PAULO
(Carmen) - Você está me ouvindo, Paulo?
- Claro linda, pode falar.
Estávamos na aula de física. Enquanto eu fazia meus exercícios, Carmen - que já havia terminado á tempos - me contava algumas novidades.
(Carmen) - Então, eu e o pessoal do conselho estudantil fizemos uma proposta para a diretora e se ela topar, vamos ter uma festa aqui no colégio nesse final de semana.
- Sério? E de onde vocês tiraram essa ideia?
(Carmen) - O ano letivo começou e todos querem arranjar motivos para festejar. Esse pode ser um deles. Você sabe que eu não gosto muito de festa, porém acho que seria legal. Passaríamos o final de semana juntos!!
Ela vibrou e eu fingi uma empolgação. Aquilo não era nem um pouco legal. Todas as festas que eu ia com a Carmen me davam dor de cabeça, pelo simples fato de ela não me deixar fazer nada por sempre estar no meu pé. Com certeza nessa não seria diferente.
(Carmen) - Se tudo der certo, hoje mesmo a diretora Olívia vai anunciar a festa.
Como Carmen havia dito, a festa tinha sido mesmo anunciada e isso causou uma tremenda muvuca. As vezes eu queria ter só um pouco da animação daquelas pessoas.
(Margarida) - Você não está animado para a festa, Paulinho? - perguntou enquanto saíamos do refeitório, depois do almoço.
- Pra mim tanto faz. Pra você é bom que vai poder ficar mais perto do Jaime.
(Jaime) - Haha! E pra você é excelente, vai poder se aproximar melhor ainda de certas pessoas.
(Margarida) - Que pessoa?? - sem aguentar aquilo de novo, sai andando na frente sem dar resposta alguma - Ei! Me conta!!
####
A semana passou rápido até demais e quando se viu, já era sábado. O jardim do colégio estava todo decorado e aos poucos tudo ia ficando pronto. Eu não estava me importando nem um pouco com aquilo. Minha vontade mesmo era de ficar trancado no quarto, ou então de ter ido para casa. Mas o povo tinha conseguido me convencer a ficar e agora era tarde demais para ir embora.
Quando o sol começou a se pôr, decidi me arrumar. Tomei um banho caprichado e vesti uma roupa simples. Calça jeans escura, blusa branca, casaco preto de couro e um tênis. Decidi abrir mão da minha tão amada touca e passei gel no cabelo. Era estranho ficar daquele jeito, mas era só por uma noite.
Logo Mário e Jaime chegaram no quarto e foram se arrumar também. Quando nós três estávamos prontos, saímos e fomos para o jardim. O céu já estava bem escuro e muitas pessoas já dançavam em um pista de dança que fora improvisada. Fui até uma das mesas e peguei um copo com algo que parecia ser suco e bebi, mas logo cuspi tudo pra fora.
- Mas que merda de suco ruim!
(Jaime) - Pelo que eu fiquei sabendo o Daniel e uns garotos da outra sala arranjaram bebida alcoólica. Talvez isso anime mais a festa. Estão em todas as garrafas laranjas, ali no canto.
(Mário) - Isso vai trazer muitos problemas se alguém descobrir - disse rindo.
- E quem liga? Vou beber um pouco.
Deixei os dois sozinhos e fui até a mesa de novo. Peguei um copo e enchi com um líquido transparente da garrafa laranja. Bebi um gole e constatei que era realmente alguma coisa alcoólica. E assim fui bebendo aos poucos e quando se viu, até que tudo estava mais animado.
Encontrei Alícia no meio de uma rodinha com Margarida e Maria Joaquina. Me aproximei para falar com elas.
- Vocês estão bem bonitas. Viram Carmen por aí?
(Margarida) - Parece que ela faz parte do time de organizadores da festa, então fica indo de um lado pro outro o tempo inteiro pra ver se está tudo certo.
(Maria J.) - Exatamente. E você viu o Jorge? Estamos a procura dele.
Neguei com a cabeça e pousei meus olhos em Alícia. Ela estava muito inquieta, mas não pronunciava uma palavra sequer, apenas ficava olhando para os lados como se estivesse procurando por algo. Sem contar que a cada dois segundos ela puxava pra baixo seu vestido que parecia estar bem apertado. Me aproximei um pouco mais dela, afim de saber qual era o problema.
- O que você tem?
(Alícia) - As meninas querem me forçar a ficar com o Jorge. Essa maquiagem é forte demais. Esse vestido é muito curto e apertado demais. Estou incomodada. Apenas isso!
- Com certeza foi Maria Joaquina que fez essa produção toda, não foi?
(Alícia) - Sim. Como sabe?
- Conheço bem ela. Mas de qualquer forma - olhei para ela da cabeça aos pés - Você está linda.
Ela corou e continuou inquieta, e eu não sabia o que fazer para ajudar.
- Alícia, se você não quer ficar com o Jorge não é obrigada a ficar. Isso é uma escolha sua, as meninas não podem te obrigar.
(Alícia) - Eu sei. Porém eu jamais ia conseguir dar um fora nele, então é melhor que a gente fique logo e acabe com tudo isso.
Senti meu estômago se revirar com aquelas palavras. De certa forma então ela queria ficar com ele.
- Queria poder ajudar de alguma forma, mas não tem como. Então toma isso - estendi meu copo para ela - talvez você se acalme depois de beber um pouco.
Ela deu um gole com tudo e engoliu a bebida fazendo uma cara engraçada.
(Alícia) - Isso é vodka, Paulo! E meu Deus... como você está rebelde!
Apenas soltei um riso, virei as costas e sai andando. Precisava pegar outro copo pra mim. No caminho até a mesa encontrei Carmen arrumando algumas coisas e logo me aproximei.
- Você tá linda. Pensei que nunca fosse te encontrar.
(Carmen) - As coisas estão muito corridas xuxu, e eu preciso cuidar de tudo praticamente. Nem vamos poder ficar juntos como havia planejado.
- Que pena. Então me dá só um beijo.
Ela olhou para os olhos como se fosse fazer algo errado e em seguida me beijou. O beijo durou apenas alguns segundos, porque do nada ele foi interrompido com Carmen me dando um tapa na cara.
- Você tá maluca? - gritei.
(Carmen) - Você bebeu, Paulo Guerra! Sua boca só tem gosto de álcool e eu sempre te deixei ciente do quanto eu odeio pessoas que bebem.
- Bebi só um pouco. E de qualquer forma você não pode me impedir de fazer isso.
(Carmen) - Posso sim. E você não vai mais beber uma gota sequer. Não me faça ter mais nojo de você.
- Eu estou pouco me fudendo pras suas ordenzinhas, Carmen! Como sempre você só estraga tudo. Vá pro inferno!
(Carmen) - Meu Deus, meu namorado está falando palavrão. O que fizeram com ele?
Revirei os olhos e a deixei falando sozinha. Como eu havia dito, ela sempre estragava tudo, sempre conseguia deixar as coisas piores.
Enchi o meu copo e comecei a beber como um louco. Tentava ter a animação que os outros tinham, mas era quase impossível. Depois de quase uma hora, decidi dar um passeio pelos outros lados do jardim, onde tudo estava mais calma. Porém, quando cheguei perto de determinadas árvores, me arrependi de ter ido até ali. Alícia e Jorge se pegavam de uma forma desesperada. Pelo menos da parte do Jorge só vinha desespero. Ele agarrava ela de uma maneira estranha e tenho quase certeza que se ali houvesse uma cama, os dois fariam algo.
Não queria continuar vendo aquele "belo" espetáculo. Então voltei a andar, mas para o outro lado. Então os dois tinham ficado mesmo. Como eu era idiota em pensar que Alícia não fosse querer nada com ele. E mais uma vez os meus pensamentos me atormentavam. Por que todos tinham uma vida normal, de pegação, farras e alegria e eu não? Só tinha estresse e mais estresse?
Decidi voltar para onde todos estavam, mas uma voz baixa e rouca me impediu de fazer isso.
(Alícia) - Paulo!!! Me ajuda!!!
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