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História Os lobos também amam - Mantra - História escrita por swagalaxy - Spirit Fanfics e Histórias
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História Os lobos também amam - Mantra


Escrita por: swagalaxy

Notas do Autor


TODO MUNDO SE SENTA QUE ESSE CAPÍTULO É SÓ PROS FORTES!!!!!!

Capítulo 30 - Mantra


Ao chegar em casa, Henry cruzou os braços e fitou a grade de cerveja que havia em cima da mesa.

Pensou e repensou se realmente faria aquilo. Estava limpo há tanto tempo...

Não, ele concluiu. Vou socar o saco da minha academia e ir dormir. Vai resolver.

E assim fez, esperando muito que estivesse certo.

Não estava.

Sonhou com Florence e acordou ainda pior do que estava. O despertador tocou às 5:20, mas ele não teve vontade de levantar e fazer sua corrida matinal. Ficou na cama, rolando de um lado para o outro até dar 6:30 e ele se levantar contra a sua vontade. Como um robô, tomou seu café, tomou seu banho, e vestiu-se para mais um dia de trabalho. Tudo tão mecanicamente e com um toque de melancolia que mal percebia a presença de Maria na casa. Sua cabeça parecia estar em outro mundo.

Ao abrir o elevador no andar do escritório, Henry fez de tudo para no mínimo dar um bom dia para algumas pessoas. Mas ele estava um caco, e chamava atenção por onde passava.

Henry se enfornou na própria sala e ficou encarando a tela do computador desligado por cerca de meia hora. Depois um passarinho bateu no vidro e Henry pareceu ter despertado, apertando o botão do aparelho na tentativa de fazer algo de útil naquele dia.

Enrolou, enrolou e enrolou.

Não foi nada produtivo naquela manhã e Armie tinha viajado para resolver algumas questões burocráticas, então nem poderia oferecer seus ouvidos. Na hora do almoço, preferiu almoçar no restaurante ali perto mesmo e depois voltou para sua sala, girando na cadeira e olhando para o nada.

Então alguém bateu na porta e a entreabriu para mostrar o rosto. Henry parou a poltrona e olhou rapidamente quem era, desviando o olhar e encarando a mesa como se isso de alguma forma mascarasse sua vulnerabilidade.

– Oi... – Paola entrou e se sentou na cadeira na frente dele.

Henry não respondeu.

– Você não parece bem, Henry... – ela disse com um olhar terno. – Quer conversar?

Se Henry estivesse mais “vivo”, talvez risse. Era fechado demais para conversar sobre seus sentimentos e seu único confidente era Armie.

Assim, o advogado se limitou a negar com a cabeça.

A secretária se levantou e rodeou a mesa para ir até ele.

– Vai pra casa, vai... – pegou em seu ombro. – Não precisa ficar aqui – ele permaneceu em silêncio. – Descansa, se recupera... E amanhã você volta. Não vai fazer diferença você ficar aqui desse jeito.

Agora ele finalmente ergueu o olhar à mulher que estava em seu lado. Assentiu.

– Obrigado – foi o que conseguiu responder.

De tarde Henry ficou agoniado esperando que Cindy chegasse. Não sabia se realmente viria e também não podia ligar, já que tinha quebrado o próprio aparelho telefônico. Para passar o tempo, ficou na academia malhando enquanto ouvia qualquer música que fosse mais alta que seus próprios pensamentos.

Às 17h Henry já estava deitado no sofá olhando para a porta.

Ela precisa vir.

Mais minutos se passavam e nada de Cindy.

Então o pouco tempo de distração na academia foi por água abaixo quando a imagem de Florence se intensificava em sua mente. Era uma tortura saber que ele era bem mais velho que ela, era uma tortura ainda ser casado, era uma tortura pensar que o pai jamais aceitaria aquilo e era uma tortura saber que ele tava nos braços de outro.

Nunca esperou que fosse se apaixonar por aquela menina tão amedrontada e perturbada pelo fantasma de seu tio. Lembrou-se de quando a viu pela primeira vez: sentada e encolhida no sofá, chorando. De como seu humor oscilava e ela gritava com ele por qualquer coisa que ele falasse ou dissesse. De quando pela primeira vez foi contemplado com seu sorriso ao receber o celular. De quando ela lhe deu um soco no olho e depois se ofereceu para cobrir o tom roxo com maquiagem. De quando ele ainda era o “senhor Cavill” pra ela.

Deu um sorriso triste.

Tinham chegado tão longe... mas não era o suficiente pra ele. E ainda assim, era o máximo que poderiam chegar.

Não aguentou mais esperar e foi para a geladeira. Pegou a grade de cerveja e subiu, deixando-a no frigobar. Pegou uma caneta e um papel e escreveu um recado para Maria.

Oi, Maria. Se a Cindy não chegar, você abre a porta do quarto pra mim de manhã. Me tranquei e deixei a chave do lado de fora. HC

Henry deixou o papel em cima da mesa da cozinha e voltou para o quarto, se trancando e empurrando a chave por baixo da porta.

Se eu for beber, é melhor evitar fazer merda... Porque é só isso que bêbado faz.

Sentou-se na cama e pegou uma garrafa de cerveja.

Duas.

Três.

Quatro.

Cinco.

E Cindy chegou em casa, chamando por Henry e não obtendo resposta alguma. A mulher estranhou e subiu com a mala para o quarto, franzindo o cenho ao ver a chave para o lado de fora.

A morena abriu a porta com cautela e pôde ver o esposo deitado de forma desengonçada com uma garrafa de cerveja na mão. Três estavam jogadas no chão e uma delas estava quebrada. A quarta estava com o resto do líquido derramando sobre a cama.

Cindy correu para a cama tentando chamar a atenção do marido, que ainda estava com os olhos vidrados na parede.

– Henry, o que aconteceu, você tá bebendo!!! – A preocupação era evidente em sua voz. Cindy pegava em seu rosto. – Fala comigo, pelo amor de Deus!

O advogado estava muito ausente para falar qualquer coisa. Parecia estar dormindo com os olhos abertos. A morena não viu outra opção a não ser ligar para Armie, ainda que não quisesse.

A primeira e a segunda ligação foram recusadas, mas ela persistiu.

O que é, Cindy? – Perguntou de forma ríspida.

– Armie, eu sei que a gente não se dá bem pelo que eu fiz, mas agora não dá tempo de eu ficar pedindo desculpas. Acabei de chegar em casa e o Henry tá bêbado – ela respirou fundo como tivesse acabado de soltar uma bomba.

A linha ficou silenciosa por alguns segundos.

Bêbado? – Indagou tentando assimilar aquela palavra. – Como assim “bêbado”?

– Bêbado bêbado, de ficar bebendo, o quarto tá só cheiro de cerveja e ele não fala comigo. Parece um morto.

Armie resmungou alguma coisa que Cindy não conseguiu decifrar.

– Você sabe de alguma coisa? – Ela perguntou voltando a fitar um Henry praticamente jogado na cama.

Se soubesse, não te falaria. Cuida dele aí que foi você que se casou com ele.

A ligação foi encerrada e Cindy chamou um palavrão.

– Ai droga, Henry, ainda bem que eu to aqui! – Falou olhando pra ele, mesmo sabendo que não responderia. – Não sabia que era tão sério...

Então Cindy tirou a camisa e as calças do marido com certa dificuldade, tentando colocar o braço dele atravessado por cima de seu ombro no intuito de levá-lo para o banheiro, mas Henry era pesado demais e ela não aguentaria. Frustrada, resolveu limpar aquela bagunça de cerveja e tirar as outras do frigobar, esperando que com o tempo Henry recuperasse a sobriedade.

Tomou seu banho, arrumou algumas coisas de sua mala e depois viu que Henry dormia. Não era nem 21h.

Cindy ligou algo na TV e se sentou ao lado de Henry esperando o sono também chegar. Depois de um tempo o programa se tornou chato e a morena pegou o celular para ficar mexendo.

Foi quando sentiu um corpo se mexer do seu lado, às 23:10.

Prontamente a mulher deixou o celular de lado e ligou a luz, ficando sentada de pernas cruzadas enquanto via Henry bocejar e pressionar os olhos. Ele já estava mais em si.

Não lembrava de nada, só de ter bebido muito e de ver Cindy chegar.

Henry respirou fundo e encarou a esposa. Estava cara a cara com ela.

– Vai me contar o que foi isso? – A morena perguntou numa voz calma.

Cavill deu algumas piscadas como se ainda tivesse acordando e recuperando a consciência.

– Eu to apaixonado – admitiu num tom baixo e voltou a olhá-la nos olhos.

Cindy engoliu seco.

– Apaixonado?

Ele assentiu e fez um gesto com as mãos.

– Mas é totalmente errado, tá, então... – ele desviou o olhar e ergueu as sobrancelhas à procura de palavras. – Não tem como eu levar isso à frente. Ela é nova demais e é até bom ela estar com outro pra eu me tocar da merda que é gostar dela.

Quando Henry voltou a encará-la, viu Cindy comprimir o rosto numa tentativa falha de controlar o choro. O homem franziu o cenho, quase assustado.

Cindy fechou os olhos e respirou fundo algumas vezes, mas quando viu aquele par de olhos azuis sobre ela, não aguentou e se pôs a chorar.

Ele gosta tanto dela que bebeu pra esquecê-la! Céus, eu estou tão perdida, a mulher pensava e intensificava o choro.

– Ei, ei, ei... – ele a abraçou e passou a mão em sua costa. – Não precisa chorar, por favor... – Henry estava atordoado. Não sabia que aquela notícia faria Cindy chorar. Nunca a tinha visto chorar. – É totalmente errado e eu sou consciente disso. Não vai acontecer nada entre mim e ela, vou esperar esse sentimento passar...

– Só me promete que não vai me deixar, Henry – ela falou com a voz abafada pelo ombro do esposo. – Não agora.

Ele a abraçou mais forte.

– Não vou, não vou... – o homem tentava acalmá-la. – Tá tudo bem, tá? – Ele se afastou e para olhá-la e colocou uma mecha do seu cabelo atrás da orelha. – Me perdoa por isso, eu não quis. Só aconteceu...

Ela assentiu, tentando se controlar.

– Henry, você é um homem de palavra – falou com a voz embargada e os olhos suplicantes, implorando para que ele não viesse a mudar de ideia.

Então ele pensou no que tinha dito a si mesmo sobre se separar dela. Agora não fazia mais tanto sentido. Se separar pra que? Ele já não tinha Florence e nunca a teria. A separação poderia atiçar seu pai e talvez ele até perdesse o hotel novamente. Cindy era tudo o que ele tinha. Pelo menos podia conversar com ela, coisa que não fazia com qualquer uma com quem dormia à noite.

– Sou – afirmou o que ela havia dito.

Ela se permitiu sorrir e abraçá-lo.

 

POV FLORENCE

No fim da tarde de quinta-feira cheguei da terapia e esperei Tyler chegar.

– Vem pra cá nem que seja pra ficarmos olhando um pra cara do outro. Fiquei mais de 3 anos sem te ver – eu o chamei pelo celular.

Ele levou um violão que tinha comprado e tocou umas músicas pra mim, mas não demorou muito pra que minha cabeça já estivesse em outra pessoa.

No dia anterior Henry tinha me ignorado mais uma vez. Não estava furioso como na segunda-feira, mas parecia totalmente indiferente à minha presença. Era como se eu não existisse ali, e eu não conseguia entender o que estava se passando com ele.

Me senti tão mal com a atitude que nem tive coragem de lhe mandar mensagem. Eu só queria que ele voltasse ao normal e conversasse comigo, ao menos olhasse pra mim.

– Minha mãe tava certa, Tyler – falei triste enquanto fazia carinho no Krypto em meu colo.

Tyler deixou seu violão de lado e prestou atenção na minha conversa.

– Sobre o que, Afrodite? – Me instigou a falar.

– Um tempo atrás nós conversamos e ela disse que não demoraria muito até eu gostar do Henry...

Meu amigo se silenciou.

– Mas ele não faz nada! – Reclamei irritada.

– Se fosse eu, já teria te beijado.

Encarei aqueles olhos verdes e o rostinho de anjo dele.

– Você sabe que você sempre vai ser a primeira, não sabe? – Ele disse baixo, também me encarando.

– Ahn... – resmunguei. – Não faz isso, Ty, por favor... – joguei minha cabeça em seu ombro.

– A gente não escolhe essas coisas, Flora. Tá tudo bem você gostar dele. Quer dizer... Não tá tudo bem, mas você entendeu – nós dois rimos e ele segurou em minha mão.

– Viu? Até você em uma semana já teria tido mais atitude que ele em meses, que droga!

Tyler riu.

– Você deixou claro que gosta dele?

– Algumas pessoas percebem, Ty, será que ele é burro?

– Se ele gere o Grand Palais e é dono do maior escritório de advocacia daqui, não creio que seja burro. Talvez tenha a ver com o que você passou, anjo. Ele deve ter medo de fazer alguma coisa.

Suspirei pensando nas palavras dele.

– É, mas... – lembrei-me de como Henry estava me tratando. – Tyler, ele tá tão esquisito comigo... Parece com raiva, sei lá...

– Estou te dizendo, Florence, isso é ciúme – nós nos separamos para que pudéssemos nos ver. – Fala com ele, esclarece as coisas. Hoje não tem mais essa de só o homem ir atrás da mulher, é a vez de vocês nos pedirem em casamento.

Gargalhei e lhe dei um tapinha.

– Acho que o Henry teria um ataque se eu o pedisse em casamento, ele é cavalheiro demais... Old fashioned, old school como ele diz – fiz uma pausa. – Mas você tá certo. Não posso ficar aqui de mãos atadas, preciso saber o que tá acontecendo e ele precisa saber o que eu to sentindo.

– É isso aí, garota! – ele ergueu a mão para um Hi5.

 

POV NARRADOR

Os dois dias e meio que Cindy tinha passado com o Henry pareciam ter sido revigorantes pra ele. Exceto pela manhã da quarta-feira, claro. Xingou Deus e o mundo com a enxaqueca que acordou e não foi para o escritório, se obrigando a ir para a faculdade só porque tinha se comprometido.

Henry já estava mais racional quanto ao seu relacionamento com Florence. Ainda que lhe doesse lembrar dela e de Tyler, pelo menos aquele namoro lhe jogava um balde de água fria dizendo que ele era velho demais para ela e que deveria se acostumar com a ideia de que não podia tê-la.

Não queria se afastar totalmente, mas um tempo para absorver tudo aquilo era muito necessário. Estava cansado de olhar para o brinquedo da vitrine sem ter um tostão no bolso.

Cindy explicou a Henry que realmente precisava ir pra França e ele entendeu. Na hora que ele mais precisou Cindy estava lá e era isso que importava. Dessa forma, após o almoço de sexta-feira, o casal se despediu e Henry foi para a faculdade aplicar a avaliação que o outro professor tinha deixado.

É só hoje e eu me livro disso.

Florence já tinha terminado a avaliação, mas fingiu ainda estar fazendo alguma coisa para que todo mundo saísse antes e ela pudesse falar com o Henry.

O homem estranhou, visto que ela era uma das melhores da turma. Mas permaneceu quieto e sério, dando umas olhadas para ela de vez em quando.

O que essa garota quer, hein?

– Só falta você, Florence – falou duro.

A menina se levantou com o papel e foi até sua mesa.

– Terminei.

Henry desviou o olhar e puxou o papel de sua mão, juntando com os outros e colocando em sua mala. Era perceptível que ele estava ficando com raiva por ela estar ali.

Flora voltou à sua carteira para pegar sua bolsa e viu que Henry tinha acabado de organizar suas coisas e saía dali às pressas.

– Henry! – Ela o seguiu.

O homem permanecia com os olhos fixos no corredor, como se estivesse fugindo. Estava ficando ainda mais nervoso com ela fazendo isso. Não custava deixá-lo em paz seguindo com sua vida sem ter que enfrentar certos tabus.

– HENRY!

– O que é? – Perguntou grosso e se virou a ela.

– Por que você tá assim?

– Assim como, Florence? Correndo? Estou com pressa.

– Não é só isso... Você tá me ignorando.

– Não estou te ignorando, sabe que eu sou um homem ocupado. Agora me dá licença que eu preciso corrigir esses trabalhos em casa.

O homem voltou a andar em direção à saída. Mas aquela justificativa não tinha sido convincente para Florence, pelo contrário. De alguma forma só afirmou que tinha algo a ver com ela e ela precisava descobrir.

Assim, Flora pegou um uber e pediu para que a deixasse na casa de Henry.

Chegando lá, Flora também já sentia raiva pelo tratamento ridículo e sem explicação que Henry estava lhe dando, por isso não hesitou em apertar o interfone milhares de vezes e gritar “HENRY” pra toda a vizinhança ouvir.

– ABRE ESSE PORTÃO, EU PRECISO FALAR COM VOCÊ! – Cansada, Flora parou de apertar o interfone. – PARA DE ME EVITAR, QUE DROGA!

– Ficou maluca, garota? – A porta foi aberta, revelando um Henry irritado vestindo somente uma calça de moletom e chinelos nos pés.

Esse filho da puta é tão lindo, que ódio!

Flora ignorou aquele calor subindo pelas pernas e tentou focar só no rosto de Henry.

– A gente precisa conversar, Henry. Seja homem e abra a droga desse portão.

Derrotado, Henry respirou fundo e apertou no controle.

Já dentro da casa, o homem tentava manter a compostura. Claro que ele ainda estava furioso, uma vez que Florence parecia destinada a lhe tirar do sério. Não por estar ali, mas por estar namorando e estar ali.

– Desembucha – ele disse fingindo organizar alguma coisa no balcão só para não olhá-la.

Tudo já estava arrumado, na verdade. Ele só bagunçava para colocar no lugar novamente. Se olhasse para Florence, toda a racionalidade adquirida em três dias poderia ir por água abaixo.

– Eu que quero que você desembuche. Está agindo de uma maneira tão esquisita comigo... Nem me manda mais mensagens, é indiferente ou fri...

– Você está toda errada, isso não tem nada a ver com você. Estou muito ocupado e estressado por conta do trabalho, só isso – ele colocou a caixa de remédios de volta no lugar. – Já terminou?

– Não, eu não terminei! Você não tá nem me olhando direito, será que eu tenho algum tipo de doença contagiosa e não sei?

Henry parou o que estava fazendo e finalmente a encarou, com os olhos mais escuros que o normal.

– Algum complexo de sensibilidade – cerrou o maxilar. – É isso que você deve ter.

Surpresa, Florence arqueou as sobrancelhas e enrolou a língua dentro da boca, se virando para ir embora.

Realmente está irritado e disposto a me atingir. Não vejo outra razão além do ciúme, mas agora não é o melhor momento para esclarecermos isso, ela pensou.

– Espera!

A menina parou na frente da porta e voltou-se a Henry, cruzando os braços. A expressão no rosto dele já estava mais suavizada, como se estivesse se arrependido.

– Não foi isso que eu quis dizer, tá? Me desculpa... – ele suspirou e passou a mão nos cabelos, virando-se. – Estou tendo alguns problemas e tenho me ocupado bastante com eles. Por isso estou assim... – Henry voltou a fingir fazer algo na cozinha. – E você também tem estado ocupada, né... Não quis te perturbar.

A loira franziu a testa e se aproximou do balcão.

– Ocupada? Como assim?

– Seu namorado – Henry a encarou novamente.

Florence pareceu mais confusa, querendo esboçar um sorriso mas se segurando para não fazê-lo.

– Como você sabe disso?

– Então é verdade – disse estendendo um guardanapo sobre o balcão.

Flora mordeu o lábio inferior por alguns segundos.

– Não.

Aquilo pegou Henry de surpresa. Não tinha o porquê de Florence mentir para ele.

– Não? – ele virou-se a ela.

A menina negou com a cabeça e deu um pequeno sorriso.

– Hm – Henry murmurou.

Porra, sofri por nada então? Que merda!

Bom... Pelo menos pra uma coisa tinha servido. Agora era consciente de que aquilo não daria certo e ele tinha de deixar esse sentimento ir embora.

– Estava com ciúme, Henry? – A loira perguntou com um sorriso zombeteiro.

Não – ele prontamente respondeu, com a voz mais grossa. – Te disse: estou ocupado com algumas coisas aí e por isso o estresse.

– Sei... – Flora voltou a morder o lábio inferior e ficou bem na frente de Henry para que ele pudesse olhar em seus olhos. – Que tal uma massagem então?

Ai meu Deus, Henry ficou tenso e preocupado consigo mesmo. Ela era sua perdição.

– É melhor não, Flora...

– Várias pessoas dizem que eu sou uma boa massagista – ela o ignorou e foi para o banheiro procurar algum creme.

– Várias pessoas? – Ele perguntou curioso.

Florence sorriu olhando as prateleiras de vidro do banheiro.

– Sim. Inclusive o Tyler.

Ao voltar para frente de Henry, ele estava sério com o maxilar trincado. Florence gargalhou e o abraçou.

– Você é muito bobo! Vem, vamos para o sofá – ela o puxou pela mão, e logo Henry estava sentado.

Então quando sentiu ela colocar o creme em seus ombros e aquelas mãos lhe tocarem ali, o homem fechou os olhos e deixou escapar um suspiro. Não podia deixar a racionalidade ir embora outra vez.

E sim, ela realmente era boa. Se sentia bem melhor depois daquilo, e não foi só ele que aproveitou o momento. Flora fazia tudo sorrindo, pensando que o deus grego ali na sua frente tinha pirado por causa dela.

É recíproco, Florence pensava.

Mas queria ouvir isso da boca dele. Henry era orgulhoso demais e negava tudo até o último segundo. Se quisesse algo dela, teria de falar.

– Henry... – ela deu a volta no sofá e se sentou ao lado do moreno. – Quero te fazer uma pergunta.

Não, não pergunta nada, por favor, ele implorava mentalmente sem deixar o desespero aparecer em seu rosto.

– Faça.

Florence olhou nos olhos dele.

– Você gosta de mim?

Uma pergunta simples, mas que poderia ser interpretada de duas maneiras. Henry ficou desconsertado e desviou o olhar.

– Que pergunta é essa, Florence?

– Você entendeu o que eu quis dizer – ela se aproximou. Muito mais do que ele esperava.

Agora a menina estava inclinada a Henry a apenas um palmo de distância entre o rosto dos dois. Ela estava confiante, querendo desvendar as intenções do homem em sua frente. Ele, por sua vez, tinha a respiração descompassada e fitava cada detalhe do rosto angelical daquela loira que tanto lhe tirava o sono.

Engoliu seco.

Tão perto...

Tudo o que ele tinha pensado nos três dias já estava indo embora e ele não estava pensando direito. Quando Florence estava com ele, o mundo parava. Henry só conseguia vê-la. Só conseguia ouvi-la. Só ela existia.

– Por que seu peito está subindo e descendo desse jeito? – Flora tentou provocá-lo, mas em sua voz era evidente que ela já estava quase derretendo só de mergulhar naquele mar azul e de encarar aqueles lábios que pareciam ter sido desenhados à mão.

– Você é tão linda...

Ela podia enxergar o sofrimento no olhar e no tom de voz do homem, que agora passava levemente o polegar sobre a pele do rosto da garota. Ela fechou os olhos como se quisesse aproveitar aquele toque para sempre. E então o polegar dele pousou nos lábios de Florence.

Ah, menina... – ele murmurou ao sentir aquela boca carnuda sob seu dedão, que fazia um carinho quase violento ali.

Ela, com os lábios entreabertos e os olhos vidrados nos dele, apenas implorava para que ele a beijasse.

– Eu quero tanto – a mão dele deslizou para o pescoço dela, fazendo com que eles grudassem as testas e fechassem os olhos juntos. Estavam tão perto que podiam sentir a respiração e o hálito um do outro.

– E o que te impede? – Florence perguntou com a voz fraca, encostando o nariz no dele.

Então Henry sorriu triste, ainda de olhos fechados.

Você é só uma criança – ele sussurrou como se estivesse prestes a chorar. Lhe doía tanto tê-la ali tão perto e não poder fazer as mil e uma coisas que ele imaginava com ela.

– Será que sou realmente só uma criança... – os rostos deles faziam carinho um no outro. – Ou você diz isso como um mantra... Pra que você mesmo acredite e não goste de mim como gosta... E não me toque como eu sei que quer me tocar...

E novamente os narizes deles se encostavam. Agora, porém, era a vez dos lábios também roçarem uns nos outros.

Esperei isso por tanto tempo, ele pensou.

Então o celular de Florence tocou, fazendo os dois terem um leve susto e se afastarem.

Irritada e frustrada, a loira rejeitou a ligação de Merida e enfiou o aparelho na bolsa novamente.

Henry e Florence estavam sentados um do lado do outro, olhando para frente enquanto um silêncio esquisito pairava na sala.

Parecia até cômico para Henry. Ele não deveria beijá-la, e de alguma forma agradeceu por aquela ligação. Só assim para ele voltar para a realidade.

Foi quando Henry riu e Florence lhe deu um tapinha num dos ombros, se esforçando para não sorrir.

– Não ri, idiota, ela estragou todo o clima! – Agora Flora cruzava os braços e voltava a olhar para frente.

Mais calmo, Henry mordeu o lábio inferior e começou a recuperar a seriedade.

– Isso não pode acontecer entre a gente – ele disse capturando a atenção dela.

Por que?

Henry pensou sobre qual das razões falaria.

– Eu já te expliquei, Florence... – o olhar dele era triste e suplicava para que ela entendesse.

Após alguns minutos o encarando, a menina se levantou.

– Tá bom então – pegou a bolsa e se pôs a andar.

– Flora... – ele a chamou e foi até ela.

A menina se virou séria, esperando o que ele diria.

– Eu não quero que fiquemos esquisitos por causa... disso, tá?

Esse sentimento vai passar, Henry dizia a si mesmo. Tem que passar.

Assim, não precisaria quebrar totalmente o contato com ela. Florence era legal demais e Henry estava decidido a criar coragem e contar sobre o casamento.

– Tá – ela deu de ombros, como se minutos atrás não estivesse prestes a beijar a boca dele.

– Podemos continuar a ser amigos?

Ela assentiu. Henry até estranhou a reação dela a tudo que ele estava dizendo.

– Certo, então... – ele a fitava de forma confusa. – Me desculpa por isso e me desculpa por ter sido um babaca nos últimos dias, ok? Eu não sei me controlar...

Florence perdeu a pose e riu pelo nariz, fazendo com que Henry sorrisse.

– Está desculpado. Agora abre o portão pra mim, vai.


Notas Finais


KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK PEGUEI VOCÊS!!! NÃO TEVE BEIJO COISA NENHUMA! mas calma que ele ainda está a caminho... o que vocês acharam do capítulo? o henry põe a cabeça no lugar e decide tudo com a cindy, mas é só ele olhar pra florence que esquece tudo! e a cindy chorando hein? muito esquisito... e o tyler na friendzone? esse sim ficou, não o brian kkkkkkkkkkkkk o henry todo irritadinho como um leão e depois ficando igual um gato com as palavras e a massagem da flora... ESSA APROXIMAÇÃO DOS DOIS, MEU DEUS!!!!!! e a reação dela depois? o que deu nessa garota, pq vcs acham que ela ficou tão de boa?
NAS CENAS DO PRÓXIMO CAPÍTULO


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