POV FLORENCE
Estou tão cansada de ficar nessa casa! Por Deus, já me sinto como um móvel, uma decoração! Meu período de aulas de autodefesa acabou mais ou menos na época do julgamento, ou seja, há um mês, e eu só tenho saído para ir à psicóloga. Estamos no meio de junho e nesse tempo meus amigos só vieram me ver duas vezes por estarem lotados de provas e trabalhos, como eu deveria estar se nada daquilo tivesse acontecido. Sinto um aperto no meu coração e uma lágrima escorre pelo meu rosto, então a esfrego com raiva.
Nesse mês eu também pensei um pouco no senhor Cavill. Não éramos íntimos, mas eu achei que significasse pelo menos alguma coisinha para ele. Como sou burra! Às vezes brigava com o senhor Cavill, mas a verdade é que acabei me apegando a ele. Sou “fácil” demais, um dia desses eu estava odiando homens, e olha só, agora estou com saudades de um que nem dá a mínima pra minha existência! Ele não me ligou, não me visitou, não fez nada! Bom... Ele era só meu advogado, o que eu esperava? Eu acabei vendo-o como um amigo quando ele só me via como uma cliente, uma moleca chorona, aposto.
Ouço a porta sendo aberta e minha mãe entra com algumas compras enquanto tento disfarçar minhas lágrimas e finjo prestar atenção em Miraculous. Ela deixa as coisas na cozinha e senta no sofá comigo.
– Oi filha, como você tá?
Eu olho para ela e baixo o olhar, triste. Eu não sei mentir.
– Vai soar estranho se eu disser que to com saudade do senhor Cavill? – pergunto inocentemente.
Ela deu um meio sorriso e suspirou.
– Talvez não, meu amor. Ele era legal com você, é normal sentir falta das pessoas quando você fica em casa sozinha.
– Pois é, mãe... Acha que ele gostava de mim mesmo? – minha insegurança era evidente na pergunta. – Ele não deu nem sinal depois do julgamento...
– Filha, ele é um homem muito ocupado, sabe disso. – assenti triste. – Mas se você quer tanto falar com ele, por que não liga para o escritório? – ela ergueu o celular para mim.
Encarei o objeto e peguei-o com cautela, não sabendo exatamente se aquilo era o certo a se fazer. E se ele realmente me achasse uma chata?
Abro a lista de contatos e aperto no número do Cavill & Hammer Law Firm. As borboletas começam a dançar no meu estômago e sinto minhas bochechas corarem, por que pareço tão nervosa?
Após alguns bipes, uma mulher educada atende o telefone.
– Cavill & Hammer Law Firm, boa tarde, em que posso ajudar?
Engoli seco e fiquei em silêncio.
– Cavill & Hammer Law Firm, boa tarde, em que posso ajudar? – ela repete me tirando do transe.
– Oi! Boa tarde, eu... Gostaria de falar com o senhor Cavill...?
– Da parte de quem, por gentileza?
– Diz pra ele que é a Florence Hill.
– Tudo bem, só um minuto.
POV HENRY
Logo após o julgamento, Cindy tirou uma folga de duas semanas e fomos para a Grécia. Foi uma viagem maravilhosa, ela adorou o país e pudemos tirar um tempo só nosso, já que a rotina raramente permitia. Na volta, ela teve de viajar para outro canto para fazer filmagens da série e eu voltei para a vida corrida de L.A. O estranho sobre isso é que sempre que nos distanciamos tudo fica muito diferente, como se aquele fosse só um momento bom em meio a vários momentos monótonos...
Nessas outras duas semanas com trabalho, trabalho, e mais trabalho, peguei outro caso de estupro e lembrei da Florence. Sinto falta de ver seu rosto angelical e do modo por vezes gentil, por vezes irritadiço, como me tratava. Queria saber como ela está. Se ainda tem pensamentos suicidas, se tem se divertido com os amigos, se está comendo melhor... Mas penso que seria extremamente esquisito visitá-la ou perguntar para a mãe dela como ela está. O que eu tenho a ver com a vida dela? Nada. Não sei se a mãe de Florence veria isso com bons olhos.
Sinto uma bolhinha de papel acertar meu peito e olho para Armie, que está espreguiçado numa cadeira que não é dele. O estagiário não veio hoje e Armie decidiu vir para a minha sala me perturbar, já que tinha acabado seus afazeres.
– No que está pensando? – ele indagou de forma despretensiosa.
Suspirei e continuei a encarar a parede.
– Florence.
Sabia que ele tava me olhando com os olhos semicerrados e o encarei sério.
– Henry, Henry – balançou a cabeça negativamente. – Isso é quase pedofilia.
Fiz uma careta e ri pelo nariz, jogando a bolhinha de papel de volta nele.
– Você é nojento, Armie, eu só queria saber como ela está, só isso.
Estava sendo sincero. Era impensável ver Florence de outra maneira se não como minha irmã ou algo assim.
– Se você realmente quer saber como ela está, por que não liga?
– Não... – balancei minha cabeça negativamente. – É melhor não. Ela tá indo à psicóloga, deve estar bem. Se algo ruim acontecer, a mãe dela me liga.
De repente, o telefone em cima da mesa começou a tocar e eu apertei o botão.
– Diga, Paola.
– Senhor Cavill, tem uma menina na linha querendo falar com o senhor, o nome dela é Florence Hill.
Franzi o cenho e encarei Armie. Enquanto eu não sabia se ficava preocupado ou surpreso, meu amigo tinha uma cara de sacana erguendo as sobrancelhas. Tento ignorar o fato de que ele leva tudo na brincadeira e suspiro, travando o maxilar antes de responder minha assistente.
– Pode passar para mim, por favor.
Em instantes, uma voz insegura e doce soa através do autofalante do telefone.
– Hm... Senhor Cavill?
Não sabia que precisava ouvir a voz dela até aquele timbre entrar pelos meus ouvidos.
– Pois não?
Armie fez uma careta como se tivesse acabado de comer algo azedo e gesticulou com as mãos, demonstrando o quão ridículo ele achava que eu tinha sido.
– What the hell? – ele falou sem emitir nenhum som e eu retruquei arqueando as sobrancelhas e gesticulando, não sabendo o que ele queria que eu fizesse. Ele é dos que acha que sou muito formal.
Armie revirou os olhos e cruzou os braços, prestando atenção no que viria a seguir na conversa.
Ouvimos o suspiro de Florence pela linha, numa luta interna entre dizer algo ou permanecer calada.
– Sinto sua falta.
Involuntariamente dei um sorriso contido e desviei o olhar do telefone para Armie, que desenhou um coraçãozinho no ar enquanto me encarava com a cara sínica que só ele tinha. Ri pelo nariz e mostrei o dedo do meio, voltando a fitar o telefone.
– Sério? – indaguei com um tom de surpresa que acabou soando fingido.
Armie bateu a mão na própria testa, balançou a cabeça negativamente e saiu dali, frustrado com o modo que eu conversava com Florence. Honestamente, fiquei aliviado.
– Sim.
Adoro como Flora sempre vai direto ao ponto. Mesmo envergonhada do outro lado da linha, ela não mentia sobre o que sentia.
– Você está bem? – eu perguntei.
– Essa pergunta pode ter milhares de respostas. – ela disse num tom quase brincalhão e eu sorri.
– Bom... Eu realmente gostaria de saber as respostas para essa pergunta.
– Não acho que queira saber. O senhor esqueceu de mim durante um mês...
O que ela acaba de falar me deixa um tanto apreensivo. Como poderia esquecê-la? Percebo que não ter entrado em contato com ela foi um erro e momentaneamente me martirizo por isso.
– Não é verdade, Florence... – digo quase num sussurro. Após alguns segundos, tento quebrar o gelo. – Ninguém se esquece fácil de uma menina de 18 anos que te soca com a mesma destreza de um lutador de box.
Ouço a gargalhada de Florence e involuntariamente sorrio.
– Foi sem querer, bobo! Não era pra ser forte...
Ficamos alguns segundos em silêncio até que eu me pronuncio.
– Você vai fazer alguma coisa mais tarde?
– Eu queria ter alguma coisa pra fazer mais tarde. – bufou.
– Então vou te visitar. Pode ser?
– Claro! – ela instantaneamente se anima. – Vou te esperar.
– Certo, um abraço.
– Beijo!
Eu desligo a ligação e fito o telefone. Então ela sente minha falta... Um sorriso bobo surgiu no meu rosto e eu balancei a cabeça negativamente, levantando-me para organizar minhas coisas e ir embora.
POV NARRADOR
Após ter passado em sua casa para tomar banho e trocar de roupa, Henry foi até a casa de Florence e estacionou seu carro de luxo ao lado do de dona Suzanne. Caminhou até a porta e tocou a campainha, ouvindo uma garota gritar “já vou”. Em alguns segundos a porta foi aberta, fazendo com que Henry tivesse a visão de uma loira vestida num macacão com uma baby look verde água por baixo. O cabelo ondulado dela caía pelos dois lados do rosto e seu olhar era de felicidade.
– Oi... – ela murmurou tímida e ficou encarando o advogado.
– Não vai me convidar para entrar? – ele brincou.
– Ah, claro! – disse desconsertada e deu passagem para que ele entrasse, fechando a porta logo em seguida. – Sente-se, por favor.
– Sua mãe está?
O moreno andou até o sofá.
– Está organizando um projeto lá no escritório, quer que eu chame ela agora? – fez menção de bater em uma das portas.
– Não, de forma alguma, não quero incomodar. Depois eu falo com ela.
Florence se sentou na poltrona em que Henry costumava sentar quando era seu advogado. O fez para que ambos ficassem frente a frente. Ela tinha um sorriso contido e não parava de encarar o moreno, que estava quase ficando envergonhado.
– O quê?
– O senhor está muito bonito... Com essa barba e essa polo branca. A barba lhe deixa mais maduro, mas a polo contrasta, já que lhe deixa menos formal do que o senhor sempre está.
Henry deu um sorriso contido.
– Obrigado, Florence. Você também está linda.
Ela revirou os olhos.
– Não precisa mentir para parecer gentil, senhor Cavill. Guarde essas coisas para você, por favor. – ela pareceu chateada e fitou as próprias coxas.
Henry abriu a boca na tentativa de falar algo, mas deixou para lá. Sabia que Florence tinha problemas com a autoestima e discutir isso com ela não a faria se sentir bem, além de que o que era pra ser um reencontro se tornaria uma discussão.
– Tudo bem, então. Agora me conte sobre como você está.
Florence suspirou e encarou algum canto da sala.
– Eu tenho estado muito só, senhor Cavill. – o semblante dela passou a ser triste. – Eu e meus demônios. – Flora se silenciou por uns instantes. – Sabe quando você tem algo muito ruim dentro de você, mas com o tempo você acaba se acostumando? E a dor não parece mais ser algo externo a você, mas inerente... Como uma velha amiga.
Henry a observava com atenção.
– Eu tenho chorado com bem menos frequência, mas isso não significa que eu esteja bem. Achei que com a prisão do meu tio eu ficaria melhor, só que sem que eu queira, vários pensamentos ruins invadem minha mente por causa de tudo o que ele disse no tribunal. – ela sentia o peito apertar. – E eu me vejo aqui nessa casa, sem fazer nada de relevante, sem ver meus amigos... Sem ver o senhor. Não tem como não me sentir mal. – ela ficou em silêncio novamente. – Se meu diário fosse uma pessoa, já estaria cansado de mim. – riu sem graça.
Agora era a vez do peito de Henry se apertar. Florence o enxergava como um amigo e ele tinha a deixado sozinha durante um mês, que ele tinha certeza que para ela tinha durado bem mais que isso.
– Me perdoa, Florence. – o arrependimento era evidente na voz dele, chamando a atenção da garota. – Eu quis vir aqui, mas... – pensava numa resposta mais elaborada. – Eu não sabia como você e sua mãe reagiriam. Também estive ocupado durante esse mês, eu viajei por duas semanas depois da audiência, e quando voltei, estava cheio de trabalho.
– Eu entendo, sou egoísta por pensar que senhor poderia ter vindo aqui antes.
– Não, não, Flora, eu sou egoísta! Uma ligação só para perguntar como você estava não teria tomado uma hora do meu dia.
Eles ficaram quietos encarando um ao outro por alguns segundos.
– Você já comeu? – ele perguntou.
– Ainda não, MAS EU IA COMER, eu juro! – Florence retrucou na defensiva.
– Ei, tá tudo bem, não vou brigar com você, é só para te convidar para comer numa hamburgueria. – ele olhou esperançoso para ela. – Você vem?
Ela ficou acanhada.
– O senhor precisa pedir pra minha mãe...
– Sem problemas, eu só gostaria que você a chamasse. Eu particularmente odeio quando to trabalhando e alguém me atrapalha. – Henry disse brincalhão.
Florence bateu na porta do escritório e logo obteve resposta, vendo sua mãe sair dali e sorrir surpresa com a visita de Henry. Após breves cumprimentos, Henry pediu para levar Florence ao Hard Rock Café, e de início dona Suzanne ficou insegura por deixar a garota sair com um homem, mas sabia que Florence estava se sentindo só e permitiu que ela fosse com ele. Henry marcou um horário para deixá-la de volta e Florence foi se arrumar para que, a seu ver, ficasse mais “apresentável”.
Em alguns minutos, a garota saiu do quarto vestida numa calça jeans cintura alta, cujos joelhos eram rasgados, uma t-shirt preta com uma pintura na frente, um coturno preto e uma bolsa da mesma cor. Seus lábios estavam pintados de um vermelho não muito forte e ela também havia passado delineador nos olhos.
– Rock ’n’ roll. – ela fez o sinal com as mãos e viu Henry rir.
– Rock ‘n’ roll. – ele assentiu.
Então eles ouviram um latido meio agudo vindo do quarto de Florence.
– Meu Deus, eu ia me esquecendo de você! – ela abriu a porta e se agachou para pegar a bolinha peluda, carregando-a e levando para perto de Henry. – Olha o seu pai desnaturado, filho! É, ele não veio te visitar!
– Ei, Krypto! – Henry fez um carinho nele e logo Florence o colocou no chão. – Não sabia que era seu pai. Mas se eu sou, a partir de hoje vou ser mais presente, então. – ele e Flora riram.
Os dois se despediram de dona Suzanne e seguiram até o carro de Henry. Dentro do veículo, Florence quase foi intoxicada pelo perfume maravilhoso que o moreno tinha.
– Já lhe disse que adoro seu cheiro, senhor Cavill? – ela se virou para ele e confessou.
Henry sorriu e pensou no que ela disse.
– Henry. – ele falou e encarou os olhos cor de mel dela. – Me chame de Henry. Somos amigos, não somos?
Os lábios de Florence se curvaram levemente e ela assentiu, feliz por ele ter a reconhecido como uma amiga.
Chegando ao estabelecimento, Henry e Florence sentaram-se em uma mesa um pouco mais afastada e que dava visão da cidade movimentada e colorida durante a noite. Por estar meio cedo e ser dia de semana, não tinha tanta gente no local, mas ainda assim uma banda tocava Every Breath You Take do The Police. Apesar de mal gostar e não conhecer quase nada de rock, Flora estava extasiada com o ambiente super aconchegante e com os itens decorativos de ídolos do rock. Ao ver que mesmo sentada não parava de observar o lugar, Henry presumiu que a loira nunca tinha ido lá.
O homem mostrou o cardápio para Florence e em instantes um garçom estava lá para atendê-los. Ao fazerem o pedido, a menina ficou assustada por Henry ter pedido quase o triplo do que ela comeria. Tudo bem, ele era enorme e sempre malhava... Mas ainda assim era esquisito.
Agora a banda tocava Roadhouse Blues do The Doors e Florence parecia gostar do que ouvia, já que balançava a cabeça no ritmo da música.
– Ballerines em blue.
Florence parou de fitar a banda e direcionou o olhar a Henry em sua frente.
– Edgar Degas. – ele continuou.
A loira olhou rapidamente para a própria camisa.
– Ganhei de presente de uma amiga que fez balé comigo quando éramos menores. – seus olhos demonstravam curiosidade. – Não sabia que entendia de arte.
Ele deu de ombros.
– A gente aprende algumas coisas... Por que não faz mais balé?
– Depois que o papai morreu minha mãe não deixou mais eu fazer, dizendo que eu perderia o foco nos estudos. Na verdade, era algo que lembrava muito o meu pai, sabe? Ia toda a família me ver dançar e depois íamos comer pizza. – Flora deu um sorriso triste. – Ele me apoiava bastante e adorava me rodar no ar enquanto eu fazia um grand écart... Você reparou na minha coleção de caixinhas de música nas prateleiras do quarto? – Henry assentiu. – Todo aniversário ele me dava uma caixinha com uma bailarina. Era como uma tradição e eu sempre ficava ansiosa para saber como seria a próxima.
Pena que numa certa idade, parei de me perguntar como seria a próxima. Não teria próxima., ela lamentou mentalmente.
– Gostaria de ter te visto dançar. – mais uma vez, ele chama a atenção da garota. – Talvez eu te pintasse como Degas pintava as bailarinas dele.
Corando, Florence riu e encarou o moreno como se ele estivesse brincando com ela.
– Isso eu queria ver. – ela cruzou os braços. – Acho que já falei demais sobre mim hoje, senhor Cav... – Flora se interrompeu e se corrigiu, contendo um riso. – Henry.
O olhar desafiador da menina pedia para que o homem falasse alguma coisa. Ele gesticulou e pôs as mãos na mesa.
– O que quer que eu fale?
– Não sei, você pode falar sobre ser CEO do Grand Palais ou sobre ser advogado. Sempre quis isso?
Henry balançou a cabeça negativamente.
– Somos cinco filhos, todo homens. Eu sou o segundo mais velho. Meu pai era militar e de início todos íamos seguir carreira, até que num belo dia meu pai resolve que quer ser empresário e ter um hotel de luxo. Já começou pensando lá em cima, né. – Florence riu. – Mas tá no sangue dos Cavill. Quando um Cavill põe alguma coisa na cabeça, não tem quem tire. E o louco do meu pai em três anos conseguiu levantar um hotel de luxo em Londres. Ele foi espalhando mais hotéis pela Inglaterra e decidiu trazer para os Estados Unidos. Um ano depois de instalado o hotel aqui, ele ficou doente e reconheceu que precisava voltar para perto da família, mas antes disso tinha de deixar alguém de confiança para cuidar do Grand Palais aqui nos EUA, e como o Patrick, meu irmão mais velho, já estava “encaminhado” na carreira militar e eu estava no terceiro ano do ensino médio, meu pai me trouxe para os EUA.
– Uau, quanta responsabilidade... – Flora disse meio constrangida.
– Muita! Eu era um moleque e em um ano eu tive que aprender tudo sobre gerenciar um hotel. Mas foi gratificante porque eu tive bastante resultado em pouco tempo, num período de 3 anos, mais ou menos. E foi isso, eu meio que fui forçado a trabalhar desde cedo mas acabei gostando da área.
Então o garçom que pegou os pedidos finalmente trouxe a comida, fazendo com que Henry e Florence o agradecessem.
Enquanto comiam, o casal continuava a conversa, mas ela se tornou mais boba com o tempo e isso foi até melhor para os dois. Henry não queria falar sobre o pai e nem sobre como se tornou advogado, e também sabia que falar da vida de Florence talvez pudesse entristecê-la. Só jogar conversa fora já estava fazendo a garota sorrir.
Ao terminarem de comer, Henry pagou a conta e os dois partiram para a casa de Florence.
– Gostou do Hard Rock? – Henry pergunta sem tirar os olhos do trânsito.
– O ambiente é muito legal, mas não sei se a comida vale o preço que você pagou. É gostoso, só que tem lugares em que a comida é até mais saborosa e mais barata. Qualquer dia desses, te levo pra comer um podrão.
– Comer o quê? – ele parou no sinal e virou-se para ela com uma expressão totalmente confusa, achando um absurdo o fato de alguém comer um podrão, seja lá o que isso significasse.
Florence não aguentou e jogou a cabeça para trás de tanto que riu.
– Céus, Henry, você é muito burguês! – disse num tom brincalhão quase o repreendendo. – Podrão é hambúrguer de rua cuja procedência não é muito confiável.
– Se não é confiável, por que você come?
– Porque é gostoso e barato? – respondeu como se fosse óbvio. – Vem cheio de coisa, mas fica tranquilo que você não vai achar uma perninha de barata frita com a carne... Não sempre.
Os dois riram e em poucos minutos já estavam em frente a casa de Florence. Henry a encarou.
– Me dê o seu celular. – ele estendeu a mão.
Mesmo não entendendo o por quê daquilo, Florence o obedeceu e entregou-lhe o aparelho móvel. Henry se concentrou por um tempo no celular e logo depois devolveu à menina.
– Salvei meu contato no seu iPhone, me mande mensagem quando precisar de alguma coisa ou quiser conversar. Não vou mais sumir.
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