Asriel escorregava do carpete enquanto tentava bloquear a passagem de seu irmão que ferozmente tentava tomar a barra de chocolate. Chara, com água na boca, deu chutes e socos no ombro do mais novo, seus olhos brilhavam carmesim furiosos.
— VOLTA AQUI! QUANDO EU PEGAR VOCÊ EU VOU TE ESTRAÇALHAR, POMPOM AMBULANTE...!! - rosnou um irritado Chara
— ALGUÉM ME AJUDA, POR FAVOR...! - suplicou enquanto corria do animal selvagem.
"Muito obrigado por tudo, pessoal" — Frisk escreveu no final de sua carta de pergaminho amarelado e com bordas douradas, acariciou para deixar o papel plano e então o enrolou com muito cuidado. Abriu sua gaveta que ficava no criado mudo ao lado de sua cama e abriu o Fundo falso que tinha preparado anteriormente, colocou esse pergaminho enrolado lá e fechou o fundo e em seguida a gaveta.
Os passos apressados lá em baixo chamaram a atenção do jovem pacifista. Então, trouxe o corpo para o chão amadeirado para escutar melhor a situação. Enquanto isso, Asriel era perseguido diversas vezes por Chara por motivos até então desconhecidos, mas que parecia ter deixado o garoto humano de olhos vermelhos extremamente furioso.
— ME DEIXE EM PAZ, POR FAVOR! - gritou a cabra e também o filho mais velho da família Dreemurr.
Asriel Dreemurr, usava um suéter listrado da cor verde e amarelo e uma calção marrom, nada mais era do que se não um monstro bode, cujo chifres ainda eram tão pequenos que mal tiveram tempo para se revelar, também é o príncipe e herdeiro do trono. Muito gentil e dificilmente age de maneira ofensiva ou de tentar diminuir o próximo, em resumo, é um doce de monstro mesmo você sendo ruim a ele.
— DEVOLVA MEU CHOCOLATE, SEU SAFADO! - rosnou enfurecido enquanto perseguia o irmão mais velho feito um cachorro com raiva avançada. Asriel conseguiu escapar de mais um ataque do Chara - VOLTA AQUI, LADRÃO DE DOCES!
Chara Dreemurr, o primeiro humano caído. Trajando quase das mesmas roupas de Asriel, com diferença que seu suéter estava sujo de chocolate. Já fora um garoto muito rebelde e audacioso. Hoje descansa junto de sua família numa confortável casa, mudado.
O garoto de olhos cerrados, Frisk, desceu as escadas e se deparou com aquela situação deplorável de guerra. Asriel caído no chão enquanto Chara o agarrava pelo pescoço.
— Piedade... piedade...!
— Devolva meu chocolate, seu ladrãozinho! — soltou a gola do suéter do menino, ele caiu no chão com os olhos lacrimejando. Chara estendeu a mão e abriu a palma dela.
— Mas você me deu... — choramingou a cabra que se encolheu mais para o canto da parede, muito relutante em entregar o chocolate.
— MUDEI DE IDEIA! ME DÁ! — gritou alto, Frisk fitou ele por breves momentos por conta do volume — o que foi?!
— Você respeita muito a vizinhança, Charazitos — proclamou Frisk, tirando sarro do garoto. Asriel olhou para Frisk com os olhos pedintes, um pedido de ajuda visual.
— Frisk...
— Chara, olhe nos meus olhos. Deve haver outra... huh, solução, afinal somos todos civilizados. Asriel, Chara? Conhecem uma palavra chamada... dividir? Talvez?
Asriel balançou a cabeça positivamente e olhou para Chara, em seguida olhou para Frisk balançando desesperado negativamente. O bode foi segurado pela gola mais uma vez pelo irmão dos olhos vermelhos, que tinha a expressão neutra.
— Okey. Última vez. Dê-meu-chocolate-agora-se-não-eu-te-mato — Chara soletrou com o semblante calmo, mas apertando a gola.
— Não dou! — bufou Asriel.
Os olhos de Chara brilham e ele também abre um sorriso largo.
— Toma.
Asriel entrega o chocolate e Chara agarra. Finalmente o garoto chocolatra sai de cima do irmão depois de Frisk intervir.
— Enfim, eu tenho uma novidade para vocês.
— Ah, é mermo? Que novidade é? - diz enquanto degustava o seu chocolate calorosamente.
— Eu vou chorar — Asriel se levanta e vai para a cozinha — estou escutando daqui — aumenta o volume da voz após desaparecer entre paredes da casa.
Ding ding. O celular de Frisk começa a tocar.
— Pera ae... — atende o telefone e o leva para a orelha — sim, sim. Pode vir.
Click. Ele desliga e volta o celular ao bolso esquerdo da bermuda.
— Hmmmm safadinho, cheio dos contatinhos - o garoto faz aquela carinha com o chocolate na boca.
— Come logo essa coisa, fazendo favor? — comenta o bode com outro chocolate na mão. Era de uma marca mais razoável, julgou Chara.
— Isso é seu? — perguntou Frisk levantando a sombrancelha muito intrigado. Asriel acena que sim com a mão desocupada. O garoto de olhos cerrados bate na própria cara, decepcionado — se você já tinha um chocolate, qual foi o motivo dessa briga? Por favor, me expliquem pois ainda estou confuso.
— Espera aí... isso é seu, mesmo? — os olhos de Chara brilham ao dizer as palavras maldosas.
— Eu vou chorar mesmo... — Asriel lamenta, estendendo a mão e entregando o chocolate. Então o bode suspira e olha cabisbaixo para Frisk — quem era?
— Sans, mas isso não importa muito — Friso estava sem jeito para falar — ele disse que bateria aqui pra dar um oi de esqueleto.
— Nossa, quanta emoção. Vou ver aquele saco de lixo sorridente agora com um corpo físico, uhuuuuuu — gritou o garoto chocolatra levantando os braços num deboche que só.
— Do que você está falando? Vimos ele ontem, Chara. Tá esquecido? — perguntou inclinando a cabeça e fazendo careta — ah sim, você quer esquecer o que aconteceu ontem, não é?
— Eu vou matar aquele bosta na primeira oportunidade — Chara silibou afortunado enquanto tinha as pernas trêmulas.
Os dois garotos se viraram para Frisk, que ainda fitava ambos. Os dois abriram a boca mostrando a língua.
— O que é? — rosnou Chara.
— Nada, só estou perdido no assunto mesmo. O QUE EU QUERIA DIZER MESMO MEU DEUS? Bem, a reforma no Core terminou, vão fazer uma festa de reinauguração, quem tá cuidando do marketing é o Metra, vejam só!
Tirou dos bolsos, o menino, panfletos rosas com glitter e entregou aos irmãos.
— Exagerado como sempre — Chara disse sorrindo enquanto lia o panfleto.
— Nossa, que demais! Vamos ir né?
— Calma, menino cabra, vai demorar um pouco ainda, estão dando os toques finais!
Toc toc toc toc toc. Alguém bate na porta da sala principal, a atenção de Chara é roubada instantaneamente e suas mãos coçam cheias de euforia, ele então parte até a porta e Asriel e Frisk trocam olhares mórbidos.
— E lá vai ele aprontar... — disse um Frisk muito descontente.
— Eu notei que ultimamente você e o Sans estão conversando bastante, até.
— É à trabalho. Estamos prestando um serviço juntos, digamos que é um pequeno projeto - cochichou no ouvido de Asriel
Chara foi na frente abrir a porta, enquanto Asriel e Frisk cochicham, ambos soltam risadinhas abafadas. O garoto dos olhos escarlates pega uma faca de brinquedo na gaveta de uma escrivaninha ao lado da porta e segura como se fosse atacar alguém assim que a porta fosse aberta, com um sorriso estranho no rosto.
— C-chara, mas o que você pretende-... — o bode branco pergunta ansioso hesitando em intervir e encara seu irmão Frisk com um olhar apavorado. O sorriso de Chara poderia significar muitas coisas e ninguém sabia disso melhor do que eles. Frisk, por outro lado, não parecia preocupado e fez um sinal para o garoto Azzy não se movimentar
— Calma, está sob controle.
— Quem baaaate? - pergunta Chara cantarolando para a pessoa atrás da porta.
— eita preula — diz Frisk considerando seus próximos movimentos.
— MAS NÃO ESTAVA SOB CONTROLE, FRISK?? — Asriel questiona com sangue nos olhos.
O garoto Chara gira a maçaneta antes de esperar a resposta, mas não abriria por completo até receber tal. Então esperou duradouros segundos, a resposta não veio. Antes de questionar de novo quem era? Chara sentiu a sua mão pesar, seu corpo suar e enjôo, esses sentimento repentinos ele conhecia bem, quando olhou para baixo pode confirmar o que era, a maçaneta havia ficado com uma borda azul transparente.
— hehehe qual foi...? — Chara choramingou enquanto retirava lentamente sua mão da maçaneta e deixava a faca de brinquedo ao lado, mas a porta se abriu com tudo, bateu na face dele e o fez sair cambaleando até encostar na parede, completamente derrotado e indisposto.
Na entrada está um baixo esqueleto de pantufas rosas e bermuda preta com uma única listra branca na vertical, trajando de um casaco azul e blusa branca. Seu olhar foi de Chara até Asriel e Frisk, com sorriso estampado na careta.
— Era a porta, hehe — o esqueleto deu de ombros sorrindo de forma espontânea ou forçada, não dava para discutir qual dos dois ele fazia.
— Sans! — gritou Frisk que logo foi acompanhado de um grito de seu irmão Asriel.
— SANS!! — gritou junto e acompanhou o seu irmão até o visitante.
Ambos deram um abraço apertado no esqueleto, que ficou sem graça e sem saber o que fazer, apenas retribuiu o abraço até decidirem se soltar.
— Maaaldiitooo... Sans... ~. Disse um Chara, tremendo para se levantar, com a cabeça doendo, a batida foi forte.
— Eu decidi passar aqui, já que o meu irmão está no seu treinamento especial. Nada pra' fazer, saca? — disse entrando na residência, indo até Chara que estava levantando aos poucos — machucou, pivetinho? — perguntou estendendo a mão esquelética, Chara encarou com certo desprezo, mas aceitou a ajuda e pegou na sua mão — sem ressentimentos então, acredito.
Sans, o esqueleto. Também é um péssimo comediante em potencial. Tem uma forte amizade com Frisk.
Do outro lado da casa, Toriel estava preparando lado recheio de uma torta com cautela, até escutar a voz do esqueleto. Ela, então, instantaneamente abre um sorriso é vai até a entrada, e alí estava todos os três, menos Chara, por algum motivo. A cabra mãe se virou para o monstro esqueleto e levantou os braços e desferiu um abraço forte e quente no mais baixo.
— Yap. Cês' tão querendo me matar, só pode.
Após um forte e quente abração, Toriel o deixa no chão.
— Como você consegue sumir assim, rapazinho? — a cabra pergunta, arqueando a sombrancelha ainda surpresa dele estar alí. Sans boceja e dá de ombros sem saber o que dizer.
— De qualquer forma. É bom te ver de novo, Sans — diz Frisk num tom amigável é prestativo.
— Sempre. Se quiser entrar e pegar alguma coisa para comer, toda — complementa Asriel, que em seguida é atacado por Chara que usa o ataque cosquinhas na pequena cabra. Azzy foi nocauteado também.
— Entre e fique a vontade. Fiz torta, em um instante estará pronta — a Toriel avisa-os ansiosa, esfregando ambas as mãos, adentrou a cozinha outra vez.
Asriel dava fortes gargalhadas. Frisk aproveitou a ausência de Toriel e até pensou em ajudar a pobre cabra, mas mudou repentinamente de ideia assim que notou Sans se aproximando. Encarou o esqueleto com um sorriso e coluna ereta, esperando algum comentário.
— Tsc. Bora papear eem particular? — perguntou Sans já se retirando do recinto e indo para outros cômodos da casa.
— Hum, tá bom...? — confirmou Frisk porém confuso.
O esqueleto foi até o quarto de Frisk, segundo andar, abriu a porta e esperou o garoto, que subiu as escadas numa paciência. Ao chegar no topo, pôde encontrar um Sans calmo e sereno, porém seus fixos pontos brancos o encarando fizeram Frisk ficar levemente com medo, e pareceu que estava fazendo a caminhada direto ao próprio inferno. Entrando no quarto, Frisk deixou Sans passar e fechou a porta.
— Um mês desde o nosso "Happy end", né não? Tudo deu certo no final... — o esqueleto analisou o quarto, e arfou — Hm... quarto bacana.
— Então, o que dejesa assim tão entocado? O Asriel eu até acho que não, mas tenho certeza que o Chara vai tentar escutar de qualquer maneira o que vamos conversar — cruzou os braços pensativo. Frisk foi até a janela e a abriu — um pouco de ar no quarto. Enfim, qual é a sua?
— Não estou nem aí se Chara ou fulano vai escutar. Meu único problema é com Toriel — Frisk arqueou a sombrancelha ao escutar o amigo.
"Ela não deixa ninguém te contar. Talvez seja para o seu próprio bem" Sans completava enquanto se jogava na cama dos olhos cerrados. Frisk chegou mais perto é escutava atentamente "não estou aqui para discutir se é certo ou não. Estou aqui para esclarecer algumas coisas. Quero que responda com sim ou não, entendido?"
— Não — Frisk brincou rindo, um pouco nervoso com o que se iria desenvolver à próxima etapa do diálogo.
— Acredito que conheça Wind Ding Gaster. Sim ou não?
— Sim — diz enquanto assentiu com a cabeça. O esqueleto riu um pouco e debruçou-se na cama, Frisk chegou mais perto e riu baixo — e o que que tem, maluco? — a pergunta tinha um tom de pavor, afinal, o garoto de olhos cerrados sonhou com algo relacionado.
— Então, eu ressuscitei ele e agora quer a sua alma. Papo de vilão malvadão e afins, mas não se assuste.
— O que...? Mas o que você tá dizendo...? — perguntou assustado. Suas mãos foram até a nuca, as informações tentavam processar no seu cérebro, até que a ficha caiu.
— É, ele voltou.
O diálogo pendurou no quarto acima. Chara e Asriel só não estavam interessados porque nem viram o irmão subir com o esqueleto, muito menos ouvir que era uma conversa particular. O bode estava à arrumar o quarto quando Chara entrou e decidiu o encarar enquanto estava encostado na parede.
— Aconteceu algo, Chara? — perguntou o bode dobrando a sua coberta. Chara olhou para cima pensativo e depois olhou para Asriel.
— Eu recebi uma mensagem da Undyne e eu te dou um tablet do meu chocolate se você adivinhar.
— Ela vai nos levar para um passeio exótico?
— QUE? Claro que não! — Mas o que isso diabos isso significa. Pensou Chara — ela vai dar uma festa na casa dela, comemorar o um mês de paz entre humanos e monstros
Asriel bocejou e balançou a cabeça em positivo. Iria fazer um mês desde que os dois voltaram à vida, era muito tempo. Azzy pensava que se nada até agora tinha acontecido de errado, nada mais poderia acontecer. Chara continuou encarando o mais velho com um sorriso um pouco bobo no rosto, Asriel encarou Chara e sorriu de volta.
— É bom estar de volta... — Asriel diz terminando de arrumar a sua cama. Ele deixa o seu colar na sua prateleira de livros.
— É nada bom ele estar de volta! — exclamou um desesperado Frisk.
— Hey, pivete. Continua dizendo essas coisas nessa altura e a sua mãe vai acabar escutando.
— Okey. Eu só quero entender uma coisa, como?
— Acredito que você é burro demais para entender, na boa.
— E você tem razão, não entendo nada de tecnologia monstro. Mas se você ao menos pudesse explicar como e porquê você o trouxe de volta do mundo da escuridão, eu ficaria grato.
— Magia e Saudades.
Frisk encarou Sans e se os olhos do garoto soltassem raios e trovões provavelmente o esqueleto estaria eletrocutado no chão de tão perfurante seus olhos o penetraram. Com um suspiro, baixou a cabeça e encarou o carpete sujo.
— Eu quero uma recapitulação — pediu num tom de voz neutro, fugindo da raiva que sentiu ao saber o que o amigo fez de maneira banal.
— ok — começou Sans ao mesmo tempo que levantava. O esqueleto se permitiu andar pelo cômodo super organizado — Gaster é o cientista real e pra variar, muito importante para mim. Essa parte é muito crucial, garoto. Temos especulações, que Gaster fazia experimentos com determinação.
— E claro, era sádico — complementou o garoto, que deixou Sans incomodado, mas fingiu não estar. O esqueleto lançou um olhar sereno em Frisk e se aproximou também.
— E também especulamos que ele era um grande de um babaca, especulamos. — complementou.
— Quem mais sabe?
— Basicamente só o Rei e a Rainha, e claro, euzinho. O motivo eu já disse que não sei — Sans colocou uma das mãos no ombro de Frisk — ele comentou várias vezes de você para aqueles dois, não me surpreende dela ficar com medo e querer proteger o filho dela.
— Mas... se não tem perigo, para que me proteger dele? — perguntou intrigado e com os olhos fixos nos olhos de Sans, o esqueleto outra vez dá de ombros.
— Apenas não se envolva em assuntos que não são da sua conta, foi o que eles disseram. Dito isso, percebi que estavam negligenciando a sua inteligência, eu não te devo nada, mas simplesmente não concordo com isso. Gaster tá com papo torto e você pode estar sim em perigo— bateu no ombro do amigo e depois saiu pela porta sem dizer mais nada.
Frisk permaneceu no quarto e sentou-se na beira da cama, com as mãos na cabeça, segurou o seu cabelo suavemente. Estava difícil pensar em algo, o que tinha acabado de acontecer aqui? Ele se perguntava sem parar, mas manteve a calma. Talvez tudo o que precisasse fosse mais tempo para formular uma resposta satisfatória em sua mente.
Um baque se escutou do lado de fora da casa e Frisk se virou assustado, mas não era nada demais além do seu amigo Monster Kid na janela.
O garoto caminhou até ela e a abriu.
— Ei. Tudo bem, MK? — chamou ele pelo apelido, mais fácil de pronunciar. Mas Monster Kid se sentia muito maneiro quando chamado por esse.
— Sim! Eu estou ótimo, você pode me ajudar com uma tarefa? — disse com um sorriso largo.
— Sempre, carinha.
Asriel lia um livro deitado na sua cama, o nome desse livro era: "Canarinho e Samambaia", escrito pelo filósofo e historiador Gerson Boom. Cada página o garoto se aprofundava cada vez mais no mundo e na sociologia do subsolo, era interessante e a cabra tinha um interesse sério nesse assunto. Infelizmente, boa parte estava escrito em runas antigas que Asriel ainda não chegou a estudar.
Na realidade, Azzy estava enrolando suas aulas de runas antigas por conta do seu irmão, Chara. Chara gosta muito de matar aula, e ele acaba levando o irmão mais velho respectivamente, e isso acabava prejudicando muito Asriel, que dormia até tarde estudando o que tinha matado. Antes de perceber, a cabra derrubou o livro no seu peito e adormeceu, mesmo sendo teoricamente de dia.
O garoto de olhos carmesim entrou no quarto olhando para todos os lados, mas nem viu o mais velho dormindo na cama.
— Ei, Asriel. Você viu meu colar? — Chara perguntou inocentemente, esperando que o irmão respondesse enquanto vasculha de baixo da própria cama, que ficava do outro do quarto, espelhando a cama de Asriel.
— Hã... que? Oi? — a cabra diz acordando repentinamente. Chara parou o que estava fazendo e olhou para trás.
— Espera aí. Eu sei que a moda dos monstros não são das melhores, principalmente em Waterfall. Mas você vai com esse suéter aí para a festa? — perguntou encostando na cabeceira da própria cama.
— Que? Foi a nossa mãe que fez pra' gente... — argumentou a cabra baqueada enquanto limpava os olhos e a baba.
— Sim, tem um valor sentimental nele, eu concordo. Mas não acha melhor sairmos para comprar algo novo e que combine com Asriel Dreemurr numa festa? — Chara disse e Asriel se irritou levemente.
— Eu não preciso de roupa nova, obrigado — Asriel disse sentando-se na cama com uma cara de poucos amigos.
— E quem disse que você tá no controle? — argumentou contra e Asriel ficou espantado ao sentir o seu braço ser puxado pelo garoto.
— E-ei! Calma aí...!
Na sala, Sans, MK e Frisk debatiam sobre um livro de piadas ao mesmo tempo que, Frisk corrigia algumas questões de álgebra do monstro mais jovem.
— Enfim, tenho que voltar aos meus afazeres, tipo, fazer nada no meu sofá. Até mais criançada — disse Sans calmo se levantando da cadeira.
Aos lamentos de Monster Kid que queria que Sans ficasse, o esqueleto saiu pela mesma porta que usou para bater em Chara.
— Se bem que eu esqueci de regar meus cactos. Já volto, Monster — disse Frisk levantando rápido da mesa e indo para fora com uma pressa até que anormal. Mas MK nem ligou, apenas pegou o lápis com a boca e voltou a fazer suas atividades.
"Eu não vou resetar mais, não importa o que aconteça" disse Frisk repentinamente, Sans, que já estava fora da casa se virou. O esqueleto não disse nada, apenas observou o garoto de maneira mórbida.
"Vamos passar por isso. Vamos fazer nosso trato valer e render muito. Eu juro."
— Você? — perguntou Sans apontando para o amigo. Frisk ficou sem reação. O esqueleto só se virou e adentrou o jardim real, rindo gostoso.
Toriel estava na entrada do jardim, vindo da feira depois de ter feito algumas compras por lá, trajada de um chapéu de sol e um vestido mais rosado. Sans passou por ela fazendo uma reverência com a mão, Toriel acena para o esqueleto e volta para o seu caminho. Frisk não se saiu do lugar que estava.
— Olá, querido. Comprei bastante caramelo, depois da nossa última experiência com caracóis, optei por uma opção mais viável. Imagino que humanos não gostem tanto assim de comer eles — disse Toriel amigavelmente enquanto mostrava as compras levantando elas.
— Toriel. Podemos conversar no porão? — perguntou Frisk calmo.
— Hum? Mas é claro, querido — estranhou Frisk chama-la pelo nome.
O garoto de olhos cerrados desceu as escadas da casa, essas levariam para um porão vazio, que sempre serviu como atalho para a sala do rei. Alí era calmo, mas o semblante de Frisk estava muito sério para a conversa calma.
— Eu... não sei direito por onde começar — disse Frisk coçando o queixo de costas para Toriel.
— Filho, o melhor que podemos fazer é colocar tudo para fora, apenas comece por onde achar mais satisfatório para você — disse uma Toriel sorrindo e descendo as escadas já sem as compras.
— Sans abriu a boca, contou tudo — disse ainda muito calmo.
Toriel perdeu todo o brilho que possuía em seu semblante, que foi fechando aos poucos.
— Não sei do que você está falando, minha criança.
— Gaster e afins. Por que você me quer deixar longe dele?
— Frisk, querido. Eu amo você, mais do que tudo nesse mundo, mas que você tem que entender que o que eu faço ou deixo de fazer não é da sua conta. Imagino que você queira explicações — Toriel disse firme, parada na escada, não prestou a continuar — é completamente cabível, infelizmente, você ainda é muito novo para entender que o que eu faço e é para o seu bem...
Ela então desceu rapidamente e se aproximou de Frisk, abrindo os braços lhe deu um abraço.
— Você me entende, Frisk? — disse sonhadoramente.
— Mas Toriel, entenda, eu posso aguentar o que for que esteja acontecendo. Eu sou forte, sabe disso — disse Frisk e então Toriel se afastou do abraço e colocou ambas as mãos sob os ombros do garoto.
— Eu não vou dizer nada a você, meu Deus . — disse espantada — voltaremos para cima e você vai me ajudar a guardar as compras, que tal?
— Somos família, mas devemos respeitar um ao outro. Agora eu me pergunto, que tipo de respeito você está querendo ensinar aqui?
Toriel baixou a cabeça. Frisk nunca tinha a tratada assim antes, era perceptível sua mudança de voz e de postura. Talvez, Toriel estivesse convencida um pouco que estava fazendo um mal para o filho escondendo a verdade. Sentiu o próprio rosto molhar, um choro leve, pequeno e curto mas que atingiu a cabra mãe como um baque. Ela não se segurou, abraçou seu filho outra vez
Frisk ficou sem reação. Segundos depois, ele apenas aceitou e abraçou também, começando a lacrimejar, odiava ver a sua mãe assim.
— Acho que fui grosso contigo, me perdoa...
— Gaster, ele quer tomar posse da sua alma — gemeu Toriel triste e acabada.
— O que? — Frisk perguntou espantado.
— Ele quer... — os seus corpos se separaram e Toriel o encarou diretamente nos olhos — ele quer a sua alma. Eu só não sei mais como te proteger, minha criança — seus dedos enxugaram as lágrimas de Frisk, que nem se comparavam às lágrimas da própria.
ꨄ ...~}{~... ꨄ
Asriel e Chara experimentavam roupas numa loja MTT qualquer. O exuberante catálogo deixou a cabra e o castanho com muitas escolhas em mãos. Eles testaram todas as combinações possíveis e compraram algumas peças para os dois mas principalmente para Asriel.
— Bora, malinha...! — Azzy gemeu enquanto puxava uma mala de roupas.
O motivo do seu gemido era a mala que não queria sair do lugar depois de tanto perambularem com ela, Chara investigou a parte traseira dela e notou algo de diferente
Click.
— A trava estava solta e acabou travando as rodinhas — disse Chara.
— Hã... sério? Obrigado Chara — Asriel agradeceu.
Chara aponta para o meio da loja, alguns monstros estavam em volta de um monstro maior. Ele usava longas vestes pretas e uma pele pálida.
— O que será que tá acontecendo alí? — perguntou o castanho curioso enquanto Asriel abaixava o braço levantado do garoto.
— Talvez seja o Mettaton — respondeu Asriel não dando muita atenção.
— Não... está muito diferente para ser o Mettaton... — Chara cerra os olhos para ver melhor
— Tá parecendo o Frisk assim, Chara. Vamos logo pra casa — protestou a cabra branca.
— Minha nossa senhora — disse Chara espantado.
A figura entre a roda de pessoas tinha uma aparência muito familiar, Chara só não sabia ainda que era.
— O que foi?
— Gaster!
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