10
SE EU PUDESSE ME ENTERRAR em um buraco e passar o resto dos meus dias ali, bem, era exatamente o que eu faria.
Eu não deveria ter colocado sobre o maldito beijo.
Ainda me lembro daquele dia. Foi na casa do Kim Namjoon. Foi no porão, e estava cheirando a sabão em pó, e urso velho. Eu estava usando a camiseta da Banda "Imagine Dragons". Eu tinha roubado da Jennie, ela as vezes compra camisetas masculinas pois são largas. Tudo que ela gosta.
Naquele dia, iria acontecer uma das primeiras reuniões de garotos e garotas no fim de semana à noite. Foi estranho porque parecia que tínhamos feito de proposta, não entendi muito bem mas tudo bem. Não foi igual ir para a casa da Jisso depois aula, e os grupos estarem lá com o irmão gêmeo dela . E também não foi como ir ao Fliperama no shopping sabendo que provavelmente encontraremos meninos. Isso envolve planejamento. Até usasr uma blusa diferente que não é do meu estilo. O Namjoon pagou dez dólares para o irmão dele ficar no quarto, já que o irmão mais velho dele ia ficar tomando conta de nós.
Não aconteceu nada de importante como o jogo improvisado de verdade ou consequência, ou de sete minutos no paraíso. Duas possibilidades para as quais as meninas havíam nos preparados com chicletes e brilho labial. O que realmente aconteceu. Os meninos estão jogando videogame e as garotas assistindo, jogando no celular, ou até cuchixando uma com a outra. Então os nossos pais apareceram para nos buscar, o que foi muito anticlimático depois de dentro do planejamento explicativo. Decepcionante, não porque eu gostasse de alguém, mas porque eu queria que acontecece um drama, estava torcendo para alguma coisa importante acontecer.
Mas eu não esperava que iria acontecer comigo!
Jungkook e eu estávamos lá embaixo sozinhos, as duas últimas pessoas esperando os pais. Estávamos sentados no sofá. Eu ficava mandando mensagem de texto para o meu pai: cadê você??? Jungkook estava jogando um jogo no celular.
E então do nada ele disse:
— Seu cabelo tem cheiro de coco.
E é que nós não estávamos sentados tão perto do outro.
— Sério? Nem estamos tão perto do outro.
Ele chegou mais perto, cheirou e assentiu.
— Consigo. Lembra o Havaí ou algo assim.
— Obrigada! — Eu não tinha certeza se era um elogio, mas parecia com um o bastante para eu agradecer.
— Estou testando qual o melhor; o da minha irmã de bebê, ou o xampu de coco. É para descobrir qual deixa meu cabelo mais macio.
Então do nada, Jungkook se inclinou e me beijou. Eu fiquei paralisado. Eu nunca me interessei nele antes do beijo, mas depois do ato, eu começei a sentir algo à mais. O que de fato, odiei. E é que ele nem era meu tipo.
Mas agora pensando bem, uma caixa de chapéu azul-petróleo não tinha só a carta dele, também tinha outras. E se... e se as outras cartas também foram enviadas para Suga, Kim Namjoon. Kim SeokJin do acampamento. Min Yoongi.
Tae.
Ah, meu Deus, Tae.
Eu me levanto. Tenho que encontrar a caixa de chapéu. Tenho que encontrar aquelas cartas para ter certeza que não estou ficando louca e que elas não foram entregas.
Eu volto para pista de atletismo. Não vejo Jennie em lugar algum, então concluo que ela deve estar fumando atrás da quadra coberta. Vou direto até o treinador que está sentado na arquibancada mexendo no celular.
—Não consigo parar de vomitar. — Passo a mão pelo meu estômago, fazendo cara de dor. — Posso ir para a enfermaria?
O treinador nem desvia os olhos do celular.
— Claro.
Quando vejo que estou fora do campo de visão dele, saiu correndo. A aula de educação física é a última aula do dia, e minha casa fica à treze quilômetros da escola. Eu corro como o vento. Acho que nunca corri tão rápido e com tanta intensidade na minha vida, e provavelmente nunca vou correr de novo. Corro tanto que tenho que parar algumas vezes porque sinto que vou vomitar de verdade. Então me lembro das cartas, de Tae e De perto seu rosto não exatamente bonito, mas angelical, e volto a correr.
Assim que chego em casa, eu subo a escada e abro meu armário em busca da caixa. Não está na prateleira mais alta, onde costuma ficar. Não está no chão, nem atrás da pilha de jogos de tabuleiro. Não está em lugar algum. Fico de quatro e começou a vasculhar em pilhas de suéteres caixa de sapato e material de artesanato. Olho em lugares onde não poderia estar porque é uma caixa de chapéu grande. Mas olho mesmo assim. Minha caixa de chapéu não está em lugar algum.
Eu desabo no chão. Estou em um filme de terror. Minha vida virou o filme de terror. Ao meu lado, meu celular vibra. É Tae.
_Cadê você? Pegou carona com a Jennie?_✓✓
Eu desligo o celular. Vou até a cozinha e ligo para Hobi pelo telefone fixo. Ainda é meu primeiro impulso procurar ele quando as coisas ficam complicadas. Vou só deixar de fora a parte sobre Tae, e me concentrar em Jungkook. Ele vai saber o que fazer. Ele sempre sabe o que fazer. Estou pronto para explodir: Hobi, sinto tanta sua falta, tudo está desmoronando aqui! Mas quando ele atende o telefone, parace sonolento e percebo que o acordei.
— Estava dormindo?
— Não, estava deitado. — ele mente.
— Você estava dormindo! Hobi, não são nem dez horas aí! Espera, é isso mesmo? Ou eu calculei errado de novo?
— Não, Você está certo. Só estou cansado. Estou acordado desde às cinco horas porque... — para de falar — O que aconteceu?
Eu hesito. Também seja melhor não preocupar ele com tudo isso. Ele acabou de começar a faculdade. Foi para isso que se esforçou tanto, é o sonho dele virando realidade. Ele deveria estar se divertindo, e não se preocupando com como as coisas estão em casa sem ele. Além do mais, o que eu ia dizer? Escrevi um bando de cartas de amor, e elas foram enviadas pelo correio, inclusive a que eu escrevi para o seu namorado?
— Não aconteceu nada — respondo.
— Definitivamente parece que aconteceu alguma coisa. — diz Hobi bocejando — Me conta.
— Volte a dormir Hobi.
— Tudo bem. — responde ele bocejando de novo.
Preparo um Sunday direto no pote de sorvete; calda de chocolate, chantilly e nozes picadas. Serviço completo. Levo para o quarto e como deitado. Coloco na boca como se fosse um remédio, até ter comido tudo até a última gota.
Algum tempo depois, acordei com Yonsei ao pé da minha cama. Ela falou que tinha sorvete no meu lençol eu só falei que esse é o menor dos meus problemas hoje. Perguntei para ela se ela viu minha caixa de chapéu. Disse que não.
Papai está em casa, já que ele mandou Yonsei perguntar se eu vou querer hambúrguer ou frango para o jantar. Meu voto é frango.
Pulo da cama, descendo a escada correndo com o coração disparado no peito. Meu pai está no escritório, de óculos, e lendo um livro grosso sobre gravuras de Albudon. De uma vez só, eu pergunto:
— Papai–você–viu–minha–caixa–de–chapéu?
Ele levantou o rosto com expressão distinta, e consigo perceber que ele ainda está pensando nos pássaros de Albudon, e nem um pouco concentrado no meu desespero.
— Que caixa?
— A caixa de chapéu azul-petróleo que mamãe me deu!
— Ah, essa..— diz ele parecendo confuso. Ele tirou o óculos. — Não sei, pode ter sido levado junto com os seus patins.
— O que isso quer dizer? O que você está dizendo?
— Que há uma vaga possibilidade de ter doado para caridade.
Dou um gritinho.
— Aqueles patins nem cabe mais em você. Só estava ocupando espaço. — diz na defensiva.
— Papai, eles eram cor-de-rosa e vintagem, estava guardando para a Yonsei. Mas isso nem é a questão, eu não ligo para os patins. Eu quero saber é da caixa de chapéu. Papai, você nem imagina o que fez.
Papai tenta me erguer do chão, mas apenas me jogo de costas como um peixe dourado.
— Jimin, eu nem sei se me livrei dela. Vamos lá, vamos dá uma olhada pela casa, tá? Não vamos entrar em Pânico ainda.
Depois do jantar, eu estava na cozinha lavando a louça quando escuto a campainha. Papai abri a porta, e ouço a voz de Tae.
— Oi, Dr. Park. O Jimin está?
Ah não. Não, não, não, não. Não posso ver Tae. Sei que vou precisar falar com ele em algum momento, mais não hoje. Não agora. Não posso. Simplesmente não posso. Coloca o prato na pia e saiu correndo pela porta dos fundos vila desço lá os degraus e atravessa o nosso quintal até o quintal dos Pierce. Subindo pela escada de madeira até avenida casa na Árvore de Caroline Pierce. Não subo nela desde o ensino fundamental. Às vezes ficávamos até ali à noite, Jennie, Rosé, Jisso e eu, e os grupos também. Explique o resto das tábuas agachada e espera até pode voltar para casa. Quanto tenho certeza de que ele entrou verdadeiro a escola e corro de volta para a porta da cozinha. Eu corri demais hoje. Só agora me dou conta de que estão exausto.
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