Fortaleza dos Paladinos, 07:05.
Valera está no salão de reuniões, sentada e olhando para uma foto em suas mãos, com um sorriso conformado em seus lábios. Está tão distraída que nem ao menos percebe Inara atrás de si, a observando.
-Vejo que está lembrado dos bons tempos... - A stagala comenta, se aproximando ainda mais da loira.
-Sabe... O Reino nem sempre esteve nessa disputa política e ideológica entre o Magistrado e a Resistência... Muito antes de tudo começar... Eramos um só... Eramos a Ordem dos Paladinos... Ou bem... Era essa a nossa ideia. - Valera suspira. - Lembro como se fosse ontem quando finalmente decidimos fundar a Ordem.
A aproximadamente 200 anos atrás, caminha uma jovem elfa de curtos cabelos loiros e pele clara, olhos azuis e vestida numa armadura prateada, por debaixo da mesma, um tecido branco com detalhes em azul, em sua testa, um tiara. Em suas mãos, carrega vários cartazes, que a cada poste que ela passava, colava um.
"Mude o reino, se você possui qualquer habilidades de combate ou estratégia, venha se unir a Ordem de Defesa do Reino."
Junto a essa frase, ainda havia o desenho de um cristal azul nos cartazes. Porém as pessoas na rua não levavam tão a sério assim, a encaravam com estranheza ou até mesmo riam dela. Enquanto colava uma das folhas num poste, a jovem elfa tem sua atenção chamada por um uma dupla de rapazes
-Ei! Porque você não vai arranjar um marido e cuidar da sua casa! Deixe essa coisa de proteger o reino com a guarda real! - Um dos homens ri da jovem elfa.
A loira, em resposta, suspira, deixa os cartazes restantes no chão, e lentamente caminha em direção a dupla, que ria dela, ao mesmo tempo fazendo piadas.
-Oque que foi? Vai ficar ai mesmo encarando a gente!? HAHAHA! - Um dos homens aponta o dedo no rosto dela.
Em um rápido movimento, ela segura o dedo do rapaz e o quebra, em seguida o puxa pelo braço e o joga no chão, pisando sobre seu rosto.
-Ei! A-acho bom soltar o meu amigo! - O outro diz um tanto assustado mas não excita em avançar contra a elfa.
A jovem rapidamente contra ataca, usando o seu braço livre para desferir uma cotovelada no nariz de seu oponente, e o segurando pelo braço, o joga por de cima de seu corpo contra o chão. Todos na rua ficam espantados, já a elfa, simplesmente ignora a atenção que atraiu, se afasta lentamente e recolhe seus cartazes.
-Como eu pensei, vocês não servem nem de saco de pancadas, caíram muito fácil, eu jurava que por terem zombado de mim, poderiam fazer algo além de fazer balbúrdia! - Fala enquanto encara os dois com desprezo. - Mas já que sugeriram, vou voltar para minha casa sim, já estou farta de cidadãos cegos da verdade como vocês!
A loira se vira e segue seu caminho, deixando todos alí, perplexos. Não muito longe de onde ocorreu o conflito, haviam uma casa de tamanho médio, onde a elfa vivia, após alguns minutos de caminhada, ela enfim chega lá.
-Porcaria! Será que deixei minhas chaves caírem durante o conflito? - Ela deixa os cartazes no chão e procura por algo em sua armadura. - Onde está... Espera! Tem a chave reserva!
Ela levanta o tapete em frente a porta, lá está um pequeno compartimento na madeira do piso, a loira o abre e lá está uma pequena chave de prata.
-Rapazes! Voltei! - Diz abrindo a porta e pegando os cartazes novamente.
Logo na entrada da casa está a sala de estar, com uma pequena mesa de madeira redonda e algumas cadeiras, lá estão duas figuras masculinas, um rapaz de 22 anos, cabelos castanhos e curtos, usando um uniforme semelhante a de um militar, porém branco e um colete azul, em um dos seus ombros, uma ombreira de metal dourado com um grande cristal vermelho. O outro era um pouco mais alto e vestia uma armadura negra, com pequenas ombreiras espinhosas, seu capacete é completamente fechado, impedindo qualquer sinal de sua aparência facial, o mesmo possui três chifres de metal escuro apontando para cima e seus olhos são da cor de vermelho sangue.
-Ah! Valera! Vejo que voltou! E então, como foi? - O rapaz pergunta empolgado.
-Uma droga... Puff... - Diz se sentando a mesa. - Acredita que riram de mim hoje? Essas pessoas não tem noção dos perigos que esse mundo tem!
-Devem estar achando que os Sentinelas ainda existem para protegerlos de qualquer ameaça... - Que tontos! - O cavaleiro negro diz enquanto cruza seus braços.
-Será que o problema não está no nome? - O rapaz pergunta, fazendo os outros dois o encararem.
-Sério? - O cavaleiro pergunta, com deboche na voz. - Tu vai culpar o fracasso em reunir aliados ao nome que demos para o grupo?
-O Kayser está certo! Não tem nada de errado com o nome! - A jovem Valera resmunga e encara o rapaz.
-Vocês tem certeza disso? "Ordem de Defesa do Reino"! E pensar que vocês dois demoraram horas pra pensar nesse nome. - O moreno dá uma leve gargalhada.
A elfa infa suas bochechas, irritada e o encara.
-KAYSER! TU ME SEGURA! TU ME SEGURA OU EU BATO NO KARNE!
-Depois eu sou o cabeça quente... - O cavaleiro diz sem sair de sua posição.
-Calma Valera! Foi só uma brincadeira! - Karne tenta se justificar mas a jovem continua irritada.
-Calma nada! Só por causa disso vai ficar sem o jantar hoje! - A loira cruza seus braços e se vira para a direção oposta.
Kayser se vira para Karne com olhar de ironia.
-Tu se quebrou agora... Hehehe.
-Tudo isso por causa de um nome... - O moreno diz, levando uma das mãos ao rosto.
-Vou fazer algo pra comer, sabemos que o Kayser não come então menos trabalho para mim, você que se vire! - Antes que Valera pudesse se retirar para a cozinha, um som de batidas vindas da porta levantam sua atenção.
-Alguém mais ouviu isso? - Karne lentamente se levanta.
-A gente não estava esperando visita estava? - A loira pergunta. Os três ficam em silêncio encarando a porta.
Novamente o som de batidas, dessa vez mais altos.
-Eu vou abrir... - Elfa se levanta mas antes que desse o primeiro passo, Karne segura sua mão.
-Espera, não sabemos oque ou quem pode ser, pode ser perigoso!
Valera então suspira, se solta e pega sua espada que estava recostada ao sofa da sala, Karne puxa seu centro, encostado ao lado de sua cadeira, e Kayser estende sua mão, gerando uma névoa vermelha que se converte numa espada longa de metal escuro.
-Fiquem alertas... - A loira lentamente se aproxima da porta, leva uma das mãos até a maçaneta e lentamente ela vai abrindo a porta.
Do outro lado está uma pequena garota, de provavelmente 13 anos, pele clara e curtos cabelos castanhos escuros, olhos azuis com as pupilas semelhantes a de um felino, usava um sobre tudo feito de um tecido preto e um capuz do mesmo material, a parte superior do traje era aberta e com detalhes em vermelho escarlate e metal, por debaixo era vestida uma malha preta semelhante a escamas, a manga esquerda era longa e acabava numa luva vermelha com garras de metal nos 2 primeiros dedos, a manga direita era cortada porém a mão possuía a mesma luva, usava um cinto prateado que separava a parte inferior da superior da roupa sobre esse cinto, oque parecia ser uma espécie de cauda de gato amarrada, a parte inferior do trahe consistia em três estruturas semelhantes a asas de dragão, da cor de um amarelo avermelhado bem intenso, sua calsa e botas eram pretas com detalhes em um metal prateado.
Valera, Karne e Kayser ficam um tanto decepcionados, tanto alvoroço para nada no fim das contas.
-Bo... Boa noite... Digo, boa tarde... Mil perdões mas... Mas vim pelo anúncio, é... É aqui que fica a Ordem de Defesa do Reino? - A garota pergunta, tímida, ao fundo é possível ver Karne levando a mão até a boca para segurar a risada.
-Errrr... É sim... Oque faz aqui garotinha? - Valera recosta sua espada na parede ao lado da porta.
-Vim me unir a vocês! Eu... Eu fiquei interessada... Na... Na proposta de vocês. - Responde com sua cabeça baixa.
Valera vira seu olhar para Karne e Kayser, esperando alguma ajuda, porém oque recebe não é oque esperava. O cavaleiro negro desfaz sua arma e caminha até a porta, quando a garota o vê, arregala seus olhos por conta do susto.
-Isto aqui não é nenhuma brincadeira e nem festa a fantasia, a segurança não só apenas do reino todo como do mundo estão em risco! Então é melhor que volte para debaixo da saia da sua mãe e volte a brincar com suas bonecas!
-Mas eu... - Ela é interrompida antes que pudesse se defender.
-Sem mais... Não vou aturar crianças imprudentes achando que podem ser heróis! - Kayser se vira para poder voltar a seu acento mas...
A garota rosna e se lança em direção a Kayser, puxando duas adagas feitas de um metal vermelho. Valera salta para trás assustada, porém antes mesmo que a garota pudesse encostar no cavaleiro negro, ele a segura pelo braço e a encara, é nesse momento que ele percebe algo.
-Oque aconteceu?! - A elfa pergunta espantada, nem ela e muito menos Karne conseguiram ver a garota de movendo.
Kayser gentilmente deixa a menina no chão e a encara.
-Admiro vossa coragem mas... Sua velocidade é fora do comum...
Nesse instante a garota engole em seco e o cavaleiro aproxima um pouco mais dela.
-KAYSER NÃO! - Tanto Karne quanto Valera se jogam em direção ao cavaleiro negro, o puxando na intenção de o afastar da jovem, porém nenhum dos dois conseguiu fazer com que se movesse um centímetro se quer.
O cavaleiro segura o capuz da garota e o arranca sem danificar o traje, revelando orelhas felinas.
-Como suspeitado...
Karne e Valera o soltam e dão alguns passos para trás, confusos.
-Se levante... - Kayser se afasta da porta, permitindo que a garota entrasse, tímida e tentando esconder suas orelhas.
-Sinto muito por tentar te atacar... Desculpe... - Diz com uma voz trêmula.
-Hump... Compreendo o motivo de teres feito isso, não a necessidade para pedir desculpas...
Valera interrompe o cavaleiro e fecha a porta.
-Okay okay okay! Não quer nos explicar nada? - A loira encara seu aliado com um tanto de raiva e aborrecimento.
-Quando ela tentou me atacar, eu notei uma coisa, as partes vermelhas de seu traje brilharam, além de que eu já vi semelhantes a esse no passado... Ela é um Xesdrin. - Kayser responde tranquilamente.
Após isso, a garota deixa de tentar esconder suas orelhas e a cauda enrolada em seu cinto se solta.
-Xesdrin? Pensei que estavam extintos. - Karne questiona.
-Mas não estão totalmente, e essa garota é a prova... Creio que... É nessa parte que retiro minha ofensa a você pequenina... - O cavaleiro caminha de volta para sua cadeira e se senta.
-Então... Oque vão fazer comigo? - A garota olha para Karne e Valera, e junta suas mãos, insegura.
-Só pelo seu ataque contra o Kayser já vimos que é forte o bastante para se qualificar então... Vamos começarçar nos apresentando! Me chamo Valera Bravelyan! Idealizadora do projeto! - A elfa diz com um sorriso no rosto.
-Eu sou Karne Mastefus… Sou amigo de longa data da Valera, digamos que sou um mago bem experiente e braço direito e esquerdo da loirinha! - Em seguida o rapaz aponta para Kayser. - Ahh! Já ia me esquecer, apilha de metal rabugenta alí é o Kayser.
-Não vi graça... - O cavaleiro cruza seus braços.
-E você? Como se chama? - Valera pergunta sorridente.
-Eh? Eu? Me chamo Celina... Celina Madleycat... - A garota responde, ainda um pouco envergonhada.
-Bem... Seja bem vinda a Ordem de Defesa do Reino! - A elfa estende a mão para a pequenina.
-Posso falar uma coisa? - Celina pergunta um tanto constrangida.
-Sim! Sinta-se a vontade! - A loira sorri.
-Já que estou sendo posta no grupo... Posso sugerir um nome melhor?
Nesse momento, Valera ouve um som de risadas vindo de trás de si.
-Eu falei que esse nome era uma droga! - Era Karne rindo mais uma vez.
Celina sorri um pouco da situação e a elfa percebe a ação da pequenina, a questionando.
-Sim... Pode, qual o nome que você daria?
-Hum... Você é uma guerreira paladina né? - A pequena xesdrin pergunta com um sorriso em seu rosto.
-Sim, porque?
-E foi você que teve a ideia de começar esse projeto não foi?
-Sim...?
Karne e Kayser permanecem em silêncio, estão curisos quanto ao rumo daquela conversa.
-Então porque a gente não chama a equipe de "Ordem dos Paladinos"? - Celina sorri, a idéia da pequena parece ter agradado aos outros, pelo menos, a Karne e Kayser.
-Gostei do nome. - O mago comenta mas logo é intimidado pelo olhar frio da jovem Valera.
-Realmente... Esse é melhor que o primeiro. - O cavaleiro diz com um olhar irônico.
A paladina cruza seus braços e solta um suspiro, em seguida dando sua resposta.
-Está bem... Talvez... TALVEZ... Eu pense nesse caso de mudar o nome... Mas até lá... Vai ficar do jeito que eu escolhi. Contudo... Seja muito bem vinda! Irei prepara a papelada e... Acho que vamos precisar de uma casa maior. - A loira examina os arredores da casa com um rápido olhar.
Karne se vira para Celina com um sorriso confiante.
-Mal entrou no grupo e já fez uma bela mudança, vai ser bom trabalhar com você baixinha.
A xesdrin sorri e concorda com um balançar de cabeça. Nenhum deles esperava, mas era aí que surgiria os protetores de todo o continente.
Valera então volta de suas memórias, encarando a foto e soltando um suspiro.
-Sinto falta desse tempo...
Inara apenas leva sua mão até o ombro da amiga, tentando a consolar.
-Realmente é uma lástima oque aconteceu com o passar dos anos... Karne e Kayser se tornaram líderes temerosos, Celina se foi deixando uma filha, Terminus foi morto e agora é apenas uma arma... - Até mesmo a stagala parece ter se desanimado. - Mas no fim, tudo acabará bem minha companheira, eu sei que vai.
Valera suspira novamente e se vira para a golem com um olhar entristecido e cansado.
-Assim espero Inara... Assim espero...
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