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História Olimpo - Quinto Desafio de Perseu - Parte 2 - História escrita por plutoniana - Spirit Fanfics e Histórias
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História Olimpo - Quinto Desafio de Perseu - Parte 2


Escrita por: plutoniana

Notas do Autor


Boa leiitura!

Capítulo 33 - Quinto Desafio de Perseu - Parte 2


Deidara

Mesmo depois de algumas semanas, Tobi ainda estava sentindo muita dor no pé. E era difícil para ele ir à Basílica de Apolo, afinal, nossa tribo não é permitida de usar o trem, e o machucado dele era justamente no pé. Não tinha condições de andar dias até lá. 

No fim, ele acabou se acostumando com a dor. Mesmo nos dias atuais, ainda dá pra ver que ele manca um pouco, justamente porque nunca retirou a bala. O pé cicatrizou de mal jeito, mas ele não parece mais ligar pra isso. 

Naquela época, porém, ele ligou. 

Numa tarde, Konan veio nos avisar que um dos vizinhos dela tinha falecido. “Causas naturais”. E as causas naturais na nossa tribo costumam ser: fome, desidratação, doenças respiratórias causadas pela fumaça da forja. Coisas boas, no geral. 

Precisavam de ajuda para levar o corpo dele para a Casa de Hades, porém Tobi ainda estava mal com o pé. 

— Posso ir. — me ofereci no lugar dele. 

— Não, vai ser horrível. Você é muito novo. — ele negou na hora, mas recebeu um olhar de Konan que dizia claramente que eles precisavam mesmo de ajuda. 

Eles foram até a gruta dela para discutir esse assunto a sós, mas dava para ouvir Tobi dizendo que seria uma experiência traumatizante demais para mim carregar um morto a pé por tantos quilômetros. No fim, Yahiko e os outros acabaram se metendo na briga deles, e como Tobi era o único a não concordar, eles venceram. 

Nós partimos naquela noite, porque eles queriam ao máximo evitar o sol. Não vi o rosto do homem morto porque eles haviam enrolado vários lençóis em volta dele, numa espécie de mumificação. Não sei se era para conservar o corpo melhor ou se era só porque ninguém queria ficar olhando pra ele. O colocaram em cima de uma maca alta e larga de madeira, que tínhamos que nos revezar para empurrar porque era extremamente pesada. Tinha que ser quatro de cada vez, um para cada perna da maca. Parando pra pensar agora, não sei dizer ao certo se era só a maca que pesava ou se era o cara morto também. 

Eles diziam que tínhamos que ir o mais rápido que podíamos porque quando amanhecesse iria ficar pior. Empurrávamos a maca ao lado dos trilhos. Naquela madrugada, o trem passou duas vezes por nós, e eu sempre ficava olhando enquanto ele se afastava rápido, pensando em como seria um dia andar nele. 

Quando amanheceu, ainda estávamos na metade do caminho, mesmo tendo andado mais de vinte e cinco quilômetros a pé. E quando o sol raiou, eu entendi o motivo deles terem pressa. Além dos raios solares fritando o topo da minha cabeça e aquecendo todo o meu corpo, estávamos exaustos por termos empurrado aquilo a noite inteira. Fora que as águas das garrafinhas tinham acabado. E pra piorar, um cheiro horrível de coisa podre invadiu meu nariz. Só me toquei que o cheiro era do cara morto quando percebi que tinha muitas moscas voando ao redor da maca. 

Chegamos na Casa de Hades de noite, e a pior parte é que não podíamos nem descansar porque não existem hospedarias na Casa de Hades. Ninguém queria ficar na casa de um desconhecido. Então deixamos o cara lá e já voltamos a andar de volta para as Grutas de Hefesto.

Às vezes ainda sonho com aquele dia. Com aquele cheiro. 

É difícil esquecer, principalmente toda vez que escuto o barulho do trem, e me lembro as consequências de não podermos usá-lo. 

#

Deidara mal tinha começado a cochilar quando acordou bruscamente de novo. O teleférico tinha dado outro daqueles solavancos estranhos. Ele olhou para Suigetsu, que estava sentado ali perto. 

— Quanto tempo eu dormi? — perguntou meio desnorteado. 

— Uns dois minutos. — Suigetsu resmungou. 

Deidara suspirou e deu uma olhada em volta. Os outros continuavam do mesmo jeito. Sasuke sentado na cadeira no meio. Sasori e Sai num extremo, Karin e Temari no outro, e Shikamaru sentado perto da porta. Todos pareciam com cara de tédio, mas Suigetsu ganhava de longe. 

— Ai, parece que o tempo não passa. — o representante de Dionísio resmungou. — Meu problema com prova de resistência é esse, na real. Não é nem o esforço que tem que fazer, é o tédio, sabe? Não gosto disso. 

— Pra mim, isso é o paraíso. — Deidara retrucou. Trabalhava dezoito horas por dias em sua tribo. Ficar sem fazer nada em provas de resistência em Olimpo era como um feriado estendido.

— Além disso, tô começando a me sentir meio sufocado. — Suigetsu comentou ajeitou sua camisa de uma maneira incômoda. 

Sasuke o encarou pelo canto do olho. 

— Você nunca fica tanto em provas de resistência, né? — Sai comentou de um jeito simpático. 

— Da outra vez eu passei mal, lembra? — Suigetsu o recordou. 

— É coisa de playboy. Não aguenta sofrer muito. — Sasori murmurou baixinho, porém o espaço que eles estavam era pequeno demais para que os outros não escutassem. 

— Você pode falar alto, querido. Tem problema não. — Suigetsu o provocou. 

— Falar alto o quê? Que você é um playboyzinho mimado e rico? Isso você sabe. Todo mundo sabe. — Sasori o encarou. 

— E você está incomodado com isso por quê? — Suigetsu até se virou para falar pra isso, com o tom de voz bem debochado. 

— Não estou incomodado, só estou comentando o óbvio.

— Então comente alto, querido. Já que todo mundo sabe, não há razão pra ficar cochichando pelos cantos. Não estamos na casa principal, onde você passa o dia inteiro sentado no sofá falando mal dos outros. 

O teleférico deu outro solavanco daqueles, com o barulho estridente dos cabos lá em cima ecoando do lado de fora, pelo abismo de lava fervente.

— A pior parte é que vai ser um do seu grupinho de gente riquinha que vai ganhar essa merda de jogo. — Sasori resmungou. 

— Meu grupinho só tem gente rica? — Suigetsu fez uma expressão de surpresa teatral e depois virou para Deidara. — Você é rico e não nos contou? Que vacilo, cara. Eu teria feito amizade com você muito mais cedo se soubesse. 

— É que eu e Sakura concordamos em não falar nada. Não queríamos amizade por interesse. — Deidara concordou no mesmo tom irônico. 

— Ah, é verdade. A Sakura também é muito rica. Hinata também, certo? — Suigetsu voltou a encarar Sasori. — Aliás, como você se sente sabendo que já perdeu uma porrada de provas para um bando de playboys e patricinhas? Sorte sua a Sakura não estar aqui agora, ou ia ser mais uma derrota. 

Karin estava se segurando pra não rir no outro canto. Os outros todos olhavam de Suigetsu para Sasori, vendo se eles iam brigar sério ou não, já que Suigetsu estava apenas debochando até então. Mas Sasori parecia estar se irritando de verdade. 

— Pode continuar com essas suas palhaçadas. É só isso que o povo da sua tribo sabe fazer além de se entupir de cachaça e drogas. — o ruivo retrucou. — E não adianta ficar debochando porque você sabe que é verdade. Tanto é que está de caso com o mauricinho do Naruto. 

— Agora pronto. Tudo aqui dentro parece girar em torno do Naruto, né? — Suigetsu rebateu, ficando de pé. — Vem cá gente, vocês estão muito incomodados com a minha relação com Naruto por quê? Tá todo mundo a fim dele, por acaso? 

— É questão de lógica. Sabemos que ele é o jogador mais forte e querido, e está claro que você se aproveita disso. 

— Ah, então quer dizer que sou eu que me aproximo dos outros por conveniência? — Suigetsu começou a andar na direção de Sasori, com as mãos dadas nas costas, como um general avaliando um soldado. 

Sasuke prendeu a respiração, principalmente quando sentiu o teleférico balançar de novo com o rapaz andando ali dentro.

— Suigetsu. — Sasuke tentou chamá-lo. 

— Tá falando do quê? — Sasori indagou quando Suigetsu parou de pé na frente dele. 

— De você, muito mais do que satisfeito, por estar na mesma equipe da representante de Ares. — Suigetsu respondeu, se inclinando para falar isso mais perto da cara do ruivo. 

— Como se outras pessoas aqui não quisessem isso. — o outro riu. 

— É verdade. Eu quase chorei quando fui para uma equipe diferente dela no primeiro dia. — Suigetsu fez uma careta de choro. — Meus planos todos foram arruinados. Você é um verdadeiro merecedor dessa honra toda. 

— Suigetsu, para. — Sasuke o chamou de novo. 

— Não, cara, é verdade. — Suigetsu se virou pro representante de Hades. — Você quer tirar o mérito deste grande herói aqui? Ele acertou um balão com confetes vermelhos, lembra? Nós devemos honrá-lo por esse grande feito. 

— Fale o que quiser. Estou apenas falando o que todo mundo aqui fala, mas ninguém tem coragem de dizer na sua frente. — Sasori continuou. 

— Ora ora, encontramos alguém com culhões aqui. — Suigetsu ficou apontando pra ele de maneira empolgada. — O que mais falam de mim? Conte-me tudo, estamos entre camaradas aqui. 

— Você vai ver quando sair daqui, não precisa de tanta pressa. — Sasori retrucou. 

— Ah é? E quem vai me eliminar? Você? 

— Eu já eliminei o Neji. — Sasori vociferou. — Você quer mais? 

— É verdade. Outra grande honra para as Fazendas de Deméter. Alguém está anotando aí todos os méritos deste homem? 

— Por que você não faz igual seu amiguinho barraqueiro e fica quieto? — Sasori apontou para Deidara. 

— Eu só estou quieto porque você não vale minha saliva. — Deidara respondeu, sentando para olhar pra ele. — Além disso, Suigetsu está te ensinando como se discute. 

— Pois é. Porque eu sou um playboyzinho rico e mimado, que até discutindo ainda tem muita classe. — Suigetsu concordou com ironia. 

— Que bom que você sabe que é um mauricinho. — Sasori concordou cruzando os braços, ainda sentado ao lado de Sai, que se encolhia na cadeira com medo de Suigetsu e o ruivo saírem no tapa tão perto dele. 

— Vem cá, no que ser mauricinho te incomoda tanto? — Suigetsu tentou adotar uma postura séria. 

— Além do fato de você ter mais privilégios que a maioria aqui? — Sasori retrucou. 

— Já que você tem tanto culhão, então por que não reclama com as pessoas que estabeleceram a hierarquia? — Suigetsu o desafiou. — Ou melhor: aproveita que está aqui e começa a representar melhor a sua tribo pra ver se sobem de posição. Não é porque Deméter é a deusa das plantações que você tem que agir igual uma planta. Tá representando meio errado, querido. 

Karin começou a gargalhar com gosto enquanto Temari estava se segurando para não fazer o mesmo. Ela podia até não curtir muito a vibe de Suigetsu, mas não podia deixar de concordar que ele sabia ser engraçado até nos piores momentos. 

— Bom, eu finalizo por hoje. — Suigetsu anunciou erguendo as mãos pra cima. — Vocês vão ter que me desculpar mas o mauricinho aqui vai ficar com os amigos mauricinhos lá na casa principal. — ele andou até perto da porta, passando por Shikamaru para puxar a alavanca ali ao lado. 

O teleférico inteiro tremeu enquanto o barulho dos cabos andando recomeçava. Todos olharam pela janela enquanto o teleférico se arrastava de volta para a borda do abismo. Ao parar, Suigetsu abriu a porta e todos sentiram uma sensação de alívio quando ar fresco entrou novamente ali dentro. 

Sasuke respirou fundo, sentindo oxigênio fresco entrar novamente em seus pulmões. O ar ali dentro estava se tornando pesado, não por conta da briga, mas porque o oxigênio estava ficando cada vez mais escasso e o interior estava se enchendo de carbono, um ar muito mais pesado e que estava começando a deixá-los sufocados. Foi um verdadeiro alívio abrirem as portas mais uma vez. 

Suigetsu saltou de volta para o chão e deu um aceno animado para Deidara, com um sorrisinho na cara antes das portas fecharem de novo e o teleférico recomeçar a ir em direção ao abismo. 

Quando eles pararam ali no meio, com uma distância igual da borda e do Coliseu, Deidara percebeu que todos estavam em silêncio de novo. Ninguém dizia nada agora que Suigetsu tinha saído, mas dava pra ver que Karin continuava bem satisfeita com o que o representante de Deméter tinha ouvido. 

#

Ino continuava no quarto quando Suigetsu entrou de novo na casa principal. 

— Ah, vocês tão de sacanagem. — Sakura reclamou em voz alta. 

— O que foi? — ele perguntou confuso. 

— Por que você saiu? — Naruto que perguntou. 

— Porque eu não tenho saco pra prova de resistência. Ainda mais com Sasori lá enchendo a paciência dos outros. 

— Você é a segunda opção de voto. — Sakura explicou pra ele. — Se o Sasuke ficar imune, eles vão votar em você. Era pra ter ficado lá até o final. 

— Ah, agora já era. Vocês deviam ter me convencido antes. — Suigetsu resmungou. 

— O que rolou com Sasori? — Hinata perguntou, atrás do balcão enquanto checava se a panela tinha pegado pressão. 

— Ah, tava querendo pagar de doido pra cima de mim. Me chamando de mauricinho como se fosse me ofender. — ele deu de ombros. — Nunca vi o povo se incomodar tanto. 

— Por que ele te chamou de mauricinho? — Naruto perguntou. 

— Sei lá. Talvez porque minha tribo esteja em quarto lugar na hierarquia. Eu lá sei como a cabeça dessa gentalha funciona. 

— Engraçado, não falam essas coisas pra você. — Sakura comentou cruzando os braços e olhando pra Naruto. — E a sua tribo é a terceira da hierarquia. 

— Ah, mas ele falou. — Suigetsu disse de maneira teatral. — Segundo ele, todos nós somos seus amigos porque você é o jogador mais forte da casa. 

— É sério? — Naruto começou a rir. — Poxa, estou cercado por um bando de gente falsa. 

Hinata riu. 

— Olha só, temos que sentar e ver isso direito. — Naruto disse para a representante de Atena. 

— Ah, agora que seu namoradinho está correndo risco, você quer usar a cabeça? — Sakura debochou. 

— Ei, ei. Sem brigas, irmãos. — Suigetsu colocou uma mão no ombro de cada um. — Vou ficar bem, não precisam se matar por minha causa. 

— Eu falei que tínhamos que calcular tudo. — Sakura os relembrou. — Ou se não ia rolar a mesma coisa que aconteceu semana passada. E agora a Hinata está no meio. 

— Gente, calma. Vamos pensar em alguma coisa. — Hinata disse com sua voz gentil e pacificadora. — O refrigerante vai ficar pronto em uma hora, vamos sentar para tomá-lo e discutir os planos de maneira leve, ok? 

— Refrigerante? — os olhos de Suigetsu brilharam. — Mentira que vocês estão fazendo refrigerante. — o sorriso dele estava tão grande que dava a impressão de que seu rosto rasgaria ao meio. 

— Estamos. Já está pegando gás. — Hinata apontou uma panela de pressão em cima do fogão à lenha. 

— Ai, eu vou desmaiar. — Suigetsu se segurou os ombros de Naruto, emocionado. — Não acredito que consegui chegar a tempo. 

— É um presente por ter ficado mais de duas horas aguentando Sasori, amor. — Naruto disse rindo. 

#

Uma meia hora depois de Suigetsu ter saído, Temari se virou para Karin, perguntando baixinho:

— Acha que vale a pena ficar aqui tanto tempo? — ela perguntou. 

— Normalmente, não acharia. — Karin respondeu baixinho também, não querendo que os outros ali escutassem. — Mas como esse ciclo vai ser pesado para nossa equipe, seria melhor ficarmos o máximo possível. Você devia tentar ficar em quarto lugar, pelo menos. Pra pegar a imunidade do Chalé. Eles não poderiam te puxar, seriam obrigados a puxar ele. — ela indicou Shikamaru com a cabeça. 

Temari pareceu refletir um pouco sobre isso. 

— Você pretende ficar até o final nessa prova? — a loira perguntou, se recordando que Karin foi uma das primeiras a sair da prova de Atlas, já que ela não corria perigo, então não tinha necessidade alguma de se matar naquela jaula. 

— Como eu não sei o pessoal da Quimera vai fazer, não quero arriscar. — Karin explicou. 

— Acha que eles te mandariam? — Temari franziu o cenho, descrente. Suigetsu e Sakura gostavam dela o suficiente para não quererem votar se tivessem outra opção disponível. 

— Pelo andamento do jogo, provavelmente. — Karin concordou. — A Sakura tá puta pela saída do Gaara, esqueceu? 

— Mas não foi a gente que botou ele no Coliseu, foi a Ino. 

— Mas foi uma conversa que todos nós tivemos. — a ruiva olhou na direção de Sasuke ali perto, que continuava olhando pela janela, tamborilando os dedos no vidro de maneira nervosa. — A diferença é que a Ino é quem estava com o poder na mão. Você também não teria o mandado se pudesse?

— Provavelmente. — Temari respondeu. — E você?

— Eu não teria. — a ruiva a encarou de uma maneira bem séria. — Uma coisa que a minha tribo valoriza é um combate justo, você sabe. Nós não chutamos cachorro morto. 

Temari ficou quieta, pensando nesse assunto. Ela olhou na direção de Shikamaru, que continuava sentado perto da porta, entediado. 

Isso de “combate justo” era uma coisa que ela estava aprendendo a lidar ali dentro. Nunca tinha entendido bem esse conceito antes, já que sua tribo subjugava qualquer um que a Metrópole mandasse. Crianças, idosos. Ricos, pobres. Homens, mulheres. Qualquer um. Isso porque era sempre eles que estavam com as metralhadoras na mão, então isso não fazia diferença. 

Ela cresceu vendo seu avô interrogar e torturar inocentes dentro do Quartel de Ares. Bastava uma simples denúncia e ele os deixava apodrecendo por semanas nas celas da tribo. E uma vez naquela prisão, ninguém saía vivo. 

“Coragem”, “covardia”, “justiça”. Essas palavras ainda eram um pouco abstratas na cabeça de Temari, mas ali dentro ela estava começando a entender seus significados. 

Quando se vive numa tribo onde o lema é “o mais forte sobrevive”, é difícil não levar essa filosofia para dentro de um jogo como aquele. 

Ares podia ser o deus da guerra, mas isso o isentava de ser um covarde miserável, que só se garantia quando tinha seus dois filhos, os gêmeos do caos, ao seu lado nas batalhas. Era muito fácil ganhar uma luta quando os dois faziam o trabalhinho sujo de enlouquecer os adversários antes de atacá-los. 

E era como Temari sempre pensou: seu avô era o perfeito líder para a tribo do deus da guerra. Era tão sujo e covarde quanto. Se garantia porque tinha uma tribo inteira sob seu comando, então era fácil que subjugasse qualquer um quando se estava na posição mais forte. 

Temari só tinha certeza de uma coisa na vida: não era como seu avô. Não era uma pessoa covarde, que só encarava as coisas quando estava numa posição favorável. Pelo menos não mais. 

Quando ela se levantou, Shikamaru arregalou os olhos ao vê-la se aproximar dele e puxar a alavanca. 

Enquanto o teleférico se movia de volta para a beira do abismo, todos olhavam meio surpresos para a loira, que estava desistindo tão cedo também, mas ninguém questionou nem disse nada, apesar de Shikamaru lhe encarar como se ela tivesse enlouquecido. 

— Vejo vocês no Coliseu, rapazes. Seja lá quem for comigo. — ela fez um aceno de mão antes de sair do teleférico. 

#

— Caralho. — Suigetsu até teve um pequeno colapso depois de tomar o primeiro gole de refrigerante. Ele e os outros três estavam até de olhos fechados, jogados no sofá enquanto saboreavam novamente aquela bebida maravilhosa. — Isso é muito melhor que álcool, convenhamos. 

— Agora eu vi verdade. — Sakura concordou, adorando a sensação gelada e eletrizante que a bebida deixou ao passar por sua garganta.

Hinata tinha feito refrigerante de mirtilo, porque as outras frutas todas estavam acabando e com certeza o pessoal reclamaria, mas isso não deixava a experiência pior. Era maravilhoso sentir aquele bebida com gás adentrando para o estômago de novo. 

— Isso é tipo aquelas coisas que a gente nem nota que precisa muito até dar falta, sabe? — Suigetsu comentou. — Caralho, eu precisava muito disso. Me sinto uma nova pessoa. 

As meninas riram. 

— Agora um grande questionamento pra vocês. — Naruto se virou para ele e Hinata. — Isso aqui é melhor que um orgasmo ou não?

Hinata ficou toda vermelha e até engasgou com o refrigerante que tinha na boca naquele momento enquanto Suigetsu também ficava quieto. Sakura estava rindo da reação deles, embora estranhasse a de Suigetsu. 

— Ah, com certeza. — o representante de Dionísio riu de maneira nervosa, mas mesmo disfarçando, Naruto percebeu que alguma coisa em sua pergunta incomodara o rapaz. 

— Bom, agora que estamos revigorados, vocês querem discutir os planos? — Suigetsu se ajeitou no sofá, mudando de assunto. 

— Pode ser. — Sakura respondeu. — É o seguinte, nós tínhamos elaborado dois planos iniciais, mas os dois seriam com o objetivo de tirar alguém da Cérbero. 

— Qual era o primeiro? — Hinata perguntou. 

— O plano A era com a Temari. O Naruto mandava a Ino, você vai pelo Desafio de Perseu, Sasuke iria pela votação e a Temari pelo Chalé. Só que talvez o Sasuke não vá, e sim quem vá seja você. — ela apontou para Suigetsu. — Caso Sasuke fique entre os três últimos da prova. 

— E o outro plano? 

— Bom, o outro plano é no caso de ter alguma coisa dentro da Caixa de Pandora que me faça alterar a votação. — ela continuou. — Tipo, se eu puder anular votos ou algo assim, aí não seria nenhum de nós o mais votado, seria alguém de lá. 

— O Sasori, no caso. — Suigetsu concluiu. 

— Exatamente, isso se ele não ficar imune. — Sakura concordou. — E aí ele não puxaria a Temari, e sim o Shikamaru. 

— Pra mim, esse seria o plano ideal. — Naruto comentou. — Acho que o Sasori tem mais chances de sair do que a Temari, considerando que sejam vocês dois que vão encará-lo numa votação. — ele olhou para Suigetsu e Hinata. 

— Só que aí é que está o problema. — Sakura disse. — O Shikamaru indo provavelmente vai fazê-lo voltar do Coliseu como Titã, já que estamos num ciclo de provas mentais. Aí vamos ter o mesmo problema que tivemos no terceiro ciclo.

— Ciclo que vem, dois de nós estarão garantidos no Coliseu. — Suigetsu entendeu onde que ela queria chegar. 

— Exato. Mandar Ino e Shikamaru juntos pro Coliseu pra mim não é muito vantajoso. — Sakura deu de ombros. — Um deles volta com certeza com o Cetro de Cronos. Mas aí é com vocês. É o de vocês dois que tá na reta. — ela olhou para os amigos. 

Suigetsu e Hinata se entreolharam, pensativos. 

— O que vocês preferem? Temari ou Shikamaru? — Naruto perguntou. 

— Se formos pensar no público, é melhor o Shikamaru. — Hinata respondeu. — Agora se for na prova, é melhor a Temari. 

— Ou você pode não mandar a Ino. — Suigetsu sugeriu para Naruto. — E mandar alguém que não seja forte nas duas coisas. Nem no Coliseu e nem com o público. Porque eu acho que mesmo se a Ino não ganhar o Titã, ela ficaria, dependendo de com quem formos pra votação. 

— Você acha que quem sairia para a Ino? — Sakura perguntou confusa. 

— Se ela for com Sasori, ela volta. Qualquer um volta. — Suigetsu respondeu como se fosse óbvio. — A Ino pelo menos joga, o Sasori não faz porra nenhuma. Que conteúdo que ele dá pro jogo, além de encher o saco nas provas de resistência? 

Sakura olhou para Naruto, concordando. 

— A Ino pode ser péssima nas provas, mas ela consegue manipular o jogo todo pra se proteger. — Hinata disse. — Ela consegue entrar na cabeça das pessoas e fazê-las fazerem o que ela quer. Tanto é que ainda está aqui, mesmo depois de quatro ciclos sem vencer nenhuma prova. A única que ela venceu foi aquela em que todos nós trabalhamos juntos pra salvar vocês. — ela indicou Sakura e Suigetsu. 

— É exatamente por isso que eu acho que ela voltaria se fosse com gente inútil. — Suigetsu concordou. — Se ela for com Sasori ou Sai, ela volta. 

— Você podia mandar o Sasori. — Hinata sugeriu para Naruto. — Mesmo ele sendo da sua equipe agora. 

— Dependendo do resultado desse Desafio de Perseu, talvez eu faça isso. Isso se ele não ficar em primeiro lugar. 

— Não ganha. O Deidara não vai deixar. — Suigetsu os garantiu. — Nem fodendo que ele perderia a prova para aquele merda. 

— Estamos contando com isso. — Sakura disse. — Mas mesmo que ele não ganhe, talvez tenha algum poder na Caixa de Pandora que anule uma imunidade, aí poderíamos mandá-lo. 

— Não dá pra decidir isso sem ter os resultados dessa prova. — Naruto suspirou. — E nem sabemos ainda se tem mesmo algum poder bom dentro da Caixa. Vai que o público escolheu poderzinhos insignificantes. Vamos ficar a ver navios. 

— Eu já vou ficar feliz de não ir com nenhum de vocês. — Hinata disse se levantando para ir pegar refrigerante. — O que vier depois disso é lucro. 

#

Com cinco horas de prova, Deidara entendeu que realmente seria uma prova de paciência, pelo menos para si mesmo, porque resistência não seria exatamente a situação que ele passaria. 

Dava para ver que os outros estavam incomodados com diversas coisas. Sai, por exemplo, começou a ficar nervoso e suar bastante, não de calor, mas de aflição por ficar tanto tempo num lugar pequeno, fechado e bem abafado. Ele saiu apenas duas horas depois de Suigetsu, aflito por estar com uma sensação claustrofóbica. 

Shikamaru começou a ter essa mesma sensação mas se conteve por mais um tempo. 

Deidara ficou pensando no que Tobi diria quando assistisse aquela prova. Com certeza faria piada relacionando a situação com o que viviam na tribo, já que era bem parecido. 

Estar dentro daquele teleférico era como estar dentro de sua própria casa. O contêiner de metal vermelho, com o número 389 grafado na porta que abria pra cima. Deidara até se lembrava de quando foi morar sozinho lá. Era difícil abrir e fechar a porta porque ele era baixinho na época. Tinha que ficar pulando até alcançar a barra da porta, para fechá-la antes de ir pro trabalho. Tobi sempre ficava ali perto, rindo dos pulos dele. Depois de uns minutos, era sempre ele quem vinha puxar a porta pra baixo. 

Miserável. 

Deidara sorriu ao lembrar disso, ainda deitado no chão, olhando pro teto. 

A única diferença era que aquele teleférico era menor, mas era a mesma sensação. O ambiente metálico completamente fechado e abafado. Pelo menos era um pouco menos escuro que seu contêiner, mas de resto, era absolutamente igual. Até o calor era parecido. 

Ele olhou para os outros, vendo que Sasuke parecia mais relaxado agora. Os cabos estavam rangendo menos e o teleférico também parara de mexer tanto. Karin continuava entediada no canto, assim como Shikamaru e Sasori. 

Deidara começou a fazer contas. Caso realmente Sakura pudesse salvar um deles na votação, então precisariam ter alguém da Cérbero pra votar. Ele não podia deixar que Sasori ganhasse aquela prova, e considerando o jeito relaxado como o ruivo estava, tinha altas chances disso acontecer. Afinal, eles estavam livres para fazer o que quisessem ali dentro. Podiam sentar, deitar, dormir. Não era como a prova de Atlas. Essa prova poderia durar uns cinco dias se duvidasse. Sasori não iria arredar o pé a não ser que alguma coisa começasse a cansá-lo. 

E Deidara sabia muito bem seus amigos não iriam querer votar em Karin. Nem ele mesmo queria. O único da equipe Quimera que toparia isso seria Sasuke, até porque ele parecia louco para se livrar da ruiva. Deidara só não sabia se isso tinha apenas a ver com Sakura ou não. 

A questão é: se Sasori ficasse imune, eles teriam que votar em Karin, já que o objetivo era tirar alguém da Cérbero. A não ser que eles abandonassem esse plano se quisessem continuar todos juntos, porque seria arriscado. 

E Deidara já os conhecia bem o suficiente para saber que eles abriram mão dos prêmios para continuarem juntos. Podia conhecê-los há menos de um mês, mas não tinha nenhuma dúvida do caráter de nenhum deles. Nenhum deles ligava para as conquistas materiais. Se tivessem que abrir mão, abririam.

Ele próprio não fazia assim tanto questão daqueles prêmios da metade do jogo. Ele tinha estabelecido para si mesmo seus próprios objetivos antes mesmo do jogo começar. 

Só tinha duas coisas que ele queria ganhar para sua tribo: permissão para usarem o trem e financiamento o suficiente para que todos pudessem ter três refeições ao dia, e não duas, como era atualmente. E pra isso, não precisava vencer provas, mas sim ser um bom representante de Hefesto. 

Precisava de prestígio, e não grana. Até porque se subisse algumas posições, sua tribo ganharia um financiamento anual melhor pelos próximos cinco anos, até o próximo Olimpo, que poderia mudar toda a hierarquia de novo. 

Mas se fosse pra fazer as contas, era melhor contar com o financiamento anual do que com as 150 mil moedas de ouro que o vencedor do jogo ganharia. 

Deidara não tinha muita noção de quanto as outras tribos ganhavam. Ele sabia que sua tribo tinha um financiamento anual de 80 mil moedas de ouro. A Casa de Hades devia receber 70 mil, mais ou menos. Mas tinha tribos, como a de Naruto, que estava em terceiro lugar na hierarquia, que recebiam 650 mil por ano. Era muito mais do que o prêmio de Olimpo. Quase não faria diferença se ele ganhasse. E talvez fosse por isso que Naruto não ligasse para a grana, e sim para o prestígio. Estava representando Apolo muito bem porque queria manter sua tribo na posição confortável em que estavam. Temari deveria estar tentando fazer a mesma coisa, já que a tribo dela estava em primeiro, e Suigetsu também. Pra eles o dinheiro não faria tanta diferença. O que pegava mesmo era continuarem onde estavam. 

Deidara olhou de novo para Sasori, entediado olhando pela janela. 

Não era possível que aquele cara estivesse representando bem Deméter. Deidara acreditava em si mesmo o suficiente para colocar sua tribo na posição em que a tribo de Sasori estava no momento. Não era uma posição muito acima dele, mas com certeza faria diferença. 

E a diferença que ele precisava para conseguir grana para as três refeições diárias de seus companheiros de Hefesto. 

O loiro suspirou, voltando a olhar pro teto, torcendo para que quando o jogo acabasse, a Metrópole fizesse um julgamento justo na hora de decidir como ficaria a nova hierarquia. 

#

— Eu posso fazer uma pergunta indiscreta? — indagou Naruto enquanto terminava de limpar a pia. 

Suigetsu parou de guardar os pratos no armário e o olhou desconfiado. 

— Pode. — ele respondeu mas parecia mais uma pergunta também. 

Estavam sozinhos na cozinha. Todos os outros estavam dormindo por já ser madrugada. Os dois tinham ficado para limpar a cozinha depois do jantar. 

— Você é virgem? — Naruto perguntou cruzando os braços e se recostando na pia. 

Suigetsu piscou devagar, sem entender. 

— Como é que é? — ele perguntou confuso. 

— Você é virgem? — Naruto repetiu. 

Suigetsu demorou uns segundos para recuperar sua postura. 

— Claro que não. É sério que você está perguntando isso pra um filho de Dionísio? — ele brincou. — Por que acha que eu sou?

— É que toda vez que estamos falando sobre sexo, você fica todo nervoso. — o representante de Apolo falou, ainda naquele tom desconfiado. 

— Não sou. — Suigetsu respondeu com tranquilidade. 

Naruto continuou o observando enquanto ele terminava de guardar as panelas nos armários. 

— Sabe, não teria problema se você fosse. Não é vergonha ser virgem depois dos quinze, sabia? 

Naruto estava falando de um jeito muito profissional, como se estivessem num consultório. Isso começou a incomodar Suigetsu. 

— Não sou. — ele repetiu, irritado com o assunto. — Mais alguma pergunta, doutor? 

— Sim. Por que você não fala comigo quando estamos sozinhos? — Naruto também parecia irritado agora. 

— Estou falando com você agora, não estou? 

— Porque eu puxei assunto. Mas passamos a última meia hora calados. 

Suigetsu revirou os olhos, e Naruto percebeu que tinha realmente irritado ele. Nunca tinha visto Suigetsu irritado. Não de verdade. 

— Eu fiz alguma coisa pra irritar você? — ele perguntou, preocupado. 

— Não. — Suigetsu foi lavar as mãos na pia ao lado de onde ele estava.

— Então por que… 

— Ei! — ele o encarou. — Pode parar. Não vamos ter uma DR às quatro da manhã, amor. 

— Estou falando sério, Suigetsu. O que está acontecendo? 

— Da minha parte, não está acontecendo nada. — Suigetsu respondeu rapidamente, enxugando as mãos e dando as costas pra ele, querendo ir pra longe o mais rápido possível. 

— Você nem olha pra minha cara direito faz dias. Se eu fiz algo, é só… 

— Você não fez nada, tá bem? — Suigetsu se virou exasperado pra ele. — Eu que sou estranho assim mesmo. É difícil ficar num personagem por tanto tempo. Estou de saco cheio, só isso. 

— Ah, é mesmo? — Naruto cruzou os braços de novo, o encarando com deboche. — Então você age normal com todo mundo menos comigo porque está fora do personagem? Acha que eu nasci ontem, porra? Eu sei que essa nossa brincadeira já não é mais uma simples brincadeira há muito tempo. 

— É mesmo, gênio? — Suigetsu também cruzou os braços. — E o que você vai fazer a respeito? 

Os dois ficaram daquele jeito por vários segundos, se encarando com irritação até Suigetsu baixar os braços. 

— É, foi como eu pensei. — ele debochou antes de se virar para entrar no quarto e deixar Naruto sozinho na cozinha. 

Dia 29 | Ainda Quinto Desafio de Perseu

Karin não podia deixar Shikamaru ficar em quarto lugar e ganhar a imunidade do Chalé. 

Quando o céu acima deles começou a clarear, ela soube que estavam se aproximando de doze horas de prova. Deidara estava dormindo no chão. Sasuke e Sasori continuavam sentados nas cadeiras, ambos com cara de sono e tédio, e Shikamaru sentado no chão perto da porta. 

A ruiva já tinha notado que Shikamaru estava só esperando mais alguém sair para que ele também saísse. Queria ficar apenas em quarto lugar para pegar a imunidade e garantir que não iria ao Coliseu junto com Ino. 

A grande questão era que Karin não podia deixá-lo ficar em quarto, porque se ele pegasse aquela imunidade específica, Temari estaria automaticamente no Coliseu. 

Se ele ficasse imune, ela seria a única opção para puxarem do Chalé. Mesmo que Sakura conseguisse alterar a votação e mandar Sasori, ele só teria Temari como opção. 

Karin não iria deixar sua amiga se ferrar nesse ciclo. 

Ela ficou torcendo para Sasuke não amarelar agora e sair, já que sabia que Sasori e Deidara com certeza ainda aguentariam bastante. 

O teleférico e os cabos tinham parado de ranger desde que ficaram apenas os cinco, e isso fez Sasuke relaxar um pouco, porém ele ficou tenso novamente quando percebeu que estava amanhecendo. 

O verdadeiro inferno deles iria começar agora. 

Perto das oito da manhã, já começaram a sentir a pressão do sol iluminando o céu acima deles. 

Estava ficando mais abafado do que antes. Conforme a temperatura ia aumentando lá fora, ali dentro estava sendo duas vezes pior. O calor vindo do abismo de lava começou a se fazer mais presente agora que os raios solares estavam os esquentando de cima também. 

Todos começaram a se sentir como se estivessem dentro de uma panela de pressão. Eles começaram a suar ao ponto de pingar. As janelas começaram a ficar embaçadas graças a isso. 

Deidara acordou só por um minuto, porque os raios de sol estavam entrando pela janela e batendo justamente onde ele estava deitado. Ele se levantou e deu alguns passos para ir se deitar do outro lado, na sombra, e depois voltou a dormir. 

Karin ficou observando Shikamaru, que parecia estar segurando a barra desde a saída de Sai, porém com esse fator a mais, ele parecia estar refletindo bastante sobre sair agora ou não. 

Conseguiu aguentar mais uns vintes minutos antes de puxar a alavanca. 

Quando estavam apenas os quatro, Karin começou a refletir sobre suas opções. 

Se saísse agora, iria ficar em quarto lugar e estar imune quanto ao Chalé, mas ela não estava no Chalé de Orfeu, então essa imunidade não adiantaria de nada para si, apesar de ter acabado de salvar o pescoço de Temari. 

Mas também duvidava bastante se conseguiria ficar muito mais tempo, afinal, Sasori e Deidara pareciam ótimos, apesar do ruivo estar com sono e entediado, mas era certeza que ele duraria muito mais. Sasuke por outro lado, não deveria durar tanto devido ao sol. Karin sabia que o pessoal de Hades não aguentava trabalhar debaixo do sol. 

Mas isso daria ao moreno o terceiro lugar na prova, ou seja, imunidade à votação da casa.

E aí vinha os dois mais à vontade ali dentro: Sasori e Deidara. Mesmo que Sasori ficasse em segundo lugar, ele estaria imune à votação da casa e ao Titã, então era quase certo de que não iria ao Coliseu. A única que poderia mandá-lo seria Sakura, caso realmente tivesse alguma coisa boa dentro da Caixa de Pandora. 

Karin queria acreditar que tinha, porque ela já sabia que alguém de sua equipe iria ao próximo Coliseu, mas se pudesse escolher mandar alguém pro pau, preferia que fosse aquele escroto do que sua amiga. 

A ruiva ainda ficou mais algumas horas, só para ver se Sasuke realmente estava disposto a ganhar aquela imunidade tanto assim. E pelo visto ele estava, já que mesmo com o sol do meio dia, ele ficou sentado na cadeira, suando e respirando com dificuldade. 

Era óbvio que ele sabia que era a primeira opção de votos deles. Ele queria aquele terceiro lugar. 

Karin tinha uma intuição boa. Sempre teve, aliás. E sua intuição lhe dizia que podia sair porque não estava correndo risco, mesmo que Sasori ficasse imune. 

Perto das duas da tarde, quando o sol quente continuava castigando-os lá em cima, Karin puxou a alavanca. 

#

— Não é assim que se abordam as pessoas. — Hinata disse depois que Naruto lhe contou da noite anterior. — O que você queria que ele fizesse? Se jogasse em cima de você? 

— Não, mas… sei lá. Eu não sabia como falar. — o loiro se justificou. 

— Você devia ter sido mais gentil. Tipo “olha, eu sei que você gosta de mim. Vamos sentar e falar sobre isso”. — Hinata respondeu enquanto quebrava três ovos dentro da tigela e depois colocava um pouco de manteiga. 

Naruto ponderou sobre a ideia. Se falasse isso, Suigetsu com certeza teria feito piada da cara dele. Seria até pior. 

— E o que eu falo agora? — ele perguntou confuso. 

— Que tal… — ela pensou um pouco. — Não sei, é complicado de conversar com Suigetsu sobre esses assuntos sérios. Ele sempre faz piada da coisa toda. 

— É exatamente por isso que eu não consigo dialogar com ele. Sempre tenho que colocá-lo contra a parede. — Naruto reclamou. — Parece que ele não entende quando é hora de rir e quando não é. 

— Na verdade, ele entende. Só que ele finge não entender pra deixar as coisas mais fáceis para si próprio. — Hinata retrucou enquanto colocava uma xícara de trigo na tigela e começava a mexer com um batedor de mão. 

— Quer que eu mexa? — Naruto se ofereceu. 

— Não precisa, obrigada. — ela ficou ali mexendo por vários minutos enquanto Naruto continuava suspirando atrás dela, encostado no balcão. 

Suigetsu e Sai estavam do lado de fora da casa principal, preparando tinta neon artesanal. O representante de Dionísio queria fazer uma festa diferente e estava pedindo ajuda de Sai na decoração, já que ele entendia dessas coisas mais artesanais. 

— Naruto. — Hinata o chamou quando parou de bater a massa de bolo. — Você gosta dele também?

— Por que a pergunta? — o loiro devolveu. 

— Você parece muito incomodado com o fato dele estar “fugindo” dessa DR. 

Naruto refletiu um pouco antes de responder. 

— Acho que seria legal ter alguém pra me ligar aqui dentro.

Hinata o encarou de maneira séria. 

— Vou te dar um conselho: é bom você ter uma resposta melhor que essa quando ele te perguntar como vocês vão agir a partir de agora. 

#

Sasuke sentia que estava literalmente derretendo. Mesmo sem camisa, continuava passando mal sentado naquela cadeira. Sua cabeça estava explodindo de tanta dor, além de seu corpo inteiro parecer pesar toneladas. Mal tinha força pra erguer o braço e sua visão estava começando a encher de pontos escuros. 

Talvez fosse a desidratação, afinal, estava suando há horas e não bebera uma gota d’água. A tarde estava acabando e em breve fariam 24 horas de prova. Ou quem sabe fosse a falta de oxigênio, já que estavam há muito tempo sem abrir a porta de novo. 

As janelas continuavam embaçadas e suando, como se eles estivessem numa espécie de sauna. Uma sauna que cansava muito mais do que relaxava, pelo menos pra ele e Sasori. O ruivo também estava ficando pálido e suava do mesmo jeito que Sasuke. 

Deidara, que estava sentado no chão com aquela cara de tédio, era o mais tranquilo deles. Não estava suando tanto e nem estava pálido ou com cara de quem iria desmaiar a qualquer momento. 

Na verdade, ele parecia tão à vontade que dava até medo. 

Sasuke percebeu que não teria como ficar até o final. Não quando parecia prestes a desmaiar. Ele tinha quase certeza de que cairia inconsciente assim que saísse daquele teleférico. Sua boca estava seca como um deserto, então nem tinha como falar nada pros outros dois. 

Não que eles parecessem interessados em qualquer coisa que um teria para dizer ao outro. 

Deidara nem estava olhando para Sasuke, na real. Parecia muito mais atento a Sasori, se perguntando até quando o ruivo ficaria ali, porque Deidara não ia sair até que ele desistisse. 

Sasuke tentou pensar que em breve as coisas iriam melhorar, afinal, anoiteceria em uma ou duas horas, e aí a temperatura lá fora iria cair. O grande problema é que já estava desidratado e já estava passando mal. 

Ele tentou pensar se Sakura sentiu isso quando estava na jaula de Atlas, mas talvez ela não tivesse perdido tanta água corporal quanto ele perdera até então. Tinha certeza que se tirasse a calça e espremesse, poderia encher um balde de cinco litros com o suor que sairia dali. Suas pernas já estavam pesadas sozinhas, e com aquela calça encharcada de suor estavam ainda pior. 

Ele tentou pensar em suas opções mas não tinha muito o que fazer. Mesmo que saísse agora, já estaria imune à votação da casa, o que já era um grande alívio. O grande problema era aquele maldito representante de Deméter, que mesmo que perdesse para Deidara, estaria imune à votação da casa e à indicação de Naruto, ou seja, não teriam como fazer nada contra ele. 

Sasuke refletiu sobre aquelas imunidades. Era óbvio que estavam sendo entregues só para bagunçar o jogo, mas a pergunta-chave era no que isso acarretaria. Será que havia algum poder na Caixa de Pandora que realmente mexesse com as imunidades? 

Talvez a única imunidade que não pudesse ser mexida seria a de quem ganhasse aquela prova, já que era uma imunidade absoluta, ou seja, a absolutamente tudo que o jogo oferecesse na hora da formação do quarteto. 

Se Deidara estivesse com essa imunidade e não Sasori, talvez ainda tivessem uma chance de mandá-lo. 

Sasuke olhou para o loiro, vendo que ele ainda parecia muito bem. E depois olhou pelas janelas, esfregando a mão ali para dar uma olhada no céu. Deviam ser umas cinco da tarde, porque já estava escurecendo. 

Iriam varar a noite, sem dúvida. E com certeza Deidara aguentaria mais um dia debaixo do sol fervendo. Sasuke não aguentava mais nem um minuto, mesmo que o sol já não estivesse mais tão forte. 

Ele quase desmaiou ao se levantar, mas conseguiu se segurar numa barra de ferro. Deidara e Sasori o observaram cambalear até a alavanca e puxar. Enquanto o teleférico se aproximava do abismo, Sasuke estava fazendo força para se manter de pé. Suas pernas tremiam com o peso superior de seu corpo, e sua visão estava ficando tão embaçada quanto os vidros da janela. 

Depois que ele cambaleou pra fora do teleférico, Deidara encarou Sasori. 

— É assim que você vai ficar quando se levantar daí. — o loiro debochou, indicando Sasuke com a cabeça antes das portas se fecharem e os dois ficarem sozinhos. 

— Vai sonhando. — Sasori resmungou e voltou a olhar pelas janelas, tentando ignorar o representante de Hefesto. 

#

Hinata guardou o bolo na despensa e avisou em alto e bom som para ninguém colocar as mãos lá. Todos concordaram. 

Durante o jantar, Sasuke retornou para a casa principal. Todos o encararam de maneira estranha, já que ele parecia um zumbi. Sakura foi a primeira a se levantar da mesa para ir ajudá-lo a cambalear até o banheiro. 

— Prova tranquila, né? — Naruto perguntou com ironia pros outros. 

— Eu falei que tava difícil com o sol. — Karin deu de ombros. 

Sakura voltou só para pegar um copo com água para levar pra ele depois de ajudá-lo a entrar no reservado. 

Naruto olhou para Suigetsu, que estava com as mãos sujas de tinta depois de passar o dia inteiro do lado de fora fabricando-as com Sai. Ele estava agindo com normalidade, como se nem tivessem “brigado” na noite anterior. Era incrível como ele tinha a capacidade de sempre contornar situações constrangedoras. Os filhos de Dionísio pareciam ter nascido com esse dom. 

Mesmo depois de beber a água, Sasuke ainda ficou um tempo sentado no chão do banheiro, com Sakura sentada ao seu lado sem dizer nada, esperando que ele falasse o motivo de estar naquele estado. 

Quando Sasuke abriu os olhos, um pouco melhor da dor de cabeça, ela esperou que ele falasse alguma coisa. 

— Como vai o seu pé? 

A moça piscou, confusa. Olhou para o tornozelo direito, coberto por sua meia infantil. 

— Bem. Estive na cama desde ontem, pra sossegá-lo um pouco. — ela respondeu. 

— Hm. — Sasuke resmungou e voltou a fechar os olhos. 

Sakura tirou a camisa cheia de suor da mão dele. 

— Você não quer tomar um banho? — ela sugeriu notando que o cabelo dele estava encharcado de suor. E que ele estava fedendo. 

— Me dê cinco minutos, por favor. — ele disse ainda de olhos fechados, com a cabeça encostada na parede. 

Sakura se levantou para lavar a camisa dele na pia. Sasuke ficou encarando-a de costas ali. Dava para ver que estava apoiando a maior parte do peso no pé esquerdo, mas olhando bem, o outro tornozelo já parecia bem melhor, de fato. Não estava mais inchado como estivera nas últimas duas semanas. Naruto realmente tinha colocado-a para descansar. 

Sasuke respirou fundo, agradecido. 

— Você quer ajuda pra entrar? — ela indicou o boxe do chuveiro. 

— Não. 

— Quer que eu pegue sua toalha?

Ele balançou a cabeça positivamente. 

Ela saiu por um minuto e voltou com a toalha, estendendo-a ao lado do boxe. Depois parou em pé na frente dele e lhe deu um daqueles sorrisos travessos. 

— Estou orgulhosa, parabéns. Até te daria um abraço se você não estivesse um nojo agora. 

Ele sorriu de canto. 

— Fica pra próxima. — respondeu com a voz rouca. 

Sakura saiu do banheiro para deixá-lo tomar banho em paz. 

Sasuke esperou mais uns minutos até sua cabeça parar de girar um pouco e ele conseguir ficar de pé mais uma vez. 

#

Umas quatro horas depois de Sasuke ter saído, quando já era noite, Deidara e Sasori continuavam dentro do teleférico. O clima lá dentro estava até agradável. As janelas não estavam embaçadas porque não estava tão quente, os cabos não faziam barulho e não havia nada para incomodá-los. 

Mas Deidara notou pelo canto do olho que Sasori lhe lançava alguns olhares atentos de vez em quando, tentando ver se o loiro demonstrava algum sinal de fraqueza ou não. 

Deidara sabia que esse tipo de prova sempre tinha um final onde o mais insistente ganhava. 

Era exatamente como quando o pessoal de Ares vinha ameaçar o pessoal da sua tribo e eles todos ficavam postados com os braços cruzados e olhares raivosos, sem demonstrar a menor fraqueza diante daqueles filhos da puta. Era exatamente isso que ele tinha que fazer ali: fingir que estava tudo tranquilo, mesmo que estivesse com dor de cabeça e seu estômago já estivesse roncando bastante. 

Sasori continuava pálido, o que significava que a desidratação continuava o incomodando. Não incomodava tanto Deidara porque já estava acostumado a suar o tempo inteiro. 

O calor que sentiu durante o dia era exatamente o mesmo que sentia quando estava em seu ambiente de trabalho: as forjas das Grutas de Hefesto. O mesmo calor abafado e sufocante, só que aqui não tinha a fumaça das forjas pra ele respirar, o que já era um ponto a ser favor. 

Dava para ver que Sasori já estava começando a ficar nervoso porque Deidara não demonstrava o menor indício de que iria sair, e as horas continuavam correndo. Em breve amanheceria de novo, e dessa vez, seriam apenas eles dois fritando ali dentro. 

Deidara lançou um sorrisinho para Sasori quando ele lhe olhou de novo, e isso só serviu para deixá-lo ainda mais ansioso. 

#

— Karin. — Suigetsu sussurrou no escuro, cutucando a ruiva. 

Ela se moveu na cama até ver que Suigetsu estava abaixado ali ao lado da sua cama no quarto. 

— Podemos conversar? — ele sussurrou. 

— Agora? — ela sussurrou também, sonolenta. 

— É. — ele disse e saiu do quarto em silêncio, não querendo acordar os outros. 

Karin se levantou devagar também e saiu sem fazer barulho. 

— O que foi? — ela perguntou esfregando os olhos depois de sentarem no sofá da sala. Devia ser umas três da manhã. 

— Eu estou na merda. — Suigetsu se lamentou. 

— Todos estamos. Supere. — Karin resmungou. 

— Não, eu realmente estou na merda. Naruto tá sabendo que eu gosto dele de verdade. 

Karin franziu o cenho. 

— E o que eu tenho a ver com isso? 

— Você poderia me dar uns conselhos? — Suigetsu perguntou parecendo aflito.

— Por que eu? Não sou exatamente um exemplo a ser seguido. 

— Eu não posso falar disso com Hinata e Sakura, elas contariam ao Naruto. — ele explicou. — E o Deidara vai voltar morto dessa prova, então não tenho com quem falar no momento. 

Karin o olhou atentamente, e percebeu que ele estava falando sério. 

— Tá bom, qual o problema dele saber que você gosta dele? É por causa do jogo? 

— Não. Na real eu nem tinha pensado nas consequências que isso traria pro jogo. Estou preocupado mais é comigo mesmo agora. — Suigetsu respondeu parecendo ficar nervoso agora que ela tinha levantado a questão da competição. — É que eu… eu não consigo manter meus relacionamentos por muito tempo. 

— Por que não? Você trai? — ela cerrou os olhos, desconfiada. 

— Lógico que não. — ele negou com uma careta de nojo. — Digamos que eu tenha… — ele parecia muito desconfortável com isso. — Digamos que eu tenha um problema para manter meus relacionamentos estáveis no sentido físico. 

— O quê? — ela não entendeu nada. — Fale minha língua, Suigetsu. Você me pede ajuda e quer que eu fique traduzindo o que você fala? 

— Eu não gosto da parte física que os relacionamentos trazem, se é que você me entende. 

Karin piscou, pensando por uns segundos. 

— Você é tipo… frígido ou coisa assim? — ela perguntou. 

 —O quê? — ele arregalou os olhos. 

— É que quando nos pegamos nas festas, você não gosta que eu toque em você. — ela explicou. 

— Acho que a questão não é que eu seja frígido. — ele ficou um pouco vermelho. — Eu não curto sexo. — falou baixinho. 

Karin piscou de novo, confusa sobre o assunto. 

— Você é assexual? — ela perguntou. 

— Você sabe o que é isso? — ele arregalou os olhos de novo. 

— Sei. Uma das primas com quem eu moro é. Você é assexual? 

— Pare de falar isso em voz alta. — ele pediu nervoso, olhando para as câmeras nos cantos da casa. 

— Desculpa. Mas é sério? — ela abriu um sorriso. — Nunca pensei que fosse conhecer um filho de Dionísio que fosse. 

— Tem oportunidade pra tudo. — ele resmungou, irritado. — A questão é que Naruto não sabe. 

— Diga pra ele, ué. 

— Não é assim. Eu não posso falar dessas coisas aqui. 

— Suigetsu, se você gosta dele, fale. — Karin disse num tom sério. — A vida é curta demais pra ficarmos de frescura. 

— Se as coisas fossem simples assim, o mundo não seria como é hoje. — ele retrucou. — Toda vez que eu penso em dizer algo para Naruto, olho para Sasuke e Sakura, e aí me lembro os motivos para não dizer o que sinto. Olha pra eles, a relação nunca esteve pior agora que sabem dos sentimentos um do outro. Esse jogo não permite esse tipo de emoção. Não quero acabar com uma coisa que nem deveria existir. 

— Você não quer que aconteça mesmo que ele já saiba?

— Eu tinha dito para mim mesmo que não ia mais fazer isso. Toda vez que eu tento engatar um relacionamento, não consigo me sentir bem, principalmente quando chega na hora de sair das preliminares. — ele disse baixinho.

— Deixa eu adivinhar: você surta quando o assunto sexo vem à tona, né? 

— Sim. Como você sabe?

— Minha prima é assim. Olha, eu vou dizer a você o mesmo que sempre digo pra ela: antes de qualquer coisa, não enrola a pessoa. Fala logo como as coisas vão funcionar, e se ela concordar, aí sim você entra no relacionamento. Não adianta ficar escondendo esse assunto porque sempre quando a coisa fica séria, você tem que encarar isso. E eu tenho certeza de que nunca é legal. 

— O problema é justamente esse. Você acha que falar isso é fácil? As pessoas sempre me olham como se eu tivesse uma doença. Na real, eu nem entendo muito do assunto. 

— Por que você não conversa sobre isso com Naruto? — Karin sugeriu. — Assexualidade é uma sexualidade como qualquer outra. É uma questão de saúde, e ele é médico, não? Talvez ele possa te explicar direito, já que você mesmo está todo confuso. 

— Karin, eu acabei de falar que não posso falar desse assunto justamente com ele. 

— Olha Suigetsu, você sabe que eu adoro você, mas frescura é realmente uma coisa que me irrita. Para com isso e vai se informar com alguém que entenda do assunto. Sinto muito se o único aqui que entende disso é o cara que você está a fim. 

— Por que você é sempre tão má? — ele choramingou. 

— Ser realista e sincera agora virou sinônimo de crueldade? — ela levantou as sobrancelhas. 

Ele continuava com careta de dor. 

— Aproveita que amanhã todo mundo vai encher a cara, puxa o Naruto pra um canto durante a festa e joga a real pra ele. 

— Nem todo mundo tem a sua maturidade, Karin. — ele resmungou.

— Não é maturidade, é simplesmente adotar o estilo “foda-se” de viver. — ela respondeu e acertou um tapa na orelha dele antes de se levantar e voltar pro quarto. 

Dia 30 | Dia de folga

Deidara resolveu usar a mesma estratégia que Sakura usou com Sasori na última prova de resistência. Colocar uma pressãozinha inocente e sutil. 

Mesmo com a garganta seca pra caralho, ele se forçou a ficar assoviando quando percebeu que o sol já estava nascendo de novo. 

Sasori já tinha começado a ficar inquieto ao perceber que a temperatura estava aumentando de novo, e o fato de Deidara continuar “no pique” só começou a deixá-lo ainda mais desestabilizado. 

Na realidade, Deidara pouco se importava com o primeiro lugar da prova. A imunidade também não lhe era tão preciosa assim. Só que ele havia prometido aos seus amigos que iriam fazer de tudo para tirar alguém da Cérbero nesse ciclo. Não só pelo andamento do jogo, mas pelo que já tinha acontecido nos últimos trinta dias. 

Já tinham perdido Tenten e Gaara. Dessa vez, corriam o risco de perder Hinata ou Suigetsu. 

Deidara não era do tipo que deixava as coisas passarem em branco. Tinha o sangue quente e brigava pelo que acreditava. Estava mais do que disposto a não deixar aquele filho da puta ali pegar a imunidade absoluta e escapar. Se o plano A desse errado, eles tinham que garantir que o plano B ali estaria disponível para ir ao Coliseu. Sakura já tinha calculado tudo para que ele não estragasse tudo agora. 

Não iria decepcionar seus amigos. Nem os que estavam ali dentro com ele, e nem os que estavam o assistindo do lado de fora. Porque suas amizades eram as coisas mais importantes de sua vida. 

Tinha passado sua primeira infância inteira sobre a negligência dos pais até conhecer Tobi e os outros. Foram os primeiros a realmente se importar com ele, mesmo não tendo nenhum laço sanguíneo. Mesmo ele sendo só um garoto idiota que não tinha nada para lhes dar em troca. 

Se tinha uma coisa que tinha aprendido na vida é que as verdadeiras amizades apenas se fortalecem ainda mais quando as coisas estão difíceis. Ele aprendeu isso nas Grutas de Hefesto, e apenas confirmou em Olimpo. 

Certas coisas não se explicam, só se sentem. 

Ao contrário do que Sasori pensou, Deidara não disse nada quando ele se levantou da cadeira, andou pelo teleférico e puxou a alavanca. Eles apenas se encararam mas nenhum dos dois disse nada. 

O ruivo ficou segurando a alavanca até que o teleférico parasse na beira do abismo e as portas se abrissem de novo. Ele ficou olhando para Deidara, ainda sentado no chão. O loiro se levantou devagar, espreguiçando-se com dificuldade pela dor nos músculos desidratados e estressados. E depois ambos saíram dali de dentro, após trinta e sete horas de prova. 

Ao chegarem no acampamento, Shikamaru e Temari estavam os esperando na plataforma de madeira. 

— E aí? Quem ganhou? — Shikamaru indagou. 

— Ele. — Sasori indicou Deidara com a cabeça. 

— Ah, que surpresa. — Temari comentou com certa ironia na voz. 

Os dois foram andando em direção à casa principal, Deidara na frente. Assim que ele passou pela porta, ambos pularam de susto quando os amigos de Deidara gritaram de animação, jogando punhados de arroz nele. 

— Feliz aniversário! — eles começaram a cantar parabéns para o loiro, que estava surpreso por eles terem se lembrado disso, já que ele havia comentado durante o primeiro ciclo que iria fazer aniversário em poucas semanas. 

Hinata estava segurando um bolo com um sorriso todo orgulhoso enquanto os meninos cantavam parabéns. 

Sasori se esgueirou em direção ao banheiro enquanto eles ficavam ali. Naruto, Suigetsu, Sakura e Hinata, terminando de cantar a música de parabéns. 

— Dezenove anos, cara! Parabéns! Ano que você você se torna maior de idade. — Suigetsu disse vindo dar um abraço nele. 

— A gente sabe que seu aniversário foi ontem, mas já que você quis ficar lá na prova em vez de vir aqui… — Sakura disse ao vir abraçá-lo. 

— Vocês fizeram um bolo? — Deidara ainda estava chocado com isso. Caramba, nunca vira um bolo daquele tamanho. 

— Eu teria feito maior, mas só tinham formas pequenas. — Hinata disse em tom de desculpas. 

— Tá maluca? Está perfeito. — o loiro retrucou. 

— E tem refrigerante na geladeira. — Naruto anunciou animado. 

— Refrigerante? — ele arregalou os olhos. — Quanto tempo ficamos na prova? 

Ino

Meus pais foram os únicos que não ficaram surpresos quando eu voltei da Basílica de Apolo depois de confirmar minha gravidez e dizer ao médico que não queria abortar. Eles só me deixaram sair de lá depois fazer de todos os exames para ver se estaria tudo bem com essa decisão. Ainda assim, meu pai tentou fazer aquelas perguntas idiotas. 

— Tem certeza que não quer abortar? Você ainda é meio nova. — ele disse meio nervoso, mas sei que ele estava preocupado é com o fato de eu criar o bebê sem o pai por perto. 

— Não quero abortar. Sempre falei que queria ser mãe, não falei? Não se preocupem, eu cuido de tudo sozinha. 

Mas eles eram meus pais, óbvio que não me deixaram cuidar de tudo sozinha. Na verdade, dois meses depois, meu pai já estava todo empolgado com as roupinhas de bebê que estávamos fazendo, ainda mais após sabermos que seria um menino. 

No trabalho na fábrica, eu percebia que meu chefe ficava me encarando com um olhar irritado, principalmente depois que minha barriga começou a ficar mais visível. 

Certo dia, o pessoal das lojas veio buscar alguns vestidos que eu estava fazendo e eles ficaram bem impressionados com a maioria das peças. 

— Bonitas, né? — meu chefe comentou. — Pena que esse talento todo vai ser desperdiçado agora que vai passar o dia inteiro cuidando de criança.

Olhei para a cara dele e apenas sorri minimamente. A pior parte era ter que escutar esse tipo de coisa calada, ainda mais com o pessoal das lojas me olhando com certa pena. 

Nunca deixei de trabalhar, mesmo após o parto. Uma semana depois, estava de volta na fábrica porque não queria arriscar perder aquele emprego. Precisava dele se quisesse garantir comida na mesa, principalmente porque meu pai não daria conta de sustentar a casa sozinho, já que minha mãe tinha sido despedida do salão de beleza no ano anterior e ainda não conseguira emprego novo. Ela quem ficava com Inojin quando eu estava fora. 

Acho que meu chefe ficou um pouco decepcionado por não poder me demitir, não depois de ter passado meus nove meses de gestação inteiros falando para os quatro ventos que a “derrota de uma mulher acontece no momento em que ela abre as pernas”. Às vezes eu queria engravidar de novo, só para provocá-lo e vê-lo engolir a própria língua mais uma vez. 


Notas Finais


Gente mil perdões pela demora, hoje é a Book Friday da Amazon, e eu fui dar uma parada pra dar uma olhada, acabou que fiquei as últimas quatro horas garimpando livros até finalizar minha compra, kkkk. Desculpem.

Sobre o capítulo: acho que como faz tempo desde o sorteio, algumas pessoas confundiram a ordem dos ganhadores e achavam que o Sasuke ficaria em primeiro lugar mas não, o Sasuke foi o terceiro sorteado. A ordem dos ganhadores foi: Deidara, Sasori, Sasuke e Karin.

E antes que perguntem: sim, eles estão no dia 30. Capítulo que vem teremos a festinha que eu tô esperando desde que postei o primeiro capítulo, ksksksks. Espero que tenham gostado e até segunda <3

Cronograma de agosto: https://docs.google.com/spreadsheets/d/1t5DKJYcCh_KA6E9p385Eqy_cw1MLKYhjYMR1-lrFvi0/edit#gid=0

Instagram: https://www.instagram.com/writer.plutoniana/

Playlist da fic: https://open.spotify.com/playlist/5GHgPG9ZkBwObsc2pRpmeA?si=USlbq-EJROuldguY2zOOxw


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