História On the Road - O Grande Dia

POV Selena.

Dessa vez vamos de carro para o bar, porque nós duas estávamos de salto alto para fazer essa caminhada.

Estamos nos aproximando muito rápido do bar e eu estou começando a me sentir enjoada.

Demi estaciona o carro e saímos. Meus pés estão pregados no chão. Demi fica ao meu lado e me aperta em seus braços.

- Não vou te obrigar a fazer isso – ela fala mudando de idéia. Provavelmente ela viu minha fisionomia atordoada e resolveu não me forçar a fazer isso – É sério, amor, sem brincadeira. Não quero que faça isso, nem mesmo por mim, se você não quer, não precisa fazer – balanço a cabeça algumas vezes e respiro algumas vezes.

- Não, eu quero fazer isso, eu consigo – falo tentando parecer mais corajosa. Demi acaricia meu rosto com a mão.

- Tem certeza?

- Sim, tenho certeza – ela sorri pra mim com aqueles olhos castanhos brilhantes. Ela pega minha mão e o violão e entramos no bar.

- Lovato! – Nikk fala assim que vê Demi. Ela acena atrás do balcão para que nos aproximemos. Caminhamos de mãos dadas, desviando das pessoas até o balcão.

- Ei, Nikk – Demi diz se debruçando no balcão para abraçá-la – Eddie está aqui hoje? – ela sorri olhando pra mim.

- Sim, ele deve estar por ai – ela fala – Olá Selena, é bom ver você novamente – sorrio para ela.

- Você também – Demi se senta no banco em frente ao bar e bate no banco ao lado para eu me sentar também. Estou super nervosa pela quantidade de gente que tem aqui hoje. Tem uma banda tocando no palco agora, as pessoas estão dançando animadas em frente ao palco.

- Tem espaço pra gente hoje? – Demi pergunta para Nikk. Ela se debruça um pouco para ficar perto da gente.

- Pra gente? – ela pergunta me olhando rapidamente – Uau, vocês vão cantar juntas? – ela parece animada. Minhas pernas estão tremendo e meu coração está acelerado, minha garganta está seca. Nikk olha pra mim percebendo meu nervosismo, seu sorriso se torna carinhoso.

- Ah, querida, você vai se sair muito bem, não precisa ficar nervosa, todos vão amar você – ela prepara uma bebida para o cliente que está sentado ao lado, mas não para de dar atenção para gente.

- Estou tentando falar isso para ela, Nikk – Demi fala – Mas é a primeira vez dela, então preciso dar um desconto.

- A primeira e última vez – completo sua frase. Nikk sorri para Demi e depois se vira pra mim.

- Bom, não sou a favor da violência, mas se alguém fizer alguma gracinha com você, me avisa que eu jogo da porta para fora – ela pisca pra mim e se vira para Demi novamente.

- Olha o Eddie lá – ela diz apontando para o palco. Eddie caminha pela multidão em nossa direção.

- Olha quem está aqui. Lovato – Eddie diz agarrando Demi em um abraço apertado. Depois ele olha pra mim – Garota, você parece uma modelo – ele me abraça também. Demi está sorrindo de orelha a orelha.

- Selena vai cantar comigo hoje – ela diz. Eddie arregala os olhos e fica empolgado. Não sei porque, mas não me sinto tão nervosa quanto fiquei quando Nikk ficou sabendo que iria me juntar a Demi essa noite.

- Ótimo – ele diz – Aposto que sua voz é tão bonita quanto o resto – fico vermelha depois que ele diz isso – Então sobe lá – ele fala apontando para o palco – Assim que eles acabarem essa música, o palco será de vocês.

Demi pega minha mão e me puxa para seu lado. Sinto que Eddie é como um pai para ela, e Demi está feliz por ele gostar de mim. Eddie vai para o palco e ergue três dedos em nossa direção.

- Mais três minutos.

- Estou tão nervosa – Demi aperta sua mão na minha e se aproxima de meu ouvido.

- Lembre-se de uma coisa, todas essas pessoas estão aqui apenas curtindo, ninguém vai julgar você. Não é como se você estivesse em um reality show de música, apenas tente relaxar – respiro fundo e tento fazer o que ela pediu. Relaxar.

A banda que estava no palco acaba de tocar sua última música e agora estão carregando seus instrumentos para fora do palco. A conversa começa a ficar alta, pois não tem música para encobrir o som.

Quando Demi me puxa para o palco, minhas mãos começam tremer e eu olho para baixo, onde nossos dedos estão entrelaçados. Ela sorri pra mim carinhosamente e eu retribuo o sorriso.

- Estou legal? – sussurro para ela.

- Você está perfeita, amor – ela beija minha testa e encosta o violão na bateria para poder ajustar o microfone – A gente vai usar o mesmo microfone, tente não bater na minha cabeça – ela diz.

- Para de fazer gracinha, Demi.

- Não estou fazendo gracinha – ela ri baixo – Estou falando sério.

Olho para a platéia e já tem um monte de gente olhando para nós, mas a maioria está ocupada fazendo outras coisas. Tudo o que posso fazer é ficar de pé olhando, o que está me deixando mais nervosa ainda. Demi pelo menos, tem que se preocupar com o violão, enquanto eu fico perdida em pensamentos.

- Você está pronta? – ela pergunta ao meu lado.

- Não, mas vamos acabar com isso de uma vez – olhamos uma para a outra e ela começa a dedilhar seu violão em uma melodia gostosa.

I´m wide awake - cantamos juntas.

Yeah, I was in the dark - Demi continuou os versos seguintes.

I was falling hard

With an open heart

Nesse momento da música já tínhamos a atenção de todos, o barulho que havia no bar havia cessado enquanto todos se balançavam no ritmo da música. Cantamos o refrão juntas, e eu estava começando a ficar nervosa novamente, porque a parte que eu cantaria sozinha estava se aproximando.

Demi está com um  sorriso enorme estampado no rosto e isso me acalma quando canto sozinha.

I'm wide awake - cantamos juntas novamente.

Not losing any sleep - continuo os versos seguintes.

I picked up every piece

And landed on my feet

I'm wide awake - cantamos novamente e eu continuo os versos seguintes.

Estou super empolgada cantando, agora sem medo, apenas puro êxtase de estar em cima daquele palco com ela. Desvio o olhar um pouco da multidão e olho para Demi que ainda está sorrindo pra mim.

- Perfeito – ela sussurra enquanto continua tocando e entra no verso novamente comigo. Meu sorriso aumentou de tamanho, assim como minha confiança.

A canção se encaminha para o fim. Cantamos o último verso juntas, e ela me beija na boca depois que cantamos.

I´m wide awake – e a canção termina.

A platéia aplaude bastante alto e gritos e assovios são ouvidos, assim como alguns pedindo de mais um.

Demi me puxa para ela e me beija novamente na frente de todo mundo.

- Puta merda, amor, você foi incrível – ela fala com os olhos brilhando de empolgação e com o maior sorriso no rosto.

- Não acredito que fiz isso. Eu consegui – estou falando, gritando um pouco com ela, porque o barulho no bar está muito alto. Meu corpo está todo arrepiado de emoção.

- Quer cantar de novo? – ela pergunta.

- Não, não estou pronta, acho que uma vez é suficiente. Estou feliz por ter cantado uma vez.

- Estou muito orgulhosa de você – ela fala me abraçando.

Alguns caras mais velhos se aproximam de nós, segurando suas cervejas. O cara com barba olha pra mim e diz.

- Você tem que dançar comigo – ele ergue a mão para eu segurar. Fico envergonhada e olho para Demi que está sorrindo.

- Mas não tem música – falo tentando me livrar do vexame.

- Isso não é problema – ele aponta para alguém que está do outro lado do bar. Alguns segundos depois uma música começa a tocar.

Estou tão empolgada por ter conseguido cantar no palco na frente de um monte de gente, que acabo aceitando dançar com o cara de barba. Olho para Demi novamente, ela sorri pra mim e depois pisca segurando a mão de outro cara que a chamou para dançar.

O cara me puxa para o meio da pista e danço com ele duas músicas. Demi se aproxima e entra no meio de nós dois, não deixando espaço para o cara se aproximar novamente, ela aperta minha cintura e encosta seu quadril no meu, enquanto nos mexemos no ritmo da música. Dançamos e conversamos com várias pessoas antes de finalmente sair do bar em direção ao hotel.

- E então, o que achou? – ela pergunta sorrindo enquanto nos dirigia de volta ao hotel.

- Me sinto... Eu não sei explicar, é uma sensação diferente, mas de um jeito bom, nunca pensei que um dia eu faria algo assim. Você tinha razão – respondo.

- Bom, eu fico feliz por você ter feito isso – ela responde com um tom carinhoso. Solto meu cinto de segurança e me aproximo dela. Demi tira uma das mãos do volante e envolve seu braço em mim – Então, o que acha de amanhã a noite? – ela pergunta.

- O que? – pergunto confusa.

- Quer cantar amanhã de novo?

- Não, acho que não consigo.

- Tudo bem – ela diz esfregando meu braço – Uma vez já é o suficiente pra mim, não vou ficar enchendo sua paciência.

- Não – falo, erguendo o corpo o suficiente para poder olhá-la – Sabe de uma coisa? Eu quero sim. Eu quero cantar de novo – ela olha pra mim um pouco surpresa com minha resposta.

- Sério?

- Sim, é sério – abro um sorriso enorme e ela faz o mesmo.

- Tudo bem, nós vamos cantar amanhã, então.

Demi me leva de volta para o hotel e transamos na banheira antes de irmos para cama.

Ficamos em Nova Orleans por mais duas semanas, tocando no bar onde Nikk e Eddie ficavam e em outros vários bares e clubes por toda a cidade. Um mês atrás, cantar e me apresentar ao vivo estava tão no final da minha lista de coisas que eu faria, quer dizer, isso não estava nem em minha lista, nunca me imaginei fazendo isso, foi algo totalmente fora do contexto, mas eu gostei, na verdade eu adorei fazer isso. As pessoas adoravam nossas apresentações, muitas delas sempre nos paravam depois das apresentações para apertar nossas mãos, e pedir para gente cantar alguma canção que era especial para eles, mas Demi recusava educadamente. Eu ainda ficava um pouco nervosa com esse lance de atender pedido das pessoas.

Em uma das noites que tocamos, aconteceu algo totalmente inesperado. Um desconhecido pediu nossos autógrafos e uma foto junto conosco. Claro que ele estava bêbado, pelo menos, eu acho que estava, senão isso seria muito esquisito.

No final daquela semana, Demi admitiu que amava Katy Perry, não que ela começou escutar um monte de música pop, mas ela adorava escutar as músicas de Katy, eu ainda vou faze-la gostar de mais músicas que estão fazendo sucesso no momento.

Noite passada, nossa última noite em Louisiana, estávamos deitadas ouvindo e cantando uma música muito significativa, e por meio dela dissemos coisas que queríamos dizer para a outra, sem realmente falar. Chorei baixinho até dormir em seus braços.