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História Omelete francesa - Acredite em mim - História escrita por CoronatusLeo - Spirit Fanfics e Histórias
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História Omelete francesa - Acredite em mim


Escrita por: CoronatusLeo

Capítulo 3 - Acredite em mim


Fanfic / Fanfiction Omelete francesa - Acredite em mim

   Ainda não faz vinte e quatro horas que me demiti do meu melhor emprego e ainda não tive coragem de ligar para mamãe e lhe contar o meu mais recente fracasso. Meu estômago está me provocando de fome, mas não quero me aproximar tão cedo de um fogão. Por que Caroline? Você devia ter ficado quieta na sua cidade, no seu país onde o salário não era bom e seu local de trabalho uma piada, mas teria alguém pra você no fim do dia.

   Sou uma menina assustada que não conseguiu trabalhar em nenhum bom restaurante de Paris, que passou anos, trancada na cozinha imunda de um café, que é profundamente bagunceira e que não conseguiu lidar com Nova Orleans... talvez porque simplesmente não tenha talento algum. Hora de encarar a verdade na minha essência. Afinal eu quis ser cozinheira desde pequena, mas chega o dia de desistir dos nossos sonhos de infância a começar a viver.

   Desde que cheguei ao meu minúsculo apartamento que me agarrei numa almofada, deitei-me sobre a cama e não pude mais me mover. Meus pensamentos estão se confrontando. Acho que estou no meio de uma crise de identidade. Logo eu que achava que esse tipo de coisa só acontecia depois dos cinqüenta anos.

   Um som de batida firme me rouba na minha falta de caráter e me assusta repentinamente. O jazz ainda não parou de tocar, tudo é uma algazarra. E se for alguém querendo me roubar, matar ou de algum modo me ferir? Ninguém vai ouvir meus gritos e de fato não sou boa me protegendo. Há um olho mágico da porta. Forço-se a levantar para olhar através dele. Felizmente não se trata de um assassino:

_Klaus? – surpreendo-me com a presença de meu colega de trabalho que usa uma jaqueta marrom muito ridícula e carregar um par de sacolas. Ele está sorrindo pra mim.

_Olá Caroline – cumprimenta educadamente – Posso entrar?

   Eu até poderia recusar, mas Klaus tem sido o único a me tratar bem nessa inquieta cidade. Ele dá poucos passou até a cozinha do meu pequeno loft, não diz nada enquanto organiza milimetricamente algumas caixas de ovos e temperos sobre a bancada que graças a Deus eu mantive impecável:

_O que está fazendo aqui Klaus? – questiono cruzando os braços, me pondo apenas a observá-lo.

_Eu senti que talvez você tivesse perdido a fé no mundo culinário – responde gentilmente e apoiasse sobre a bancada, encarando-me firmemente – Cheguei à conclusão de que está precisando de alguma ajuda.

   Abro a boca tentando responder, mas algo está me impedindo. Nunca, nesta ou em qualquer outra ocasião eu cogitei que ele largaria sua vida para vir até mim:

_Não acho que você possa me ajudar Klaus... – admito passando uma mão pelo cabelo, parcialmente consciente de que não troquei de roupa o dia todo – Desculpa por aquele escândalo hoje cedo... eu fiquei frustrada, não lido bem sob pressão o que é... péssimo! Péssimo pra minha profissão!

   Klaus me olha durante meu curto desabafo, aparenta refletir sobre o que foi dito:

_É o que a maioria diz. É intenso, cruel, desgastante e esmagador, mas sabe que... ao longo dos meus trinta e um anos... cada um dos melhores cozinheiros que conheci... eram justamente os que sentiam demais – sorri ternamente.

_Você tem trinta e um anos? – fico boquiaberta, involuntariamente analisando-o por completo.

_Está mantendo foco no lugar errado senhorita Forbes – caçoa Klaus – Onde ficam sua louça e os talheres? – questiona com as mãos juntas, concentrado e um tanto empolgado.

   Eu aponto para um único balcão entre a pia e o fogão. Atentamente retira uma travessa, um garfo, uma colher pequena e uma faca. Klaus organiza tudo da maneira mais sistemática possível e faz um gesto com braço para que eu me aproxime. Encaro a bancada enquanto ele pousa as mãos sobre meus ombros. Há ovo, salsinha e todo o tipo de material e ingrediente pra fazer uma omelete:

_Vai me fazer cozinhar até a exaustão em busca de uma idealização inatingível do equilíbrio perfeito? – eu debocho.

_Eu não gosto nem um pouco de sarcasmo senhorita Forbes – avisa calmamente apertando suavemente meus ombros para então largá-los – Só quero te ver cozinhar – diz puxando uma banqueta para sentar e me encara com o rosto entre as mãos.

_Um omelete? – franzo a testa.

_Sim – afirma, seus olhos brilham de entusiasmo.

   Klaus parece ser um grande cozinheiro. Além de usar umas peças de roupa que parecem um absurdo de cara, indicando que seu salário é muito superior ao meu. Se alguém pode me dizer com certeza se eu sou boa cozinheira... é ele:

_Seu desejo é uma ordem senhor Mikaelson – eu rio pegando a tigela.

   Ok! O mesmo esquema de antes, mas agora você precisa cozinhar com toda a sua concentração, como se sua vida dependesse disso, como se seu futuro dependesse disso, até porque ele depende. Suspiro antes de começar.

   Bater três ovos com o garfo. Cebolinha, salsinha... sal, pimenta... um pouco de creme de leite... onde está o creme de leite? Eu o busco na geladeira e acrescento a mistura. Bato mais e jogo tudo na frigideira com manteiga. Klaus está atento aos meus hábeis movimentos de incorporar a mistura. Sirvo com ervas para enfeitar e limpo os resíduos do meu não tão bonito prato de porcelana. Parece tudo ok, Klaus está reflexivo e não passou nem um instante no ponto de uma omelete:

_Hum... – Klaus cutuca-o com o garfo, despedaçando tudo e prova com uma expressão ilegível, por fim parece agradá-lo – Excelente senhorita Forbes, parece macio, não passou do ponto, sinto o sabor de cada ingrediente, mas...

_Qual é – bufo numa vontadezinha de chorar.

_Com toda certeza isso não é uma omelete convencional – define esperando a minha reação.

   Entre todas as boas decisões que posso tomar eu cedo ao instinto de chorar copiosamente:

_Eu sabia, eu não sou uma boa cozinheira. Devia ter desconfiado quando ninguém me contratou em Paris, eu sou péssima, eu não sei cozinhar direito e eu to chorando na sua frente – digo entre lágrimas, tentando não chorar feito uma criança – Je suis terrible en tout, je n'arriverai à rien, j'ai peur et je vais décevoir ma mère – confundo as línguas com o nervosismo.

_Ei... – Klaus fica alarmado por um instante, se aproxima e segura ambos os lados da minha cabeça, forçando-me a encará-lo – Não é uma péssima cozinheira... sua omelete é deliciosa, talvez uma das melhores que já provei, mas... é uma omelete francesa.

   Limpo meus olhos com constrangimento e tudo começa a fazer sentido:

_Omelete francesa – repito sem acreditar.

_Sim senhorita Forbes, você é um pouco desorganizada também, mas... vou te ensinar a receita de uma omelete americana – Klaus lava a louça e rapidamente organiza tudo do mesmo modo que fez ao chegar – A receita é francesa, normal, mas aqui foi aperfeiçoada.

_Entendo, talvez estragada, mas ok – concordo tomando seu lugar de analítica, ele ri.

_O que importa são os ovos, a frigideira de boa qualidade, a manteiga e um ponto que você peca sempre... a maneira de mexer os ovos – ele explica, enrola um dos meus aventais na cintura como um verdadeiro cozinheiro – Três ovos se não forem gigantes... – diz, quebrando-os na travessa e jogando as cascas – Sal, pimenta branca – acrescenta os dois temperos e pega uma colher de chá – Eu mexo o suficiente pra misturar a clara com a gema, não uso um garfo porque não quero espuma e não quero perder a liga da clara – mexe os ovos agilmente.

_ Entendo – concordo, impressionada com a organização e a destreza dele.

_Ervas finas – coloca um pouco e mexe mais, com muita delicadeza – Só! Nada de creme de leite... não é muito bem visto em Nova Orleans ou em qualquer outro lugar exceto a França – ele sorri – Bastante manteiga – coloca na frigideira, despeja a mistura misturando para modelar – A parte estética você é perfeita em executar – sorrio com o elogio – Pronto! Omelete.

   Eu não hesito e provar um pouco:

_É mesmo boa sem o creme de leite – sorrio – Mas agora eu já estou desempregada Klaus, foi muito legal ter vindo aqui e me ensinado tudo isso, mas... tarde demais.

_Não está não, só volte pro trabalho amanhã que Genevive com certeza vai te receber.

_Tem certeza? – Desconfio.

_Absoluta – ele parece muito convicto.

_Merci Klaus – eu agradeço com tudo que posso.

_Vous n'avez pas besoin de me remercier Caroline – ele dá de ombros e se dispõe a limpar a bagunça.



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