Sabe o que é mais difícil para mim? Ir trabalhar. É um sacrifício para mim correr pra lá e pra cá, com o coração à mil e o desespero em mente já me preparando para o serviço. As vezes eu acho que eu não nasci para isso, mesmo que eu tenha dado duro a minha vida toda para conseguir isso. Apesar de tudo, eu amo isso.
Meus passos eram ágeis e rápidos, não podia esperar nenhum minuto. Era uma emergência, acidente grave de estrada. Já foram confirmados três mortos, dois feridos em estado graves e mais duas ambulâncias estão a caminho com mais pacientes.
– O que temos? – Perguntei me aproximando da maca. O paciente se encontrava bastante ferido. Um jovem, na faixa dos dezoito anos. Machucados em seu peitoral e braços, uma ferida grave e aberta em sua cabeça e uma de suas pernas literalmente deu uma volta por completo. – Chame um neuro. – Alertei.
– Imediatamente, doutora.
Chequei o pulso de sua perna e conclui que ainda dava salvamento, porém deveríamos ser o mais rápido possível. Ajeitei sua perna, ouvindo o mesmo dar alguns estralos.
– Chequem as lesões internas primeiro. – Avisei, vendo uma neuro entrar na ala e logo olhando os olhos do paciente com uma pequena lanterna.
– Reflexos pupilares lentos e dilatados. Uma possível paralisia cerebral. – a Doutora Livien diz.
– Vou entubá-lo primeiro antes de irmos para cirurgia. – O doutor do trauma avisa.
– Liguem para os pais, avisem-os sobre a cirurgia. – Pedi olhando para enfermeira.
– Sim, doutora.
(...) (...)
– Doutora. – Um residente aparece na minha frente assim que abro as portas da sala de cirurgia. – Seu marido...
– Ex. – O interrompi, tirando a máscara do meu rosto. – Ex marido.
– Perdão, ex. – Sorri culpado. – Ele ligou perguntando da reunião de hoje.
– Droga, me esqueci completamente. – Parei de andar, batendo na minha testa com a minha mão. – Avise à ele que não precisa adiantar, ainda está de pé. – Voltei a andar mas logo parei de novo dando meu olhar ao Dr. Joan. – E cancele todos os meus compromissos hoje à noite. Os mais graves deixe em observação.
– Claro, mas por quê? – Ele disse mexendo no Tablet que continha as listas dos pacientes.
– Tenho um encontro hoje a noite. – No mesmo instante ele olhou para mim, sorrindo com malícia. Não era exatamente um encontro, aliás já tivemos vários outros encontros, mas gostava de como isso soava.
– E quem seria o pretendente?
– A pretendente. – Corrigi, vendo-o arregalar os olhos. – É ela, Oliver.
– Ok, então quem seria a sortuda? – Sorri brincalhão e então voltamos a caminhar juntos até a sala de espera.
– Uma doutora, psiquiatra. – Suspirei pesado. – Uma latina muito caliente.
– Nossa. Se controle, Linda, se controle. – Diz entre risadas e eu o acompanhei.
– Certo. – Parei de andar assim que vi os pais do meu paciente sentados no pequeno sofá da sala de espera. – Eu vou avisar para os pais sobre a cirurgia. Cheque para mim os meus compromissos e vê se está tudo certo.
– Sim senhora. – Então ele caminha em direção oposta e eu me viro, sorrindo de orelha a orelha pronta para dar a notícia para aqueles pais que a cirurgia ocorreu mais que perfeitamente bem e que logo o filho deles irá se recuperar.
(...) (...)
– Linda, espera. – Alguém me segura pelo o braço e me viro, vendo o homem no qual um dia eu amei.
– O que é? – Perguntei impaciente enquanto alguns advogados passavam por nós. Hoje é um dia especial para mim e não queria que nada, ninguém atrapalhasse isso.
– Eu estou com saudades. – Ele suspira, acariciando meu braço e foi aí que eu percebi que ele ainda me segurava.
– Achei que sentia saudades da recepcionista. – Fui irônica, me livrando do seu aperto.
– Linda isso foi só...
– O quê? – Arqueio uma das minhas sobrancelhas. – Só uma vez? Não, não foi uma vez.
– Querida, vamos esquecer isso. Me deixe voltar para casa, interrompa esse divórcio.
– Esquecer? – A olho indignada. – Não me chame de querida. Não tem como esquecer. Aliás, esse divórcio não é apenas por causa disso, é muito mais além disso. Muito mais Eric. – Nego. – Por Deus eu fui trouxa demais por ter deixado você me humilhar todos esses anos por causa do meu peso, de quem eu sou. Você fazia isso em frente dos meus exs amigos que riam das suas piadinhas, da minha família e eu fechava os olhos por causa disso porque eu era apaixonada por você.
– Era? – Ela me olha decepcionado mas eu o ignoro.
– Você é um completamente machista idiota que humilha os outros para poder se sentir bem e eu não mereço isso, eu mereço algo muito melhor. Bem muito mais. – Pausei assim que percebo minha alteração de voz. Nego e suspiro. – Eu não sei porque estou perdendo meu tempo aqui com você, passar bem. – Não deixei ele responder, caminhei até o elevador e apertei o botão para o térreo do prédio, permitindo as portas metálicas se fecharem me impossibilitando de ver seu olhar sério sobre mim.
– Querida, você não acha que já está bom? – Eric pergunta, me vendo fazer outro pedido.
– Mas eu só comi um prato de saladas hoje. Ontem eu passei o dia e a noite de plantão e comi só algumas bolachas, eu preciso me alimentar, sabia?
– Sim, eu sei mas é que...
– É quê...? – A olho, logo suspirando. – Já entendi tudo.
– Não, você entendeu errado. – Tenta contrariar mas nego.
– Errado o quê? Que eu estou gorda demais para fazer um simples pedido em um restaurante? – Ele se cala, encarando a mesa. – Você não me diz o que fazer.
– Olha as coisas que você está dizendo, você está querendo arrumar briga no meio dessa gente toda. Já não basta você...
– Já não basta eu estar acima do peso? Você tem vergonha de mim.
– Linda, isso é para seu bem. – Diz calmo, pegando na minha mão. – Me preocupo com a sua saúde.
– Sou médica, eu sei quando a minha saúde está ótima. – O meu pedido chega chamando nossa atenção. – Não quero brigar hoje, tive um dia cansativo e só quero ficar em paz.
O elevador se abre e então um casal entra no mesmo me cumprimentando com um sorriso.
– Me desculpem o atraso. – Chego no bar, sentando na mesa onde o pessoal está reunido. – Houve uma onda de acidentes e fiquei cheia de trabalho. Eu vim correndo.
– Então deveria correr mais né, amor. – Eric diz rindo e nossos amigos o acompanham. Apenas sorri sem graça, me sentando na mesa.
O casal sai e entra uma senhora sorridente, que não tardou de me cumprimentar também.
– Querida, lembra da Kecey? – Eric aparece ao meu lado com uma mulher ruiva, corpo padrão e pele bronzeada. Nego e volto a minha atenção para a prateleira de enlatados. – Ela é recepcionista que nos atendeu lá em Hawaii na nossa lua de mel. – Encaro a mulher novamente e logo me lembro dela.
– Ah oi Kacey, eu ando meio esquecida, me desculpe.
– Tudo bem. – Sorri. – Eu já tenho que ir. – Ela diz, voltando a sua atenção para o meu marido e depois para mim. – Foi bom te rever, Linda.
– Amor, termine de comprar as coisas aí que eu vou acompanhar ela até a saída do mercado.
– Não precisa...
– Eu insisto. – Eric interrompe e a encarou sorrindo.
Finalmente as portas se abrem. Olho para frente e sorrio, ao ver a mulher me esperando perto do seu carro. O casaco beje grande em seu corpo a deixa adorável e revelava o clima atual de Los Angeles. Os cabelos soltos e longos destacados escorria como cataratas em seus ombros. A calça jeans preta e o coturno lhe dava um ar jovial.
Caminhei em passos lentos e largos até ela e então pude olhar melhor o seu rosto. Sem nenhuma maquiagem, apenas batom vermelho destacava em seu rosto e o sorriso em seu olhar me passava calmaria, me sentia acolhida e me fazia esquecer totalmente o passado que estou tentando me separar.
– Oi. – Sorriu, vindo até a mim e beijando meu rosto.
– Oi. – Suspiro e entrelacei nossas mãos. – Então para aonde vamos?
– Para a casa de uma amiga minha, falando nisto elas estão ansiosas para te conhecer.
– Já me apresentando para as amigas? – Brinco e Selena ri, me conduzindo até o carro dela. – Me sinto lisonjeada. – Desativou o alarme destravando o carro.
– Já pode se sentir parte da família. – Me encara sorrindo e abre a porta de carona para mim. Entro agradecendo e ela não demorou de ocupar o espaço do motorista, logo depois deixando um beijo casto em meus lábios.
(...) (...)
– Eu só acho engraçado que ele vem aqui como se nada tivesse acontecido. – Megan, umas das amigas de Selena, falava afobada para mim. Ela falava tão rápido que me perdi na sua história que estava me contando e agora eu só concordava com a cabeça a cada minuto. – Poxa, não é assim que as coisas funcionam, sabe? É muita palhaçada isso sim. E ainda acha que vou perdoar ele depois das merdas que ele fez, ah pois não vou mesmo. Eu quero é mais que ele pegue a ponta do dedo dele e enfie no próprio...
– Ok Megan, você está assustando ela. – Uma mulher, morena e de olhos verdes que encantavam qualquer um apareceu ao nosso lado. – A coitada mal te conhece e já vem com suas loucuras. – Murmura, pegando o meu braço e me puxando para longe de Megan.
– Essas loucuras são a minha vida ok?! – Megan grita, pois já estávamos longe dela.
– Lauren, né? – Pergunto para a mulher que me olhou concordando. – Talvez não fomos apresentadas corretamente. Eu sou Linda, Linda Ruth.
– Jauregui. – Paramos de andar e percebo que estávamos na cozinha. Uma enorme e bela cozinha para falar a verdade. – Olha, eu não sei se você bebe. – Resmunga abrindo a geladeira. – Se sim, nos desculpa mas não temos bebidas pois uma amiga nossa está tentando ficar sóbria e meio que todo mundo está fazendo isso também.
– Eu não sou muito fã de bebidas então pode ficar tranquila.
– Aceita suco? – Levei um susto ao ouvir uma voz atrás de mim. Me virei encontrando uma mulher com traços latinos, seu estilo não era muito diferente de Lauren. Não era a toa que as duas namoravam. A mesma sorri culpada para mim e sussurra um "desculpa" pelo susto me dado.
– Sim, por favor. – Falo mais calma e Lauren pega um jarra de suco e serve dois copos de suco que presumo que seja de laranja e me entrega um para mim. – Obrigada.
– Olha, seja lá o que Megan estava dizendo, não liga muito. Ela é assim mesmo. – Lauren diz entre risadas enquanto sua namorada deixava um beijo rápido em sua bochecha e ia em direção à geladeira também.
– Na verdade ela estava contando uma história bem interessante, porém estava dizendo rápido demais e eu acabei me perdendo no caminho.
– Típico dela. – Camila riu. Logo uma senhora entra na cozinha. Ela não aparentava ser muito velha porém também não muito nova. Steven era o nome dela.
– Acabei de ligar para Normani e elas já estão chegando. – Logo ela nota minha presença. – Me desculpe por essa demora querida, a pessoa que vai fazer o jantar não chegou ainda.
– Não, tudo bem. – Tento tranquiliza-lá.
– Eu disse que eu podia fazer o jantar. – Outra voz invade a cozinha e encaro a dona da mesma. Era uma mulher loira, cabelos medianos e seu corpo continha várias pequenas tatuagens. Miley, Miley era o nome dela. Ela era linda, aliás todas são, me sentia até sem graça perto delas.
Miley também segurava um bebê em seus braços, de cabelos escuros e olhos escuros, pele levemente morena e pequenos traços latinos destacavam em seu rosto. Ela era linda.
– Miley, já discutimos sobre isso. – Outra pessoa aparece na cozinha. Ela era morena, cabelos longos escuros e ondulados. Em seu rosto tinha um óculos escuro e em sua mão um bastão de hoover. Ela também estava sem maquiagem então era visível as sardas em seu rosto, o que a deixa adorável. Ela era baixa e seu corpo cheios de curvas. Demi Lovato, foi fácil lembrar o nome dela pois já acompanhei sua história e faço uso de seus produtos. – Linda, seja bem vinda. Não tive a oportunidade de falar isso antes pois Luíza não parava quieta.
– Não fala assim da minha pequena Demetria. – Selena aparece do além me dando um leve susto, logo pegando a Luíza dos braços de Miley e depois vindo em minha direção.
– Não é você que ficou acordada a noite inteira né, Selly. – Demi retruca. De repente um barulho de algo quebrando vindo da sala nos chamou a atenção e não demorou muito para uma Megan com cara de assustada aparecer na cozinha.
– Ok... é Demi, o cachorro, o pretinho pequeno seu, então é... ele quebrou um vaso seu. – Diz embolada o que me obrigou a segurar a risada que queria escapar da minha garganta. – 'Tá uma bagunça lá e acho que não tem conserto infelizmente.
– Não foi o cachorro não. – Logo Ally, uma baixinha menor que Demi, loira e aparentava ser muito simpática e protetora entra na sala.
– A-Ally!
– Megan... – Demi rosna, se virando em direção à ela.
– Chegamos! – Ouvimos uma voz gritar da sala e não demorou muito para uma criança de, aproximadamente sete anos, aparecer correndo na cozinha indo abraçar todo mundo e quando chegou em mim, ela apenas acenou com um sorriso tímido. Fofa.
Depois entrou uma linda mulher com um bebê em seus braços. Ela era negra e seus cabelos lisos e longos dava um ar de sensualidade nela, sem contar que seu corpo dava inveja em qualquer um. Logo atrás dela estava outra, essa que era bem alta e loira, sua pele era morena mas não muito e também tinha um corpo de dar inveja.
Droga, esse lugar é cheio de modelos, me sinto deslocada.
– Salva pelo o gongo! – Megan levanta os braços animada e, Ally que estava perto dela, a olha estranho se afastando de um jeito engraçado.
– Ainda vamos conversar. – Demi diz à Megan, que desanima e fingi falso choro.
– Agora saem todo mundo daqui que eu vou usar essa maravilhosa cozinha para os meus poderes de culinária. – Dinah grita, colocando um avental preto e chamando atenção de todas. – Andam gente, não estou brincando. – Sai empurrando todo mundo, mas quando chega em mim ela me abraça e me dá um leve beijo na bochecha. – Prazer em te conhecer futura Gomez. – Senti o meu rosto esquentar quase que de imediato o que a fez rir. – Agora licença que vou fazer nosso maravilhoso jantar.
Assenti dando uma leve risada e saindo da cozinha indo direto para a sala onde todas já estavam reunidas.
(...) (...)
– Oh meu Deus! – Marissa gemeu assim que deu uma garfada do seu prato. Ela tinha chegado minutos antes de o jantar estar pronto, segundo ela, a mesma ficou presa na delegacia resolvendo um caso. – Dinah, vou te contratar para cozinhar para mim.
– Você tem mãos, pode cozinhar para você mesma.
– Nossa fiquei até com sede de tão seca que você foi. – Murmura antes de beber seu suco.
– Está gostando da comida? – Selena pergunta para mim e segura a minha mão que estava em cima da mesa.
– Sim, está muito boa.
– Mas você quase não tocou no seu prato. – Camila intervém e eu engulo em seco.
– Eu não estou com muita fome.
– Ah não, que isso? Eu fiz esse jantar com tanto prazer para você. Pode indo comendo sim senhora. – Dinah diz de um jeito engraçado e rápido me fazendo rir.
– Em qual hospital você trabalha, Linda? – Demi se dirige à mim.
– Atualmente no Los Angeles Grace, mas em vez de quando vou para New Jersey pois tenho uma pequena clínica lá.
– E você quer ter filhos? Você tem filhos? – Pergunta de imediato e Nena se engasga com o copo de suco. – Quais são as suas intenções com a Selena? – Continuou seria. Eu queria rir da cara de assustada da Selena, mas eu não estava diferente dela.
– Que isso? É uma entrevista? Desde quando você virou a minha mãe? – Selena dispara depois de se recuperar.
– Está tudo bem, Nena. – Tento tranquiliza-la.
– Iti malia! Nena, que fofo. – Normani sorri batendo levemente as mãos. Sorri envergonhada ao perceber que chamei Selena pelo o apelido que tinha dado à ela.
– Bom, respondendo suas perguntas, Demi. – Me dirijo a mesma que me dava atenção. – Não, eu tenho filhos e as minhas intenções com Nena são as melhores que pode imaginar. – Novamente Normani se empolga por eu ter usado o apelido e desta vez Ally a acompanha.
– E você quer ter filhos?
– Demi! Nem somos casadas. – Selena se irrita e eu solto uma risada. – Dá um ar poxa.
– Ah e vocês vão casar? Mas já fez o pedido de namoro? Quando vai ser? – Demi continua o que irritou ainda mais Selena e a deixou corada.
– Só estou esperando o momento certo. – Selena diz por fim e desta vez quem fora sou eu.
– E os filhos? – Demetria continuava com as perguntas me fazendo rir pelo seu interrogatório. Já tinha percebido que ela estava fazendo isso para irritar Selena e claro que estava funcionando.
– Miley, cale essa mulher por amor de Odin. – Nena rosna.
– Poxa, perguntar não ofende. – Demi fingi falsa mágoa e dá sua atenção a Luíza que estava em uma cadeirinha ao seu lado.
– Ok. – Digo chamando atenção delas. – Respondendo: sim, eu quero ter filhos, no momento certo. Quem sabe um dia.
Pego o pijama de tecido de seda que eu tinha comprado está manhã e sorri animada. Primeira vez eu me sentia bem em vestir algo curto e transparente. Normalmente vestir algo assim para mim seria a morte, mas hoje não, hoje eu me senti bonita com o meu corpo e principalmente para o meu marido.
Coloco a camisola curta, me olho no espelho e me sinto satisfeita com o que eu vejo. Hoje será o que em que eu me entregaria para o meu marido como antigamente eu fazia e desta vez, possivelmente, tentariámos ter um nosso herdeiro.
Sai do closet e parei em frente a cama no qual ele estava sentado. O mesmo me encarou por alguns segundos, antes de começar a rir descontroladamente. Franzi o cenho e me certifiquei se não havia nada de errado comigo, porém não havia nada.
– Gostou? – Voltei a minha atenção à ele que me encarou risonho.
– Se eu gostei? – Riu, negando com a cabeça. – Mulher vamos dormir, já está tarde para essas brincadeiras.
E de repente um nó se forma em minha garganta, meu estômago se revira e eu me sinto totalmente insegura. Andei em passos rápidos até a cama, deitei ao seu lado e me cobri o mais rápido possível com edredom. Eu me sentia com vergonha de mim mesma e sua risada por causa de mim só fazia com que piorasse a situação.
– Não como tão bem assim desde do dia em que Ally fez um almoço para mim e levou para o meu trabalho. – Megan suspira, encostando na cadeira. – Só essa baixinha que te supera. – Diz, encarnado a mesma e Ally cora.
– Vocês namoram? – Pergunto intercalando o olhar entre as duas.
– Sim.
– Não.
As duas falam juntas ao mesmo tempo, o que me deixou confusa.
– Ainda não. – Megan explica.
– Elas estão de cu doce. – Lauren dá de ombros. – Todo mundo aqui sabe que vocês duas se pegam.
– Isso é verdade. – Camila concorda.
– Desde quando isso é do interesse de vocês? – Ally pergunta impaciente.
– Mas 'cê tá brava? – Lauren debocha, o que deixou a loira mais irritada ainda.
– Argh! – Rosna. – Linda, me desculpe por essas idiotas.
– Que isso, até acho vocês engraçadas.
– Viu ela gosta de nós, diferente de certas anões. – Camila olha seria para Ally e desta vez foi impossível segurar a risada.
– Está sem fome? – Nena sussurra me chamando atenção. Olho para a mesma e assinto empurrando o prato. Era mentira. Eu estava sim com fome, porém estava em um dieta rígida e não queria ultrapassar isso. Selena apenas solta um murmuro e me encara seria, mas não dei muito importância.
(...) (...)
– Tchau, Linda. Foi um prazer te conhecer e me perdoe pelo os interrogatórios. Era apenas brincadeira. – Demi dizia enquanto me abraça. Me separei dela e sorri.
– Está tudo bem, Demi. E aliás sua casa é linda. – Elogio e ela agradece com um sorriso largo que mostrava todos seus dentes e corava seu rosto. Adorável. Miley se aproximou de nós com Luíza em seu colo. Dei atenção à pequena e logo depois me despir da loira, que me convidou para passar uma tarde com ela e as meninas e, prontamente aceitei.
Me despedi de todas e todas elas foram super educadas e gentis comigo. Mal as conheço e já me sentia bem e familiar ao estar no meio dessas mulheres com vida adulta mas ainda com tempos de juventude. Era algo inexplicável e bom de se sentir, eu realmente esperar tornar amiga delas.
Sai pela a porta da frente e caminhei até o carro de Nena, sendo acompanhada pela a mesma, que no meio do caminho me parou e me fez encará-la.
– O que foi? – Franzi a testa confusa.
– Você está passando mal? – Pergunta aleatoriamente e eu neguei com a cabeça. – Está com problemas cardíacos? Respiratório? Qualquer coisa?
– Não. – Dei de ombros não entendo aonde ela queria chegar.
– Então por que você quer emagrecer? – Foi direta, me olhando seriamente.
Respirei fundo sentindo novamente aquela sensação de desconforto e insegurança. Eu queria me sentir bem e aceitável, e acredito que isso só vai acontecer com eu emagrecendo para poder, pelo menos, chegar perto de um padrão de beleza. Eu quero me sentir bonita o suficiente para Nena, que desde então vem se mostrando cada vez mais carinhosa e cuidadosa comigo, ela se mostrava disposta a realmente ter algo comigo mas algo me diz que eu devia dar um "empurrão" nisto e nada mais justo do que
emagrecendo e focar em ficar bonita para ela.
– Lembra quando a gente se conheceu? – Selena perguntou e eu soltei uma risada fraca lembrando daquele momento.
Eu estava em um bar com Eric e nossos amigos, Kecey também estava junto a nós. Eu já estava ficando impaciente com as piadas gordofobicas que Eric soltava discretamente e, acredito que todos ali também estavam. E foi em umas dessas piadas que umas das minhas amigas, Jessie, surtou pra cima do meu ex marido e no meio dessa discussão ela acabou soltando que sabia do caso entre ele e Kecey e disse que tinha como provar isso e então ele acabou confirmando isso.
Na hora eu fiquei paralisada. Eu sabia que Eric era um filho da mãe, porém nunca imaginei que ele me trairia, ainda mais com a mulher que conhecemos na nossa lua de mel. E quando eu mesmo percebi, tinha dado um tapa em seu rosto aproveitando o fato de que ele estava ao meu lado. Mas não foi o único tapa, foi vários e também socos. Eu estava furiosa por tudo o que ele me fez passar e eu estava descontando nele naquele momento.
Depois de alguns pequenos minutos agredindo aquele canalha, senti braços me abraçarem por traz e uma voz calma me pedindo para me acalmar. Não sei o que deu em mim, mas eu parei assim que ela me pediu, mas claro que, antes, eu não perdi a oportunidade de quebrar uma garrafa de vidro na cabeça de Eric que acabou desmaiando. Seria uma cena engraçada se não fosse trágica. Sinceramente, eu estava irreconhecível.
Logo a mulher que me separou do Eric me puxou para fora do bar e então a pude ver melhor e, foi naquele momento, que eu percebi que aquela moça estaria mais presente em minha vida do que eu imaginava.
– Sinceramente eu queria ter matado ele. – Murmuro encarando o chão.
– Eu também. – Ela riu. – Desde quando o ouvi fazer aquelas piadinhas ridículas sobre você eu queria socar aquele pacote de bolacha que ele chama de cara. Mas aí você fez isso e eu, claro que deixei você fazer isso, até ver que você realmente iria matá-lo e fui obrigada a interferir. – Diz entre risada e acaricia a minha mão.
Sinto a sua aproximação e então sua mão segura em meu rosto, me fazendo encarar seus olhos da cor de chocolate e sua boca com o batom vermelho sangue que me fazia vontade de beijá-la mais e mais.
– Você é tão linda, não quero que pense ao contrário só porque um babaca disse isso. Você não precisa de dieta nenhuma, o seu peso não diz à respeito a ninguém. Você é perfeita do jeito que é e foi por você que eu me apaixonei desde do momento em que que te vi. E... e-eu não sou muito romântica, mas eu não consigo mais esperar o momento certo, pois para mim todos os momentos com você parecem o certo. E aqui, neste lugar, a noite, em frente a casa de umas das minhas amigas que provavelmente estão nos olhando pela a janela neste momento me parece o mais certo a se fazer. – Ela riu olhando pra trás aonde a casa estava e eu acompanhei o seu olhar e vejo algumas sombras e cabeças na janela desde que saímos. – E Linda, eu quero mais do que tudo tornar a mulher da sua vida, a mulher que vai cuidar, honrar, proteger e te amar acima de tudo. Eu prometo te dar todo amor que você merece, pois é isso que você merece. O melhor. – Nesta altura eu já não segurava mais minhas lágrimas e sorria mais abertamente cada vez mais. – Então, Linda Ruth Mendez, você aceita ser a mulher da minha vida? Aceita ser a minha namorada?
E foi ali que o mundo parou ao meu redor, tudo ocorria em câmera lenta, o seu sorriso se abria cada vez mais e me deixava entregue à ela. Foi ali que eu percebi que estava me apaixonando por ela, eu estava me apaixonado por Selena e nunca fiquei tão feliz por estar sentindo algo assim.
– Sim, aceito. – Digo simples e sincera. Ela sorri largo e me abraça apertado enterrando seu rosto em meu pescoço.
– Prometo te fazer a mulher mais feliz e amada, eu prometo. - Sussurra e logo me beija com todo carinho e intensidade que existia, me deixando completamente arrepiada. Abraço seu pescoço e ela agarra minha cintura e como consequência ouvimos gritos vindo dentro da casa, o que nos fez rir em meio ao beijo.
– Eu acho que elas estão nos vendo. – Nena cola sua testa na minha para logo depois separar de mim para poder pegar algo dentro do seu casaco. Era uma caixinha de veludo preta. Ela não tardou de abrir, revelando duas alianças prateadas com pedrinhas brilhantes na mesma. Perfeitas e simples para esse momento.
Selly colocou o anel em meu dedo e eu coloquei o outro em seu dedo também antes de beijar a mesma. Logo ela me puxa novamente pela a cintura colando nossas bocas com um beijo lento e de novo ouvimos gritarias vindo da casa.
– Vamos pra casa para aproveitarmos essa noite juntas . – Assenti e ela sela nossas bocas várias vezes antes de me arrastar até o carro e abrindo a porta do carro para mim, como ela sempre fazia.
– Vou me acostumar fácil se ficar me mimando sempre. – Digo entre risadas. Ela fecha a porta do passageiro depois de entrei e não demora muito para ela ocupar o banco do motorista.
– Eu vou te mimar muito mais, não se preocupe em se acostumar com isso. – Ela abre um lindo sorriso e eu suspiro. – E agora, iremos para casa, onde eu irei fazer massagens em você, depois iremos tomar um banho quente, logo depois vou fazer chocolates quentes para nós enquanto assistimos filmes aleatório. – E novamente sinto as famosas borboletas fazendo a festa em meu estômago e não tardei de deixar um beijo lento e apaixonado em seus lábios.
– Você realmente existe? – Brinco a fazendo. Nena deixou um beijo em minha testa antes de ligar o carro e fazer o caminho até a casa dela, onde ela cumpriu tudo o que havia me dito, me mimado e me amado. Contradizendo tudo o que eu pensava e imaginava, me senti uma mulher segura ao lado dela. Ela me fez sentir bela depois de anos, seu sorriso me aquecia, seu abraço me protegia e em seu olhar eu via o meu futuro ao lado dela e então prometi a mim mesma que eu faria de tudo para esse futuro acontecer e que essa realização não seria mais certo se não fosse com ela.
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