Engolindo a seco Ino tinha a impressão de seu peito se tornar pequeno demais para as batidas descompassadas de seu coração.
Shikamaru ainda a encarava. O misto de ansiedade e dó estampavam seus olhos castanhos de modo que estes brilhavam em espectativa de sua reação.
- Eu perdi um filho... - Balbuciou como quem tenta convencer a si mesma de uma grande bobagem.
- É. Mas tudo ficará bem Ino. Confie em mim, você e Sasuke logo mais podem tentar outro. -
A loira riu sem humor enquanto as lágrimas escorriam pelo rosto pálido. Andou de um lado ao outro da cozinha sendo seguida pelos olhos do estrategista.
Tudo fazia sentido.
Completamente tudo.
O sequestro, o local em que havia sido apunhalada, as conversas enigmáticas de Konan, a alta demanda de médicos em cima de si.
Deus.
Havia algo que a atraía para problemas? Ou ela mesma o era?
- Filhos não são substituíveis. - O tom rouco, sombrio e distante fez com que Ino o encarasse. Sasuke estava no batente da porta, a veste ainda respingada de sangue, o cheiro forte de ferro sendo emanado por suas mãos que ante eram tão pálidas e agora ficavam carmins.
Shikamaru abriu a boca disposto a dizer algo, mas se calou ao notar que era uma verdade.
- Eu quero mover um processo contra a cúpula de Konoha. O que fizeram fere o direito de Ino, não só como uma ninja de elite, mas como mulher. Ninguém poderia intervir na vivência do luto. - O tom de Sasuke passou a Shikamaru uma responsabilidade. Não só quanto a conselheiro que acatava a uma ordem, mas também como um amigo em busca da justiça.
- Farei isso. - Garantiu Nara enquanto se virava até a porta. Estava disposto a ajudar Ino.
Sem trocarem uma palavra sequer se afastaram. Shikamaru sumiu por entre o jardim dos fundos da casa, com certeza passaria pelo portão dos fundos e iria até sua própria casa.
Sasuke permaneceu com o olhar travado em Ino. A passos curtos se aproximou dando um abraço apertado na figura feminina. O cheiro de ferro se embrenhado por entre o vento que passava nas frestas da janela entreaberta e na porta que vez ou outra batia pela brisa externa.
- Eu não sabia de nada disso. - Garantiu antes de Ino perguntar. Os olhos azuis estavam vermelhos pelo choro anteriormente solto entre soluços.
- Porque tudo tem de ser tão complicado? - Questionou com a voz vacilante.
Sasuke suspirou enquanto se afastava levemente, apenas o suficiente para baixar o rosto e dar um beijo calmo nos lábios da Yamanaka.
- A vida de um adulto já é complicada. Mas de um Ninja adulto e ainda pior. Me perdoe por te enfiar em tudo isso. Eu vou consertar as coisas. -
- Já foi Sasuke. Não há volta. Eu perdi seu primogênito. - O nó na garganta a impediu de continuar a frase.
- Haverá outros. Minha família com você será tão numerosa quanto as estrelas no céu. Eu só preciso de um tempo, quero garantir que cada membro da Akatsuki estará morto. Eu não encontrei Konan. -
Ao ouvir o nome da azulada Ino se arrepiou.
- Não faça nada a ela. Konan não é de todo mal Sasuke. Ela esteve aqui hoje. -
O moreno se afastou levemente, surpreso com o fato descrito pela companheira.
- O que ela queria? - O tom sério foi proferido entre uma lufada de ar.
- Esclarecer as coisas. Como eu disse, ela não queria nada daquilo. -
Sasuke se manteve em silêncio, incapaz de continuar a conversa de modo sóbrio. Com isso pensou na única coisa que poderia amenizar a dor e revolta que sentia, passar um tempo com Ino.
- Vou entrar no banho, você vem? - A pergunta não saiu de forma maliciosa, ele realmente parecia apenas querer um tempo a sós com Ino.
A loira então entrelaçou seus dedos sobre a mão do moreno, passando uma das mãos suavemente sobre o rosto respingado de sangue, contornando cada desenho expressivo de seu maxilar.
Sem responder nada ela o seguiu.
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Após o banho, que foi algo muito mais emocional do que sexual, Ino se voltou ao Uchiha o vendo se enfiar embaixo das cobertas e deixando um espaço estratégico a ela.
Não passava das seis da tarde e por entre a janela, que se encontrava apenas com o vidro fechado, podia de ver o fim do por do sol. A mistura de cores alaranjadas e magenta eram exibidas através da fina cortina branca.
A Yamanaka se deitou ao lado de Sasuke que a essa altura a agarrava pela cintura como uma última tábua de salvação. Os dedos marcando suavemente a cintura descoberta pela blusa que havia subido poucos centímetros ao se deitar.
Os dedos pálidos passearam pela curvatura de seu corpo e um carinho compreensível de quem entendia a dor estampada nos olhos azuis.
- Quero me casar com você o quanto antes. - A frase solta no ar apenas a fez virar o olhar para trás de si, onde o moreno a abraçava passando suavemente sua barba rala em seu pescoço, uma carícia suave que a fazia se arrepiar. - Não tenho mais tempo para te ter longe da minha vida. Você é a mãe de meus filhos Ino. Sei que tivemos uma perda, que em parte é culpa minha, mas você já é uma Uchiha.
Aquilo a fez ficar petrificada.
Ela já era uma Uchiha.
Não tinha se tocado disso. Não até ouvir em voz alta. Independente de casamento, noivado, e aprovações de clãs, uma vez que se carregasse no ventre o rebento de seu esposo, você já se tornava da família e era isso o que Ino era.
Uma Yamanaka Uchiha.
Sem perder tempo, o Uchiha a puxou ainda mais de encontro a seu corpo, um beijo demorado foi depositado em seu pescoço antes de esfregar suavemente seu nariz contra o local, inalando o seu cheiro preferido de lavandas.
- Eu te amo tanto Yamanaka. - Aquele tom rouco e despreocupado fez Ino sorrir involuntariamente. Se aquele Uchiha tivesse a menor noção de quanto ela o amava, ele estaria saltitante, por mais que não combinasse com sua personalidade dura e pouco reflexiva.
- Eu te amo bem mais Sasuke. - Por ora, deixaram a discussão de quem amava mais de lado, e simplesmente se ateram ao fato de
que dormir de conchinha depois de um dia daqueles era a melhor coisa a se fazer.
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