História On the Road - Ressaca

POV Selena.

Jogamos outra partida e Demi ganhou dessa vez. Resolvemos nos sentar, porque meu pé estava doendo um pouco.

- Ei, vocês querem jogar mais uma partida? – um cara perguntou para nós. Demi me olhou.

- Pode ir, vou ficar sentada aqui um pouco.

- Tudo bem linda, se você quiser ir embora é só me avisar.

- Tudo bem – ela sorri e caminha junto com o cara para as mesas. Peguei meu celular em minha bolsa e havia vinte mensagens de texto de Miley. Fiquei rindo lendo suas mensagens, algumas me implorando para dizer como ela era. Troquei algumas mensagens com ela, mas não disse nada sobre Demi, queria torturá-la mais um pouco. Pedi mais uma cerveja para garçonete e fiquei olhando as pessoas dançarem, o bar tinha enchido bastante desde a hora em que chegamos.

- Olá, meu nome é Travis – uma voz fala acima de mim e eu posso sentir o cheiro forte de álcool. Olho para cima para encontrar um homem de porte físico médio, seus olhos estão vermelhos denunciando que ele já consumiu muito álcool. Dou um sorriso e olho para o lado de relance e posso ver Demi caminhado até nós.

- Estou acompanhada – digo simpática. O cara olha para o lado onde a cadeira está fazia.

- Sel? – Demi diz parando ao lado do cara – Está tudo bem?

- Sim, está tudo bem – digo para ela.

- Ela disse que está tudo bem – o cara fala olhando diretamente para ela sorrindo. Eu não quis dizer está tudo bem, eu quero ficar conversando com esse cara, Demi sabia disso.

- Ela está comigo, cara – Demi tenta permanecer calma, mas posso ver em seus olhos a mesma raiva que vi quando ela bateu naquele cara no banheiro. Ela está apertando o taco em sua mão.

- Wow – o cara sorri olhando para Demi e depois pra mim – Ela é sua namorada ou algo assim?

- Não, mas...

- Você não é namorada dela, então vai dar uma volta – o rosto de Demi demonstra uma raiva crescente. Eu fico de pé – Vai ver que ela quer falar comigo – ele provoca tomando um gole de sua cerveja.

- Selena, você quer falar com esse cara? – Demi pergunta olhando para ele. Ela sabe que eu não quero falar com ele, mas foi seu modo de fazer esse cara sair sem ter que partir a cara dele.

- Não, eu não quero – Demi continua olhando para ele.

- Ela não quer falar com você, então sugiro que se afaste – ela fala entre os dentes.

- E quem é você para falar para eu me afastar? – ela dá um passo para frente e foi o suficiente para Demi explodir. Ela levanta o taco e acerta o peito do cara, fazendo ele cambalear para trás. Demi balança o taco e acerta o rosto dele, dessa vez o mandando para o chão. Ela vai em sua direção e acerta vários socos em seu rosto. A multidão se formou ao nosso redor. O cara consegue dar um pontapé em Demi fazendo com que ela caísse de costas, quando ele se levanta para ir em sua direção, eu pulo em suas costas e começo a arranhar e bater em seu rosto. Demi levanta do chão e vai para trás dele, chutando seu joelho o fazendo cair. Ela me pega pelo pulso e me afasta do cara.

Quando ele se levantou novamente, o rapaz que chamou Demi para jogar fica na frente dela e acerta um soco certeiro em seu nariz o fazendo cair novamente. Os seguranças do bar conseguem passar pela multidão e vão para o cara que está no chão sangrando, provavelmente com o nariz quebrado, outro segurança vai em direção a Demi, ela levanta os braços para eles não tocarem nela.

- Estou bem – ela fala com raiva – Já estou saindo – me aproximo dela e seguro sua mão – Sel, você está bem? Ele te machucou? – ela fala preocupada passando sua outra mão em meu rosto.

- Eu estou bem, vamos sair daqui – ela aperta minha mão e me puxa para a saída. Assim que chegamos na calçada, ela se vira para mim e coloca suas duas mãos em meu rosto.

- Tem certeza que está bem? Não mente pra mim, meu amor, você está machucada? Eu juro que se ele te machucou, eu vou atrás dele – quase não consigo respirar depois que ela me chamou de meu amor. Eu só quero beijá-la nesse momento.

- É sério Demi, eu estou bem – ela continua me analisando preocupada – Não estou machucada – ela olha em meus olhos, depois aperta seus lábios em minha testa.

- Vamos voltar para o hotel – ela pega minha mão novamente.

- Não, eu não quero. Droga, a gente saiu para se divertir, não vamos deixar esse babaca estragar nossa noite.

- Aonde você quer ir? – ela pergunta suavemente.

- Vamos para outro clube, um que seja mais sossegado – respondo. Demi aperta minha mão, depois olha pra mim de cima em baixo. Começando nos meus pés e subindo para os meus seios. Solto sua mão e arrumo minha blusa tomara que caia.

- Eu adorei sua roupa – ela fala sorrindo – Mas isso é uma distração para os idiotas – ela fala.

- Eu não quero voltar para o hotel só para trocar de blusa.

- Não precisa – ela pega minha mão novamente – Mas se você quer ir para outro clube, vai ter que fazer um favor pra mim.

- O quê é?

- Só finja que é minha namorada – ela diz e um sorriso aparece em meus lábios – Se qualquer idiota ver que estamos juntas, eles não vão tentar flertar com uma garota lésbica, ou talvez vão ser mais discretos. Isso é, a menos que você queira ser paquerada.

- Não, não – fui rápida em responder – Não quero nenhum cara em cima de mim, um flerte inocente é até bom para minha autoestima, mas não quero nenhum babaca olhando pra mim.

- Ótimo, combinado então, você é a minha namorada sexy e gostosa por um noite, o que significa que posso te levar para o quarto mais tarde e te fazer gemer um pouco – ela sorri mexendo as sobrancelhas. Tento esconder através de um sorriso brincalhão minha excitação.

- Por mais que eu goste... Não, gostar é uma palavra leve, mas não importa. Eu não vou te deixar fazer isso novamente.

- Por que não? – ela me pergunta com um tom de voz alarmado e chocado.

- Porque Demi... Eu não vou deixar e pronto. Agora vem aqui – seguro seu pescoço com as duas mãos e a puxo pra mim colando nossos lábios em um beijo doce.

- O que você está fazendo? – ela pergunta assim que me separo do beijo.

- Atuando – respondo sorrindo, um sorriso aparece em seus lábios, ela me puxa passando o braço em minha cintura enquanto andamos pelas ruas.

POV Demi.

Talvez as coisas possam dar certo com Selena. Por que eu preciso me privar do que eu mais quero, quando esse deveria ser o momento que conquistei o direito de ter tudo o que eu desejar? Talvez as coisas possam mudar e ela não vai sofrer. Eu posso procurar Michele novamente. E se eu abrir mão dela e nunca mais vê-la, e então Michele percebe que cometeu um erro? Porra, quantas desculpas.

Selena e eu fomos a mais dois bares, e agora ela está bêbada e não tenho certeza que ela consiga andar até o hotel.

- Vamos chamar um táxi – falo segurando firme sua cintura. Ela está com a cabeça em meu ombro.

- Um táxi é uma ótima ideia – ela fala com a voz um pouco cansada.

O táxi nos deixou na porta do hotel, saio primeiro e a ajudo levantar do banco de trás, tento sustentar seu corpo, mas Selena mal consegue andar sozinha. Decido levá-la no colo, seria mais rápido, a carrego estilo noiva para o elevador, seus braços estão firmes em meu pescoço e seus olhos estão fechados.

- Noite divertida? – um homem pergunta quando entro no elevador.

- Sim – respondo sorrindo – Mas alguém aqui, não aguenta beber.

O homem sai no andar seguinte e mais três andares o elevador abre a porta novamente.

- Sua chave, onde está, linda?

- Na minha bolsa – ela fala em um sussurro. Puxo sua bolsa de seu braço e pego a chave sem colocá-la no chão. A porta se fecha atrás de nós, levo Selena até a cama e a coloco deitada.

- Estou me sentindo um lixo – ela geme.

- Eu sei linda, você precisa dormir para passar – tiro suas sandálias.

- Acho que vou... – ela inclina a cabeça para a beirada da cama e começa vomitar. Corro, pegando uma lata de lixo e coloco ao lado da cama, onde ela continua vomitando. A pessoa que vai arrumar isso amanhã, não vai ficar muito feliz. Selena para de vomitar e deita a cabeça no travesseiro, algumas lágrimas saem de seus olhos por conta de todo o esforço. Ela tenta olhar pra mim, mas sei que ela está zonza.

- Está muito quente aqui – ela reclama.

- Vou resolver isso – me levanto para ligar o ar condicionado, vou até o banheiro, molho um pano com água fria, e volto passando o pano em seu rosto.

- Me desculpa – ela fala baixo – Eu devia ter parado depois da tequila, agora você está limpando meu vômito.

- Não precisa se desculpar, você se divertiu, é tudo que importa – dou um sorriso antes de acrescentar – O bom é que agora eu posso me aproveitar de você – Selena sorri e tenta bater em meu braço, mas ela está muito fraca.

- Ah não – ela se levanta da cama – Preciso ir ao banheiro – ela se segura em mim para se levantar. Eu a levo ao banheiro, ela se ajoelha na frente do vaso, e vomita mais, seguro seus cabelos e esfrego suas costas tentando faze-la se sentir menos miserável.

- Você devia ter comido aquele filé comigo, linda – continuo segurando seus cabelos enquanto ela joga tudo para fora. Selena termina e se deita no chão. Tento levantá-la, mas ela protesta.

- Por favor, me deixa aqui... o chão está tão geladinho – ela está tão pálida. Pego o pano úmido novamente e passo pelo seu rosto, pescoço e ombros. Abro suas calças e as tiro para ela ficar mais aliviada.

- Não vou te molestar, prometo – brinco, mas ela não responde, pois já desmaiou no chão. Resolvo deixá-la no chão mesmo, caso ela não se sinta bem novamente. Me deito ao seu lado e continuo passando o pano úmido nela até adormecer também. Eu tinha falado sério, eu dormiria com ela em qualquer lugar.

POV Selena.

A porta do quarto se abre, uma luz brilha através de uma abertura na cortinha, me encolho na cama apertando bem os olhos, percebo que estou deitada apenas de top e calcinha, e um lençol me cobrindo.

- Está se sentindo melhor? – Demi pergunta entrando no quarto com um recipiente com gelo em uma mão e uma água Tônica na outra. Ela se senta ao meu lado, colocando as coisas em cima do criado mudo ao lado da cama. Minha cabeça está latejando e sinto vontade de vomitar ainda. Nunca mais bebo desse jeito, seria menos doloroso se eu tivesse caído e me machucado, do que encarar essa ressaca.

- Estou me sentindo péssima – sinto dor apenas por responder uma pergunta, fecho os olhos com força quando vejo tudo rodando.

- Você parece péssima – Demi fala, sinto um pano úmido no meu pescoço.

- Você pode fechar aquela cortina, por favor? – ela se levanta rapidamente e uns segundos depois não vejo mais a luz brilhando através da cortina. Me encolho na cama puxando o lençol mais apertado em meu corpo.

Demi se senta na cama novamente, ouço ela abrindo a água e despejando o conteúdo no copo, ouço o barulho de um frasco de comprimidos sendo aberto.

- Toma isso – ela diz me oferecendo o copo e comprimido. Me levanto um pouco da cama, pego o comprimido e água e tomo me deitando novamente.

- Por favor, me diz que não fiz e nem falei nada vergonhoso ontem – abro os olhos rapidamente para vê-la sorrindo.

- Na verdade você fez sim – aperto mais os olhos para olhar para ela – Você quase bateu em uma garota que estava dando em cima de mim, e disse para um cara que não parava de olhar para gente, que eu era sua mulher e que iríamos ter um monte de filhos, para ele tirar a porra do olho de cima de mim, você armou o maior barraco, foi hilário – com certeza vou vomitar agora.

- Por favor, me diz que você está mentindo. Que vergonha – escuto ela rir baixinho e olho para ela novamente.

- É mentira, linda, na verdade você se comportou muito bem – vejo ela olhando para o meu corpo – Desculpa, eu tive que tirar sua roupa, não que eu esteja reclamando, porque eu gostei muito, mas foi necessário – fecho os olhos novamente sorrindo.

Dormi mais algumas horas. A camareira bate na porta do meu quarto.

- Pode entrar, vou levá-la para o meu quarto para você poder limpar – Demi se aproxima da cama – Vamos linda – ela me pega no colo com o lençol cobrindo meu corpo – Deixa a moça limpar – acho que conseguiria andar sozinha, mas eu gosto de onde estou.

- Como você me aguenta? – uma pergunta um pouco estúpida, sendo que já vi a garota bater em dois caras com o dobro do tamanho dela.

- Você não pesa nada – pego minha bolsa e encosto minha cabeça em seu ombro e jogo meus braços em volta de seu pescoço. Ela para na porta e olha para a camareira. 

- Desculpa pela sujeira ao lado da cama – ela fala constrangida – Vai ganhar uma boa gorjeta por isso – ela sai me levando ao seu quarto. Ela me deita na cama e vai até a janela para fechar as cortinas.

- Espero que esteja melhor até a noite – ela fala andando pelo quarto.

- O que tem a noite?

- Mais um bar.

- De jeito nenhum Demi, eu me recuso a ir em outro bar hoje, eu nunca mais vou beber na minha vida – vejo ela sorrindo do outro lado do quarto.

- Todo mundo diz isso – ela fala – Não vou deixar você beber hoje, nem se você quisesse, precisa de pelo menos uma noite de descanso, senão vou ter que te inscrever nos alcoólicos anônimos.

- Espero que me sinta melhor para fazer qualquer coisa além de ficar nessa cama, mas acho que as chances são mínimas.

- Você precisa comer, isso não tem discussão. Por mais que você fique enjoada só em pensar em comida, você vai ter que comer, senão vai ficar se sentindo um lixo o dia inteiro.

- Tudo bem – respondo já sentindo enjoo – Estou enjoada só em pensar.

- Ovos mexidos e torrada – ela diz se levantando – Uma coisa leve, tudo bem?

- Tudo bem – respondo desejando fazer uma mágica e me sentir bem rapidamente.