História Olimpo - Dia de folga

Dia 40 | Dia de folga

Quando o dia amanheceu, estavam todos dormindo pesadamente. Não apenas porque tinham ido dormir tarde — depois de ficarem “comemorando” boa parte da noite — mas também por causa da fadiga física e mental que todo o sexto ciclo tinha lhes causado. 

Por isso, quando o sol nasceu e os raios de luz amarela começaram a atravessar a janela do cômodo, Naruto foi o responsável por se levantar de sua cama, tomando cuidando pra não pisar em Sasuke no caminho, e foi colocar um lençol sob o vidro.

Ok que ele ficara a última semana inteira rezando pelas bênçãos de Apolo, porém naquele dia específico, só queria uma folguinha do deus do sol por mais algumas horas. 

Assim que o quarto mergulhou de novo na escuridão, ele retornou para sua cama. 

Sakura estava deitada na cama do canto, como de costume — a mais próxima da janela. Ela abriu os olhos, sonolenta, ao perceber que não tinha mais raios de sol quentes batendo em seu rosto. Olhou em volta, vendo todos os outros dormindo nas outras camas tranquilamente. 

Aquela tinha sido a melhor soneca que tirara a semana toda, já que agora estava num cômodo aquecido e confortável, bem diferente do Chalé de Orfeu. Era inacreditável que Sasuke tivesse passado por aquela experiência duas vezes já e nunca reclamou. 

A representante de Atena se inclinou sobre o colchão, observando-o dormir ali ao lado, no chão, como sempre. Também parecia estar dormindo bem, mesmo no chão. 

Depois daquela semana tão fria, dormir no chão de um cômodo aquecido era quase como um presente divino. 

Sakura se esgueirou para fora da cama também, devagar, até se deitar no chão e se aconchegar junto a Sasuke. 

Ele se mexeu, consciente da presença dela, porém não abriu os olhos. Os dois se ajeitaram melhor enquanto ela se ajeitava sobre ele. Sasuke mexeu no lençol pra que ele pudesse cobri-la também. Quando terminou, estava com um braço circulando a cintura dela, sentindo a respiração quente em seu pescoço enquanto uma das pernas estava por cima das dele. 

Nada que já não tivessem feito no Chalé de Orfeu durante aquela semana, embora dessa vez, o rapaz estivesse bem menos tenso que das outras vezes, já que tinha cruzado aquela linha mesmo. 

Mesmo sem ver o rosto dele, Sakura sabia que ele estava sorrindo minimamente após suspirar e apertar um pouco mais firme sua cintura, puxando-a para si. 

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— Bom dia. — disse Suigetsu ao sair do quarto e encontrar Deidara na cozinha. O rapaz estava bebendo água, com a intenção de voltar logo pro quarto e dormir novamente. Ainda mais agora que via que Suigetsu estava acordado e já perambulando pela casa. 

— Bom dia. — ele cumprimentou com sua voz mau humorada de sempre. 

— Pra que isso, cara? Hoje é dia de comemoração. Finalmente um pouco de paz nessa casa. — Suigetsu brincou enquanto abria a geladeira e puxava a cesta de legumes lá de dentro. 

Deidara torceu o nariz, vendo que ele já ia começar a fazer aqueles desjejuns estranhos e vegetarianos que só ele comia. Às vezes nem Hinata tinha coragem de colocar aquelas coisas na boca, mesmo sendo do Templo de Hera. 

Mas por um lado, era bom vê-lo animado para comer. Durante a última semana, ele sempre ficava circulando pela cozinha resmungando baixinho, incomodado com a presença de Sasori por perto, ainda mais porque o ruivo ficava olhando torto sem nem disfarçar para o prato de Suigetsu. 

Uma coisa era um amigo zoá-lo, outra bem diferente era um desconhecido filho da puta fazendo isso. 

— Você já vai começar a fritar essas coisas? — Deidara questionou vendo ele pegando a tábua de madeira e a faca de cortar. 

— Claro, quer que eu coma tudo cru e gelado? 

— Fritura é realmente algo vegetariano? — ele deu um sorriso provocativo. 

— Pode ir parando. — Suigetsu retrucou, lhe devolvendo um sorriso irônico. — Ninguém mais vai me estressar nessa casa agora que o dito cujo foi embora. 

— É mesmo? — Deidara ergueu as sobrancelhas. 

— Uhum. 

— Isso é que vamos ver. Daqui a pouco você tá aí, arrancando os cabelos porque o Naruto decidiu que vai pro próximo Coliseu. 

— É coisa de casal. — Suigetsu empinou o nariz. — Acho que você entende melhor que todo mundo. 

— Ah, cala a boca. — Deidara resmungou enquanto o representante de Dionísio desatava a gargalhar das bochechas vermelhas dele. 

— Ei, tá ficando frio aqui, né? — Suigetsu comentou. — Pode fazer um favorzinho pra todos nós e ir abastecer o aquecedor?

— Vá você, já que se incomoda tanto com o frio. 

— Você não é filho do deus do fogo? Vai fazer teu nome, cara. 

Pelos deuses, não devia ser nem meio dia ainda e Suigetsu já estava fritando a paciência de Deidara. 

Mas o loiro se dirigiu até a porta do porão, para descer as escadas e jogar lenha no aquecedor. Não era exatamente uma tarefa difícil, mas era um saco subir aquela escada, já que o cômodo era escuro e os degraus eram meio irregulares. Sempre acontecia de um deles tropeçar e se bater todo na subida. 

Deidara desceu e colocou a lenha no aquecedor, porém ao se virar de volta, ele avistou várias coisas novas encostadas na parede ali perto. Como não conseguia ver direito, pegou um pedaço de lenha e acendeu uma tocha — sem nenhuma dificuldade, já que era algo tribal já bem monótono pra ele. —, e quando a luz do fogo iluminou melhor, ele percebeu o que eram as coisas deixadas ali. 

— Ei, Suigetsu. Desce aqui um instante! — ele chamou alto, para que o outro escutasse. 

— Que foi? — o outro notou algo incomum na voz de Deidara. Parecia quase… animação? 

Ao descer as escadas, ele rapidamente notou o que Deidara estava olhando — com os olhos azuis brilhando, inclusive. 

Na parede, haviam empilhado os engradados de cerveja e as várias garrafas de bebida alcoólica variada. Nada que já não fosse esperado, afinal, era dia de folga em Olimpo. Mas junto a isso, também tinha um caixote de madeira ao lado da pilha, e mesmo pela pouca luz, eles podiam ver pelas frestas os vários maços de cigarro arrumadinhos ali. 

— Santo Dionísio… — Suigetsu sentiu os próprios pulmões prenderam o ar dentro de si. — Não é possível…

Ele terminou de descer os degraus devagar, porque estava tremendo de emoção, boquiaberto e sem conseguir acreditar.

Cigarros! 

— Obrigado, senhor! — Deidara ergueu as mãos pra cima. — Senhores e senhoras!

— Puta merda. — Suigetsu não parava de xingar, eufórico, quase chorando de emoção. Foi ele quem agarrou as beiras do caixote e o ergueu, começando a subir as escadas rapidamente, com Deidara em seus calcanhares, logo após jogar a tocha dentro do aquecedor.

Suigetsu colocou o caixote em cima da cozinha e depois os dois rapidamente foram até a porta do quarto, mas Deidara acabou segurando-o antes que arrombasse tudo. 

— Calma, calma. Fala devagar, senão vai ser o caos. — ele falou baixinho. 

Suigetsu assentiu e respirou fundo, adotando uma postura séria e mais profissional. Ele abriu a porta devagarinho, observando lentamente a luz adentrar o quarto. 

Todos continuaram imóveis nas camas, embora alguns tenham acordado. 

— Ei, pessoal. As coisas do dia já chegaram. — Suigetsu falou baixo, se segurando pra não gritar e nem pular de alegria. 

Só escutou alguns resmungos sonolentos em resposta. 

— Eles mandaram uns maços de cigarro também, inclusive. — ele acrescentou, no mesmo tom. 

Demorou apenas alguns segundos, que foi o tempo necessário para o cérebro meio adormecido dos participantes processar a informação. E depois veio a euforia. 

Shikamaru foi o primeiro. Ele se ergueu na cama quase levitando, depois saiu pulando por cima das camas pelo caminho, pisando e acordando os outros, que também estavam processando a informação ainda, atravessando o quarto em alta velocidade, em direção a porta. Karin também praticamente deu um salto do chão para correr até lá. Temari, inclusive, parecia estar pouco se lixando para a própria perna, quando se levantou num salto também. 

Sakura se sentou assustada, vendo aquela gritaria toda enquanto todo mundo pulava das camas, arremessando lençóis e travesseiros pra qualquer lugar, naquela corrida para chegarem pra fora do cômodo. 

— Pelos deuses, o que… — ela murmurou surpresa. 

— Abstinência é foda, hein? — Sasuke resmungou, parado no mesmo lugar, de olhos fechados e ainda deitado no chão, pouco se importando com cigarros, já que não os usava mesmo antes de Olimpo. 

Tirando os dois, todos os outros praticamente apostaram corrida até a cozinha, para se prostrarem diante do caixote cheio de maços de cigarro e olhá-lo como tivesse sido enviado pelos próximos deuses olimpianos. 

— Finalmente os deuses escutaram nossos lamentos, depois de quarenta dias choramingando por isso, dia e noite, sem falta. — Suigetsu disse com as mãos erguidas para cima.

— Ou melhor, a produção. — Karin o corrigiu.

— Eu gostaria de fazer uma oração coletiva em agradecimento e respeito aos nossos senhores. — Suigetsu disse com sarcasmo. 

— Faça o que você quiser. Eu estou indo lá pra fora. — disse Shikamaru, já pegando um maço e andando em direção à porta de entrada da casa principal. Não queria perder mais um minuto sequer.

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Três horas mais tarde, Sakura decidiu se levantar. Tudo bem que o quarto estava aconchegante e quentinho — e ela e Sasuke estavam “sozinhos” — mas seu estômago tinha começado a roncar já. 

Só que ao se levantar e ir até a cozinha, ela percebeu que ninguém tinha cozinhado nada. Nada mesmo, nem chá. 

Confusa, a garota se dirigiu até a porta e saiu para a varanda, encontrando os outros todos por ali, pela clareira. Fumando pra variar. E muito. 

Shikamaru, Temari, Karin e Sai estavam ali pela varanda mesmo, já que a perna de Temari não a permitia ir muito longe, senão o esforço reacenderia o sangramento. Já os amigos mais próximos dela estavam todos sentados na plataforma de madeira do lago, conversando e fumando também. Sakura foi até eles. 

— Boa tarde, irmãzinha. — Naruto falou com a voz arrastada, com uma cara de sono e um sorriso folgado. 

Sakura parou a três passos deles e os encarou de forma confusa. 

— O que é isso? Cannabis? — ela questionou. 

— Não, não. É cigarro normal mesmo. — Hinata respondeu sorridente. 

— Por que vocês todos parecem estar chapados? — Sakura perguntou vendo os sorrisos bobos e os semblantes relaxados deles. — Quanto já fumaram? 

— Sei lá. — Deidara deu de ombros, se ajeitando de volta para deitar de forma tranquila ali. 

— Cara, você não tem ideia do quanto isso aqui é relaxante. — Suigetsu disse na mesma vibe, falando devagar, como se sua mente também tivesse ficado tão relaxada ao ponto de funcionar de forma lenta. — Ainda mais nas condições que a gente tem estado. 

Sakura olhou para Hinata, vendo o cigarro com listras vermelhas que ela tinha na mão. 

— Eu e Sasuke somos realmente os únicos que nunca fumaram antes? — ela perguntou chocada. 

— Não que seja surpresa. — respondeu Suigetsu. — Vocês também são os únicos virgens do rolê…

— O que isso tem a ver? — Sakura retrucou quase berrando. 

Todos riram. 

— Você quer experimentar um? — Hinata ofereceu, mostrando a caixa de cigarros que estavam fumando. — Esse aqui é de morango. 

— Nananinanão. — Naruto pegou a caixa da mão dela. — Eu não vou ser responsável por viciar ninguém em nada. 

— Depois eu experimento. — Sakura disse e depois acrescentou em tom de bronca: — Vou comer alguma coisa primeiro. 

E saiu marchando em direção à casa principal de novo. 

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Pra ser sincero, Sasuke não precisava nem de bebida nem de cigarros para se acalmar. Já estava calmo o suficiente naquele dia. 

Depois de toda a emoção que o assolou na noite anterior, quando acreditava que Sakura sairia, e depois que a viu ficar, não havia mais nada que pudesse lhe tranquilizar ali além da permanência dela. 

Enquanto Kakashi falava, ele começou a perceber que estava desesperado. Nem conseguia imaginar o que fazer se a garota saísse, porque sabia que as chances de se verem de novo eram quase nulas. E de forma muito egoísta, ele torceu e rezou com todas as forças, a qualquer um lá em cima que estivesse lhe escutando, pra que ela ficasse ali. Ficasse naquele jogo miserável, lutando e sofrendo pra sobreviver… mas junto com ele. 

E quando ela ficou, ele sentiu um alívio tão grande, que por vários minutos nem conseguiu se mover, como se a própria alma tivesse saído do corpo naqueles instantes, levitando de tranquilidade. 

E quando finalmente voltou a si, a única coisa que conseguiu fazer foi ir pra cima dela, sem nem pensar nas consequências de seus atos. Fazendo o que queria fazer há anos, muito antes de entrarem naquele lugar. 

Então a única coisa que podia fazer agora… era esperar que Hades fosse um cara benevolente com ele. 

E por enquanto, a única coisa que queria era passar aquele dia tranquilo, talvez apenas dormindo, já que mal fizera isso durante a última semana. 

— Você já fumou alguma vez? — Sakura perguntou a ele enquanto o rapaz terminava de fazer panquecas de aveia para os dois.

— Já. Não curti muito. — ele resmungou. 

— As pessoas fumam muito na Casa de Hades? 

Ele olhou pra ela e sorriu de canto, como se a pergunta fosse engraçada. 

Sakura se tocou de que deveria ser mesmo, já que por ser a tribo mais pobre de todas, era muito provável que seus membros vivessem estressados e infelizes o tempo todo, e o tabaco deveria ser um ótimo consolo. 

— Acho que a gente só perde pro Mosteiro de Dionísio. — Sasuke comentou enquanto colocava as panquecas em dois pratos diferentes. — Proporcionalmente, claro. A Casa de Hades tem muito mais gente que o Mosteiro de Dionísio.

Os dois foram comer na mesa, sentados lado a lado. Sasuke tinha usado alguns legumes que Suigetsu tinha picado, porém não terminado, já que vira os cigarros antes mesmo de começar a fritar seu desjejum.

Aparentemente, o representante de Dionísio nem ia ligar, já que estava mais preocupado com os cigarros do que qualquer outra coisa, assim como os outros. 

Os dois ficaram comendo em silêncio por algum tempo, estranhamente muito bem confortáveis com isso. Como se nem precisassem mais de palavras para ficarem na companhia um do outro. 

De certa forma, isso lembrava os tempos no Santuário de Atena, onde às vezes ficavam manhãs ou tardes inteira apenas sentados um do lado do outro, enquanto trabalhavam na tradução de algum livro ou artigo. 

Era nostálgico, e ao mesmo tempo, muito confortante. 

Sakura achou que ele nem iria ter coragem de lhe olhar na cara no outro dia. Não depois de beijá-la. Mas estava agindo com muita naturalidade, e isso lhe alegrou. 

Ainda existia o fantasma daquele jeito pairando sobre eles, mas em vez de estar perturbando-os, parecia mais felicitá-los. 

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Por volta das três da tarde, todos já tinham entrado para comer alguma coisa, já que tinham a pretensão de beber também, então era bom forrar o estômago. Mas assim que terminavam, já voltavam pro lado de fora. 

Temari não queria nem saber se iria levar uma bronca do pai quando voltasse pra casa. Ela fumou um maço inteiro de cigarros mentolados, sem peso nenhum na consciência. 

Até o semblante de alguns deles mudaram, como se não tivesse mais um peso imenso por sob os ombros. 

— Sabe o que eu acho? — Temari comentou para Karin. — Você fica com cara de que tá tendo um orgasmo quando tá fumando. 

— Talvez eu esteja mesmo. — a ruiva retrucou, de ótimo humor. — Você não tem ideia do quanto eu senti falta disso aqui. É maravilhoso. 

Elas duas continuavam sentadas na varanda, agora fumando e tomando uma garrafa de vinho devagar. O céu estava bem azulado e cheio de nuvens branquinhas e fofas, e havia uma brisa quente e cheirosa no ar. 

— Acho que esse é o melhor dia que a gente teve aqui até hoje. — Karin murmurou. — E é um enorme alívio depois de ontem. 

— Depois da última semana inteira, você quer dizer. — Temari a corrigiu. — Ainda bem que aquele miserável foi embora. 

— Você notou que ele parecia meio paranóico ontem? — a representante de Ártemis indagou. — Sei lá, parecia meio perturbado. 

— Foda-se, não me interessa. Espero que fique perturbado pelo resto da vida. — a loira disse revirando os olhos enquanto terminava mais um cigarro. — Babaca do caralho. 

Karin também não se importava muito, mas era legal fofocar. 

— E aí? — Shikamaru e Sai retornaram e se juntaram a elas ali, sentando no chão ao redor, já que não tinha mais espaço no balanço de varanda. — Qual a fofoca do momento? — Shikamaru perguntou. 

— Só estávamos falando do eliminado do sexto ciclo. — Karin ironizou. 

— Ah, claro. — o representante de Poseidon murmurou enquanto puxava mais um cigarro de seu maço. Já era o segundo do dia, e estava na metade. — Prontas pro próximo ciclo, inclusive?

— Olha, sinceramente… — Temari acendeu mais um. — Eu tenho pena de vocês que vão encarar outro ciclo de provas emocionais. Ainda bem que eu sou Titã. — ela parecia aliviado. — Detesto esse tipo de provas. 

— Depois dos Erotes, eu também odeio. — Sai resmungou com os ombros baixos enquanto pensava nas lembranças do quarto ciclo. 

— Torçam pra que não escolham Phobos e Deimos. — disse Temari, falando dos filhos e companheiros de batalha de Ares. — Os Erotes são fichinha perto deles. 

— Convenhamos, Temari. — Shikamaru gracejou. — Todas as crias de Ares e Afrodite são péssimas. Por que caralhos esses dois insistiram tanto em fazer filhos?

Ela deu de ombros, com um sorrisinho debochado. 

— De qualquer forma, acho que eles não vão aparecer por enquanto. — ele continuou, reflexivo. — Todo mundo sabe que os dois são punk. Acho que vão deixá-los pro décimo ciclo, pra foderem bem a gente antes da grande final.

— Não duvido. — Sai concordou. 

— E aí? — Shikamaru voltou-se de novo para a loira sentada no balanço. — Já tem uma ideia do que fazer?

— Você quer saber quem eu vou mandar direto?

Ele concordou com a cabeça. 

Temari inspirou e expirou fundo a fumaça do cigarro, olhando para a clareira de forma pensativa. 

— Sei lá. — ela deu de ombros. — Ainda tô pensando muito. Vai depender do andar da carruagem. 

— Você é a única garantia de que um deles vai pro Coliseu. — Shikamaru disse, virando a cabeça para olhar na direção da plataforma de madeira, onde os ex-membros de Quimera continuavam. — A gente não tem voto suficiente nem pra empatar. Somos só três agora. E alguns… — ele olhou para Karin. — Não concordam em votar em alguns deles. 

— Já que você é tão inteligente, pode muito bem pensar numa estratégia onde eu não precise votar nem na Sakura e nem no Suigetsu. — ela debochou da cara dele. 

— Nesse caso, só se você mandá-los. — ele olhou para Temari. 

— Cara… — ela o encarou, erguendo uma sobrancelha. — Você acha realmente uma boa mandar a Sakura de novo? Ela acabou de voltar da segunda votação. E já foi três vezes ao Coliseu.

— Sasori também. — ele deu de ombros. — Isso não significa nada. 

— Significa sim. — Karin retrucou. — Sasori fez merda, Sakura não. A única coisa que você vai fazer é fortalecê-la ainda mais. 

— Tá, então o Suigetsu.

Temari fez uma careta. 

Não sabia ao certo se tinha motivo suficiente para mandar o representante de Dionísio direto. Até porque o Mosteiro de Dionísio sempre foi uma tribo historicamente forte dentro do jogo. E ela não queria jogar votos fora. 

— Será que não podemos voltar aos planos originais? — ela sugeriu. 

— Como assim? — Sai perguntou, confuso como os outros. 

— Eu posso mandar o Sasuke. — ela disse de forma simples. 

Todos se olharam, raciocinando isso. 

— A Casa de Hades ficou fora da nossa mira desde o segundo ciclo. — Temari continuou. — Vocês ficaram tão preocupados com Quimera que esqueceram dele. 

— Não seria melhor deixarmos ele para a votação? — Sai sugeriu. 

— Não tem voto suficiente. — Shikamaru repetiu. 

— Mas e se nós não formos os únicos a votar nele? — ele retrucou. 

Os três o olharam, sem entender. 

— Olha, você tá proibido de ir pra Provação de Hércules, mas se eu ou a Karin formos e perdemos, podíamos tentar puxar os outros dois pro Chalé de Orfeu. — Sai explicou sua ideia. — Já que a Temari é a Titã, nós três ficaríamos imunes à votação da casa, aí eles… — ele olhou para o pessoal lá perto do lago. — Teriam que votar entre si. 

— E no caso, todos iriam votar no Sasuke. — Karin disse, entendendo a linha de raciocínio dele. — Não iriam se votar, já que estão juntos desde o começo do jogo. 

— Exato. — Sai pontuou. — Aí pelo menos já garante que a gente também não possa perder o Desafio de Perseu, já que não vamos participar também, por estar no Chalé. 

Temari olhou para Shikamaru e Karin. 

— Eu achei uma boa. — ela disse. — Porque teoricamente, só um de vocês iria. O que o Sasuke vai puxar do Chalé, no caso. 

— Provavelmente eu. — Karin murmurou em tom divertido. — Ele me adora. 

Shikamaru estava quieto, enquanto pensava nos prós e contras desse plano. Pra ele, talvez fosse até bom, já que se Sasuke realmente seguisse a linha de raciocínio, iria puxar Karin, e não ele. Então iria se safar de mais uma eliminação. Agora o problema seria se o representante de Hades resolvesse seguir conselhos da namorada. 

Ele sabia que, agora que estavam sem Sasori, as coisas tinham voltado ao seu curso normal. E Atena e Poseidon voltavam às suas posições de rivais de longa data. 

Nesse caso, ele encararia uma prova junto com Sasuke e mais os outros que provavelmente sairiam de Quimera. Seria foda se tivesse que ir pro Coliseu junto com Sasuke, Naruto ou Deidara, ou até mesmo Suigetsu. 

— Acho que tudo bem. — ele disse, meio contrariado ainda. — Só temos que torcer pra pelo menos um de vocês ser sorteado amanhã. 

— Não sou muito boa em sorte. — Karin resmungou e olhou pra Sai. — Contamos com você então, pra ir lá e perder. 

O outro fez careta, não achando engraçado a piadinha. 

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Ninguém ali estava a fim de festa, por isso, Suigetsu nem se adiantou pra fazer nada de preparativos para a noite. Ele resolveu só ficar de bobeira com os amigos. 

Ficaram aproveitando o dia ensolarado, ainda com roupas de dormir, enquanto ficaram jogados perto do lago, curtindo o céu limpo, a brisa fresca, os sons naturais da floresta e da clareira, e as latinhas de cerveja bem geladinhas. E claro, os cigarros. 

Quando Sakura saiu de novo da casa principal, para se juntar a eles, estava com Sasuke. E agora estava todo mundo deitado sob a plataforma, aproveitando o dia de tranquilidade. 

— Quer um cigarro? — Suigetsu ofereceu para Sasuke. 

— Não, valeu. — o moreno respondeu enquanto ele e Sakura se sentavam ali com eles. 

— E aí? Relaxando bastante juntos lá dentro? — Deidara perguntou em tom provocativo. — Ou estavam frenéticos?

— Cala a boca. — Sakura retrucou, ficando com o rosto vermelho de vergonha. 

Os amigos todos riram. 

— Fuma logo aí, pra complementar toda a experiência. — disse Suigetsu, e eles riram de novo. 

— O quê? — Sasuke perguntou, confuso. 

— Nada, não leve esses idiotas a sério. — Sakura resmungou. — Vocês são uns imbecis. 

— Os imbecis que você mais ama. — disse Naruto, divertido. 

Ela pegou uma lata de cerveja da mão dele com brutalidade, decidindo beber também, pra ver se passava a vontade de estapear a cara de cada um ali. 

— E aí? Vocês tão a fim só de ficar de boas hoje? — Sasuke perguntou. — Ou tão a fim de já deixar as coisas pra decidir só amanhã?

— Você nunca para, né? — Naruto comentou. — Tá sempre preocupado com jogo. 

— Claro que eu estou. A Titã é totalmente a favor de seguir as estratégias do Shikamaru. — Sasuke respondeu o óbvio. — Quem você acha que ele vai querer que ela mande?

Todos olharam para Sakura. Naruto suspirou. 

— Qual sua ideia? — ele questionou. 

— Chalé de novo está fora de questão. — começou Sasuke. 

— Eu concordo. — o representa de Apolo assentiu. — Mesmo com esses dias mais quentes, é melhor manter você muito bem aquecida dentro da casa principal pelos próximos dias. Pelo menos até termos certeza de que os efeitos da hipotermia já estabilizaram. 

— Fora que a gente tem mais voto. — Deidara disse. — Se todos votarmos no Shikamaru, é certeza de que ele puxa Sakura, se ela estiver no Chalé. 

— E se não formos no Shikamaru? — sugeriu Sakura. 

Todos olharam surpresos pra ela, já que esperavam que ela fosse a primeira a armar toda uma emboscada para o representante de Poseidon. 

— Podíamos ir no Sai. — ela explicou. — É melhor pra nós mandarmos gente que não se sairia tão bem numa prova no Coliseu, e que também tem menos chances de voltar de uma votação do público.

— Acha que ele não é tão forte lá fora? — perguntou Hinata, pensativa. 

— Acho. Até porque, seria melhor garantir alguém fraco na votação, já que nem sabemos quem a Temari vai mandar. — Sakura deu de ombros. — E se ela mandar você ou o Sasuke?

— Nossas tribos teoricamente são mais fracas lá fora. — Sasuke continuou e olhou para Deidara. — Você também é um que está correndo bastante risco. 

— Que barra. — o loiro comentou, não parecendo muito preocupado com isso enquanto pegava o último cigarro de seu segundo maço do dia. 

— Eu acho que mesmo você ainda meio debilitado, dá medo neles numa prova do Coliseu. — Sasuke disse para Naruto. — Na real, eu acho que até o final do jogo vai todo mundo ter medo de te encarar. Tanto em provas, quanto na votação. 

— Pessoal deve tá com mais medo ainda da Basílica de Apolo agora. — Suigetsu comentou, pensativo. Ele olhou para Naruto. — Foi você que garantiu o Sasori naquele Coliseu. 

— E também já foi ao Coliseu duas vezes. — Sasuke continuou. — Eles devem estar pesando isso também. Provavelmente vão se voltar pra quem ainda não foi pra lá tantas vezes, por isso que eu acho que não vão focar na Sakura agora. 

— Acabei de voltar, cara. — ela se lamuriou. — Só queria uma folguinha. 

— Ah, irmãzinha. Aqui só tem folga quem é Titã. — Naruto resmungou. — E tem que torcer pra não acontecer o mesmo que foi com o Gaara. 

Ela tomou um gole de cerveja, meio cansada e triste só de pensar no ruivo. E na falta que ele fazia. Era legal ter alguém mais calmo e sereno naquele lugar, porque muitas vezes, a tranquilidade dele conseguia contagiar a acalmar todo mundo também. 

Gaara fazia muita falta. Assim como Tenten, e até mesmo Ino. Ela ficava divertida quando bebia. 

— Caraca, só mais quatro ciclos. — Sakura comentou pensativa.

— Pois é. — Hinata concordou. 

Ao mesmo tempo que parecia que estavam ali há anos, também tinham a impressão de que tudo havia passado muito rápido. 

Era doido, mas era real. Assim como tudo ali em Olimpo. 

E já tinham ido muitos bons jogadores embora. Assim como bons amigos. 

Todos se entreolharam em silêncio, sabendo que não chegariam junto à final, mesmo que quisessem muito. E um certo clima tenso se instalou por alguns minutos entre eles. 

Mas como sempre, Suigetsu prontamente assumiu as rédeas da situação, e como um filho de Dionísio, tratou de animá-los. 

— Ah, que se dane. Hoje é nosso dia de folga. — ele disse animado. — Vamos beber e jogar cartas. Amanhã a gente fala de jogo o quanto vocês quiserem. 

— É, vamos todos beber logo pra irmos dormir cedinho. — Naruto concordou. — Tem que tá todo mundo zerado pra Provação de Hércules amanhã. 

— Verdade. — Hinata concordou. 

— Certo, vou lá dentro pegar mais cigarros. — Deidara falou, já se levantando. — Alguém quer alguma coisa?

— Traz mais umas cervejas. — Sasuke pediu. 

— Pega uns cigarros de limão. — sugeriu Hinata. 

— E traz meu baralho. — disse Suigetsu e depois rapidamente acrescentou, se lembrando de suas ideias originais. — Ah, e coloca uns maços de cigarro na minha bolsa. 

Sakura o encarou, confusa. 

— Você tá guardando cigarros pra fumar depois? — ela questionou rindo. 

— Fumar depois? — ele riu, como se fosse uma piada. — Estou guardando pra negócios. 

— Negócios? — Sasuke ergueu as sobrancelhas. 

— Claro. Você acha que no décimo ciclo as coisas vão estar melhores? O pessoal é capaz até de esquartejar alguém por cigarros no final do jogo. — ele foi explicando. — Eu pretendo negociar cigarros em troca de votos. Vai ter gente aqui que seria capaz de votar até na própria mãe por um cigarro.

Os outros todos desengataram a rir, menos Sasuke, que percebia só naquele momento que Suigetsu era mais doido do que aparentava.