Já era a quinta noite onde Trafalgar não havia conseguido dormir direito. Sempre acordava no meio da madrugada e ficava rolando na cama até conseguir pegar no sono de novo, o que era em vão. Quando finalmente conseguia dormir, o celular tocava indicando que precisava levantar para ir trabalhar.
Levantou o tronco na cama e ficou sentado, colocou a mão sobre a testa e estalou a língua. Estava cansado, nervoso e preocupado.
Há duas noites atrás Law saiu para beber e se divertir, foi ao mesmo bar onde o encontrou, talvez na esperança de vê-lo novamente. Mas, infelizmente, não foi ele quem apareceu e sim Monet. A mulher estava reclamando que foi demitida e dizia que iria sair desse ramo de babá. Eles conversaram e minutos depois estavam na cama, contudo nada aconteceu, Law parou antes mesmo dela tirar alguma peça de roupa e pediu para que ela fosse embora. E, vermelha de raiva, ela foi.
O motivo de ter parado tão de repente? A resposta era simples, ela não era Luffy.
Já faz quase três semanas que ele não via o Mugiwara, não recebia mensagens e não tinha notícia alguma dele.
Ele tentava aceitar o fato de que a “relação” deles havia acabado e precisava seguir em frente.
Mas era impossível!
Por que era impossível?
Foi o próprio Law quem disse que não queria nada. Porque logo agora ele estava com tanta dificuldade para aceitar que acabou?!
Não conseguia simplesmente esquecer…
Suspirou novamente. Não aguentava mais pensar sobre Luffy e por onde ele passava, o que fazia e se já havia encontrado um outro alguém que realmente o merecesse.
Só de pensar nisso, o coração de Law doía, afinal, não era fácil suportar a ideia de que a pessoa por quem havia se apaixonado. Mesmo que nunca fosse admitir isso.
Sentiu algo se mexer na cama, algo não, alguém. Rosi estava ao seu lado, dormia abraçado no bichinho que Luffy lhe deu. O menino estava ali porque não estava se sentindo bem no meio da noite e foi até o quarto do pai para dormir com ele. Além de não parecer muito bem, estava meio… triste?
— Hmm… B-bom dia, papai. — Sorriu o garoto, coçando os olhos por baixo da franja e se levantando lentamente.
— Bom dia. Está com fome?
— Não. Ainda não me sinto muito bem… — Contou abraçando ainda mais apertado a pelúcia.
— Sei. Não vou te mandar para a escola hoje, certo? Não quero ver você vomitando na escola, ou sei lá.
O menor riu.
— Tá bom.
O silêncio se estabeleceu ali por um tempo, Law pegou seu celular e entrou novamente na conversa de Luffy, ainda estava bloqueado e suspirou pesado de novo.
— Papai, — Chamou o menino, encostando a cabeça no tronco alheio. — estou com saudade do Luffy. — Confessou sem demonstrar reação alguma.
Law não ficou surpreso, óbvio que já tinha notado quando Rosi ia correndo atender a porta com um sorriso enorme no rosto e depois se decepcionando por ser apenas o carteiro. Além das vezes em que saiam juntos, ele parecia sempre estar procurando alguém, esperando que se encontrassem por acaso. Infelizmente, não aconteceu.
— É… Eu também. — Disse Law, pois não costumava mentir para o filho.
— Onde ele foi? Eu sei que ele é bombeiro e salva vidas igual você, papai. Então… Ele só deve estar ocupado, não é?
Law desviou o olhar. Como poderia encarar aquela fofurinha inocente?
Ele não havia contado a decisão de Luffy, não chegou nem perto disso. Não queria lidar com a carinha triste dele, não gostava nem de imaginar!
— Sabe, Rosi… — Começou e o menino mirou os olhos nele. — Eu acho que o Mugiwara-ya não volta mais.
Mesmo que não desse para ver, Rosinante arregalou seus olhinhos e empurrou o lábio inferior para cima.
— P-por quê?! Eu fiz alguma coisa que ele não gostou?!
— N-não! A culpa não é sua. — Suspirou — Eu meio que… Não quis ficar mais próximo dele, sabe? Fiquei nos afastando e ele resolveu ir embora logo. A culpa é minha.
O loiro abaixou a cabeça e abraçou o pai fortemente.
— T-tudo bem… — Levantou a cabeça novamente e sorriu, porém dava para ver que estava só se aguentando para não chorar. — V-va-vai ser só a gente de novo, né? Tudo bem! Eu não preciso de outro pai, tá bom? Só… S-só não se sinta culpado, papai! — Sorriu mostrando os dentes, se forçando para fazer tal ato.
Law nem soube o que responder. Ele adoraria acreditar no que Rosi estava dizendo, mas a culpa era dele sim.
Minutos depois, a campainha tocou e Law foi atender, era Nami sorrindo alegremente como sempre.
— Olá, Tral! — Comprimentou ela com o apelido que Luffy também usava. — Bom dia!
— Bom dia. — Respondeu tentando entender de onde aquela mulher tirava tanta energia logo de manhã.
— Corazón já acordou?
— Já sim. Mas acho que não é bom levá-lo para a escola hoje. Ele estava meio febril ontem, pode ficar hoje de novo. Eu aviso para a professora dele depois.
— Oh, claro. — Afirmou deixando sua bolsa sobre o sofá e caminhando até a escada.
— A propósito, Nami-ya. — Chamou a atenção dela. — Você tem conversado com o Mugiwara-ya ultimamente? Eu não o vejo faz uns dias…
— Luffy? Eu troquei umas mensagens com ele antes de ontem e só, ele deve estar ocupado com o trabalho.
Pela reação neutra dela, Law imaginou que ele estava bem. Pelo menos isso.
— Entendi.
— Se quiser posso falar para ele que você está preocupado.
— Não, não. Não é preciso.
— Então tá. — Deu de ombros e subiu as escadas.
°°°
Se encontrava no hospital novamente, sentindo-se cansado só de ver os mesmos rostos de sempre.
— Oe, Trafalgar! Tua cara tá horrível! — Falou Eustass, rindo debochado.
— Obrigado. — Law continuou andando no corredor, querendo se livrar daquele ruivo logo.
— Quer ir beber hoje? Killer vai também. A gente pode tentar achar alguém pra você. — Colocou o braço em volta do pescoço de Law.
— Dispenso.
— Ah, por quê?! Não vai me dizer que já tem alguém?
Law o encarou com a expressão mais entediada e desinteressante que encontrou.
— É claro que não tem. Quem ia aturar um pau no cu como você?
— Você ia se eu tivesse aceitado.
— Mas não aceitou e eu estou muito bem com o Killer, ouviu?
— Problema teu. Até mais. — Entrou no banheiro e deixou Kid sozinho e provavelmente o xingando pelas costas.
Entrou em uma das cabines do banheiro e mijou. Desde que Luffy foi embora, seu pau só serviu pra isso mesmo, nem vontade de bater uma ele estava tendo em todos esses dias.
Saiu dali e foi lavar as mãos, mas já não estava sozinho, Marco estava na frente de uma das pias, lavando suas mãos e observando seu reflexo no espelho.
— Oh, bom dia.
— Bom dia.
— O que foi? Você não parece muito bem… Aconteceu algo entre você e o Luffy?
Law literalmente deu um pulo ao ouvir aquilo. Marco estava o vigiando ou o que?
— Ã-ãh? Como chegou a essa conclusão?
— Ah, desculpa, yoi. — Riu. — É que o Luffy sempre comentava sobre você e do nada parou… Só achei que pudesse ter acontecido alguma coisa.
— É meio difícil de explicar…
— Hm, sei. Aliás, que tipo de relação vocês têm? Ele me falava de você, mas nunca o chamou de namorado ou algo parecido. Achei estranho.
— Ah… Nós… Eu acho que… Nenhuma?
— Oh, entendi o porquê dessa sua cara, então. — Marco sorriu e saiu sem dizer mais nada.
Law franziu o cenho sem entender nada.
O que aquele abacaxi estranho quis dizer?
°°°
Finalmente estava livre de qualquer cirurgia hoje. Olhou no relógio e estalou a língua: já passava das nove da noite! Droga, não chegaria a tempo de dar ao menos um boa noite ao filho.
Suspirou pesadamente passando a mão sobre as têmporas, massageando-as. Mais um dia cansativo e sem nenhuma notícia de Luffy. Que maravilha.
Caminhou pelo corredor do hospital a caminho de sua sala para pegar suas coisas, ir para casa e dormir feito pedra até o celular tocar novamente.
Já estava caminhando até sua sala para pegar suas coisas, porém seus planos foram interrompidos quando alguns gritos desesperados vieram da entrada do hospital. Todos os presentes ali, enfermeiros, cirurgiões e pacientes, observaram a estranha cena de um homem com cabelos esverdeados segurando um braço em volta de seu pescoço de um outro rapaz mais baixo e de cabelos negros, esse aparentava desacordado e suas roupas estavam bastante sujas.
Alguns médicos e enfermeiros já haviam ido até os dois e estavam perguntando o que aconteceu enquanto puxavam uma maca até o ferido.
Law ignoraria a cena e seguiria sua vida caso não tivesse notado uma coisa: O homem desacordado era Luffy!
— Eu atropelei ele! Não tive intenção! Ele apareceu do nada e eu… — O homem de cabelos esverdeados explicava, ou melhor, gritava para a médica em sua frente.
— Senhor, se acalme! Não se preocupe, nós vamos cuidar dele. — Disse a mulher, com firmeza, enquanto um enfermeiro se aproximava e segurava o ferido e o deitando na maca ali.
Law observou a cena calado e de olhos arregalados, uma mistura de sentimentos transbordou em seu corpo e ele não sabia ao certo o que sentir.
Alívio por ver Luffy.
Ou preocupação por ver Luffy logo depois de ser atropelado!
Olhou para o homem no qual julgou ser amigo do Monkey, afinal, ele era uma das pessoas presentes no dia em que Luffy fez sua cirurgia no peito. Ele ainda se encontrava desesperado e ofegante, colocou a mão na testa e pegou seu celular no bolso, digitando algo rapidamente.
Trafalgar seguiu com os olhos para onde a maca de Luffy fora levada e viu Kid entrar nela segundos depois. Odiava admitir, mas Monkey estava em boas mãos.
Aproveitou isso e seguiu discretamente o esverdeado para fora do hospital, afinal, queria descobrir como diabos ele atropelou alguém que considerava amigo!
— Sanji! — A voz dele gritou para alguém do outro lado da linha no telefone. — Sim, eu sei que é tarde, mas eu tava voltando para casa e atropelei o Luffy! — Uma pausa foi feita enquanto o homem afastava um pouco o aparelho do ouvido, até Law conseguiu ouvir os gritos do tal Sanji. — Eu não sei! Tava no sinal verde e eu continuei indo, né, aí do nada ele apareceu na minha frente e aconteceu! Não, não. Acho que não foi nada muito grave, mas tenho certeza que machucou algo… Acho que ele estava bêbado, não sei dizer. Uhum, uhum, sei que é estranho. Mas o Luffy estava bem estranho esses dias mesmo. Sim! Não lembra como ele reagiu quando a gente perguntou do médico lá?
Trafalgar arqueou as sobrancelhas. Estavam falando dele?!
— É, eu sei… Olha, vou ficar aqui por mais um tempo e qualquer coisa te aviso… É. Também te amo. — Suspirou e desligou a ligação, dando meia volta e caminhando novamente para dentro do hospital, passou por Law, mas nem o notou ali.
Agora o relógio já marcava duas e trinta e quatro da manhã, e Law ainda estava se aguentando de pé ali, ninguém havia entendido o porquê dele ainda estar ali sendo que já havia feito tudo o que precisava fazer e sempre saia assim que possível.
O motivo do cirurgião era óbvio: Luffy estava ali e ele não perderia a oportunidade de finalmente conversar com ele!
Luffy cerrou os olhos e finalmente os abriu lentamente. Seu corpo estava todo dolorido e ele mal conseguia se mexer.
Deu uma olhada em volta, parecia um quarto de hospital e pensou o porquê de estar ali… Forçou-se a lembrar o que ocorrera, mas em vão, nenhuma lembrança clara vinha a sua mente.
Um homem alto, ruivo e que usava um jaleco branco cruzou a porta do quarto.
— Olha, você tem sorte, hein. — Comentou o médico com um sorriso.
— O-o que aconteceu?
— Um amigo seu te atropelou, mas não foi nada muito grave. Apenas alguns arranhões e um braço quebrado. Já coloquei um gesso e te deram um remédio para amenizar as outras dores.
— Ãh? — Luffy olhou para o braço direito, estava enfaixado em um gesso branco. — Ou… Espera, você disse que um amigo meu me atropelou? Quem?
— Um de cabelo verde. Ele disse que não foi intencional. — Respondeu Kid, cruzando os braços.
— Zoro… Eu não me lembro...
— Bom, é isso. Vou chamar esse tal Zoro e dizer que você acordou, tá? Fique aí e descanse um pouco.
— Claro. E obrigado.
O médico sorriu mais uma vez e saiu do quarto, caminhando pelo corredor à procura de Zoro.
Luffy cerrou os olhos novamente, não apenas seu corpo doía, mas a cabeça também! Era como se fossem pontadas de uma faca. Balançou a mesma e fechou os olhos, ainda tentando recordar do que estava fazendo horas atrás.
Ele lembrava de ter ido trabalhar e saiu quando já era noite, depois… Ah, sim, foi isso que aconteceu...
Ouviu um barulho vindo da entrada do quarto e sorriu enquanto abria os olhos.
— Zoro! Como vo- — Parou de falar ao perceber que, infelizmente, não era Roronoa ali.
Era alguém que ele planejava não ver por um bom tempo.
Sua expressão de felicidade se desfez e desviou suas orbes castanhas.
— Ah, Law...
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.