Ash:On
Aahhh, gente... Isso é demais para mim. Estou aqui suando e tremendo pelo que está prestes a acontecer. O funcionário já estava com a mão na fechadura e num só movimento, ele abriu a porta.
Eu fiquei ao lado dele, sem que ninguém me pudesse ver. No momento, pude ouvir a conversa dele com a professora.
Funcionário: Professora Magnolia. Trouxe o aluno – Pego nele pelo ombro e empurro de leve para a frente – Aqui está ele.
Magnolia: Ótimo, ótimo. Muito obrigada. Pode ir.
Funcionário: Certo. Com licença - Fechei a porta e voltei aos meus afazeres.
“Só podem estar a brincar comigo.”
Mas que merda... Porquê? Mas porque é que tinha de ser na sala deles? Olhando em volta, pude ver os alunos, incluindo o Leon, a Nessa, o Piers, o Milo e por último o Raihan.
E o que mais me incomoda é o fato de ele não ter ninguém ao lado dele. Na verdade parando para pensar... Oh, não. Não, não, não. Isto não pode estar a acontecer.
No momento, pude ouvir a voz da professora Magnolia, que me acordou dos meus pensamentos.
Magnolia: Meu jovem, estás bem?
Ash: Ah? Oh, desculpa. Eu estava pensando – Maldita hora para ter esses pensamentos.
Magnolia: Me desculpe por tirá-lo da sua sala assim do nada.
Ash: Ah, não tem mal.
Magnolia: Certo. Muito bem, eu sou a professora...
Ash: Magnolia – Interrompia e antes que ela falasse, eu prossegui – Sim, eu sei – Caminho em direção a ela, ficando frente a frente com a mesma – Sou o Ash Ketchum. É um prazer conhecê-la.
Magnolia: Encantada – Aperto a mão dele e foi aí que reparei no Pokémon que ele trazia no ombro – Olhem só, o que temos nós aqui? - Aponto para o Pokémon elétrico.
Ash: Ah, pois... - Pego no Pikachu com as minhas mãos e seguro-o diante da professora – Esse é o meu Pokémon. Pikachu.
Pikachu: Pikachu. Pika.
Magnolia: Humm... Sempre pensei que os Pokémon ficavam dentro das suas pokébolas. Este não?
Ash: Nem por isso, não. Desde que recebi o Pikachu ele sempre esteve fora da sua pokébola. Não é amigo?
Pikachu: Pikachu.
Magnolia: Muito bem. Vamos começar a aula então. Sente-se ao lado do Raihan. É aquele...
Ash: Deixe estar. Eu sei quem é.
“Só não queria nada ter de me sentar ao lado dele.”
Caminhei lentamente até à mesa e chegando lá, sem manter contacto algum, sentei-me com o Pikachu no meu colo e olhei para a professora Magnolia.
Magnolia: Bom vamos começar. Como eu estava dizendo, os pokémon devem ser tratados com muito cuidado, antes e após uma batalha.
Eu prestava atenção a cada palavra que ela dizia, ou tentava, pois parecia que o ser ao meu lado me olhava e isso me dava calafrios, tanto como me desconcentrava da aula.
No momento em que eu escutava o que a professora Magnolia dizia, pude ouvir o Pikachu sussurrar algo para mim.
Pikachu: Pika. Pikachu.
Ash: Que foi Pikachu?
Pikachu: Pi.
Ele apontou para a mesa e nela pude ver um papelzinho. Estava dobrado e parecia ter algo escrito nele. Sem desviar o meu olhar do papel, peguei no mesmo e abri-o lendo o que tinha escrito.
“Bom dia baixinho. Que coincidência você estar nas minhas aulas, não é?
Ao ler aquilo, senti uma pequena gota de raiva invadir o meu corpo. Eu não sou nenhum baixinho. Tenho uma altura normal. Mas deixando isso de lado, quem é que enviou este bilhete?
Olhei e revi as duas páginas do pequeno papel, mas não tinha assinatura nenhuma. Foi então que o Pikachu me cutucou, chamando a minha atenção e olhando para ele, o mesmo apontava para o lado.
Pikachu: Pika, Pika.
Ao perceber o que ele estava dizendo, senti um arrepio passar desde os meus pés à cabeça. Mas ao mesmo tempo a raiva me consumia. Queria responder-lhe, mas lembrei-me que não tenho nenhum material de escrita.
Pikachu: Pikachu.
Ao olhar para o Pikachu, pude ver que o mesmo tinha um lápis na mão. Ao ver isso, sorri e aproximei-me do mesmo.
Ash: Obrigado – Pegue no lápis e deixei um beijo na sua cabeça.
Pikachu: Pikachu.
Voltei a minha atenção para o pequeno pedaço de papel. Alisei o mesmo e pensei no que escrever. Quero algo simples, mas que expresse o que sinto por dentro.
“Já sei.”
Comecei a escrever na folha de papel, pensando delicadamente nas palavras que escrevia, letra à letra.
“Primeiro, o meu nome é Ash. E segundo isso não é uma coincidência.”
Reli a frase umas duas, três vezes e estava do jeito que eu queria. Pousei o lápis, dobrei a folha e deslizei-a pela mesa até ao meu suposto colega de aula.
Feito isso, voltei a minha atenção para a professor Magnolia. De vez em quando olhava para a mesa a ver se encontrava o papelzinho, mas nada. Olhei uma última vez e pude ver o bilhete, bem diante dos meus olhos.
Peguei no mesmo, alisei-o e pude ler a frase escrita abaixo da minha.
“Nossa, pela sua frase, você parece zangado comigo. Bom, eu adorei o apelido, combina com você. E tem razão isto não se trata de uma coincidência.”
Sorri baixinho, pegando no lápis e escrevi a minha próxima frase. Mais para uma pergunta.
“Queres explicar o que aconteceu?”
Deslizei o bilhete pela mesa, e pude ver pelo canto dos olhos o ser moreno pegar no papel. Voltei a minha atenção para a professora e nesse momento, fiquei pensando no que estava acontecendo.
O cara que me fez chorar em prantos no sábado, está literalmente se comunicado comigo por um bilhete. Mas também, ele nunca vai perceber o que eu estou sentindo.
Olhei para a mesa e pude ver de novo o bilhete. Peguei nele e pude ver um mini texto, e em seguida uma pergunta.
“Bom, minha namorada não se dá bem com a professora Magnolia. Ela fez uma cena e por conta disso a professora fez uma troca e daí você estar aqui.”
“Ei, porque parece que você tem medo de mim?”
Ao ler a pergunta, tive uma sensação de sufoco nos meus pulmões. Mas mesmo assim conseguia respirar. Dei um pequeno suspiro e peguei mais uma vez no lápis, escrevendo mais uma frase.
“Eu não tenho medo. Só não me dou muito bem com você, tal como me dou com os outros. Apenas isso.”
Desta vez entreguei-lhe o bilhete sem dobrar e esperei a reposta dele. O que não demorou muito. Pude ver outra vez o bilhete e mais uma vez peguei no mesmo, lendo a frase que ele escreveu.
“Que maldade. Nesse caso, vamos nos conhecer melhor. O que acha?”
Ao ler aquilo tudo, senti o meu coração acelerar. Porém, as memórias de sábado vieram à tona. Agora a minha mente estava numa batalha mental, sobre este assunto.
Sem pensar no que estava a fazer, peguei no papel e comecei a escrever.
“Parece uma ideia interessante.”
Entreguei o bilhete e nem fez um minuto e já o tinha recebido de volta. Peguei nele e li a frase que ele escreveu.
“Legal. Falamos no intervalo.”
“Intervalo?”
Ao pensar nisso, pude ouvir o toque da campainha. Nossa com tudo o que aconteceu, nem me dei conta de que a aula já estava para acabar.
E pelo que parece, vou ter de falar com aquele garoto, cara a cara. Oh Deus, não, isso não vai acontecer. Na minha mente, está tudo uma grande confusão. Olhei em volta e pude ver os alunos se levantado e saindo da sala.
Por um momento pensei em sair dali de mansinho, sem que ele me notasse. Coloquei o Pikachu no meu ombro e levantei-me da minha cadeira.
Em seguida caminhei para fora da sala e depois pelo corredor. Durante um bom tempo caminhando, virei numa esquina e encostei-me à parede.
Ash: Ufa, kkk. Acho que o despistamos.
Pikachu: Pikachu.
???: Tem certeza disso?
Olhei para o lado pude ver o Raihan me olhando de cima com um sorriso nos lábios. No mesmo instante, dei dois paços para trás gritando, junto ao Pikachu.
Ash: Ahhh!
Pikachu: Pika!
Ash: Mas como!? Quando é que você... - Parei de falar quando o mesmo colocou um dedo nos seus lábios fazendo aquele som de silêncio.
Raihan: Shhh – Levo a minha mão à sua cabeça e esfrego a mesma por cima do boné - Você fala demais.
Ash: ... - Contacto. Ele está esfregando o meu boné.
Pikachu: Pika, Pi.
Raihan: Seu Pokémon tem muito a ver contigo - Começo a caminhar pelo corredor – Anda, vamos para o pátio.
Ash: Mas... Mas e a sua namorada? Ela deve estar à tua procura neste momento.
Raihan: Nesse caso, vamos ter com ela. Anda.
“Eu e a minha grande boca.”
Ao ouvir tais palavras, senti um aperto no meu coração. Só para não dificultar para o meu lado, decidi segui-lo sem dizer nada.
Pikachu: Pikachu. Pika, Pika.
Ash: Eu estou bem Pikachu.
Fiquei lado a lado com ele e o silêncio se manteve pelos corredores, até ao pátio. Chegando lá, sentamo-nos num banco e ele começou com as perguntas que eu tanto queria evitar.
Raihan: Porque fugiu da sala? Por acaso estava tentando me evitar?
Ash: Ah, mais ou menos... Digo, não! - Dou um longo suspiro, olhando para os vários alunos brincando na minha frente - É complicado.
Raihan: Mhmm, é complicado falar comigo?
Ash: Não. Sabe, esquece isso – Levantei-me do banco e o olhei nos seus olhos azul ciano – Eu vou ter com os meus amigos – Desviei o meu olhar do dele e segui em frente - Até logo.
Raihan: Oh, então nós não somos amigos?
Ash: Ah... - Ao ouvir isso virei-me e o olhei com uma expressão incrédula - Que tolice. De onde você tirou tal ideia?
Pikachu: Pika, Pika.
Eu podia ouvir aquele sorrisinho do Pikachu, que não ajudava em nada no momento.
Raihan: Ué, foste tu que disseste.
Ash: Mas isso não quer dizer... Isso não... Ahr! - Pontapeio uma pedra, atirando-a contra um pequeno muro que tinha ali.
Raihan: Kkkkk. Vá - Com a minha mão, bati três vezes no banco – Senta-te aqui.
Suspirei bem fundo da minha alma e acabei cedendo, me sentando ao lado do meu possível crush. Pikachu desceu do meu ombro e ficou entre nós, olhando para mim e para o Raihan umas quantas vezes.
Raihan: Você, está gostando da escola?
Ash: Mhmm, digamos que superou as minhas expectativas.
Raihan: Ah, sim? Bom saber.
Ash: Olha... Há quanto...
???: Raihan!
Parei de falar e olhei para a pessoa de quem ouvi tal voz. E para meu azar, pude ver a Glória. A namorada do Raihan. Ela vinha caminhando na nossa direção e eu já tinha em mente o que estaria prestes a acontecer.
Ash: Mhmm, é melhor eu ir indo – Levanto-me e estico o meu braço para o Pikachu – Vamos Pikachu.
Pikachu: Pikachu.
Ele subiu para o meu braço e eu me curvei para o Raihan em seguida saí dali. Não queria ouvir nada sobre os assuntos deles, muito menos vê-los juntos.
Segui em direção a um banheiro. Meu Deus, estou sendo destruído por dentro, por causa de alguém que mal conheço.
Pikachu: Pika, Pi.
Minhas lágrimas já escorriam pelos meus olhos e o Pikachu fazia de tudo para limpá-las. Entrando no banheiro fechei-me numa das cabines e desatei a chorar.
Ash: Por... porquê? - Tapava a minha cara com as mãos, impedindo o meu amigo de me ver assim tão fraco.
Pikachu: Pikachu. Pika, Pikachu.
Ele continuou limpando as minhas lágrimas até eu parar com o choro. Pikachu é o meu braço direito. Sempre posso contar com ele, até nessas situações.
Saí da cabine e fui em direção a um dos lavatórios. Liguei a torneia e com as mãos em forma de concha peguei na água e molhei a minha cara, retirando os vestígios de choro.
Peguei em dois papeizinhos e limpei o meu rosto. Respirei fundo e saí do banheiro, como se nada tivesse acontecido. Saindo do banheiro, ouvi o toque da campainha e pus-me a caminho da sala.
Continua...
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