Uma multidão estava reunida no pátio da escola, pessoas gritando com desespero, outras batendo palmas e rindo pelo "festival" que estava acontecendo, dois meninos sem motivo algum estavam trocando tapas e chutes cada vez piores, para a diversão do público, um deles era o que vivia arrumando confusão com todos do colégio, e seu nome? Chris Evans, ou melhor dizendo, o famoso valentão da escola, um tanto clichê já que não é nada de outro mundo ter alguém assim entre os jovens. Mas o que será que tornava ele tão diferente dos outros? Talvez seus "motivos" para as confusões, ele não tinha problema com os envolvidos, a confusão era na hora, sem motivo algum as brigas começavam, talvez uma forma de liberar sua frustração, desconhecida por todos, aliás ninguém sabia ao certo o que era o Chris, só sabiam que ele não poderia ser expulso do colégio, já que o diretor era seu tio.
- Saiam da frente crianças, o que está acontecendo? - Allan, o diretor e tio do Chris, chegou empurrando todos que via pela frente, ele já estava acostumado com brigas naquele colégio, principalmente quando se tratava do seu sobrinho, mas era sempre decepcionante pra ele ver esse tipo de coisa.
- Chris, Chris, Chris, Chris! - As pessoas continuavam gritando o nome dele sem parar, até que o mesmo percebeu a presença do tio no local e se afastou o máximo que pode do rapaz.
- Quando é que você vai crescer? Você não se cansa de ser assim? - Allan.
- Eu já cresci. E você, quando vai parar de se meter na minha vida? - Chris.
Allan puxou o sobrinho pelo braço até a diretoria, pedindo que a multidão fosse embora, logo após de ajudar o outro rapaz se levantar do chão e o mesmo foi em direção a enfermaria, já que tinha alguns ferimentos por todo o rosto. Chris pareceu não se importar com a situação do rapaz, nunca se preocupava com nada.
Chegando na sala do diretor, Chris insistiu em ficar de pé o tempo todo, mas depois de muito reclamar, ele finalmente se sentou na cadeira de frente para a mesa. Allan não conseguia disfarçar sua cara de insatisfação pelos atos do sobrinho, era evidente que ele estava cansado, mas ele não podia largar o rapaz, sabia que seria pior deixá-lo sozinho e ver ele se afundando cada vez mais na vida. Como tio, era seu dever protegê-lo, mesmo que fosse rejeitado na maioria das vezes.
- Chris. Eu não preciso dizer o quanto estou decpecionado com você. As aulas começaram a 1 semana, e você já arrumou confusão. Os pais dos alunos me perguntam o porque de você ainda estar nesse colégio, alguns dizem que eu te dou privilégios, o que não deixa de ser verdade já que eu ainda mantenho você estudando aqui, mas você é meu sobrinho, eu não posso deixá-lo em qualquer lugar. Pelo menos aqui posso ficar com os olhos em você, mesmo sabendo que isso não serve pra muita coisa.
- Você é um pé no saco, ou até pior. Já disse que quando quiser me deixar, apenas deixe. Eu não ligo, nunca liguei.
- Pode falar que não liga, mas eu sei que no fundo você liga. Será que um milagre pode acontecer pra você ficar bem logo? E você sabe que não pode mais ser assim, ainda mais com suas condições atuais..
- Chega. Se vai entrar nesse assunto, pode me deixar em paz. Eu sei muito bem que meu estado não é dos melhores. Mas pode deixar que com isso, eu me preocupo.
- Para de ser tão ignorante dessa vez, e me escuta. Você sabe que os tratamentos estão cada vez mais difíceis, você não está reagindo tão bem a eles. Você está pior, tem ideia disso? Não estamos falando de coisas bobas, ou de brigas. Estamos falando da sua vida. Pode se mostrar um pouco mais interessado com isso?
- Já posso ir? Estou cansado, quero ir pra casa. - Antes mesmo que tivesse aprovação, Chris saiu rapidamente da sala, ele tinha que descontar sua raiva em algo, então acabou fechando a porta com tanta força, que por pouco não quebrou. Enquanto andava pelo corredor, aqueles olhares acompanhavam cada passo seu, e isso não incomodava mais ele, já era sua rotina matinal, e como sempre sem educação, acabou esbarrando em algum aluno, e ele nem se quer pediu desculpas, simplesmente voltou a andar e foi sumindo entre a multidão no corredor.
- Eu sabia que era invisível, mas não tanto. Educação mandou lembranças para esse ser humano. Você sabe quem era? - Disse o jovem, cujo nome era Sebastian Stan, enquanto voltava a caminhar, dando algumas olhadas pra trás afim de achar quem havia esbarrado contra ele.
- Você não sabe? Você é cego, ou algo do tipo? Ele é da nossa turma, é o Chris. Ele não para nunca! Se bem que, reparou que parece aquelas cenas clichês dos filmes? Em que o casal se esbarra, mas nesse caso, não foi nada romântico já que ele nem parou para pegar seus livros, talvez ele não seja o tipo de cara dos filmes. - Disse Joana rindo ao ver o amigo resmungar enquanto se levantava do chão.
- Olha Joana, você realmente precisa parar de assistir romances. Você já está em um nível de ilusão com romances que eu nem sei como te ajudar mais! E bom, eu não reparei quem era, não deu pra ver o rosto, mas já posso dizer que a parte de trás está de nota 10.
- Bash não liga pra romances, mas fica de olho na parte de trás do rapazes? Meu deus, meu melhor amigo é um tarado por bundas. Depois dessa vou até ir embora!
- Já disse que você é uma idiota, não é? Até amanhã!
- Sim, mas eu sou uma idiota melhor amiga de um idiota também, sabe! Até!
Sebastian saiu do colégio de carona com o pai, o pai de Sebastian, Charlie, era médico em um hospital muito famoso na cidade, ele já tinha ganhado prêmios e promoções por ser um dos funcionários mais excelentes do local, já tinha sido casado com Anna, mãe de Sebastian, que infelizmente morreu quando ele tinha apenas 10 anos em um trágico acidente de avião. Mas atualmente, Charlie mantém um relacionamento com John, outro médico do mesmo local em que ele trabalha, no começo foi bastante chocante a ideia de ter se apaixonado por um homem, nem ele mesmo tinha entendido o que era isso, mas Sebastian sempre deu apoio pro pai, e adorou a ideia de ter dois pais em casa, ele nunca teve problemas com essas coisas, isso fazia Charlie se orgulhar cada vez mais de ter um filho tão compreensivo como ele.
- Como foi o colégio hoje? Tudo certo, Sebastian?
- Sim, foi tudo ótimo! Tirando a parte que teve uma briga feia no colégio, o mesmo de sempre pai, você sabe como é aquilo. Mas eu não sou a causa de nada, e nem briguei, então isso não é problema meu, pode ficar sossegado!
- Sei que sempre posso confiar em você filho. Mas me diga, foi aquele mesmo menino? O tal de Chris? Ele é sempre mal falado nas reuniões. Não consigo entender o que há com esse menino, deve ser daqueles que não tem jeito.
- Esse mesmo! Não entendemos também. Alias, ele esbarrou em mim hoje. Mas calma, eu nem sabia que era ele, até ele sumir. Mas, tudo certo. Vou me manter longe de confusão como sempre faço. De confusão, já basta provas e provas, não preciso de mais!
Depois de meia hora eles finalmente chegaram em casa, mas apenas Sebastian ficou, Charlie saiu de carro imediatamente para o hospital, já que tinham uma emergência lá, mas prometeu que voltaria pro jantar. Sebastian sabia que era meio impossível, mas sempre esperava o pai. O dia seguiu normal, Sebastian apenas ficou em casa a tarde, e a noite seguiu para a casa da melhor amiga Joana, onde resolveu dormir e ir de lá mesmo pro colégio.
Enquanto isso, na casa do famoso Chris, as coisas eram bem diferente do que as pessoas pensavam. O que geralmente falavam sobre ele, era que o quarto dele era totalmente um lixo e desorganizado, mas era o contrário, Chris era totalmente perfeccionista com as suas coisas e tudo sempre estava totalmente organizado, outra coisa que diziam é que ele nunca fazia os deveres de casa, mas o que poucos sabiam, era que a primeira coisa que Chris fazia ao chegar em casa, eram seus deveres, e se ocupava com os livros o dia inteiro, seus livros preferidos eram os de matemática, e suas notas eram uma das melhores, só que com tantos comentários ruins sobre eles, as pessoas nunca olhavam as pequenas coisas boas que ele tinha pra oferecer, mas também, ele não queria mostrar essas coisas, como alguém poderia descobrir sozinho? Mas é como dizem, para apontar seus erros sempre vai ter alguém, mas raramente vai ter alguém pra te parabenizar quando você acertar.
Chris estava pensativo e estudando como sempre, quando ouviu alguém bater na porta, era provável e certeza que era o seu tio, então ele jogou os livros pro outro lado, colocou um fone e ligou a música ao som máximo, fingindo que estava apenas passando o tempo ali.
- Chris? Christopher Robert Evans, desliga essa música agora. - Allan gritou tão alto, que com certeza os vizinhos, já acostumados, tinham escutado suas palavras.
- O que foi? Não posso nem passar um tempo em paz?
- Obrigado pela atenção! Só queria saber se vai precisar de alguma coisa da rua, vou sair com a Amanda e vou passar pelo shopping, então se quiser algo, é só pedir.
Chris se levantou sem dizer uma palavra, e retirou do bolso um pequeno papel com algumas coisas anotadas, parecia uma lista, e era até enorme, o que fez Allan se assustar, não pela quantidade de itens, e sim pelo que ele havia pedido.
- Uma lista com 10 livros pra estudar? E eles nem são matérias do colégio. Não me diga que você finalmente está pensando em fazer algo depois que terminar os estudos? Olha, nem diga nada então! Vou correndo lá comprar, milagres assim não acontecem todos os dias.
- HAHA! Ótima piada tio. Vai poder comprar ou não?
- Você é um pouco bipolar, não acha? Mas, posso comprar sim! Só me prometa que por favor, amanhã eu vou ter um dia de paz naquele colégio. Podemos negociar? Eu compro livros e você se comporta. Fechado?
- Está querendo comprar seu sobrinho com livros? Essa é a melhor coisa que eu já ouvi de você. Pode ir lá. Se ninguém me irritar amanhã, quem sabe.
- Posso te perguntar mais uma coisa?
- Já está perguntando, não é mesmo? Vai, diga.
- Na escola, você é aquele que briga, que xinga, que trata todos da pior forma, até eu. E olha você aqui agora, está falando com educação, está estudando, você não parece o garoto que está indo pro colégio. Qual é o problema? É aquele colégio? Você quer ser mudar? É isso?
- Você sabe qual é o problema. Você sabe bem disso. Quer que eu desenhe?
- Chris, você não pode descontar naquelas pessoas, elas não fizeram nada pra você. Nada. Não é só porque aquilo aconteceu com você, aquelas coisas, que o mundo todo é culpado, você sabe disso.
- É fácil falar quando não aconteceu com você. No colégio, eu vejo aquelas pessoas que me atacaram, aquelas pessoas, é como se elas fossem pra todo lugar que eu estou. Eu desconto em todo mundo. Eu já tentei mudar, você sabe disso, eu sou um babaca, um ignorante lá, essa é a minha forma de me proteger. Era assim que eu deveria ter sido, eu teria evitado muita coisa. Já estamos tendo essa conversa tantas vezes, você pode por favor me deixar em paz dessa vez? Eu não quero ser grosso de novo, mas eu sou. Eu só quero ficar em paz, é só isso.
- Tudo bem, Chris. Eu vou, compro suas coisas, e esqueça essa conversa que tivemos. Se for pra ter paz nessa casa, ou até mesmo no colégio, vou encerrar minhas perguntas. Mas pense que por favor, eu preciso ver esse seu esforço no colégio. Entenda como é ruim ter que ouvir todos os dias os piores comentários das pessoas sobre o meu sobrinho, e pior, é saber que podem me tirar daquele trabalho. Só por favor, pare um pouco. Eu quero ver esse Chris de casa, no colégio também. Só isso que eu peço, mais uma vez.
- Tudo bem. Paz, e blá blá blá blá e blá blá blá. Amanhã vou ser tão invísivel no colégio que você vai até achar estranho. Ok? Agora me deixe no meu quarto em paz, preciso voltar pra minha zona de conforto.
E era sempre assim, todos os dias, Allan e Chris tinham uma conversa com um final de esperança, mas no dia seguinte, era mais confusão, mais brigas, era um ciclo interminável, parecia que Allan vivia o mesmo dia, todos os dia da semana. Mas ele nunca desistia de falar as mesmas coisas pro sobrinho, ele sabia que uma hora isso teria algum resultado.
No dia seguinte, estava tudo calmo, calmo até demais no colégio, Chris havia chegado e aqueles olhares de todo mundo acompanhavam cada uma de seus passos pelo corredor, não era algo que incomodava ele, era algo comum que fazia parte da sua rotina matinal. A primeira aula do dia era de matemática, Chris entrou na sala um tanto cabisbaixo e se sentou na última carteira do canto, ninguém sentava do lado dele, apenas se realmente não tivesse mais lugares ali, se ele estivesse sozinho ou com alguém, não tinha importância, já que pra ele, nenhum daqueles alunos eram seus amigos.
- Hoje a aula será dedica apenas para os deveres do livro. Ou seja, vocês infelizmente não vão aturar um professor tão maravilhoso como eu falando! Ok, eu sei que vocês estão realmente tristes com isso. - Robert era o professor mais irônico do colégio, e também o mais adorado, porém a sua matéria não era a preferida entre os alunos, mas seu carisma e dedicação ao trabalho fazia os alunos pelo menos tentarem algo.
- Quero que vocês façam os exercícios das páginas 26 até a 30. Vão ter bastante tempo pra isso. E mais uma coisa, se preferirem, façam em duplas.
Os alunos começaram a formar algumas duplas, claro que amigos mais próximos já formavam suas duplas primeiros, alguns alunos não faziam tanta questão disso, alguns perdidos sem saber o que fazer, mas no final, a sala estava dividida. Quase meia hora depois Sebastian chega totalmente atrasado na sala, sentindo aquele constrangimento quando se chega depois de todo mundo, tentando escapar dos olhares dos alunos e até de algumas risadas, ele se sentou na última carteira e sem prestar atenção, ao lado do Chris, nessa hora ninguém parou de olhar pra eles, como se fosse a coisa mais estranha do mundo alguém querer se sentar perto do Evans.
- Tá pegando é? - Sebastian pode ouvir um grito um tanto alto vindo de algum aluno, muito sem graça por sinal, isso fez ele questionar se era pior levantar e ter que enfrentar essa zoação sem sentido, ou simplesmente continuar ali, claro que ele optou pela segunda opção.
- Era só o que me faltava, tem como o dia ficar pior? Disse ele resmungando, achando que ninguém poderia ouvir.
- Se você quiser eu me retiro do lugar. - Chris disse com um tom de voz baixo, mas o suficiente para que ele pudesse ouvir, Sebastian congelou naquele momento, ele não sabia aonde enfiar a cara, e realmente não poderia se esconder de nenhuma forma.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.