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História One More Time In Nárnia - Capítulo 18 - História escrita por Loren716 - Spirit Fanfics e Histórias
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História One More Time In Nárnia - Capítulo 18


Escrita por: Loren716

Capítulo 18 - Capítulo 18


Quando Edmundo chegou, Drinian voltava para o Peregrino em um bote com outros dois marinheiros, Caspian, Lúcia, Gael e o marinheiro arrumavam os cobertores no chão, Ripchip e Dark andavam por cima de algumas outras pedras, vigiando ao longe se nada estranho poderia acontecer durante a noite. Cristine arrumava a fogueira. Edmundo suspirou, coçou a nuca e chegou perto dela com os outros galhos, ela não o olhou. Após arrumarem os galhos empilhados, ela pegou os outros galhos que seriam usados mais tardes e os levou para um lugar mais afastado.

–-Onde arranjaram essas pedras?- perguntou Edmundo notando que havia algumas pedras ao redor dos galhos.

–-Foram Drinian e Caspian. Foi mais fácil arranjar estas do que os galhos, tenho certeza.- disse Lúcia.

Edmundo abaixou a cabeça, não estava muito a fim de lembrar alguns instantes atrás.

–-Está tudo bem Ed?-perguntou Lúcia colocando a mão sobre o ombro direito do irmão.

Por um momento Edmundo quis desabafar com Lúcia, ela o entenderia, ou ao menos o ouviria. Era sua irmã. Sabia que poderia confiar. Olhou para aqueles olhinhos que ainda mantinham um brilho infantil. Naquele momento só queria ficar um pouco só.

–-Estou bem. Obrigada Lúcia.-disse ele apertando a mão da irmã.

Lúcia fez uma cara preocupada. Edmundo deu de ombros e saiu antes que a irmã lhe bombardeasse de perguntas. Já era noite. Colocaram os cobertores ao redor da fogueira. Todos se afastaram quando viram o dragão posicionar-se para lançar fogo. Levantou a cabeça, respirou fundo, abriu a boca e dali saiu o fogo que lambeu todos os galhos. Todos sorriram com o feito e o dragão também. De todos ali, tenho certeza que o dragão era o mais orgulhoso. Afinal, quem não se sente assim quando faz algo por si próprio e todos adoram? Depois, todos se arrumaram para descansar. Edmundo estava deitado sobre um cobertor e olhava para o céu impressionado. Caspian estava ao seu lado. Não haviam falado desde que Edmundo voltara com os galhos, ainda não se sentiam à vontade para conversar. Orgulhosos demais para pedir desculpas. Mas Edmundo preferia ficar na companhia de alguém que não desconfiasse de muita coisa. Lúcia tentara falar com ele desde que ele voltara até deitarem. Quando as estrelas apareceram, Ed esqueceu seus problemas.

–-Eu nunca havia visto essas constelações em Nárnia.-comentou Edmundo.

Eram constelações grandes, recheadas de estrelas brilhantes, grandes, pequenas e por menor que fossem, o brilho era intenso.

–-Nem eu.-comentou Caspian.-Estamos bem longe de casa. Quando eu era garoto, me imaginava navegando até o fim do mundo. Encontrava meu pai lá.

Edmundo ficou desconfortável. É raro ver alguém que desabafa seus maiores sonhos, desejos ou segredos. E ainda mais quando alguém estava brigado. Isso é bom. Significa que a pessoa confia em você.

–-Talvez encontre.-disse Edmundo por fim.

Enquanto isso, outra conversa acontecia do outro lado da fogueira.

–-Saudades da mamãe.- disse a menininha.

Lúcia ouviu a menininha dizer isso em voz baixa, virou-se e viu ela olhando para um colar com uma imagem gravada. Lúcia sorriu.

–-Saudades da minha também. Não se preocupe, vamos trazer ela de volta.

–-Como é que você sabe?- desconfiou a menininha.

–-Basta ter fé nessas coisas. Aslam vai nos ajudar.

Lúcia levou uma mão à cabeça e ajeitou-se para dormir.

–-Aslam não impediu que ela fosse levada.

–-Nós vamos acha-la. Eu prometo.- silêncio- De algum modo.

A menininha sorriu, mas ainda desconfiada de que isso aconteceria. Lúcia virou-se e pareceu perturbada. Prometeu a menininha que achariam sua mãe. Mas nem ela estava certa disso, parecia mesmo impossível. Adormeceu com um peso sobre as costas, se ao menos a estrela azul aparecesse logo, ainda haveria esperança. Do lado destas, havia outra conversa.

–-Por que demorou a voltar?

–-Não é fácil achar galhos em uma ilha vulcânica.

–-Ainda mais com alguém desviando sua atenção, correto?

Cristine deu um tapa bem dado no ombro de Dark, que estava deitado de frente para a fogueira e a menina sentada. Este riu com a boca fechada para não acordar os outros. Cristine apertou os joelhos com as mãos para o peito. Suspirou.

–-A culpa é sua.

–-Perdão?

–-Eu falei que você ia comigo! Você! Por que céus você o deixou vir comigo?

–-Admita que gostou.

–-Dark!- disse ela com um tom que deixava o lobo com mais vontade de rir, pois sabia que a menina ficava vermelha.-Desisto de falar com você. Lobo estúpido!

Ela deitou-se. Olhou alguns minutos para as estrelas, quis olhar para ele, mordeu o lábio e abanou a cabeça. Virou-se e antes mesmo que percebesse, dormiu à luz daqueles pontinhos curiosos brilhantes que vigiavam todos. Ao lado da Rainha e da menininha, outra conversa ia surgir enquanto todos dormiam. Ripchip dormia encolhidamente perto do fogo, quando acordou com o choro de alguém. Mexeu a cabeça e viu o pobre dragão soluçar e uma lágrima grande para o tamanho de Rip, escorregar na pele seca do dragão e molhar a areia. Ripchip levantou-se e andou para perto do dragão.

–-Está sem sono?- perguntou educado.

O dragão somente o ignorou, levantou sua cabeça e a levou para longe do pequeno ratinho. Era óbvio que ainda não queria papo com aquele “roedor irritante”. Ripchip não desistiu nem perdeu o jeito. Queria deixar o dragão à vontade, mesmo com alguns pequenos erros do passado.

–-Veja bem, nem tudo está perdido como parece. Posso ficar acordado com você. Se...quiser companhia.

O dragão somente fungou o nariz.

–-Eu aposto que não acreditava em dragões hoje de manhã.

Nada dito pelo dragão. Nem feito. Rip começou a achar que não estava ajudando.

–-Pois é...sabe, coisas extraordinárias, só acontecem à pessoas extraordinárias.

O dragão ergueu as sobrancelhas ouvindo as palavras do rato. Será? Não...ele era apenas um garoto mimado sem importância que acabou por acaso em outro mundo sem querer. Mas o rato não desistiu.

–-Vai ver é um sinal, de que você tem um futuro extraordinário!

O dragão deixou-se levar pelas palavras do rato, ele parecia estar sendo sincero e realmente estava. O dragão levantou a cabeça e permitiu-se ver nos olhinhos pequeninos do ratinho. Este, teve que ir para trás ou seria empurrado pela grande boca do dragão.

–-Um futuro...maior do que você possa ter imaginado.

O ratinho arrumou o cinto com a espada.

–-Posso te contar uma ou duas aventuras minhas se quiser. Só para...passar o tempo.

O dragão ajeitou-se, levou um braço para debaixo da cabeça e deitou esta ali. Ripchip viu o gesto do dragão e continuou a falar satisfeito.

–-Pode acreditar se quiser, mas você não é o primeiro dragão que eu conheço. Há mais anos, mais anos do que eu queria dizer, eu estava com um bando de piratas e conheci outro dragão. Mais feroz que você.

E por aí passou a noite de Ripchip e o dragão. Adoraria compartilhar a fantástica história de Ripchip, mas infelizmente estou com alguns problemas na memória. Só sei que com aquela história, fez com que Ripchip e o menino escondido pelo dragão, conseguissem compartilhar algumas risadas silenciosas, pequenos conflitos do passado fossem esquecidos e criar um laço de amizade que por pouquíssimo tempo, fora o mais verdadeiro laço que já existira.

^.^

Adormeceram cedo Ripchip e o dragão. Após a história do pequeno ratinho, este também contou a história da derrota da Feiticeira Branca e o conto do Cavalo e Seu Menino que acontecera na Idade de Ouro de Nárnia. Antes que pudesse contar à história que transformou Caspian em rei, o dragão já havia adormecido. Rip adormeceu logo depois. Lúcia e a menininha dormiam suavemente. Dark e Caspian dormiam profundamente. Edmundo dormia levemente, qualquer crepitar da fogueira parecia fazer ele acordar. Cristine dormia com dificuldade. Uma pequena fina névoa passou por ali. Deu preferência para Cristine que se remexia nervosamente. A névoa entrou pela boca e ouvidos de Cristine.

–-Cristine...Cristine!

Cristine levantou-se acordada. Já era dia. A fogueira estava apagada. Não havia mais ninguém ao redor. Ela se levantou e colocou o braço na testa, tentando ver o Peregrino na água ao longe, mas o nascimento do sol não permitia. Nada achou. Ela se virou para a ilha.

–-Dark! Dark! Majestades!

–-Cristine! Cristine querida! O que está fazendo aí sozinha?

Aquela voz. Cristine virou-se procurando pela voz e encontrou uma imagem ao longe, em cima de uma pedra.

–-Cristine, deveria trocar essa calça por um vestido! Você fica tão linda querida!

–-Mas...

Antes que Cristine terminasse de falar, sentiu as mangas compridas de sua camisa tornarem-se mangas curtas, a calça foi sumindo e a camisa foi descendo até os joelhos. A camisa tomou um tom laranja com alguns babados verdes. As botas permaneceram.

–-Ahh...agora está linda! Poderia tirar as botas, mas você as adora! Sempre tão teimosa.

Cristine tinha os olhos cheios de lágrimas. Colocou as mãos no rosto.

–-Isto não é real, não é real, não...-murmurava.

Sentiu alguém tocando suas mãos e tirando-as. Ela visou o rosto da senhora, os pés de galinha ao redor dos olhos e as ruguinhas ao redor do sorriso que nunca sumia. Os olhos azuis. Tão sinceros e tão calmos. O cabelo ainda negro, mas com alguns fios branquinhos a vista. Parecia mais velha, quantos anos teria agora? Cinquenta? Cinquenta e cinco? Ou até sessenta?

–-Querida, do que está falando? Está tudo bem?

A mulher tocou no rosto de Cristine, limpando uma lágrima fujona. Cristine tocou as mãos da mulher.

–-Você...é real! Meu bom Aslam! É real!

–-É claro querida! Por acaso tem começado a beber?- perguntou a mulher com um olhar duro.

Cristine somente sorriu. Sorriu como há muito tempo não sorria. O sorriso era gigantesco, enorme e incansável.

–-Mãe? É mesmo a senhora?

A mulher levantou a cabeça para trás e riu. Soltou o rosto da menina e foi indo para trás. Cristine ficou estática, ainda sorrindo. A mulher começou a subir as pedras com facilidade. Até que parou em cima de uma pedra e gritou.

–-Daniel e Henrique! Fernando! Queridos, venham aqui!

Apareceram dois meninos, um de cabelos negros e olhos azuis, o mais alto. O outro de cabelos loiros e olhos castanhos, o mais baixinho. O homem apareceu com poucos cabelos na frente e os cabelos brancos, que algum dia já foram loiros.

–-Guerreira Cristine! Onde estava? Nárnia precisa de você!

Ela riu. Como ainda poderiam lembrar de todas as tardes que brincavam e sonhavam que um dia seriam a salvação de Nárnia? E poderiam lutar ao lado dos quatro antigos reis e rainhas de Nárnia? E poder tocar a juba de Aslam? E poder ser recompensada com o título de guerreira e poder viajar para muitas outras batalhas e aventuras? O homem ajudou a mulher a subir.

–-Vamos Cris!

–-Vamos guerrear!

Gritaram os menininhos. Ela sorriu com as lágrimas no rosto. Eles foram subindo até sumirem de vista. Um pequeno desespero surgiu dentro de Cristine. Ela limpou as lágrimas com as costas das mãos e foi andando atrás.

–-Esperem-me! Por favor! Esperem!

Ela pisou em um galho, ignorou. Continuou andando. Subiu com facilidade as pedras. Viu ao longe a família andando. Sua família adotiva, mas ainda assim, sua família. Ela sorriu. Viu sua mãe, Verônica acenar para ela.

–-Venha querida!

Cristine desceu as pedras e foi andando atrás deles, quando eles subiram um monte que tinha a forma de um vulcão e dali subia fumaça.

–-Esperem! Aonde pensam que vão?!- gritou Cristine ainda longe deles.

–-Não tenha medo querida.

Todos tiraram as roupas, ficando somente com as debaixo e todos pularam. Cristine gritou, chegou perto e sentiu a fumaça perto do seu rosto. Quando viu, assustou-se. Era água, somente água. Água quente.

–-Mas como...

–-Pare de pensar, venha querida!

Ela sorriu. Era seu avô ali também. Estava com uma calça leve até o joelho e uma camisa com os botões abertos, parecia mais velho ainda, mas esbanjava saúde. Tinha um bigode e no topo da cabeça poucos fios de cabelo branco. Os mais velhos relaxavam e as crianças brincavam. Ela queria abraça-los, beija-los e sentir eles perto dela. Então, ela tirou o vestido e as botas, ficando somente com um vestido curto que batia no meio das coxas, soltou os cabelos e preparou-se. Todos ali embaixo contavam.

–-Um...dois...

Ela ia pular no dois, sempre fez isso. Irritava-os e ela adorava. Mas sentiu um braço prender-se na cintura e ela foi sendo puxada para trás.

–-Não! Solte-me! Solte-me!

Ela viu o rosto de quem a segurava. Era um animal. Possuía asas e chifres. Era magro e alto. Não tinha carne, só a pele e o osso. Grandes olhos e dentes afiados.

–-O que está...

Verônica gritou quando viu o animal. Cristine virou-se e viu que todos estavam ali olhando aterrorizados. Cristine não pensou em pedir-lhes ajuda, somente pensou em protegê-los. Não vou perde-los novamente! Ela pisou no pé do animal e saiu do abraço do animal.

–-Não! Não vou deixar que eles se percam novamente de mim! Nunca mais!

–-Do que está falando garota?!

A voz parecia conhecida, mas era muito mais grossa e sombria. Um arrepio passou pela nuca de Cristine. Se ela não tivesse ficado para ver novamente o animal, talvez teria ido com sua família. Mas ela ficou. Os olhos.

–-Seus olhos...

–-Cristine, volte! Agora!

Cristine estava perto do animal, havia andado até ele e nem percebera. Ela ia voltar. Mas aqueles olhos a prendiam. Como correntes...correntes? 

–-Edmundo?!

Ela disse por impulso.

–-Cristine! Abra os olhos!- o animal disse.

–-O quê? Mas eu estou de olhos abertos! Enlouqueceu?

–-Cristine, por que fala com o animal?!

Cristine virou-se e viu sua família. Sua mãe estendia a mão, ela virou-se para o animal. Colocou as mãos à cabeça. Esses olhos...não! Minha família! O céu começou a escurecer, um vento forte bateu sem seu rosto e levou seus cabelos. O animal levantou as mãos e andou um passo para trás.

–-Não lhe forçarei a nada! Faça o que quiser!

Cristine estranhou. Um animal gentil?

–-Eu..eu...

–-Cristine, querida! Volte! Vamos pular na água e esquecer os problemas! Nada importa, esqueça tudo! Nada importa!

–-Nada importa? Como assim?

–-O que houve querida? Venha! Vai confiar em um animal ou em sua família de sangue querida?

Cristine andou para trás e agarrou-se na cintura do animal. Ele a abraçou. Ela viu sua família cair ao chão e coisas estranhas acontecerem. Eles se contorciam, gritavam coisas desesperadas para que Cristine voltasse, diziam que iam se matar. Os irmãos brigavam, a mãe chorava, o pai a olhava com desprezo. Ela sentiu os braços magricelos do animal entrelaçarem ao seu redor. Ela viu o próprio avô sacar uma faca de onde não sabia dizer onde estava, mas levou ela em direção ao pescoço. Cristine fechou os olhos.

–-Por favor! Vão embora! Vão embora!

Ela gritou até a garganta doer, sentiu ela arranhar-se e depois...depois não abriu mais os olhos.

^.^



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