2018년 08월 21일
오전03시01분
화요일
Quando a noite cai costuma trazer consigo sensações inquietantes.
Alguns encaram-na com a tendência de enfrentar a tormenta de quem não sabe o que esperar para o dia seguinte. Para esses, as madrugadas lhes soam tal como uma eternidade encenada, em que as trevas – com o codinome de uma guerra – passeia livremente pelo solo espalhando terror até que a luz do primeiro raiar lhes tragam de volta a uma realidade indefinida, sem saber o que os olhos vão encontrar no cenário do amanhecer.
Outros, já mais propícios a calmaria, encontram nela o aconchego que a luz do dia ousou lhes roubar. A oportunidade do descanso e a esperança de que, ao novo despertar, o mundo tenha de volta a paz, preenche os lares completamente devastados, mas que, com a bondade do olhar de uma criança, consegue se encher de um sonhar infinito, independente daquilo que os cercam...
A verdade é que nunca se sabe o que esperar para o tão aguardado “amanhã”. Noite ou dia. Por mais que o mundo dite as mais mirabolantes formas de se prever o futuro, pode-se observar, numa análise mais fria e aprofundada, que em sua grã realidade, o “amanhã” nunca chega. O futuro nada mais é do que um ciclo que preenche as mentes humanas com apenas duas coisas: o ontem e o amanhã. Esquecido nas sombras de um sonho, o hoje acaba se tornando sempre aquele segundo indesejado a te separar do ‘onde quer chegar’.
Passava das duas da manhã, isso era certo. A rua encontrava-se tão deserta quanto aqueles filmes de faroestes em que um emaranhado de poeira passa girando pela tela. Mas, ao contrário dos filmes, a poeira em si, ao menos nessa ocasião, não estava flutuando livremente pelas ruas de uma Seoul adormecida, pelo contrário, encontrava-se bem mais do que presa e assentada entre algumas paredes, estantes ou chãos.
Acontece que no meio de uma obra – e não, não estou falando de uma obra de arte – não existe um único lugar no mundo capaz de evitar o pó que se acumula após a passagem da temível furadeira em suas paredes. Ou mesmo da invencível serra que faz questão de deixar seu rastro sempre que fatia aos pedaços inúmeras madeiras a mando de uma mão calejada pelo trabalho.
Bem, de uma forma ou de outra, lá estava ela, observando cuidadosamente cada centímetro do seu sonho que se tornava realidade. A poeira não lhe incomodava, pelo contrário, só deixava tudo ainda mais real. Além do que, querendo ou não, ela sabia, e como sabia, que nada passaria despercebido aos olhos de águia de sua sócia, ou seja, provavelmente toda a sujeira que inundava os quatro ventos daquela esquina seria aniquilada do mundo em uma inspeção cuidadosamente organizada pela menor.
O mundo conheceria a fúria de Sophie - A destemível.
Acabou rindo consigo mesma. Conhecia cada pensamento da amiga para ter uma certeza sem igual de que esta se auto intitularia desse mesmo modo no dia que resolvesse dar à loja a devida limpeza que merecia.
Só que, por ora, a ruiva seguramente encontrava-se A destemer qualquer coisa que se encontrasse em seu milionésimo estágio do sono, enquanto ela, sem saber ao certo o porquê de não estar fazendo o mesmo, encontrava-se ali, dedilhando tranquilamente o esboço do que se tornaria em algumas semanas a loja tão sonhada e desejada.
Inquietude. Esse era o nome do mal sofrido pela italiana que já há algumas noites vinha lhe visitar pela madrugada e acabava por levar consigo a companhia de um bom sono.
Talvez o que a incomodava na verdade não fosse nem mesmo caracterizado como sendo de fato um incomodo, mas sim, quem sabe, fosse a ansiedade de poder ver o espaço, que ainda tomava forma, encher-se de alegria. Quantos sorrisos não seriam compartilhados ali, nas mesas escolhidas por si? Quantos corações não seriam tomados por apreciadores do melhor que um saboroso café poderia proporcionar? Ou então, quantos não seriam os casais apaixonados a se formarem bem diante de seus olhos, com a ajuda de um doce seu? Quem poderia negar que talvez não fosse ali, no espaço idealizado durante anos, o ponto crucial para dar um empurrãozinho a aqueles, que assim como ela, só precisam de um esforcinho mínimo para se aventurar no melhor que a vida pode dar. Até mesmo grandes transações poderiam ser feitas acompanhadas por um drink do cardápio, e tudo isso graças ao ambiente que agora construía – e não, meus caros, não ousem tirar dela esse mérito.
“A Coreia do Norte estacionou mísseis terra-ar de longo alcance na zona
da fronteira com a Coreia do Sul. Vários mísseis SA-5 foram posicionados
na província de Hwanghae, no sudoeste do país, na zona de fronteira, e
representam um potencial perigo para os aviões sul-coreanos.
É, imaginar o futuro sempre fora o forte da garota. Não é difícil supor quantas não foram as noites deixadas em branco por uma mente que fervia em pensamentos, inundava-se de imagens e permitia-se criar o que agora parecia estar a um simples passo de acontecer. Ela sabia disso, dava pra ver nos sorrisos soltos involuntariamente, nos gestos perdidos no ar, na sombra que encobria o seu vulto. Agora não era mais questão de sonho, a realidade lhe batia a porta, informando que finalmente tinha chego o grande espetáculo para o qual se preparou uma vida inteira.
Nem mesmo a eternidade vivida pelas linhas de um livro seria capaz de representar aquilo que explodia em seu interior.
Ela mesma não o podia.
E enquanto sua mente trabalhava fervorosamente, preenchendo com imagens de um futuro próximo, o rádio – uma companhia na madrugada sempre caí bem, não? – acabava tendo como ouvinte o vazio. Por mais que tentasse, a garota mal conseguia terminar as anotações que fazia em um caderno qualquer, quanto mais prestar atenção em um dos ofícios que a fascinava desde muito nova.
Engraçado é pensar como o coração tão inquieto da moça parecia combinar perfeitamente com aquele que assim como ela, perdia-se em seu próprio mundo.
Cada um em seu tempo e espaço.
Passado e futuro mesclavam-se numa dança quase que ensaiada.
Não muito distante dali a mente tão cheia de conturbados furacões não permitiu ao rapaz perceber onde seus passos haviam lhe guiado. Quando o fez, lá estava ele mais uma vez. Traiçoeiro! Esse era o seu subconsciente. Repetidamente cometia a tormenta de levá-lo de volta para onde tudo se dera inicio. Alias, diga-se de passagem, após tantas vezes descobrir-se parado diante daquele mesmo prédio, estava acostumado a ter como destino favorito de seu subconsciente o cruzamento de Samseong-dong com a Teheran-ro, onde em tempos antes, costumava esbarrar com uma ou outra fã a sua espera.
Hoje, naquela madrugada, tempos assim lhe pareciam infortunadamente distantes de uma realidade que ele mesmo escolhera para si.
Distante. Mas nem por isso acostumara-se. Sendo sincero consigo mesmo, havia se rendido e aceitado que nem a mais longa volta dada na terra poderia afastar o que seu coração gritava-lhe constantemente. Disso seu subconsciente sabia, e tal como o sabia, o torturava sempre que se deixava vagar sem destino, apenas buscando a paz que seu próprio interior não encontrava.
Novamente se viu vagar com o olhar para o terraço do prédio, mesmo da calçada, sempre fora capaz de enxergá-lo. Ainda lembrava com clareza quantas não foram as pausas – ou fugas – compartilhadas ali. E durante o tempo preciso de um minuto permitiu-se sentir a brisa que soprava em seu rosto com os lábios curvados em um sorriso, até mesmo os olhos se fecharam, o levando de volta para aquele mesmo terraço. A sensação era quase tão tranquilizadora quanto como a que tinha quando se refugiava no seu local favorito de todo o prédio.
Mas, por mais parecida que fosse, ele sabia que não era a mesma.
Não como se estivesse lá, nem como se estivesse com eles.
Segundo um informante militar, estes mísseis foram movidos em abril,
após o afundamento de uma corveta sul-coreana no Mar Amarelo por um
torpedo norte-coreano. O ataque matou 46 marinheiros.
Quando os olhares se cruzaram ambos estavam longe demais para perceberem as respectivas presenças. No infinito, escondido entre a distância de duas calçadas, os olhares se prenderam por mais tempo do que seriam capazes de recordar, reconheceram-se no mesmo segundo em que se anularam.
Ela, como já era de se esperar, via pelo vidro à sua frente os dias de sol que o futuro lhe reservava.
Ele, como há tempos acontecia, encontrou na rua diante de si o passado que insistia em lhe chamar de volta.
Cada qual estava à um passo de se conhecerem, porém o destino achou por bem que, naquela noite, ambos vivenciassem o seu próprio mundo, apenas apreciando secretamente a presença um do outro.
Ao menos enquanto não estivessem em sintonia.
A fonte militar afirma que os mísseis são destinados a impedir que a
aviação sul-coreana lance ataques contra objetivos estratégicos do Norte.
O regime comunista norte-coreano nega que tenha torpedeado a corveta,
mas o episódio reavivou a tensão na península.
Soo Young para MBC News. Boa noite.”
요즘 따라 내꺼인 듯 내꺼 아닌 내꺼 같은 너
니꺼인 듯 니꺼 아닌 니꺼 같은 나 (♪)
- Sophie, dá para parar com isso?!
- Me deixe mulher, está tudo uma imundice!
- O que nesse lugar não está sujo, senhor?
- Eu!
A loira apenas girou o olhar, já levemente alterada.
- E é exatamente por isso que não irei me sentar ou ousar pensar em comer algo nesse estabelecimento no estado em que está. Minhas roupas e minha saúde agradecem.
A ruiva girou brevemente com o seu típico sorrisinho triunfante, enfeitando o canto dos lábios, antes de sair organizando, ao seu modo – e como dava – aquilo que julgou ser no mínimo necessário para que pudesse se sentar na companhia dos outros.
Enquanto isso, Mia se deu o trabalho somente de se juntar aos outros que apenas assistiam as tradicionais brigas de suas vizinhas, nada que não fosse o normal. Vale lembrar que, segundo o mais novo do grupo, Mir, anormal seria se elas não estivessem guerreando.
Com o passar dos meses os rapazes tinham aprendido – a duras penas – a não se intrometerem entre as duas. Por mais impossível que pudesse parecer, ambas se entendiam perfeitamente no que chamavam de “uma conturbada e harmoniosa” relação de amizade.
Seungho e BangHee, que á aquelas alturas provavelmente tinham saído de foco, encontravam-se sentados no chão mesmo, contrariando a ordem dada pela mais nova juntos de Whisky e Gom, os caninos que tal como os donos, viviam se implicando, ao mesmo tempo em que não se desgrudavam.
Cheol junto de Soju, diferente dos outros, esperavam pacientemente para receberem a devida autorização de Sophie para se acomodarem. Mas não se deixem enganar! Claro que o filhote permanecia longe dos seus companheiros somente por uma questão de: estar preso no colo do maknae. Não era de se surpreender que Miru agisse dessa forma uma vez que regularmente obedecia a garota um tanto menor que si, mas dona de um temperamento muito genioso e questionavelmente autoritário.
- E lá vamos nós! Mais uma vez nos reunimos aqui nessa noite para apreciar e descobrir quem vence esse duelo. Mia, a italiana feroz, ou Sophie, a francesinha do tamanho de um poodle. Façam já as suas apostas!
Mia e Sophie continuavam a discutir, agora na cozinha. Não que a mais velha não soubesse que de nada adiantaria tentar impedi-la, mas fazer o quê? Era de sua natureza querer paralisar a outra antes de fazer algo que, ao seu ver, se tratava apenas de pura frescura.
- Segundo o roteiro, o primeiro passo é a anã mandar ela sair do pé dela.
- Você não se cansa disso, não é mesmo?
Banghee apenas ria, observando a diversão do mais velho em teoricamente narrar mais uma briga da dupla. Não, definitivamente Seungho não se cansava e nem tinha sido adoravelmente apelidado de “membro indesejado” pela menor atoa. Desde o primeiro segundo em que se chocaram, a ruiva e o mais velho aprenderam a criar uma antipatia mutua – mesmo convivendo constantemente. Com isso vieram, como consequência, os apelidos amáveis que trocavam. E o destino somente piorou as coisas para o lado da mais nova quando decidiu lhe fazer, como já dito, mais nova e ainda consideravelmente menor do que o amado vizinho.
- Larga do meu pé grude, se você não quer sua roupa limpa, eu quero!
- Mas é desnecessário criatura, e você está de shorts, nem vai sujar tanta coisa assim!!
- Agora você está sugerindo que eu encoste a minha pele nesse chão?
Conforme a descrença pelo que ouvia tomava o olhar de Sophie, que simplesmente parara no meio do caminho com a mão no peito, indignada, a loira começava a respirar profundamente para não esganar sua companheira enquanto voltavam ao salão principal da loja, no qual os outros se encontravam.
- Quer apostar?
- Yaah! Um leader não pode extorquir os mais novos assim.
- Você é praticamente da minha idade.
- Mas sou do seu grupo.
Quando os rapazes decidiram criar a noite da pizza, em plena quinta-feira, tinham em mente a ideia exclusiva de poder aproveitar um tempo a mais com as garotas. Acontecia que desde que a inauguração da loja passou a se aproximar, ambas ficavam mais horas no local do que no apartamento ao lado – Não que a loja fosse mais distante do que isso.
- Você não pode estar falando sério, é só pó Sophie!
E acreditem, eles realmente não pensaram que um ato tão comum como “comer” pudesse iniciar outro debate.
- Segundo ato: falar o nome inteiro.
- Você não vai para o céu, Seungho.
- Nem quero.
O moreno observava discretamente a face do mais velho, poucas pessoas conseguiam identificar o brilho no olhar e o divertimento pessoal que Seungho tinha em provocar a estrangeira, ou vê-la sair do sério mesmo que não fosse por suas mãos. G.O ainda tentava entender o que aquilo significava, no final das contas, se ambos se odiassem tanto, passariam menos tempo juntos, ou se provocariam menos. Por sinal, não se provocariam.
- Como assim é Só Pó, Mia Acco??
- Por céus coisa, o que tem demais em ser pó?
Modéstia a parte, ele também não era o único a perceber ali. Não era atoa que o MBLAQ podia se vangloriar sobre vários assuntos. Era logico que eles sabiam sobre muita coisa. Eles observavam muito mais do que se supunha.
- Agora com vocês, o ápice do momento: El pijamita.
E Bang Cheol o escutava muito bem. Única coisa é que diferente do outro, o mais alto escondia o sorriso, ele podia não assumir, mas o líder do grupo não era o único que gostava de sentar na plateia e apreciar as divertidas e tão cômicas brigas da dupla de estrangeiras.
- O que tem demais?? A minha pele que vai ficar suja com esse pó solto por ai.
- Mas você trouxe uma equipe aqui hoje cedo para limpar TODA a loja criatura de Dios.
- Eu ainda consigo senti-lo! Estou até com a minha alergia atacada, imagina o que isso vai fazer nas minhas inocente pernas.
- ‘Cê coloca a porcaria de um pijama que você tanto ama, daqueles que você nem tira se deixar.
- Um momentinho! Pêra aí, dona moça. Por que diacho os meus pijamas tem que sempre entrar em pauta??
- Porque eles são ridículos!
- Com licença, querida. Mas eles são bem melhores do que os pijamas de casais que você diz querer usar.
...
É, a noite terminaria normal como aqueles cinco, mais os cachorros, já estavam acostumados. A pseudo briga terminaria assim que Miru tirasse uma caixa de chocolate escondida da bolsa, tal como Banghee se apressasse em fazer alguma palhaçada e Seungho ameaçasse ir embora com as pizzas.
Nada muito fora do cotidiano que os três, sem perceberem, acostumaram-se a ter nas folgas escaladas do exercito desde que encontraram-nas atrapalhadamente perdidas em seu andar numa manhã qualquer.
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Notas: ¹ Decisão: prescrita no dicionário como "Ato ou efeito de decidir; determinação, coragem, resolução, intepridez, deliberação.
Tomada de decisão”
Quando se toma uma decisão, ela tem que ser levada até o fim, seja quais forem as consequências enfrentadas por conta dela. Você precisa estar ciente de que o processo toma forma e ganha o ponto final a partir do momento em que ultrapassa os limites do pensamento e se torna uma vibração, quando as cordas vocais o levam para o conhecimento do mundo, ali estará sentenciado o seu pagamento no juízo final.
Não adianta voltar atrás.
Não adianta chorar.
Para representar isso de uma forma que melhor seja captada, acho que será necessário explicar primeiro como as pessoas naturalmente são representadas.
O mundo costuma-se dividir em duas passagens de tempo. Verbal e não verbal.
Geralmente começo explicando pela não verbal, aparentemente ela se mostra mais fácil de ser compreendida do que a sua irmã. Confesso que também me sinto mais próximo(a), quase como um(a) amigo(a) chegado, ou aquele parente distante, mas que sempre aparece para comer na noite do natal. De uma forma ou de outra, aqueles que são regidos a maior parte do tempo pela ação não verbal tendem a ter a mente constantemente conturbada, falo por experiência própria. Isso acontece pelo fato de que não deixamos os pensamentos ultrapassarem uma barreira clara entre o mundo e nós.
Em linhas mais claras: não o traduzimos em palavras. Sabe aquele sonho do futuro perfeito? Ou o xingamento mortífero ao seu chefe que te faz pegar plantão exatamente numa sexta-feira? Pode ser também a apreensão de estar andando sozinho a noite por uma rua e ver alguém surgir das sombras. Aquela revolta quando um motorista desavisado passa com tudo por uma poça de água no mesmo segundo que você está andando ao lado. Assim como muitos compreendem o medo que te faz paralisar diante de um acontecimento que talvez, só talvez, você poderia ter impedido ou ajudado. Ou então o desejo alucinante de dar oi, pegar o contato e chamar para sair aquele gatinho(a) que passa do seu lado todos os dias.
Isso, meu caro, são o que eu chamo de metades do mundo não verbal, em que as pessoas, por temer ou simplesmente não achar necessário compartilhar algo, acabam guardando para si desde os mais doces até os mais pecaminosos pensamentos.
Agora, num segundo instante, costumo dizer que a outra metade do mundo, a mais agitada e mais cheia de perigos, é dominada por aqueles que literalmente sentem prazer em não temer, em dar cara à tapa para o que for necessário. Em outras palavras, são aqueles que dão voz ativa para tudo aquilo que os afligem em pensamentos. Pelos motivos mais variados, seja por fazer parte da sua personalidade ou por ser incrivelmente fiel à sinceridade. Também pode ser pelo fator de que muitos não percebem o que falam ou a forma como o fazem até que quando dão por si, já fora dito. E temo ter que avisá-lo, querido diário, que esse é o tipo mais perigoso. Pois justamente por não terem o controle sobre suas falas, essas pessoas facilmente são tidas como explosivas, temperamentais, mau entendidas e em sua grande maioria, acabam por machucar aos que estão próximos exatamente pela falta de controle.
A verdade é que tanto para um, quanto para outro, os riscos entram altamente em jogo.
Uma vez que, ao optar pelo não dizer, teremos sempre presente a angustia de pensar no que poderia ter acontecido caso o fizéssemos. A duvida é banhada na crueldade de duas palavrinhas em especiais que usualmente iniciam a frase: as famosas “E se”.
Contudo, a contrabalancear a questão, quando elegida a linguagem verbal, tenho por mim que a pessoa tem que saber muito bem do que está abrindo mão, não? Pois paremos para pensar, senhor diário, não seria comum existir todo um processo por trás da história? Ao menos, é o que acredito eu.
1- Inicia-se primeiramente sem a percepção do ser, lá no subconsciente, sem que você imagine ao passar por algo o seu cérebro tende a acionar uma alavanca onde a construção de um pensamento, vontade, sonho ou decisão começa a ser movida.
2- A partir disso, leva-se algum tempo para que o consciente tome conhecimento do que está secretamente almejando.
3- Dado o conhecimento, vem então os prós e os contra que consequentemente chegam na enfim tomada de decisão: Dizer ou não dizer.
4- Só então, quando escolhida a decisão de externar o pensamento, é que o mundo enfim ganha conhecimento do que lhe passa na mente.
Então, logo presume-se que ao chegar para o conhecimento de todos, a decisão deve estar muito bem preparada, analisada e aceita pelo seu mensageiro, não?
O que pretendo dizer com tudo isso, diário, é que uma vez transmitida, quais quer que sejam, o autor do pensamento tem que estar ciente do que lhe vai ser acarretado para que os riscos de arrependimento, sejam no mínimo baixos demais, ou praticamente nulos.
Agora o que eu não entendo, é por que as pessoas o fazem sem levar em consideração tudo o que foi citado anteriormente?
Eu sabia, diário, tinha total conhecimento, quando ele sentenciou o exilamento a si mesmo, o arrependimento já lhe inundava a alma, o olhar assustado e um pedido mudo por socorro se escondia por trás dos lábios que decididamente recusavam-se a voltar atrás.
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E é assim que o ciclo da vida vai sendo construído, sem que nem a mais encantadora mente
humana seja capaz de explicar ou prever os passos que levam a humanidade para a mais
adocicada ponta do precipício.
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