Após duas semanas em Suna as coisas caminhavam para a conclusão da missão.
A loira encarava de forma pensativa o horizonte. Se havia algo que a incomodava em Suna era a monotonia das coisas. Fosse pelos cidadãos, fosse pela paisagem, tudo era definitivamente chato.
As pessoas guardavam os costumes com unhas e dentes, o mar de areia parecia não ter fim. Tudo do mesmo jeito, sempre.
Ao contrário de Konoha, que venhamos, era um local dinâmico. Sempre mudando, sempre tecendo novas surpresas.
- Ino?
A loira continuaria debruçada sobre a janela se não fosse Sakura a chamando.
- Ino? Onde raios está sua cabeça? - A pergunta em um tom mais alto a fez subir os olhos com um meio sorriso.
- Desculpe, eu estava meio perdida. - Esclareceu enquanto se virava a rosada.
- Você tem feito muito isso, algo está te incomodando? - A pergunta a fez sorrir sem graça.
- Não, está tudo tranquilo. - Garantiu enquanto via o rosto da amiga expressar sua desconfiança. -
- Certo, e então, como vai o Kazegake? -
- Melhor, as costelas já estão quase se curando por completo, a infecção da ferida está quase curada. Com fé em Deus, mais dois dias serão o suficiente para que terminemos os casos. -
Sakura escutou em silencio enquanto analisava o quarto. Claramente ela não se sentia bem em estar longe de casa, mas Ino parecia muito mais incomodada com o fato.
- Sim, Kankuro está praticamente novo, o resto dos ferimentos e questão de tempo até fecharem. -
Ino apenas maneou a cabeça enquanto se jogava na cama. Se perguntava como estaria Sasuke. Desde sua partida não haviam tido contato algum. E para seu desgosto ela agora tinha de ver a cara de Gaara todos os dias.
Não que não gostasse do rapaz, longe disso, ele era um bom amigo, mas desde sua declaração ele se tornou muito mais recluso.
- Se derem sorte eles voltam antes do previsto. Sabe como o Naruto é. Vai querer politizar o máximo possível, mas do jeito que Sai e Sasuke são, não devem demorar duas semanas para terminarem tudo aquilo. -
A Yamanaka concordou com um manear de cabeça em silêncio analisava as suas próprias unhas.
- Antes de partirmos eu gostaria de falar com Gaara. - Comentou despreocupadamente enquanto olhava o cômodo.
- Uma última despedida ou uns últimos amassos com o ruivo? - Questionou a Haruno com um risinho debochado.
- Sem essa Sakura, dessa vez é só o velho e bom adeus. Sem mais prorrogações. -
-
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Sasuke havia acabado de sair da sala de conferências. Haviam tantos líderes políticos e ninjas de elite que ele até mesmo evitava recordar ou gravar os nomes.
Estavam no país a quase duas semanas e nesse meio tempo havia tido uma refeição descente apenas quatro ou cinco vezes. Estava irritado e queria um alívio para a mente e para o corpo. O bar oferecia de cortesia uma única dose do famoso rum, era um modo singelo de se retribuir a ajuda.
Então ele se sentou na cadeira mais afastada do recinto e pediu para que o garçom o servisse. O homem sorriu admirado com ninja de elite e rapidamente o entregou o copo com o líquido amarelado.
Sasuke encarava o ambiente semi iluminado com tédio. Estava levemente irritado com a situação, no mínimo queria ter a oportunidade de volta a vila dentro dos próximos dias, mesmo sabendo que isso seria praticamente impossível.
Estava tão distraído com os seus pensamentos e com o copo que se sobressaltou ao ver a ruiva a sua frente.
Mei era uma das poucas mulheres a comandar uma nação além de ser claramente uma das mais assustadoras entre os seis países.
- Sasuke Uchiha... - Você é um renegado, o que faz em uma operação importante como essa? -
- Pergunte ao meu Hokage. Eu não sei o que faço aqui, sou suporte físico no caso de embate.
- Estratégia interessante, você realmente está mais forte. - Murmurou de forma maliciosa ao passar as unhas pelos braços definidos que ficavam marcados contra o tecido.
- O que quer? - Rebateu de forma certeira levando a mais velha subir as sobrancelhas incerta da postura masculina.
- Uma conversa amigável se tiver algo em mente também podemos fazer..—
Sasuke virou o copo nos lábios e se levantou. Se havia uma coisa que odiava era mulher atirada. Deus, como aquilo o irritava, ainda mais quando as indiretas eram jogadas sem qualquer respeito.
- Boa noite. - Apesar da cordialidade havia também uma pontada de desprezo em sua voz, antes mesmo que ela pudesse dizer algo ele saiu do recinto.
Já fora do estabelecimento Sasuke acendeu um cigarro enquanto o descansava sobre os lábios entreabertos. Encarava de forma tediosa as montanhas que os cercavam. Bem não eram montanhas, visto que grande parte eram pequenos vulcões desativados, mas de certa forma o lembrava de casa.
Lembrava os grandes montes de árvore e vegetação que escondiam os eu distrito e o de Ino. Sua casa que um dia havia sido motivo de dor e angústia aos poucos se tornava um verdadeiro Lar.
Inconscientemente ele sorriu. Um sorriso fino, capaz de mostrar aquela linha pequena entre os lábios e os dentes branquinhos. Ino havia feito com que ele chama-se Konoha de casa.
- Parece um tonto rindo assim, sozinho. - Discretamente ele subiu uma das sobrancelhas ao amigo que estava ao seu lado. Naruto pegou um cigarro qualquer e colocou entre a boca repetindo o ato do moreno. - Devia pedir ela em casamento. - Sugeriu.
Sasuke apertou os próprios dedos da mão os fazendo ficarem pálidos.
- Você é amigo dela. Sabe muito bem o quão difícil ela pode ser. Ela não me quer. - A última frase foi dolorida até mesmo de ser proferida ao amigo.
- Bah, deixe disso Sasuke. Vocês dois estão afim um do outro, peça ela em namoro. Vocês já devem ter dado uns beijinhos, não? -
O Uchiha virou o rosto evitando encarar o rapaz de olhos azuis. Se havia uma.coisa que ele mantinha era descrição. Relacionamentos eram algo a dois e não algo a ser compartilhado a terceiros. Além de que ele acreditava que era uma questão de respeito preservar a imagem da mulher com quem saia.
- Oê já entendi Dobe, eu sei, eu sei. Não vou te encher por isso tá? Mas pensa no assunto, as vezes tudo que ela quer e que tenha um caminho. Namoro, casamento, filhos. Não tente pular etapas. - Ao escutar a última frase o peito de Sasuke acelerou de forma abrupta.
A tempos que o seu objetivo com Ino havia deixado de ser filhos, mas agora em meio ao envolvimento aquilo podia ser uma realidade, se ela quisesse e claro.
Apesar do rostinho angelical Ino era a pessoa mais dedicada que já havia conhecido. Ela fora a primeira médica de Konoha a fazer o anticoncepcional natural. Sasuke só sabia disso porque ela havia ganhado honrarias no gabinete de Naruto por prestar um serviço de saúde essencial as mulheres e ao grupo de planejamento familiar.
E tomando como base aquele fato ele só podia concluir de que ela utilizava de sua própria invenção.
- Quer tanto assim voltar para Konoha? - A pergunta de Naruto o deixou confuso. Ele não havia dito nada para tomar a resposta sem pé nem cabeça.
- Porque diz isso? -
Naruto fungou um risinho enquanto jogava ambas as mãos atrás da cabeça.
- Você sempre olha para o portão. Eu sei que é uma merda estar aqui, mas logo logo iremos embora.- O sorriso do Uzumaki o fez manear a cabeça em concordância.
- Ou você faz isso ou eu vou embora por conta própria. - Zombou.
Naruto deu de ombros enquanto analisava os moradores que os encaravam de forma curiosa.
- Não iria adiantar. Ino continua em Suna. Deve sair de lá entre hoje e amanhã, ou seja você teria de esperar por ela de qualquer forma. -
A informação fez com que o moreno analisasse a situação de forma mais curiosa.
- Você deixaria eu sair da missão? - O tom rouco fez Naruto o encarar de forma pensativa. Tinha de ser imparcial naquela decisão.
- Depende. Para que eu te liberaria? Se for por um motivo banal seria ridículo de minha parte. -
- Eu preciso ver ela. Eu preciso resolver isso de uma vez por todas Naruto. -
O loiro riu com gosto ao ouvir a frase ser proferida em voz alta. Ele já iria mandar o Uchiha para casa de qualquer jeito, o amigo era ótimo em embates mas o problema da vila se resumia à politicagem é lobby é isso Naruto conseguia fazer sozinho, mas ouvir o desespero do moreno era algo reconfortante.
Saber que Sasuke era um homem comum l deixava feliz, aliviado.
- Amanhã pela manhã. Hoje você faz a escolta comigo até a região mais afastada ao sul. - Com um soco leve no braço do amigo, Naruto continuou o caminho para o norte da pacata vila.
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Os cinco grandes pilares de Suna se mantinham alinhados frente a dupla de Kunoiches.
Kankuro, Gaara, Baki, Ibi e Okayu encaravam com sorrisos singelos as duas jovens mulheres.
Não era novidade para nenhum dos presentes que as duas eram extremamente habilidosas, tanto que a permanência foi praticamente utilizada para o cuidado dos dois irmãos e para aprimorar remédios para a vila.
- Nós agradecemos em nome do povo de Suna. O que vocês fizeram foi incrível. Obrigado por salvar a vida de nosso líder e de seu irmão. - Os fios brancos de Ibi desciam contra sua testa ao fazer a breve reverência.
- Não por isso. Suna e como uma segunda casa para nós, sabemos que podemos contar com vocês. - Sakura deu um aperto de mão cuidadoso no mais velho que já tinha os olhos manejados.
- Bem, nós vamos indo. Mas se precisarem de qualquer coisa, por favor, avisem. Assim podemos recorrer a um time com a locomoção mais rápida ou até mesmo orientar a equipe de vocês.
A reverência de Ino fez com que os presentes sorrirem. O clima de cordialidade entre os ali instaurados foi motivo de um riso baixo dos presentes, discretamente Gaara foi o primeiro a dar um passo à frente. Abraçou a loira com um carinho e admiração palpáveis.
Ino não seria mais sua, mas isso não o impedia de continuar desejando a ela uma vida feliz, um relacionamento feliz e por fim que ela encontrasse algo que a fizesse sentir viva, e se isso fosse nos braços do Uchiha, bem, que ele pudesse melhorar para acatar toda a responsabilidade.
- Obrigado por vir até aqui, desejo que consiga ter um bom relacionamento com o Uchiha. - O sussurro rouco do Kazegake a fez marejar os olhos. Fungou o choro entalado na garganta e sorriu.
- Eu que agradeço pelos conselhos e conversas, você sempre será um amigo muito amado. -
O ruivo riu enquanto passava uma das mãos pelos fios soltos da loira, permitiu puxar suavemente sua cabeça em direção a si mesmo.
- Um último conselho? Não fuja dele da próxima vez. Sasuke provavelmente te ama a muito tempo Ino, com certeza a história de clãs e somente para não mostrar a parte mais sensível de si. -
- Acha mesmo? -
Gaara apenas sorriu se afastando.
- Eu sei, eu tenho experiência no assunto. Agora vai, Konoha te reserva um grande amor. - Com o sorriso sempre tão misterioso ele se afastou de Ino. A Yamanaka sorriu antes de seguir Sakura em direção a saída do prédio.
Dentro do peito de Ino havia uma ansiedade difícil de ser controlada. Voltar para Konoha significava voltar para Sasuke, e voltar para Sasuke significaria o quê em sua vida?
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