- Como assim ela não sumiu no parque?- Perguntou Jason parando de digitar e finalmente me olhando.
Cruzei os braços no peito, como se pudesse juntar os cacos que ficaram meu coração depois da tarde de hoje. Suspirei.
- É, isso acabou um pouco com as minhas teorias. - Falei - Ainda acho que possa ser um assassino serial, mas porque ele se arriscaria à ir tão longe? Ainda mais com o risco de o verem se aproximar dela no quintal.
Ele deu de ombros.
- Se for mesmo um assassino serial, ele ia gostar do risco. - Tamborilou os dedos na mesa. - Eles gostam do risco.
Afastei a cadeira que estava ao seu lado e sentei. Virei para encará-lo.
- O que você sabe sobre assassinos em série? - Perguntei.
- Sinceramente só o que vejo no Netflix.
Bufei irritada.
- Tô falando sério Jay.
- Eu também Annie. Temos que procurar um profissional se quisermos saber mais sobre o assunto. - Voltou a digitar,os olhos indo de um lado para o outro conforme escrevia. Fez outra pausa percebendo que eu ainda o olhava. - Annie nem sabemos se é um assasino em série ok? Ele fez um ataque. Eu procurei em todos os arquivos de desaparecimentos de crianças não só aqui mas no Kentucky, Colorado, até mesmo em Ohio e nada bate com o padrão, eu sei - frisou quando abri a boca apra protestar- Que realmente podemos cogitar que seja, pelo modus operandi e pela assignatura, mas fora isso não temos mais nada.
Bufei irritada.
- Quer o quê? Esperar que outra criança seja sequestrada, violentada e morta para agirmos!?- Protestei.
Ele pigarreoou.
- Hã, esse é o nosso trabalho tá lembrada ?
Ele tinha razão. Sem responder levantei, e me encaminhei para nossa cafeteira. Enchi uma xícara até quase a boca, e completei o resto com açúcar. Bebi mais da metade antes de lhe dar uma resposta.
- As vezes odeio isso. Esse desgraçado merece fritar em uma cadeira Jay!
Ele ergueu as sobrancelhas claras como seus cabelos, e tão bagunçadas quanto.
- Queremos justiça Annie, não vingança.
- Fale por você- Respondi com a voz abafada tomando mais um gole.
Ele se espreguiçou parecendo não ouvir meu comentário anterior.
- Nenhuma pista de um possível suspeito?
Meneoou a cabeça.
- Nada ainda- Respondeu frustrado- Poderia ser qualquer um. Mas...
- Mas..?
- Tenho pensado que, ele poderia estar de olho à dias. Semanas talvez. A oportunidade foi perfeita demais. O que a mãe dela disse?
Pensei um pouco.
- Que eles comeram fora?
Ele bufou.
- Para de pensar em comida, não, sobre a rotina da Elizabeth, o que ela disse exatamente?
Tamborilei os dedos na xícara quente.
- Que ela amava aquele quintal, ainda mais depois do pai colocar a caixa de areia?
Ele arrastou a cadeira de rodinhas para ficar de frente para mim.
- Quer dizer que talvez, e apenas talvez, eles poderiam conhecer mesmo que remotamente o assassino.
Ergui uma sobrancelha.
- Porque acha isso?
- Porque se ela sempre estava ali brincando, ele poderia tê-la visto enquanto andava pelo bairro. Ter sabido ou até deduzido os horários que ela saía para brincar lá. Esperar a oportunidade perfeita para atacar.
- Acha que foi premeditado?
- Você não? - Rebateu.
- Poderia ser aleatório- Contrapus
- Ele não à teria marcado se o fosse.
Poderia ser que sim. Mas ainda...
- É o seguinte, me deixe confirmar isso tudo bem?- Pediu.
Fiz que sim com a cabeça.
- Como?
Ele sorriu travesso.
- Veja e verás.
Pegou o telefone da nossa mesa e discou os números que pegamos de contato da foto de desaparecidos de Elizabeth.
Bateu os dedos na mesa enquanto aguardava a mãe atender.
- Alô? Marie Campbell? Sou o detetive Jason Grace, parceiro de Annabeth, tudo bem? - Falou.
Tudo bem? Fiz uma careta para ele. Ele revirou os olhos.
- Sério que perguntou isso?- Sussurrei irritada.
- Cale a boca - Seus lábios desenharam a palavra sem som, enquanto aguardava a resposta.
Revirei os olhos, e bebi mais para não xingá-lo.
- A senhora poderia me responder duas perguntas? Sim, sim é para a investigação.
O que ele havia visto que eu não vi?
- Olha, qual era o doce preferido de Elizabeth? E quando exatamente seu marido instalou a caixa de areia no quintal?
Aguardou mais um pouco, puxou uma caneta, e um pedaço de papel da impressora anotando algo.
- Sim, sim. Entendo. Conheceram alguém novo recentemente ?
Sorrindo anotou de novo.
- Muito obrigado Sra. Campbell, e desculpe tomar seu tempo. Sim, sim, até mais.
Colocou o telefone no gancho e admirou o que havia escrevido.
- O que descobriu? - Perguntei me aproximando.
- Que Elizabeth era louca por alcaçuz, que faz uma semana que a caixa de areia foi instalada, e que Phill Evans se mudou para o bairro, um médico pediatra, e foi dar as boas vindas, e que também- Ali seu sorriso se alargou- Um cara chamado Chris Malore que mora no fim da rua recebeu a Polícia em sua casa essa semana.
Sorri satisfeita e orgulhosa.
- Boa Grace!
Ele estufou o peito.
- Obrigado, obrigado, sou incrível eu sei.
- Quer dizer então que ele sabia como atrair ela, e que dias antes do sequestro ela já brincava no quintal. Genial!
Ele se levantou e andou de um lado para o outro, as mãos atrás das costas, os óculos escorregaram para a ponte do nariz. Ajeitou-o com o dedo.
Repentinamente parou.
- Acha que vale a pena fazer uma visita para o Sr. Malore ?
Eu rodei na cadeira, fazendo as rodas protestarem e girarem comigo. Cada um lidava com o nervosismo e a ansiedade de um jeito.
- Acho qur qualquer tipo de suspeito nos vale uma visita, mas melhor confirmar. - Puxei o teclado do computador e digitei "Chris Malore" no banco de dados. Dei enter e esperei a busca finalizar.
Jason foi para perto de mim, apoiando as mãos na mesa. Mordia os lábios impaciente.
Busca finalizada, cinco resultados.
- Porra quantos Chris Malore's existem em Nova York? - Soltei indignada.
- Pelo visto cinco, mas com o endereço próximo ao da vítima tem apenas um- Apontou a terceira foto no computador- Não tem uma cara muito amigável não?
Cliquei na foto.
O suspeito, possuía um rosto carrancudo e taciturno. Os cabelos com dreadlocks caíam até os ombros, uma tatuagem com o cifrão abaixo do olho esquerdo. Um sorriso cínico despontava nos lábios fechados, abaixo de um bigode bem aparado. Ele parecia achar graça por estar sendo preso, e faria jus à isso em sua fotografia de detento.
- Aqui diz que ele era de uma gangue- Franzi o cenho para ler o nome- Keeper's, já ouviu falar ?
Ele também estava com o cenho franzido.
- Há uns anos Luke estava investigando eles, parece que conseguiram acabar com a gangue. Antes você sabe...
Antes de nosso antigo parceiro se unir com um traficante de drogas e tentar me matar duas vezes, é mesmo tinha esquecido os detalhes.
- Certo, vamos ver quais as acusações contra ele - Falei tentando evitar o assunto Luke. Rolei o mouse vendo a lista.
Jason assobiou.
- Rapaz- Coçou a cabeça- Esse dai tem história.
- Duas prisões por porte de drogas, uma por tráfico de armas de fogo, duas por agressão, e uma por perturbação à paz por... - Apertei os olhos para ler melhor porque sinceramente, não era possível- Correr pelado no bairro, segurando um gnome de jardim.
Jason soltou uma risada.
- Caracas vamos ter trabalho com esse aí. Ele está em condicional?
- Agora sim- Respondi rolando a barra para ver se tinha mais informações. - Pegou 9 anos e coincidentemente foi solto à quatro meses. Está cumprindo condicional até o momento.
Jason bateu na mesa.
- Nosso cara!
Joguei o cabelo para trás.
- Não sei não, algo me diz que não é ele.
- Qual das vozes na sua cabeça diz isso?
- Há há, hilário. Aquela que manda você tomar no...
- Ok, chega - Pegou a jaqueta e passou por mim de recostando no batente da porta. - Vamos fazer uma visita ao Chris.
Revirei os olhos mesmo sabendo se tratar de uma causa perdida, fiz o mesmo e o acompanhei.
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