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História Paralyzed World - How is gotta be - História escrita por mii-riggsdixon - Spirit Fanfics e Histórias
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História Paralyzed World - How is gotta be


Escrita por: mii-riggsdixon

Capítulo 46 - How is gotta be


Fanfic / Fanfiction Paralyzed World - How is gotta be

Música: Hold on – Chord Overstreet

-Isso não está certo. –eu disse encarando a cruz pendurada na parede carbonizada da igreja agora habitada apenas por mim. -Eu sei que não. Não éramos para ter esse fim e você não pode estar me tirando a ultima pessoa que me faz querer ficar viva nessa merda toda. Já levou toda a minha família, isso não basta para você?! –perguntei com o cenho franzido enquanto meu punho estava fechado e minhas unhas enfiavam na palma da minha mão com força. -E não venha falar que é por falta de oração... Eu sei que eu não sou a melhor pessoa do mundo, mas você disse que faria os mortos voltarem à vida então eu não sou a culpada. Eu rezei para você alguns anos atrás e você não me ouviu! EU ERA UMA BOA GAROTA E VOCE NÃO ME OUVIU! –eu disse em um tom alto. -O QUE ESTA QUERENDO DE NÓS?! POR QUE NOS MANTEM AQUI?! PORQUE NÃO ACABA COM TUDO DE UMA VEZ? –comecei a andar de um lado para o outro segurando a arma com minha mão tremula. -Primeiro foi a Charlotte e a Chloe você se lembra? Elas eram apenas bebês, nem sabiam falar ainda... Depois você me deu um grupo e matou todos eles. Meus tios, primos, amigos... E então para completar nos enfiou na droga de um buraco cheio de pessoas ruins que nos destruíram! –eu gritei. -Minha irmã... Você me fez matá-la, a minha mãe, o meu pai, como pode deixar que alguém o matasse daquele jeito?! ELE TAMBEM ERA UMA BOA PESSOA, TODOS NÓS ÉRAMOS! Porque fez esse apocalipse acontecer?! Para eu conhecer o Carl e você tirá-lo de mim também?! –eu respirei fundo e neguei com a cabeça ainda não acreditando. -Maggie disse que eu deveria rezar mais... –falei por fim. -Qual é o motivo? As coisas são bem mais simples do que parecem... Eu rezei e você não me ouviu. Eu pedi para que as protegesse, eu pedi para que elas ficassem vivas e você não ouviu! Olha o tanto de coisa que aconteceu depois e que poderia ter sido evitado... –puxei o ar e voltei a encarar a cruz. -Não sei se o que eu fiz foi o certo... Não sei se eu tinha o direito de ter trancado o Carl daquela maneira na dispensa, mas eu não queria perdê-lo e eu estou tão confusa que...! Então se você realmente existe, mostre para mim. Por favor. –eu falei chorando. -As coisas não podem acabar dessa maneira porque sim, eu quero muito enfiar uma bala na minha cabeça nesse exato momento bem aqui então me mostre... Estou te pedindo, por favor, eu nunca te pedi mais nada! –falei aos prantos. -Eu estou com medo ok?! Eu queria os meus pais aqui... Queria que algumas pessoas ainda estivessem aqui porque elas eram boas, elas não mereciam ter morrido. E o Carl... –eu falei de falar para recuperar o fôlego que me faltava. -Que merda... Que merda... Eu odeio tudo isso, como eu odeio! –a madeira de uma mesa caiu me fazendo levar um susto e me virei vendo uma bíblia caída no chão. Franzi o cenho e li o que estava escrito de caneta na capa.

“A cada vez que o sol surge, é um dia para recomeçar. Te amarei para sempre. Fique bem. ” –Papai.

Engoli em seco me abaixando e peguei o livro o olhando com atenção. Parei de chorar continuando a soluçar e então voltei a olhar para a cruz.

-Entendi... –eu disse e me levantei. -Irei para Hilltop daqui a pouco. –saí correndo da igreja e peguei minha faca no meu cinto para matar os zumbis que estavam em Alexandria. Eu não iria deixá-los aqui chamando a atenção de alguém que estivesse passando lá fora. Podiam pensar que o lugar estava abandonado e essa comunidade, depois de tudo que Deanna e sua família fez por ela, não iria acabar assim por causa deles. Eu sei que assim que Rick descobrisse o que eu fiz, ele sentiria vontade de me matar, mas acontece que eu não podia. Não podia atirar em mais uma pessoa que eu amo então preferi deixá-lo aqui ate saber o que havia de errado. Tudo ficaria bem com ele por aqui. Ele virando ou não.

Após terminar de me livrar dos mortos, eu juntei os corpos para o fundo da comunidade e peguei um galão de gasolina começando a molhá-los. Risquei um fósforo vendo a chama alaranjada tomando contra das carnes podres e cobri o meu nariz não suportando o cheiro daquilo. Uma fogueira se formou e a fumaça começou a sair o que me obrigou a afastar. Enfiei minhas mãos no bolso da calça jeans e encarei o fogo por um tempo enquanto eu pensava em algumas coisas, principalmente nas que aconteceram na noite anterior. Então montei mentalmente uma lista de quem eu mataria primeiro e essa pessoa seria o Simon. Como eu o odiava e o queria morto...

Fui ate a minha casa, que era uma das que haviam ficado inteiras e parei na entrada olhando brevemente a mão de Carl ao lado da de Judith no piso de madeira. Pisquei algumas vezes antes de encarar o céu por alguns segundos e então adentrei o ambiente vendo sinais de luta pela sala de estar que tinha uma janela quebrada. Eu arrumei tudo lá dentro e agarrei uma placa de madeira tampando a passagem após juntar os cacos e jogá-los fora.  Fui até o porão e peguei um extintor de incêndio para acabar com o fogo que ainda tomava conta de certos lugares da comunidade. Comecei pelas casas e arvores e em seguida o que havia restado era apenas o cheiro ruim de coisas que foram incendiadas recentemente.

Arrumei minha mochila para ir para Hilltop sabendo que ou eu dava as caras por lá ou alguém apareceria por aqui e me acusaria de insanidade pelo corpo estar trancado na dispensa. Caminhei até o lugar olhando pela janela e respirei fundo ao vê-lo daquela maneira. Me causava arrepios, ânsia de vomito, e fortes dores de cabeça que me faziam querer entrar em algum tipo de coma.

-Sinto muito por ter feito isso com você... –eu sussurrei encostando no vidro da janela. -Mas é que eu não podia... Não até eu saber. –fui me afastando de costas ouvindo uma batida na parede e corri até o portão de saída para dar o fora daqui o mais rápido possível. Eu o arrumei trancando a comunidade por dentro e subi no posto de vigia para pular o muro. A rua estava vazia e silenciosa e eu sabia que seria uma longa caminhada ate Hilltop, mas era o que eu mais estava precisando nesse momento. Um tempo apenas para mim e sem ninguém para me dizer o que eu deveria ou não fazer agora. Saltei lá de cima fazendo minhas botas esmagarem o mato e dei uma longa olhada na comunidade me lembrando de quando eu olhei esse lugar pela primeira vez como a minha casa.

ZONA SEGURA DE ALEXANDRIA

Abri a mochila que eu havia trago e peguei um pote com tinta preta. Eu o abri molhando meus dedos e me aproximei da tela do portão que impedia de se ver o que havia do lado de dentro.

ALEXANDRIA IS STILL ALIVE

Eu escrevi e então saí andando.

**

Música: Breath me –Sia

Caminhei calmamente até o portão de Hilltop com a mochila sobre minhas costas e o meu rosto molhado pelo suor por eu ter andado quilômetros sem parar. O rabo que meu cabelo estava preso começava a se desfazer fazendo com que algumas mechas loiras se soltassem aos poucos. Hal, que fazia a vigia de cima do muro me viu e arregalou seus olhos, provavelmente pronto para avisar quem quer que esteja aqui. Eu andava arrastando meus pés mal suportando meu peso e então ele acenou para mim alegremente por eu ter vindo.

-ELA ESTA AQUI! –ele gritou e logo o portão foi aberto. Passei pelos muros e as pessoas começavam a me olhar com pena sem saber o que falar. O grupo que havia saído durante a madrugada de Alexandria já estava aqui e Daryl se levantou da mesa assim que me viu. Soltei a mochila no chão vendo certas pessoas chorando e Maggie saiu de dentro da casa apressadamente assim que soube que eu havia chegado. Ela parou no meio do caminho me olhando e Enid apareceu atrás dela segurando Hershel em seus braços. Eu neguei com a cabeça para ela e eu vi os olhos da moça se enchendo de lagrimas por estar me vendo assim tão mal. Soltei o barulho de um choro e ela correu na minha direção me fazendo ir a passos rápidos até ela. Seus braços foram passados em volta de mim e nós caímos sentadas no chão. Maggie me abraçou com força me fazendo perceber o quanto ambas tremíamos e eu fechei meus olhos soluçando sem parar.

-Eu sinto muito... Sinto muito por tudo. –ela disse e eu assenti com a cabeça a abraçando de volta sem querer largá-la. -Eu amo muito você, Nory. Por favor, fique bem... –ela falou antes de beijar a minha cabeça que estava um pouco abaixo de seu queixo. -Respire fundo... Respire fundo que irá melhorar...

-Quando isso irá acabar, Maggie? –eu perguntei abrindo meus olhos novamente e quando minhas vistas ganharam foco, vi Rosita junto com Tara, Noah, Enid, e Daryl não muito longe de nós.

-Em breve. –ela respondeu. -Logo tudo irá passar.

-É tudo a minha culpa, eu não devia ter o deixado sozinho. –falei soluçando e a olhei. -Eu não quero viver... –eu sussurrei. -Não mais. –ela me olhou preocupada e então negou antes de me abraçar fortemente.

Pov’s Maggie Greene

-Ela está bem? –Daryl perguntou e eu caminhei até a mesa em que ele e algumas pessoas estavam sentados assim que eu saí do meu quarto dentro da casa.

-Eu não sei... Pensei que alguma coisa tinha acontecido com ela no banho porque parecia que ela não sairia de lá nunca, mas agora está dormindo com o Hershel. –respondi enfiando minhas mãos no bolso da minha calça. -Ela quis ficar com ele, acho que vou preparar algo para ela comer depois. –ele assentiu com a cabeça para mim e olhou para Carol que estava sentada de frente para ele ao lado de Noah e Rosita. -Acham que ela irá se recuperar disso?

-Você se recuperou? –Rosita perguntou a mim e já que eu me mantive calada, ela deu de ombros. -Eu apenas sigo em frente.

-Então ela também vai. –eu falei.

-Apenas será mais difícil quanto tudo acabar e as coisas ficarem mais calmas. –ela continuou.

-Não se o Negan estiver morto. Pelo menos não para mim. –falei.

-Nem para mim também. –ela disse e eu assenti.

-Melhor todos ficarem de olho... –Daryl continuou. -Não vamos deixar que ela tente algo que pode se arrepender depois. –um silêncio se instalou enquanto eu pensava no que ele falou, mas então assenti.

-Ainda não dá para acreditar que ele morreu. -Rosita falou olhando para o nada. -Isso é uma droga... Eles sempre andavam juntos e brincavam um com o outro como se o apocalipse não existisse. É estranho saber que as piadinhas internas que eles tinham, que a mania chata de ficarem sempre se beijando e dando em cima um do outro descaradamente acabou. Estou sofrendo por eles... Estou sofrendo por ela. –o grupo se entreolhou e eu abaixei a cabeça assentindo. Enid se levantou ficando atrás de Noah e o abraçou por trás com força como forma de falar que não queria que isso acontecesse com eles também.

-Alguém aí sabe do Rick e da Michonne? –Tara perguntou atraindo a atenção para si e eu neguei com a cabeça.

-Eu pensava que eles apareceriam todos juntos. –eu falei.

-Estamos vivendo em um inferno. –Daryl disse ajeitando Judith em seu colo. -Porcaria.

-Não diga isso perto dela. –Carol falou o olhando e então respirou fundo. -Querem que eu converse com a Noora? Sobre o que ocorreu?

-Ela não vai ouvir você. –eu disse. -A Noora que está lá dentro não irá ouvir nenhum de nós agora. Acho que devemos deixá-la um pouco, quando ela quiser e se quiser, sairá de lá.

-Posso fazer companhia a ela, para que ela não fique sozinha. –Benjamim sugeriu e só então percebi a presença dele ao lado de Henry sentado nos degraus da entrada de um dos trailers.

-É, boa sorte. Ela vai te jogar lá de cima cara. –Daryl disse ironicamente. -Não é hora para as suas graças garoto, então fica longe.

-Que graças? –ele perguntou indiferente. -Eu só quero ajudar.

-Você sabe muito bem do que eu estou falando. –Daryl respondeu e eu franzi o cenho revezando o olhar entre os dois por não saber desse assunto. Vi Noah segurando uma risada e Enid o empurrou fracamente para que o mesmo parasse.

Pov’s Noora Hale

Eu estava deitada ao lado de Hershel na cama. O bebezinho dormia tranquilamente comigo por perto fazendo um pequeno carinho em sua mãozinha. Eu o observava com lagrimas presas nos meus olhos e meu cabelo molhado fazia com que uma pequena poça de água ficasse contra o travesseiro em que eu me apoiava. Engoli em seco e respirei fundo soltando um suspiro cansado. Abaixei o olhar para a carta fechada em cima da cama e a peguei abrindo o papel para que eu a lesse.

Querida Noora,

Sinceramente acho que eu nunca escrevi uma carta na minha vida e eu gosto de saber que a primeira será para você mesmo por trás disso tudo ter algo ruim acontecendo. Nesse momento, você já deve saber o significado dela... Eu até tentei abreviar algumas palavras com o era feito nos SMS’s, mas então percebi o quanto ficaria uma merda principalmente por ser uma garota extraodinária a lendo.  Espero eu estar aqui ainda para poder te entregar pessoalmente esse papel que conterá a nossa despedida por escrito para que você nunca se esqueça dela.

Eu fui mordido, sinto muito. E você sabe que eu sinto, porque eu não desperdiçaria nunca a chance de ter uma vida inteira ao seu lado. De 100 coisas que eu poderia pedir a você, peço apenas para que seja forte e continue lutando. Acho que tudo terá um final um dia, e você deve fazer parte dele depois de tudo que enfrentou até a nossa casa, Alexandria. O fim chegou para mim e não para você. Por mais que eu também não descartaria a idéia de ficarmos juntos pelos próximos 500 anos nesse mundo de merda.

Amo exatamente tudo em você meu amor, e eu quero que saiba disso caso eu nunca tenha dito. Principalmente a sua incrível habilidade de roubar coisas porque tenho certeza que foi assim que nós começamos a ser o que somos hoje. Além do mais você antes de ser minha namorada, foi a minha amiga que me fez querer viver cada dia como se fosse o meu ultimo. Você me ensinou varias coisas Noora Hale e eu agradeço a chance que eu tive de conhecê-la. Já parou para pensar que se o mundo tivesse continuado ao normal como desejamos varias vezes, nós não teríamos nunca entrado no caminho um do outro? Então... Obrigado Deus pelo apocalipse, foi à melhor e a pior coisa que já nos aconteceu. De verdade, não é ironia.

E Hale, não entre em nenhuma briga que não tem certeza que pode acabar com a pessoa. Eu odeio vê-la machucada, então cuidado ao fazer isso. Eu não estarei mais aqui para cuidar de você e detestaria se o Benjamin/Escroto fizesse isso por mim. Esforçarei-me o máximo para aparecer como um fantasma e assustá-lo para que ele fique longe da minha garota.

Mais uma vez... Sinto muito por isso, meu amor. Despedidas são uma droga e eu me sinto horrível por saber que nunca mais verei você nessa vida. Eu a guardaria no meu bolso se tivesse como e arranjaria um jeito de ficarmos juntos, mas então percebi que Carl Grimes não existiria sem Noora Hale, então se eu não posso ficar com você, me guarde para sempre no seu coração que eu nunca irei sair do seu lado. Odeio essa idéia e aposto que você também.

Estou quase acabando, então... Você já quer me matar novamente depois dessa carta?

Mais um pedido antes... Fique sempre perto daqueles que são família e daqueles que você sabe que pode confiar. Ensine a Judith a lutar como você, ensine-a a ler e conte a ela por tudo que passamos juntos antes de eu ir embora. Ensine que a vida nem sempre é um mar de rosas e aconselhe-a para escolher o difícil do que o fácil, tenho certeza que será boa nisso (por mais que insista que não leve jeito com crianças).

Cuide do meu velho xerife, diga que eu o amo mesmo que discordemos um do outro grande parte do tempo. Cuide de você.

Te amarei para sempre.
Sua melhor dupla do apocalipse,
Carl.

Eu solucei e assenti com a cabeça ouvindo uma batida na porta. Enid entrou e eu me sentei na cama a olhando enquanto eu limpava rapidamente as lagrimas que escorriam pelo meu rosto. Nós duas nos entreolhamos e ela se sentou de frente para mim com Judith no colo me olhando. A garotinha engatinhou até mim olhando o bebezinho por breves segundos e se sentou no meu colo.

-Sinto muito. –foi à primeira coisa que ela disse e eu peguei Judith a abraçando. -Eu sei que não posso pedir para que fique bem, mas você ainda tem a gente então não pense que está sozinha. Ficaremos ao seu lado Noora... –eu assenti brevemente. -As coisas não saíram muito bem em OceanSide... –eu a olhei esperando que a mesma continuasse. -Aaron ficou por lá tentando convencê-las e eu matei a Natania sem querer... Ela iria machucá-lo. –eu pisquei algumas vezes e engoli em seco.

-Cyndie? –perguntei me lembrando da garota.

-Ficou arrasada, mas no fim aceitou e me deixou voltar com o Noah. –ela explicou. -Estou me sentindo péssima. Eu não queria ter o feito.

-Eu sei que não. –falei. -Mas tudo bem, você fez o que tinha que ser feito... As coisas sempre são assim. Pessoas morrem... –um silêncio se instalou no quarto e eu abaixei o olhar pensando em algumas coisas. Principalmente em como tudo ficaria a partir de agora.

-Noora, você é a minha irmã. –ela disse de repente e eu voltei a olhá-la um pouco surpresa por ter ouvido isso. Sorri fracamente de lado e assenti para ela.

-Obrigada Enid. –eu falei. -Por estar aqui comigo.

**

As imagens de Carl zumbificado começaram a invadir a minha cabeça durante o sono e eu abri meus olhos rapidamente me sentando na cama um pouco ofegante como se eu estivesse sufocando. Respirei fundo olhando em volta e notei o quarto escuro com Maggie deitada ao meu lado dormindo tranquilamente. Já estávamos no meio da noite e parecia que não havia dormido uma hora sequer. Pisquei algumas vezes e me levantei caminhando pelo quarto calmamente. Olhei os berços vendo Hershel, Judith e Gracie em um sono profundo e prendi meu cabelo em um coque percebendo o mesmo um pouco molhado devido ao suor. Abri a porta saindo andando pela casa até que eu estivesse do lado de fora onde estava mais fresco. Eu não iria conseguir voltar a dormir tão cedo depois desse pesadelo que não saia da minha cabeça. Olhei os salvadores dormindo na cela e ao ver Hal de vigia no muro, me sentei no degrau da escada de entrada. Esfreguei o meu rosto e encarei o céu escuro com algumas estrelas brilhando fortemente por grande parte. Uma sombra apareceu se sentando ao meu lado e eu virei minha cabeça olhando Benjamin com uma cara de sono.

-Não consegue dormir? –ele perguntou.

-Não está obvio o bastante? –retruquei arrancando um pedaço de grama para que eu brincasse com a folha. O garoto loiro soltou um riso anasalado e então continuou por alguns segundos em silencio.

-Carl me parecia ser uma boa pessoa... –ele começou.

-É, mas ele não ia muito com a sua cara se quer saber. –eu disse não me importando com o que ele acharia. Para falar a verdade, eu tava pouco ligando com o que os outros começassem a pensar.

-Out. –ele falou fingindo estar magoado e riu sozinho brevemente. -Mas, no fundo eu entendo. Eu também não me sentiria a vontade em saber que um garoto novato estava tentando se tornar amigo da minha garota. –franzi o cenho o olhando com uma cara estranha. -É isso que você precisa agora, de um amigo novo.

-Veio aqui para querer me irritar? –eu perguntei. -Não preciso de amigos novos. Já tenho os meus, obrigada.

-Ok, então te farei companhia enquanto está aqui... Para não ficar sozinha.  –ele continuou e eu ouvi um barulho vindo da cela. Olhei os salvadores lá dentro e quando vi uma movimentação eu me levantei e caminhei até lá para ver o que acontecia. -Espera, eu vou com você. –o garoto disse me seguindo e eu não me importei.

-Ahh Graças a Deus. –Alden, o loirinho que sempre tinha mania de conversar com a Maggie e comigo disse ao me ver me aproximando. -O Pete aqui precisa de antibióticos, ele está ardendo em febre.

-Nossa, é uma pena. –eu falei ironicamente. -Mal temos remédios para nós, o deixe aí. Se quiser ajudá-lo arranque a coberta do chato do Gregory ou o mate.

-Noora, por favor. –ele pediu. -Eu sei que está com raiva de todos nós pelo que aconteceu ao seu namorado, mas não o deixe morrer. Já perdemos um quando Maggie atirou contra um dos nossos ontem a noite.

-Olha, não coloca o Carl no meio disso para me fazer ficar sentimental. –falei. -E foi o que eu disse... Mal temos remédios para nós. –eu disse mais uma vez e ele assentiu se conformando.

-O que ele tem? –Benjamin perguntou parado ao meu lado.

-Não sei. Ele se machucou no arame, e os outros o assustaram o fazendo pensar que daria uma baita infecção. –ele explicou. -No começo pensei que era assintomático, mas então... A febre começou. Talvez ela seja assintomática também, mas ele precisa melhorar.

-Assintomática? –eu perguntei confusa. -Que porra é essa?

-É o psicológico. –ele explicou. -Sabe, às vezes acontece algo que deixa a pessoa com tanto medo de isso ter mesmo acontecido, que ela começa a ter os mesmos sintomas. –franzi o cenho assentindo e quando meu cérebro começou a trabalhar eu arregalei meus olhos me deixando confusa.

-Pegue os remédios Benjamin. –eu falei e ele me olhou sem entender. -E não se aproxima dessa grade, você me parece ser um tonto, e eles poderiam tentar algo. –o salvador loirinho segurou um riso e assentiu para mim agradecendo em seguida. Assim que o garoto se afastou de mim eu saí correndo em direção a entrada da comunidade. Peguei apenas uma faca pendurada no muro e abri o portão fazendo Hal me olhar sem entender.

-Onde está indo?! –ele perguntou preocupado e eu o ignorei aumentando a velocidade dos meus passos até entrar na mata escura.

Pov’s Maggie Greene

-ELA SAIU?! –eu perguntei incrédula ainda não acreditando que Hal não tentou impedir Noora de sair da comunidade no meio da noite. -Hal, devia ter nos chamado! Você viu o estado dela durante o dia todo e se ela cometer alguma loucura? –andei de um lado para outro segurando meu bebê que havia acordado com a movimentação e olhei para Benjamin, Daryl, Rosita, Enid, Noah e Carol que estavam reunidos todos no sofá maior.

-Olhem, eu sinto muito. Mas a garota estava pilhada, e eu sei que ela não faria algo para me machucar, só que eu também não iria arriscar. –Hal explicou e Daryl soltou um suspiro por estar tão frustrado quanto eu.

-Ela pode ter ido atrás do Rick e da Michonne. –Enid sugeriu. -Eles ainda não apareceram por aqui, devem estar em algum lugar e ela foi encontrá-los talvez. 

-Nah, ela não foi atrás deles... –Daryl falou se levantando e começando a pensar. Passei a mão no meu rosto preocupada e respirei fundo para que eu me acalmasse.

-Alexandria? –Rosita sugeriu.

-Com o Carl enterrado lá? Acho muito difícil. –Carol disse. -Não acho que seja um lugar para o qual ela retornaria, e além do mais, vocês disseram que lá está uma bagunça... Ela não está lá. –Daryl caminhou até a mesa e pegou sua crossbow em cima da mesa.

-Vou dar uma volta e ver se acho algo... A trarei amarrada e com uma mordaça na boca se for preciso. –ele disse e eu assenti para o mesmo.

-Eu vou com você. –Noah falou se levantando e o seguindo.

-É, eu também. Mais pessoas para cobrirem a área. –Rosita foi atrás e eu me entreolhei com Enid temendo que Noora fizesse alguma bobagem por estar sozinha lá fora. Eu sei o quanto doía perder alguém que você ama, e eu sabia todas as idéias suicidas que chegavam a se passar pela sua cabeça.

-Acha que ela foi para o Santuário? –Carol me perguntou.

-Eu não sei. –respondi um pouco pensativa. -Vamos rezar para que não.

Pov’s Noora Hale

Encostei minha cabeça na porta da dispensa em Alexandria tentando ouvir algo que vinha do lado de dentro. O ambiente era de puro terror, as luzes estavam todas apagadas pelo fato do gerador ter sido desligado, e o silencio me causava arrepios por toda parte. Rodei a chave ao ligar minha lanterna e coloquei minha mão em cima da maçaneta morrendo de medo de rodá-la. Eu não sabia o que eu encontraria e ver Carl como um zumbi, seria uma imagem que eu não iria conseguir esquecer. Abri a porta rapidamente e franzi o cenho ao ver o corpo deitado na cama, como eu havia deixado. Engoli em seco indo até lá rapidamente e me sentei ao seu lado percebendo que ele ainda continuava sendo ele. Coloquei a mão em seu rosto o vendo continuando arder em febre e minhas vistas embaçaram enquanto eu não entendia o que acontecia. Já havia se passado um dia inteiro, porque ele não havia virado?

Levantei sua blusa e a bandagem e encarei a mordida em seu abdômen infeccionada. O iluminei com a lanterna e quando sua mão se mexeu eu caí da cama sentada me afastando o mais rápido que eu consegui por estar temendo que ele estivesse virando nesse exato momento.

-Não não não... Isso não pode estar acontecendo. –eu fechei meus olhos com força e quando os abri tudo continuava do mesmo jeito. -Eu estou louca... Eu o matei e não me lembro, porque eu não me lembro?! –Carl se virou na cama caindo dela e assim que eu ouvi um grunhido eu agarrei o cabo da faca no chão. Ele estendeu seu braço na minha direção e minhas costas bateram contra a parede quando ele se arrastou até mim. Comecei a chorar negando com a cabeça e soltei um soluço soltando a faca. Fechei meus olhos desistindo e esperei que o zumbi, que um dia foi o meu namorado, acabasse logo com tudo isso. -Eu não consigo... Sinto muito, mas eu não consigo... Pode fazer isso, pode me matar agora...

-Noora... –ele sussurrou totalmente fraco e eu abri os meus olhos me perguntando se eu havia ouvido direito. -Fique em segurança... Não se machuque. –o meu corpo tremeu e eu engatinhei até ele o abraçando fortemente quando seu corpo tombou no chão.

-Você está vivo? –eu perguntei sussurrando sem acreditar. -Eu não vou me machucar, eu prometo que eu não vou. –eu sussurrei.


Notas Finais


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