre como aquilo deveria acabar.
Ao amanhecer, o coreano mais velho despertou com uma famosa orquestra em sua mente: as dores da ressaca. Precisou de alguns minutos apenas deitado na cama para tomar vontade de levantar-se e fazer sua higiene matinal. Quando saiu do quarto, viu um Jisung seminu na cozinha, preparando o café da manhã como de costume.
— Não sei dizer se o que tive de ontem pra hoje foi um delírio da minha cabeça, ela está explodindo — murmurou enquanto buscava um copo de água para si.
— Quem dera tivesse sido — o Han respondeu enquanto levava a comida que preparou até a mesa. — Não sei se já esteve pior do que o que estava ontem — disse e o Lee o encarou com o cenho franzido pelo tom áspero do companheiro.
— Não vai começar a me dar bronca essa hora da manhã, vai?
— E adianta eu te dar bronca?! Parece que quanto mais eu falo pra você não fazer, você faz! Eu estou cansado de cuidar das besteiras que você faz, Minho! — resmungou após deixar tudo na mesa.
— Eu só saí com minha namorada, fizemos a mesma coisa de sempre, não tem porque ficar irritado assim.
— Não tenho? Acha que eu gosto de ser sua segunda opção? Acha que eu gosto de te ver afundando cada vez mais no álcool? Vê se ouve o que você falou! Está fazendo a mesma coisa. Sempre! Sempre saindo e enchendo a cara, fumando, fazendo o caralho a quatro, pra depois ficar choramingando porque não tem dinheiro pra cuidar da sua mãe. Porra! — gritou, fazendo o mais velho encolher-se pelas dores que sentia.
— Eu não acho, mas eu prezo pelo meu eu também, igual você fala. Eu tenho que me divertir, não é isso que diz?!
— Ah, querido, pode crer que o "divertir" que digo não envolve nenhuma das merdas que você consome — Um riso sarcástico acompanhou a fala. —, muito menos sua namoradinha. Que inclusive, só piora tudo.
— Yuna é a única que me apoia no que gosto de fazer!
— É? Te apoiar a cair de bêbado? Te apoiar a torrar o pouco salário que ganha? É disso que gosta?!
— Não… É! Eu… Jisung, minha cabeça está estourando, eu não quero discutir.
— Mas eu quero! — exclamou em tom mais alto, abaixando-o em seguida. — Pra você não vale as míseras coisas que te fiz, uhm? Te buscar quando estava mal, cuidar de você em casa, te apoiar na faculdade, te ajudar a ir pro trabalho. Sou só um carinha trouxa que mora com você e faz cegamente tudo o que quer porque te ama… e pensa que é amado também — murmurou, já sentindo as lágrimas tomarem conta de seu rosto. — Mas as coisas não são assim, não é?
— Claro que valem, Jisung, mas… — resmungou baixinho pela pontada de dor que veio na cabeça. — …eu te amo também, eu gosto do que faz por mim, você e o Hyunjin são os únicos que ainda me fazem ser alguém bom.
— Certo, então se me ama assim, tem que deixar sua namorada e dar uma chance a nós dois. Apenas nós dois — pediu.
— Jisung, eu não posso simplesmente decidir ass…
— Escolha! — voltou a falar em alto tom. — Ou ela, ou eu, Minho!
— Eu não posso escolher!
O Han o encarou por alguns segundos em silêncio e acenou devagar, deixando as lágrimas correrem livremente, sentindo sua garganta fechar mais e deixar sua voz falha.
— Acabou de escolher — murmurou por fim, afastando-se do Lee e indo esconder-se em seu quarto para que não o perturbasse.
Minho crispou os lábios e passou as mãos no rosto, suspirando pesado e indo sentar-se enquanto absorvia tudo. Encarou toda a comida na mesa e se alimentou brevemente, decidindo ir arrumar-se e sair mais cedo para a faculdade, pensando em não decepcionar ainda mais o — agora ex — amante.
✩★✩
— Eu acho que o Jisung está certo, Minho. Também disse a você que não devia ficar tendo essa vida amorosa dupla — disse Hyunjin enquanto estava agarrado no braço do amigo, o acompanhando até a mesa onde sempre ficavam para comer.
— Eu sei. — Suspirou. — Ai, sei lá, tudo parece ter ficado tão ruim de uma hora pra outra, tô me sentindo horrível. Não quero mais falar disso.
— Tudo bem. Mas mesmo assim, considere o que ele disse e converse com ele de novo. Será bom para os dois.
— Uhm… tá — concordou baixo.
Ambos chegaram à lanchonete e compraram algo para comer e beber, só então dirigindo-se até a mesa sentando-se cada um em uma cadeira livre.
— E o seu encontro com o Austrália na exposição de artes? Como foi? — perguntou o Lee enquanto bebericava refrigerante.
— Ah, não rolou. Ele disse que estava ocupado com o trabalho — Hyunjin respondeu, pegando seu celular e colocando um dos fones de ouvido enquanto navegava por suas redes sociais.
— Sério? Mais uma coisa pra lista de adiamento de vocês, por isso esse namoro nunca sair do lugar.
— Ah, não começa — Hyunjin brincou entre risinhos.
— Hey! — Outra voz surgiu ali e Minho olhou na direção, vendo Changbin. — Viram o Felix por aí?
— Não, eu não vi — o Lee respondeu primeiro.
— Também não falei com ele hoje — Hyunjin disse em seguida.
— Por que tá procurando ele?
— Nada. É coisa nossa — murmurou.
— Uhm… Você fica esquisito quando fala dele às vezes, sabia? — Minho bebeu mais do refrigerante. — Vem cá, e o Sung? Por que não veio com você?
— Sabia — disse, sem querer dar corda às provocações do Lee. — Jisung? Ele não foi pras aulas. Não sabia? — Franziu a testa.
— Não veio? — sussurrou e crispou os lábios. — Ah, é… Eu… vim mais cedo e ele ficou em casa, disse que tava meio doente, não deve ter melhorado. — Inventou rapidamente, recebendo um olhar desconfiado do Seo.
— Deixou ele doente em casa sozinho? Não sei porque fala de mim sendo um namorado assim — riu soprado e ajeitou a mochila nas costas. — Eu vou procurar o Lix, vejo vocês depois.
— Tchau, Bin. — Hyunjin acenou enquanto falava e suspirou ao não ouvir mais nada, nem do Seo, nem do melhor amigo.
O Hwang estendeu a mão com cuidado na direção do Lee e toco seu braço, buscando por sua mão, a qual a segurou e apertou suavemente.
— Lino… Não fica mal por isso, o Jisung tá bem, ele só precisa de um tempo sozinho.
— Não… Changbin tem razão, eu nunca tratei o Jisung como devia…
— Bem, eu sei que a relação de vocês era meio conturbada, mas se você nota isso agora, ainda há tempo de voltar atrás e fazer as coisas do jeito certo.
— Você acha?
— Acho sim. Não gosto de te ver triste — murmurou. — Quer matar aula hoje? Posso ficar com você fazendo algo para te distrair e depois vemos como resolver tudo.
— Eu aceito, mas… Não quero que perca aula por mim.
— Tá tudo bem, hoje não vai ter nada de muito importante mesmo. — Deu um risinho. — Vou ficar com você até a hora do seu trabalho — disse e sacudiu de levinho suas mãos entrelaçadas.
— Tá. Valeu. — Sorriu.
✩★✩
Depois de bons minutos vagando pela faculdade, o Seo decidiu ir à única parte do campus que estava temendo naquele momento: o bloco de Medicina Veterinária. Pois o deixava mal imaginar que o Lee estava com outro alguém, um alguém que ele não conhecia e não confiava ser bom o bastante para cuidar do jovem Felix.
Logo que adentrou o bloco, viu o que já aguardava. Wooyoung estava apoiado na parede de uma das salas, com braço sobre os ombros do Lee, enquanto distribuía beijos no rosto e pescoço do menor. Changbin crispou os lábios, sentiu um aperto diferente no peito, mas deixou aquilo de lado e convenceu sua mente de que não deveria ficar ansioso ou com medo de se aproximar do casal.
— Fe… Felix — repetiu o chamado ao notar como sua voz havia saído baixa.
— Uhm? — O Lee virou para olhá-lo, estava com um sorriso pequeno nos lábios e o rosto avermelhado por vergonha.
— Eh… Eu… — O Seo alternou o olhar entre os dois. — …Vocês estão juntos?
— Estamos, muito bem juntos, inclusive. — Foi Wooyoung quem respondeu, deixando mais um beijo nos cabelos do outro. — Somos o perfeito casal de namorados, não acha? — disse com um sorriso no rosto e o Lee encarou o parceiro.
— Namorados? — murmurou, por uns segundos sentiu que havia perdido a parte de seu relacionamento onde ele o pedia em namoro.
— Claro, amor. Não somos?
— Ah, é… somos — concordou, mesmo que ainda estivesse um pouco confuso. Preferia pensar que talvez as coisas fossem um pouco diferentes de quando era adolescente e já não havia necessidade de um pedido formal para namorarem. — O que… veio fazer aqui, Changbin?
— Queria falar algo com você, só nós dois — respondeu, sem muito ânimo para estar observando o casal ali.
— O que quiser falar, pode dizer na minha frente, sou o namorado dele e compartilhamos tudo.
— N-na verdade, Woo… É um lance… que tem a ver com o Chan também, eu não posso te falar por enquanto, então… — explicou, segurando o braço com namorado com delicadeza para afastá-lo. — …Eu volto logo, tá?
— Uhm. Tá. — Ele não ficou feliz com a resposta, mas preferiu não interferir daquela vez.
— Vem. — Felix chamou Changbin e ambos foram para o outro lado do corredor, de onde ainda viam Wooyoung os encarando. — Pode falar agora — murmurou enquanto tinha suas mãos entrelaçadas nelas mesmas, como sempre fazia pelos leves sintomas de ansiedade que ainda quando estava sozinho perto do Seo.
— Eu só vim entregar o comprovante do pagamento da sua terapia, não quero deixar pra depois porque esqueço. Eu sei que sempre entrego ao Chan, mas ele tava em aula ainda, então resolvi te procurar. — Estendeu o papel para o Lee.
— Ah, sim. Tudo bem. Obrigado — agradeceu e pegou a nota, guardando-a no bolso com cuidado.
— Então, eu já vou, era só isso.
— Tá. — Acenou com a cabeça. O Seo já estava virando-se para ir embora, quando voltou e deu um passo mais próximo do Lee.
— Felix, você… está bem? Digo… Com ele… Está bem com ele? — murmurou.
— Estou. Nós estamos nos conhecendo e tudo mais, me parece alguém bom. É… meu primeiro relacionamento desde que terminamos, então não sei se estou indo muito bem. — Deu um risinho fraco. — Mas sim, estou bem.
— Isso é bom — o Seo murmurou com um sorriso triste nos lábios. — Se… Não que eu esteja pensando ruim, mas… Se ele fizer qualquer coisa se faça sentir mal… até dar uma mordida na sua sobremesa sem você deixar — brincou com um risinho baixo. —, se confiar em mim pra algo ainda, me fala. Eu mesmo me encarrego dele se arrepender, e te preparo uma sobremesa nova. Tudo bem? — disse, ele não era tão bom com as palavras às vezes, mas o Lee entendia que era seu jeito divertido de falar que o protegeria.
— Tudo bem — respondeu e o Seo sorriu sincero dessa vez, sentia-se bem em saber que o Lee estava bem também.
— Então… agora eu vou de verdade.
✩★✩
Enquanto acompanhava as postagens da timeline do seu Instagram, Hyunjin parou em uma foto do Felix, onde ouviu, pela descrição da imagem, que o australiano havia ido a um restaurante junto de dois rapazes e Bang Chan na noite anterior, o que o deixou confuso por um momento e imaginou que ele pudesse ter descrito errado.
— Lino…
— Oi? Que foi? — O moreno saiu de um transe, ainda estava imerso em seus pensamentos sobre Jisung.
— O Chan tá nessa foto aqui? — perguntou enquanto mostrava a tela do celular na direção de onde ouvia a voz do amigo.
— Uhm… tá sim. Por quê?
— É de ontem a noite…
— Ontem? Espera… Você tinha dito que ele cancelou o rolê contigo porque tava ocupado com o trabalho, não foi?
— Uhum… — murmurou enquanto voltava o celular para perto dele, crispando os lábios. O Lee notou a expressão entristecida do outro e inclinou-se para olhar a imagem novamente.
— Mas tem certeza que foi de ontem? Pode ser de outro dia.
— "Woah, há quanto tempo não saía em um encontro assim? A melhor noite de segunda que já tive, obrigado pela noite @woo.jung". — Hyunjin repetiu o que estava escrito na legenda abaixo da foto.
— Ah, Hyun… Deve ser um mal entendido, não vai ficar triste por isso. De deprimido aqui já basta eu — brincou entre risos para quebrar o clima e o Hwang deu um sorriso pequeno. — Logo ele passa por aqui e explica tudo, relaxa. Confia nele, não é? Sabe que não faria nada pra te ferir.
— É, eu confio — murmurou com um sorriso pequeno no rosto.
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