Sasuke
Mesmo quando ainda morávamos no Santuário de Atena, a morte já parecia ser algo natural e mais tranquilo na rotina da minha família.
Quando meu irmão adoeceu e faleceu, ainda quando eu era uma criança, me lembro dos vizinhos sempre comentarem em forma de julgamento sobre como o luto da minha mãe foi “rápido demais”, na opinião deles.
Acho que as pessoas esperavam que minha mãe passasse o resto da vida isolada de todo mundo e chorando pelos cantos por ter perdido um filho tão jovem.
É óbvio que ninguém ali entendia que ela era diferente de todos os outros habitantes da tribo de Atena, já que tinha nascido e sido criada na Casa de Hades. Ela aprendeu a conviver com a morte diariamente, então isso podia fazer ela parecer ser “fria demais”, na opinião daquelas pessoas.
Acho que só quem realmente já viveu na Casa de Hades sabe que isso não é um sinal de frieza, mas de respeito. Os filhos de Hades aprendem cedo a aceitar a morte como algo natural da vida humana.
Demorei uns meses, mas depois de me acostumar com o clima mórbido da Casa de Hades, onde os cadáveres chegavam diariamente e eram levados de um lado para o outro o tempo todo, eu aprendi a aceitar a morte com menos cerimônia do que apenas o necessário.
Além disso, percebi que pessoas mortas são muito mais fáceis de lidar do que as que estão vivas.
Os mortos pelo menos não ficam tentando te foder a todo custo, igual os vivos fazem.
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Enquanto Suigetsu, Karin e Shikamaru arrumavam suas coisas para irem para o Chalé de Orfeu, Naruto e os outros circulavam por ali, reorganizando o quarto também, porque afinal, tinha uma novidade novamente: não haviam mais oito camas de solteiro, e sim apenas seis.
— Caralho, a produção quer mesmo ver acontecer uma briga por causa dessas camas, hein? — Suigetsu comentou em tom provocativo.
— Que briga? — Sakura retrucou. — A única pessoa que ainda não dormiu numa cama o programa inteiro foi o Sasuke.
— Porra. — os meninos tentaram rir baixo, pra que o representante de Hades não soubesse que estavam rindo dele, já que era o único fora do quarto naquele momento. Tinha sido o próximo na fila do banho.
— Sai daí, essa é minha cama. — Sakura disse para Deidara, que estava sentado na cama do canto direito do quarto.
— Eu não vi nenhum símbolo de Atena nela em nenhum canto. — ele debochou.
— Para de ser implicante e deixa essa cama pra ela e o namorado. — Naruto caçoou e começou a rir junto com Suigetsu. — Todo mundo sabe que a cama do canto é sempre melhor pra casais. Tem mais privacidade.
— Você não tem outras coisas pra se preocupar não? — Sakura replicou, olhando irritada pro representante de Apolo.
— Tipo o quê?
— Tipo que o SEU namorado está indo dormir no Chalé de Orfeu junto com a Karin?
— O que é isso? Desde quando somos monogâmicos? — Suigetsu indagou em tom de brincadeira.
— Eles acham que eu tenho ciúmes de você. — Naruto respondeu a ele no mesmo tom.
— Ah, isso é o que nós veremos. — Deidara abriu um sorriso quase diabólico na direção deles. Ele e Sakura se entreolharam, sabendo que iam se divertir muito vendo Naruto surtar conforme a noite se aproximasse. — Será que tem milho suficiente pra Hinata fazer um balde de pipoca pra nós? — ele perguntou ironicamente para a representante de Atena.
— Eu posso pedir a ela para conferir. — a moça respondeu do mesmo jeito.
— Ah, deixem de ser crianças. — Naruto resmungou.
Vinte minutos mais tarde, Suigetsu, Karin e Shikamaru já estavam com suas coisas no Chalé de Orfeu e já usavam os amuletos em formato de nuvem no pescoço.
Enquanto isso, o resto da casa começava já a se organizar e conversar sobre o jogo, agora que já tinham as três pessoas no Chalé de Orfeu.
— Já tem duas pessoas confirmadas no Coliseu. — Sasuke murmurou baixinho com Sakura na sala. — Eu e o Suigetsu.
— Acha que o Sai vai puxar o Suigetsu do Chalé? — a garota perguntou enquanto ambos esperavam Hinata terminar de preparar o jantar na cozinha ali perto. Naruto e Sai também estavam lá, conversando e ajudando-a.
— O Shikamaru que não vai. — Sasuke resmungou. — Agora que a Ino tá fora, os dois vivem juntos na maior parte do tempo. E não acho que ele tem culhão pra chamar a Karin.
Sakura se deitou melhor no sofá, colocando as pernas por cima das do moreno, que estava sentado. Os dois lançaram um olhar na direção da cozinha, observando Sai enquanto ele mexia em alguma coisa que estavam fritando em frente ao fogão à lenha.
— E se eles pensarem numa estratégia de tentar voltarem como Titã? — ela sugeriu com a voz baixa. — Nesse caso, faria sentido ele puxar Shikamaru.
— Ah, por favor. — Sasuke bufou de forma debochada. — Você acha mesmo que ele tem culhão de fazer isso? — ele indicou Sai com a cabeça. — E além disso, o Shikamaru está tentando ficar invisível agora nesses últimos ciclos. É como eu te falei: ele tá tentando ficar mais tempo que você, porque sabe que se for mais longe que o Santuário de Atena, talvez tenha chance da tribo dele subir um pouco na hierarquia.
— Se rastejar pra conseguir esse feito não parece lá muito digno. — ela murmurou cruzando os braços.
— Não acho que a essa altura do jogo as pessoas estejam se importando se estão rastejando ou não. — o moreno suspirou. — Agora é questão de sobrevivência pura.
— Acho que a Temari ainda não decidiu se vai te mandar mesmo. — Sakura opinou. — Acho que ela vai esperar até o resultado de amanhã pra decidir isso direito.
— Como assim? — ele perguntou, confuso.
— Se eu perder o Desafio de Perseu, talvez ela fique com medo de te mandar. — Sakura explicou. — Todo mundo aqui morre de medo de enfrentar “casais” numa votação. Lembra de quando Kiba enfrentou Naruto e Suigetsu? Todo mundo já tinha ele como eliminado antes mesmo do Kakashi anunciar o resultado.
Sasuke ainda não tinha pensado por esse lado.
— Um de nós vai. Isso pode ter certeza. — a garota resmungou olhando de novo na direção da cozinha. — Eu só não quero ir de novo com o Naruto. Porque puta merda, aquele Coliseu já tem praticamente o nosso nome grafado nas paredes.
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Pouco antes de anoitecer, Temari saiu da casa principal levando um prato com seu jantar e resolveu se juntar aos amigos no Chalé de Orfeu para comer e discutir um pouco sobre o jogo. Ela queria conversar e decidir as coisas antes que o Desafio de Perseu acontecesse, porque não queria correr o risco deles serem chamados bem cedo de novo e irem pra prova antes mesmo de tomarem nem o desjejum.
— Essa é sua tentativa de nos torturar? — Karin indagou quando a loira se sentou com seu prato cheio de salada, bacon, granola e macarrão, enquanto ela e Shikamaru estavam ali comendo ração com gosto de terra.
— Cadê o Suigetsu? — ela perguntou notando que ele não estava ali.
— Ah, ele disse que queria meditar sozinho um pouco. Deve estar no celeiro ou em algum canto das plantações.
— Os filhos de Dionísio são estranhos, né? — a loira riu.
— É exatamente sobre esse assunto que eu quero conversar. — anunciou Shikamaru, lançando um olhar para a porta entreaberta do Chalé de Orfeu, se certificando de que não tinha ninguém ali além deles três. — Acho que devíamos considerar a chance de você mandar Deidara ao invés do Sasuke, sabe?
— O quê? Por quê? — a loira ficou totalmente confusa com essa sugestão.
— Você lembra do que aconteceu no ciclo passado? Do Sai ter comentado pra mim e pro Sasori sobre o Deidara e o Suigetsu terem dormido na mesma cama?
— Ué, o que que tem? — Karin tratou de ficar confusa e tensa com o assunto.
— Como assim o que que tem? — o rapaz deu de ombros. — Tem que ele tem um rolo com Naruto mas fica dormindo na cama com outro cara. Um cara que, pelo que a gente sabe, é noivo ou seja lá o que for de alguém lá fora.
— Você tem merda na cabeça? — a ruiva indagou, indignada. — O que uma coisa tem a ver com a outra? Os dois são muito amigos. E dividir cama não é exatamente uma opção aqui, caso não tenha notado. Hoje já dançaram com duas camas de novo lá no quarto.
— Karin, eu respeito que você e ele sejam muito amigos, mas você tem que pensar no jogo. — Shikamaru rebateu com firmeza. — Se os dois estiverem queimados lá fora, é nossa chance de tentar eliminar um deles, provavelmente o Deidara.
— Ah, dá licença. — Karin se pôs e de pé e jogou a tigela em um canto qualquer do Chalé de Orfeu enquanto se dirigia para a porta a passos duros e furiosos. — Me avisem quando terminarem com as tramóias, pra eu entrar de novo.
Ela saiu batendo a porta com um estrondo.
— Não dá pra contar com ela quando se trata do Suigetsu. — disse baixinho Temari.
— Deu pra notar. — o representante de Poseidon resmungou antes de voltar a falar sério. — Olha, a questão é a seguinte: já sabemos que eles vão todos votar no Sai, e o Sai vai puxar o Suigetsu daqui. — ele indicou o chalé decadente ao redor deles. — Mas em vez de você mandar o Sasuke, talvez seja melhor mandar o Deidara. Os dois podem estar envolvidos nessa polêmica, e mesmo que um deles volte como Titã, o outro ainda tem a chance de ser eliminado.
— Você esqueceu que o Deidara está com a Caixa de Pandora nas mãos? — a loira o respondeu. — E se tiver uma imunidade lá dentro? Ou algum outro poder onde ele possa se tirar do quarteto ou algo assim? Além disso, se ele for com o Sai e Suigetsu, acha mesmo que ele tem a maior possibilidade de voltar como Titã e me mandar direto no próximo ciclo?
— Você já demonstrou mais do que bem que aguenta o tranco. — ele olhou para a perna machucada dela. — Acho que se tiver uma imunidade, ele provavelmente vai dar pra Sakura. Eles estão com essa ideia de ver se dão um descanso pra ela.
— É claro, de seis Coliseus, ela já foi pra três. — Temari falou o óbvio. — Se ela for pra esse de novo, vai ser o quarto em sete ciclos. Tá quase batendo o recorde da Kurenai.
— Só que a Kurenai voltava como Titã sempre. Exceto no último ciclo. — ele falou em tom de deboche. — Essa pode ser a nossa chance de eliminar um deles antes que esse assunto esfrie.
— Só que esse “assunto” é apenas uma especulação de vocês, idiotas. — a loira apontou, relembrando o fato de que Sasori estava no meio dessa tal conversa e ele não era a pessoa mais confiável e digna de ficar apontando dedo pros outros. — Nem sabem direito se Suigetsu e Deidara fizeram alguma coisa além de dormir embolados um em cima do outro.
— Com a reputação da tribo do Suigetsu, você teria dúvidas? — o moreno replicou, ainda bem sério, fazendo Temari vacilar um pouco em seu levantamento.
— O resumo dessa conversa então é… — ela foi direto ao ponto. — Você quer que a minha primeira opção seja o Deidara, e a segunda o Sasuke, certo?
— Basicamente. — ele assentiu com a cabeça.
— Quanto tempo pretende deixar que a Casa de Hades continue aqui? — Temari questionou num tom irritado.
— Não é questão de deixar que o Sasuke fique mais tempo aqui ou não. É uma questão de nós tentarmos não ser eliminados todos os ciclos. Caso não se lembre, os únicos daquele grupinho que se formou ainda no trem, que já saíram, foram o Gaara e a Tenten. Os outros cinco ainda estão todos aqui.
Temari tentou se lembrar de como Ino costumava chamá-los. Eram “trenzinho da alegria” ou algo do tipo. Naruto, Sakura, Suigetsu, Deidara, Gaara, Hinata e Tenten. E Shikamaru tinha razão, só dois deles tinham sido eliminados até agora. Os outros cinco ainda continuavam praticamente plenos dentro do jogo.
— Podíamos tentar mirar em quem não não foi alvo em nenhum momento até agora. — ela sugeriu. — Tipo a Hinata.
— Não acho que a Hinata seja uma boa opção ainda. O lance com Sasori ainda tá muito fresco. Ela não sai se for com gente mais “apagada”, tipo o Sai. E eu quero tentar salvar ele nesse ciclo.
— E sua tentativa de salvá-lo é mandá-lo com gente que, teoricamente, está envolvida em polêmica lá fora?
— A nossa única chance de saber se esse assunto repercutiu mesmo é mandar um dos dois, no mínimo. — ele deu de ombros. — E se voltarem, sabemos que não vai dar em nada. Partimos pra outro plano no ciclo que vem.
Temari começou a refletir em silêncio sobre o assunto, até perceber que praticamente nem tocara na comida direito até aquele instante.
— Pensa sobre isso. Mas sei lá… — ele deu de ombros de novo. — Melhor não decidir nada até ver o que rola amanhã. A gente ainda depende do Desafio de Perseu. O Sai poderia até perder e eles teriam que se reinventar todos na votação.
— Nesse caso, vai ser uma verdadeira bagunça na próxima votação. — a loira comentou enquanto ficava de pé e começava a se dirigir de novo pra porta do Chalé de Orfeu. — Boa noite.
— Boa noite. — ela escutou Shikamaru resmungar de volta antes que fechasse a porta.
Dia 43 | Sétimo Desafio de Perseu
Nem tinha amanhecido ainda e Naruto já estava de pé. Tinha se revirado boa parte da noite na cama do canto, que Sakura “deu” pra ele enquanto ela própria e Sasuke foram dormir no sofá da sala.
Quando o loiro saiu do quarto e passou pela cozinha, lançou uma espiada para o cômodo ao lado, vendo os dois dormindo tranquilos, um em cada parte do sofá em formato de “L”.
Ele tentou não rir de como eles pareciam crianças. Podiam muito bem dormir de conchinha à vontade, já que ficaram a noite sozinhos no cômodo, ou até fazer coisa pior, mas insistiam em dormir “separados” um do outro.
Sasuke provavelmente era virgem, igual Sakura. Devia ser por conta disso.
— Ai ai, o amor jovem, não? — ele comentou meia hora mais tarde, quando Deidara e Hinata também se levantaram.
— Você não tem nada pra fazer, não? — Sakura retrucou com irritação pelo tom sugestivo dele. Ela estava em frente ao fogão, ajudando Hinata a fazer sanduíches e fritar umas carnes para colocar.
— Ele nem dormiu, sabia? — comentou Deidara. — Passou a noite inteira rolando lá na cama, preocupado com o que tava rolando no Chalé de Orfeu.
— Isso é calúnia, cara. — Naruto rapidamente respondeu. — Não dormi porque estava preocupado pensando no jogo.
— Uhum, tá certo. — o representante de Hefesto riu. — Tava era preocupado com o que Suigetsu andava fazendo com a Karin lá fora.
— Ah, por favor. — Temari resmungou ao se juntar a eles na cozinha. — Até parece que a Karin gosta do que o Suigetsu tem entre as pernas.
— Ah, mas ela não precisa disso não. — Deidara respondeu. — Ela só precisa dos dedos e da boca dele.
— Pelo que a gente ouviu, são mágicos. — Sakura acrescentou.
— Será que dá pra calarem a boca? Estou comendo. — Naruto disse, ficando um pouco vermelho.
Todo mundo desengatou a rir da forma como ele parecia puto com o assunto. Deidara e Sakura até baterem as mãos uma na outra, de forma cúmplice. Naruto se irritou e pegou seu sanduíche para ir comer sozinho na varanda, resmungando baixinho durante todo o caminho até lá.
— Caraca, vocês pegam pesado com ele. — Temari comentou, se divertindo com a cena.
— É claro. Ele tá desde a primeira semana me enchendo o saco por causa de Sasuke. — Sakura resmungou. — E desde que Deidara falou abertamente sobre Tobi, também não deram sossego pra nenhum de nós.
— Eu sabia que um dia a oportunidade de vingança chegaria. — Deidara parecia particularmente satisfeito naquele momento. — Eu vou atazanar ele a cada minuto desse ciclo, enquanto Suigetsu e Karin estiverem no Chalé.
— Vocês sabem pra que parte do Mundo Inferior vão quando morrerem, né? — Sasuke indagou com divertimento.
— Pros Campos da Punição? — disse Deidara, se referindo à parte do Mundo Inferior para onde almas maldosas iam depois de morrer. — Pode até ser, mas eu vou é com gosto pra lá depois dessa.
— A gente se encontra lá. — Sakura riu cúmplice com ele de novo.
Todos se sentaram juntos para o desjejum, tirando Naruto e os três no Chalé de Orfeu, claro. Assim que terminaram, Temari ajudou Sai a lavar a louça e depois saiu para ver se seus dois amigos no Chalé já tinham acordado.
Shikamaru estava sentado sozinho na plataforma de madeira do lago, em seu ritual típico de comer à beira d’água. No entanto, a representante de Ares decidiu falar com Karin primeiro, pra ver se ela já tinha se desestressado depois do desentendimento com Shikamaru na noite anterior. E era óbvio que não.
— Não concordo com esses planos maliciosos dele. — Karin comentou, encostada à porta do Chalé de Orfeu com os braços cruzados enquanto as duas conversavam sobre isso. — É a mesma estratégia da Ino. Tentar queimar as pessoas e depois deixar que se fodessem numa votação. Quem sabe tudo que a Ino fizesse não fosse já esses planos do Shikamaru? Ele só a deixava ficar com o crédito por isso.
— Ele está tentando jogar com o que tem. — respondeu Temari. — Ele tem total razão quando diz que estamos em menor número e temos que nos virar nos trinta pra conseguir sobreviver nesse jogo.
— Não justifica usar opiniões preconceituosas e esteriotipadas. — Karin rebateu. — Vocês nem conhecem Suigetsu direito pra dizer que é um maníaco do sexo ou seja lá o que for.
— Como assim? O que quer dizer?
— Nada. — Karin se emburrou por não poder explicar direito, já que não era da conta de ninguém o fato de Suigetsu ser assexual. — De qualquer forma, acho esse plano de mandar ele com Deidara muito baixo. Que tipo de justificativa você vai dar pra indicar o Deidara? Já parou pra pensar nisso? Vai dizer “hm, acho que ele e Suigetsu estão tendo um caso aqui dentro, mesmo os dois tendo rolos à parte, segundo os boatos que estão rolando aqui dentro, então por isso eu vou mandar ele”? — ela fez uma careta. — Se toca, Temari. Você tá deixando aquele imbecil ali fazer a sua cabeça. — ela indicou com a cabeça a direção que Shikamaru estava.
— Não estou deixando ninguém fazer minha cabeça, mas você sabe que ele é muito inteligente. É bom ouvir a opinião dele, senão a gente pode cagar com tudo na hora da votação.
— Ele é a porra de um filho de Poseidon. — a outra debochou. — A única coisa em que ele está pensando agora é em maneiras mais fáceis de livrar só o rabo dele da reta. Ou realmente acha que se ele fosse o Titã mandaria o Deidara com essa justificativa?
Temari começou a refletir sobre essa possibilidade.
— É óbvio que não mandaria. — Karin continuou. — Porque se essa papagaiada dele, de Sai e de Sasori estiver errada, a pessoa que mandar o Deidara pra lá dizendo que ele está traindo o noivo vai se queimar bonito. Quer mesmo que seja você?
As duas olharam na direção de Shikamaru, que continuava comendo tranquilo e alheio à conversa delas mais distante dali.
— É você quem tá com essa merda aí no pescoço. — a caçadora de Ártemis apontou pro amuleto em formato de ampulheta que Temari usava. — Você decide quem quer mandar. Não deixa o panaca ali decidir por você.
Temari suspirou, irritada e cansada.
— Não vejo a hora de voltar pra minha vida real. — ela resmungou. — Tô de saco cheio já desse jogo.
— Relaxa, faltam só três ciclos e meio agora. — Karin sorriu minimamente e olhou pro céu azulado e limpo ali delas. — É só pensar que já estivemos bem mais longe de voltar pra casa.
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Um pouco antes do horário de almoço, os participantes da casa principal notaram que a porta da frente tinha sido trancada, e eles estavam impossibilitados de sair. Rapidamente começaram a ficar nervosos e ansiosos, já que perceberam que provavelmente a prova do Desafio de Perseu devia estar sendo montada na clareira naquele momento.
— Vai ser uma prova de sorte, igual a última. — Sasuke comentou enquanto todos estavam reunidos na sala, sentados por ali e aguardando o sinal tocar.
— Sorte entre aspas, né? — Naruto retrucou, balançando nervosamente uma das pernas. — Vai ser isso e também alguma coisa que corre o risco de fazer a gente infartar também. Quem dera tivesse algo só de sorte por aqui.
A espera talvez fosse a pior parte. Sakura já estava ficando tão nervosa que não parava de andar de um lado pro outro, tentando extravasar um pouco de sua aflição.
— Pare com isso, estou ficando tonto só de te olhar. — Deidara reclamou.
— Então pare de me olhar. — ela replicou, irritada.
O sinal soou exatamente dois segundos depois, e praticamente virou uma corrida entre todo mundo ali pra ver quem chegava primeiro na varanda — foi Sai, a propósito, já que ele estava sentado no canto mais perto do hall de entrada.
Sakura quis morrer assim que viu aquele monte de balões espalhados por ali, exatamente como quando chegaram ao acampamento, ainda no início do primeiro ciclo.
— Bom dia, olimpianos. — Kakashi os cumprimentou, de pé ali nos degraus da varanda. — Bem-vindos a mais um Desafio de Perseu. Hoje vamos encarar uma situação um tanto quanto nostálgica.
— Mentira que a gente vai ter que estourar balão de novo. — Sakura sussurrou desesperada para Naruto. — Puta merda, já perdi.
— Por que eu nunca tenho a chance de participar de provas fáceis como essa? — Karin reclamou baixinho com Suigetsu e Shikamaru. Os três estavam encostados no Chalé de Orfeu, um pouco mais distante dali, porque queria observar tudo que aconteceria.
— Deve ser porque a produção não é idiota de fazer uma prova onde você nitidamente ganharia de lavada. — Suigetsu respondeu. — Para de ser egoísta. Quer ficar com toda a glória desse ciclo pra você, é?
Ela segurou uma risada.
— A prova de hoje é bem simples. — Kakashi começou a explicar para eles enquanto indicava com o braço os dezoito balões espalhados numa roda pela clareira, e bem no meio deles, havia uma espécie de palanque de madeira, onde também tinha um cesto repleto de pequenos dardos dourados. — Vocês precisam estourar esses balões jogando os dardos de cima daquele palanque. Cada balão tem confetes com a cor de uma das tribos de vocês. — ele apontou para os seis participantes da casa principal, exceto por Temari. — Conforme vão estourando, vão ver que é completamente aleatório a cor e a ordem dos confetes.
— E como é que ganha? — Deidara perguntou logo, já nem escondendo mais seu nervosismo quanto àquilo.
— O vencedor vai ser aquele cujos três balões com confetes da cor de sua tribo forem estourados primeiro. — Kakashi explicou de forma simples. — E o perdedor é vai ser aquele cujo último balão sobrar. Então por exemplo… — ele olhou para Naruto, que era o mais perto de si no momento. — Se o último balão for o de confetes amarelos, então o perdedor da prova será a Basílica de Apolo. A propósito, todos sabem as cores de suas tribos, eu suponho.
— É, acho que sei. — Naruto resmungou de mau humor, já nervoso com aquilo.
— Ótimo, quem quer ser o primeiro? — o apresentador indagou, parecendo animado pra assistir isso.
— A ordem vai importar em alguma coisa? — Sasuke perguntou.
— Não, já que vocês nem sabem onde estão os balões representando suas tribos. — o mais velho deu de ombros.
Como Sasuke percebeu que ninguém estava se adiantando — mesmo depois de um minuto onde só ficaram olhando um para a cara do outro —, ele decidiu se adiantar e ir primeiro.
Temari se sentou no balanço de varanda para assistir a prova e relaxar sua perna, não ficando de pé. Até porque, já sabendo que aquele povo ali era ruim de mira, ela sabia que isso ia demorar.
Sasuke subiu em cima do palanque e pegou um dos pequenos dardos dentro do cesto erguido ali. Ele olhou em volta, para aqueles balões pretos arrumados em um círculo perfeito, e esperou uns segundos enquanto olhava para cada número, como se esperasse que Hades lhe mandasse um sinal ou algo do tipo.
No fim, ele acabou decidindo que miraria no balão 4.
— Se eu errar, tenho que tentar de novo até acertar em algum? — ele indagou a Kakashi.
Karin segurou outra risada ali perto.
— Exato. Até estourar algum. — o apresentador respondeu.
Sasuke respirou fundo e cerrou os olhos na direção do balão 4 enquanto tentava mirar bem antes de jogar o dardo.
Bom, no fim das contas, até que não foi tão ruim. Porque apesar dele ter errado feio o lançamento, o dardo acabou acertando e estourando o balão 5, ali ao lado. Todos tomaram um susto com o barulho estrondoso, e ficaram meio em choque quando viram ele estourar e deixar cair lentamente confetes brancos no chão.
— É o seu, não é? — perguntou Hinata a Sakura, confusa. — Branco não é a cor do Santuário de Atena?
— É, e-eu acho que é. — Sakura estava tão nervosa que nem sabia mais falar direito.
— Parece que a gente começa com o Santuário de Atena com um balão a mais para a imunidade. — Kakashi disse de bom humor enquanto Sasuke retornava para perto deles, ali na varanda. — Quem é o próximo?
De novo, todos ficaram se entreolhando até Naruto se erguer e ir até lá também. Ele subiu no palanque e engoliu em seco, olhando ao redor até decidir que tentaria acertar o balão 18. Lançou o primeiro dardo mas não conseguiu acertá-lo. Pegou mais um tentou de novo… nada.
— Puta que me pariu. — Deidara começou a xingar baixinho.
Ver as pessoas errando a mira lá na frente só fazia os participantes ficarem ainda mais agoniados com a pressão e o nervosismo. Até mesmo Temari e os três no Chalé de Orfeu, que não participavam da prova, estavam sentindo seus estômagos se apertando de tanta ansiedade em assistir àquela prova.
No terceiro dardo, Naruto acertou em cheio o balão 18, e deu um grito que era uma mistura de alívio e animação ao ver que eram confetes com a cor de sua própria tribo: amarelos.
— A Basílica de Apolo também acaba de conseguir um ponto. — disse Kakashi. — Quem mais?
Sakura achou melhor acabar com seu nervosismo logo, porque estava se tremendo tanto de ficar ali de pé só olhando que provavelmente teria um ataque de pânico se não tentasse logo. Mesmo estando mais “à frente” das outras tribos, ainda assim, ela estava uma verdadeira pilha de nervos com a prova. E isso se devia ao trauma de balões que pegou logo no começo do jogo, onde foi praticamente a última a acertar um balão e quase ficou sem equipe.
Mesmo sabendo que não importava se estouraria cedo ou tarde, ainda assim, só de olhar para aqueles balões, ela sentia a pressão subir rapidamente em suas veias. Estava até com dor de cabeça quando subiu no palanque e começou a atirar os dardos.
Suas mãos tremiam tanto que mesmo mirando o melhor possível, eles voavam longe nos espaços entre cada bexiga preta. Ela tentou respirar fundo várias vezes, pra tentar se acalmar e parar de tremer, mas isso parecia só estar piorando.
Em sua sexta tentativa, ela acertou raspando no balão 6 e o fez estourar. Confetes azul claro caíram no chão.
— Que tribo é azul claro? — ela perguntou rapidamente, ainda bem nervosa.
— É a minha. — choramingou Hinata, de tanto alívio por notar isso.
— Quem é o próximo? — Kakashi indagou.
Deidara decidiu tentar a própria sorte. Depois de subir no palanque, fez até uma prece rápida pra Hefesto antes de mirar e acertar de primeira no balão 1.
— Porra! — ele xingou, numa mistura de surpresa e também um pouco de raiva ao notar que tinha acertado outro balão de confetes amarelos. — Porra, por que você é tão sortudo pra essas coisas? — ele disse na direção de Naruto.
Mesmo ainda nervosos, os dois conseguiram rir um pouco.
Hinata decidiu ir logo em seguida. Assim como da primeira vez que participou daquela atividade, ela respirou bem fundo, controlando a própria tremedeira nervosa e conseguiu acertar de primeira. Acertou o balão 10, que tinha confetes meio alaranjados.
— Obrigado, senhor do fogo. — Deidara disse erguendo as mãos pra cima.
Sai foi o último deles a se adiantar até o meio da clareira, e assim como da última vez, ele sofreu para conseguir acertar um balão, assim como Sakura.
Depois de vários minutos, ele acertou um balão que estourou em vários confetes pretos, fazendo Sasuke finalmente soltar a respiração que estava prendendo há um bom tempo, nervoso com a possibilidade da Casa de Hades sair daquela primeira rodada sem sequer um ponto.
— Bom, ao que parece, todas as tribos tem um ponto, exceto o Refúgio de Perséfone. — Kakashi disse. — E tirando a Basílica de Apolo, que tem dois pontos. Vamos recomeçar. Sasuke, pode ir.
Sasuke se adiantou novamente para o palanque, dessa vez tremendo um pouco mais do que a primeira vez, porque nem sabia mais se torcia pra acertar um balão de si mesmo ou um balão de Sakura.
Se ele ficasse imune, como na primeira semana, quem garantiria que eles não passariam a focar em mandar Sakura no seu lugar? Estava tão nervoso que nem conseguia mais pensar no que Shikamaru estava pensando.
O representante de Poseidon continuava parado na porta do Chalé de Orfeu, bem sério e quase nem piscando, atento a tudo que acontecia ali naquela prova.
Sasuke começou a mirar em balões aleatórios até acertar em mais um, que explodiu em vários confetes alaranjados.
— Por favor, que os deuses estejam mesmo do meu lado. — Deidara estava quase choramingando de tanto alívio.
— Mais um ponto para as Grutas de Hefesto. — anunciou Kakashi divertidamente.
Agora Naruto e Deidara estavam empatados. Enquanto Naruto ia até o palanque logo em seguida, ele pensava com nervosismo sobre isso. Se conseguisse achar o último balão da Basílica de Apolo agora, estaria imune. E poderia ter um pouco de paz, pelo menos por alguns poucos dias.
Ele tremia tanto por causa disso que foram precisos sete dardos até acertar outro balão, só que dessa vez, com confetes cor-de-rosa.
Sai quase desmaiou quando viu que sua tribo tinha acabado de sair de lá de trás.
— Caralho, caralho, caralho. — Suigetsu não parava de xingar a alguns metros dali.
Mas de longe, ninguém ali estava tão nervoso quanto a representante de Atena. Sakura achava que teria um ataque de pânico a qualquer momento, principalmente enquanto andava com pernas muito trêmulas até aquele palanque pra começar suas várias tentativas de acertar aqueles malditos balões. E novamente, com aquela mira péssima, ela só acertou depois de várias tentativas, e muito de raspão. Foi onde acertou o balão número 11, que explodiu em confetes amarelos.
— Porra! — Suigetsu berrou, pulando e batendo palmas ali perto.
— E-Eu tô imune? — Naruto até gaguejou quando perguntou a Kakashi.
— Está. E não participa mais da próxima rodada.
— Santíssimo seja Apolo, porra! — ele berrou, quase chorando.
Quando Sakura se aproximou da varanda de novo, e ela deixou que ele a abraçasse enquanto agradecia milhares de vezes.
— Pelo menos a gente já não vai junto de novo. — ela resmungou com sarcasmo.
— Ao menos isso, né?
Enquanto isso, Deidara ia para sua terceira tentativa ali perto. O dardo passou voando a centímetros do balão 7. Na vez seguinte, ele conseguiu acertá-lo, revelando os confetes azul claro do Templo de Hera.
— Tá, agora acerta lá o meu, por favor. — ele brincou quando passaram um ao lado do outro, enquanto ela caminhava na direção do círculo e ele de volta para a varanda.
No entanto, Hinata acertou, de novo em sua primeira tentativa depois de respirar fundo, um balão de confetes brancos.
— Puta merda! — Naruto abraçou Sakura forte de novo.
— Essa deve ser a prova que vocês mais xingaram até aqui. — Kakashi murmurou baixinho, rindo pra si mesmo.
Àquela altura, a representante de Atena estava rezando baixinho para todos os deuses ajudarem-na.
Ela só não queria ir direto. Queria pelo menos ter a chance de escapar daquele Coliseu durante a votação. Mas sorte nunca foi lá o seu forte.
Todos ficaram olhando nervosos enquanto Sai ia errando várias vezes até acertar outro balão da Casa de Hades. Sasuke estava quase infartando enquanto disfarçava toda a aflição que o corroía por dentro naquele momento.
Na verdade, ele era o que mais sabia disfarçar o nervosismo ali.
Como Naruto estava automaticamente fora da prova, ele saiu da varanda assim que viu Sai acertar um balão de confetes pretos. Ao chegar no palanque, rezou silenciosamente pra Hades lhe ajudar, porque talvez tudo se decidiria agora.
E dessa vez, ele acertou o dardo de primeira num dos balões. Um de confetes pretos.
— A Casa de Hades também está salva. — Kakashi anunciou.
Ele olhou de forma arregalada para Sakura, que começava a andar nervosamente para onde ele estava.
— Santo Apolo, nos proteja. — Naruto rezava baixinho, sentado na varanda, com as mãos juntas e os olhos fechados.
Sakura estava realmente passando mal naquele momento. Estava pálida e trêmula demais da conta, e ainda assim, estava concentrando suas forças em não desmaiar e tentar acertar aqueles balões.
Depois de quatro tentativas, ela acertou um balão de confetes rosas, dando mais uma vantagem para Sai. Agora praticamente todos os quatro estavam empatados. Ou seja, faltavam só mais três tentativas entre Deidara, Hinata, Sai e ela.
O representante de Hefesto estava uma verdadeira pilha de nervos quando trocou de lugar com ela naquele palanque. Era tudo ou nada agora.
Deidara demorou quase um minuto só parado segurando o dardo e olhando para o balão 16. E quando o lançou, acertou de primeira, jogando confetes azul claro no chão abaixo dele.
— Templo de Hera também está salvo. — disse alto Kakashi. — Sai, pode ir direito, já que Hinata não participa mais.
Mesmo antes das quase dez tentativas dele de acertar um balão finalmente darem certo, Sakura já sabia que estava fodida. Porque iria ficar sozinha com ele de novo, como da primeira vez, ao ver que ele acertou o último balão de confetes alaranjados.
Deidara berrou um monte de xingamentos enquanto andava pela varanda, de tanto alívio e emoção ao saber que sua tribo estava salva.
— Anda, Sai. Por favor. — Shikamaru também já estava nervoso àquela, e começou a rezar baixinho, mais distante dali.
Agora era oficial. Sakura iria novamente decidir seu próprio destino.
Só restou o balão dela e o de Sai. Se acertasse o dele agora, estava garantida no Coliseu. E se acertasse o próprio balão agora, teria que decidir entre votar em um dos amigos ou votar em Sasuke.
Não podia ter um dilema pior. E ela só conseguia pensar nisso enquanto forçava suas pernas a se erguerem de novo e irem até aquele palanque.
Não importava se seus amigos estavam gritando incentivos e torcidas para si naquele momento. Ela nem os ouvia direito, já que as batidas de seu próprio coração estavam ecoando e tapando tudo em seus próprios ouvidos.
Só tinha dois balões restantes agora. O 17 e o 4, sendo que o 4 fora aquele que Sasuke tentou acertar da primeira vez, mas não conseguiu.
Sakura não sabia ao certo o que fazer. Não sabia se tentava mirar em um ou outro.
Ela tentou fechar os olhos, respirar fundo e qualquer outra coisa, mas era difícil se concentrar em qualquer outra coisa senão aqueles malditos balões que lhe davam tanto medo.
No fim, pegou um dardo e decidiu mirar no 17.
Confetes brancos, confetes brancos, confetes brancos… ela tentou mentalizar essa imagem, como se alguma forma, pudesse atrair isso ou algo do gênero.
Ergueu o braço e começou a mirar o dardo por alguns segundos. E quando lançou, para a surpresa dela e de todo mundo, acertou de primeira, pela primeira vez na vida.
E ela teria pulado de alegria por esse feito se não fosse pelo fato de ter acabado de estourar o balão com os confetes cor-de-rosa do Refúgio de Perséfone.
— Então ao que parece… — anunciou Kakashi. — A tribo perdedora da prova de hoje é o Santuário de Atena.
Hinata
Já perdi as contas de quantas vezes escutei meus pais me dizendo que eu devia me casar com alguém de uma tribo diferente. De preferência, alguém de uma tribo que estivesse numa posição bem melhor da hierarquia do que o Templo de Hera.
Eles eram tão encucados com essa ideia — principalmente depois da morte de Hanabi — que sempre que aparecia algum trabalho temporário em alguma outra tribo, eles me inscreviam.
— Vá passar um tempo lá. Conheça pessoas. Forme laços. — minha mãe sempre discursava as mesmas coisas quando me enfiava naquele trem.
A maioria dos trabalhos era para trabalhar temporariamente em alguma lanchonete ou coisa assim por algumas semanas. Eu e os outros filhos de Hera costumávamos ficar hospedados em alguma estalagem meio velha e decadente. E na maioria dos casos, tínhamos que atravessar a tribo inteira para chegar no local de trabalho todos os dias. Isso sem falar nas vezes em que nos perdíamos ou coisa assim.
Mas o pior pra mim era quando tínhamos que trabalhar em algum tribo de posição alta, tipo de Basílica de Apolo.
Eu perdi as contas de quantas vezes já quase levei um soco de clientes, principalmente de médicos velhos e insuportáveis, só porque o pedido deles não ficou pronto em menos de dois minutos ou algo assim.
Nessas horas, me lembro de sempre estar pedindo desculpas à Hera, mas puta que pariu, eu queria era ficar longe de me casar com aquele tipo de gente estúpida, nojenta e egocêntrica.
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