Os tiros disparados por Daryl na estrada que vinha em sua moto junto com Rosita começaram a ser ouvidos por todos nós. Eu destravei minha arma a deixando em posição de ataque e apoiei o cano em cima da lataria do carro. Ao meu lado estava Tara e Carol e eu fiquei de joelhos vendo o portão sendo aberto para que eles passassem.
-Lembre-se, essa também é a nossa casa, vamos defendê-la. –Carol disse e eu assenti brevemente mostrando que eu havia entendido. Daryl passou com a moto e quando uma caminhonete dos salvadores a seguiu, o freio de mão do ônibus escolar foi solto para causar uma colisão.
-AGORA! –Maggie gritou e todos se levantaram começando a disparar contra os carros e os salvadores que lá estavam. Eu me abaixei saindo correndo até onde Daryl estava com Rosita e continuei disparando vendo uma multidão deles sem saber o que fazer e como reagir por terem sido pegos de surpresa. -VIGIAS RECUEM! MANTENHAM DISTANCIA! –ouvi Maggie gritando de dentro da casa. Olhei para o lado vendo um dos homens esfaqueando Tobin e corri até lá disparando contra ele até que o mesmo parasse de se mexer. O homem morto caiu no chão e eu tirei minha faca do cinto enfiando em sua cabeça rapidamente para que ele não virasse.
-Ai meu Deus... –eu disse olhando para Tobin e vendo o tamanho do corte em todo seu peito. Me ajoelhei ao seu lado pressionando minhas mãos e olhei em volta para ver se alguém se aproximava. -Você vai ficar bem ok? Não vai morrer... –eu me abaixei ao ouvir rajadas de tiros próximas a mim e me mantive por um tempo na mesma posição até que passasse. Siddiq correu até nós dois e se jogou ao meu lado com medo das balas que voavam por toda parte acertando pessoas de ambos os grupos.
-Vá, eu fico com ele. –ele disse puxando uma bolsa para perto de si e tirando um monte de bandagem. -Vá Noora!
-Fique abaixado. –eu falei agarrando o rifle no chão e sai correndo para perto de Tara que estava de trás de um carro atirando. Os vidros ao meu lado foram estourados e eu pulei um murinho antes que eu fosse atingida. Respirei fundo tentando recuperar o fôlego e engoli em seco sentindo um pouco de suor escorrendo pelo meu rosto. Puxei a trava do rifle tirando o pente vazio e peguei outro preso na minha bota. Troquei a munição e quando me levantei vi Tara levando uma flechada de Dwight que estava com Simon. Travei o maxilar atirando na direção deles e quando eu estava prestes a ir até ela conferir se a mesma estava bem, Rosita se agachou ao seu lado para tirá-la daqui.
-Hey! Maggie disse que está na hora de ir... –Daryl disse correndo até de mim e eu assenti com a cabeça olhando em volta para ver para onde Simon havia corrido. Eu até cheguei a estranhar o fato de Dwight ter feito o que fez, se ele quisesse tê-la matado, a mataria. -Noora! –ele me gritou e eu corri atrás dele até a casa. Os faróis foram atingidos por nós para serem desligados e Hilltop entrou em total silencio quando os tiros cessaram. Entramos na casa fechando tudo e nos direcionamos a uma janela ficando com os salvadores na mira que estavam reunidos no pátio não sabendo para onde todos haviam ido, alias como eles já sabiam, nós já havíamos fugido uma vez. Eu me afastei andando no escuro e abri a porta da dispensa vendo Enid e Noah escondidos lá com os bebes e com Judith.
-Nory... –Judith disse se levantando e Noah a segurou.
-Não saiam até que eu os busque... Eu volto assim que acabar ok? Fique com eles... –eu sussurrei e eles assentiram. Fechei a porta novamente vendo quando a luz do pátio se acendeu e os tiros voltaram a ser disparados por todos daqueles que lutavam ao nosso favor. Eu corri para os fundos da casa e abri a porta para sair correndo. Vi os salvadores correndo se encaminhando rapidamente para a saída e a luz dos faróis de carros que estavam lá foram acesos. Mais tiros foram disparados quando aqueles que estavam de vigia retornaram para casa incluindo Rick. Eu sorri de lado indo para perto de um carro e atirei contra alguns zumbis que por aqui estavam perambulando. Soltei a arma no chão já vazia e ouvi um grito seguido de um disparo alto que me fez levar um susto. Olhei Rosita com a boca sangrando enquanto Simon apontava sua arma na direção da cabeça dela. Meu coração acelerou e eu agarrei um facão preso em um tronco começando a ir até os dois silenciosamente, mas sem demora para que o pior não acontecesse. Ela me olhou e eu bati o objeto fortemente contra o braço dele que caiu no chão provocando um barulho oco. O homem começou a gritar com sangue jorrando para o todo lado e caiu no chão se contorcendo de dor. Eu o encarei e me abaixei pegando sua arma no chão. -Vá... Vê se os outros precisam de ajuda. –eu disse a Rosita e ela me olhou engolindo em seco.
-Vai ficar bem? –ela perguntou e eu assenti olhando a moça sair correndo até entrar na casa. Abaixei o olhar antes de voltar a olhar para o Simon e sorri para o mesmo enquanto ele tentava se arrastar para longe de mim.
-Sabe Simon... Eu avisei a você. Mais de uma vez e você não me ouviu. –falei a ele. -Eu disse que um dia eu o mataria e toda vez você ria da minha cara por duvidar disso. Agora aqui estamos nós...
-Você é uma desgraçada Noora Hale! Eu devia ter matado você e toda a aquela sua família de merda! –ele gritou e eu ri assentindo com a cabeça.
-Fica calmo ai seu temperamental, meu Deus! –eu disse fingindo surpresa. -Eu só arranquei o seu braço para impedir de você matar a minha amiga e talvez seja para você pagar por tudo que fez a OceanSide. –eu me abaixei de frente para ele e dei de ombros. -Eu sei bem o que você fez lá e não foi legal. Matar todas aquelas crianças que nem sabiam o que acontecia? Que sem noção... Além do mais, todos sabem que você sempre quis bancar o líder e para falar a verdade é bem obvio que queria ser o Negan, mas quer saber? Sorte que não é. Seria pior para você. –eu continuei. -Devia ter aprendido a não duvidar do que uma garota com uma arma na mão pode fazer. –eu me levantei e destravei a pistola apontando em sua direção. -Mande uma lembrança ao Negan para mim. Eu disse que o mandaria de volta ao santuário.
-Por favor... Por favor não! –ele pediu e eu disparei contra a sua garganta. O corpo caiu no chão como se fosse um saco de batatas e eu dei uma longa olhada nele antes de olhar para trás e notar que tudo havia acabado por hoje. O portão já havia sido fechado e uma ronda começava por toda a comunidade. Maggie e os outros vieram correndo até mim e pararam olhando o corpo de Simon estirado contra a grama.
-Belo tiro. –Daryl disse e eu o olhei.
-Ele mereceu. –falei e olhei o céu ficando mais claro. -Já esta quase amanhecendo, vou colocá-lo em uma caixa e mandar para o Negan. Surpresa surpresa Natal adiantado para ele, hou hou hou. –eu saí andando vendo os feridos sendo colocados em macas para irem ao trailer médico e Maggie me acompanhou. -O que vamos fazer agora?
-Eu não sei. –ela respondeu dando uma olhada em volta enquanto tudo começava a ser organizado. -Não temos recursos para rechaçar outro ataque. Vamos nos preparar se tivermos que sair. –eu assenti com a cabeça e vi Daryl correndo até nós.
-Hey, posso falar com você? –ele perguntou me olhando e Maggie revezou o olhar entre nós dois.
-Eu... Vou para dentro ver como o Hershel e a Gracie estão. –ela disse se afastando e o sol começou a iluminar a comunidade mostrando o inicio de um novo dia que começava após sobrevivermos a uma noite de puro caos.
-O que foi? –perguntei a ele.
-Sobre o Carl... –ele começou. -Ele foi mordido quando eu saí com Tara para ir até o Santuário? –ele perguntou. -Quando eu devia estar em Alexandria com ele e com os outros? –cerrei os olhos por causa da claridade e o analisei me perguntando se ele queria saber se foi culpa dele tudo o que aconteceu.
-Foi, mas... Não tem haver com você. –eu disse. -Carl sabia o que estava fazendo e deu o azar disso ter acontecido. Poderia ter acontecido até comigo, foi apenas um descuido. –ele assentiu e eu imitei o gesto.
-Você está bem? –ele perguntou.
-Bom, já tem três dias... Estou lidando melhor. –respondi e ele assentiu o que me fez sorrir para o mesmo. -Tudo vai acabar bem, Daryl. Quando essa guerra com o Negan acabar, tudo vai ser como tinha que ser. –olhei para a janela da casa vendo Rick fazendo algo em um dos quartos e após me despedir do caipira, fui até lá para falar com o mesmo após pegar algo para que ele comesse. Me aproximei do quarto com a porta aberta e o vi arrancando as madeiras presas contra as janelas que foram colocados no momento em que soubemos da vinda dos salvadores. Algumas tabuas já estavam no chão perto de um berço onde Judith estava ficando nos últimos dias e eu entrei em passos calmos o vendo limpar as lagrimas que escorriam pelo seu rosto.
-Oi... –eu disse indo até ele. -Trouxe essa lata de sopa para você, é horrível, mas... É o que mais temos em quantidade e Maggie está arranjando um jeito de se livrar logo delas.
-Não, obrigado. –ele respondeu sem parar de fazer o que fazia. -Eu estou bem.
-Rick...
-Maggie desligou os geradores de energia para economizar gasolina. –ele falou e eu assenti já sabendo disso. -As crianças precisarão de ar nesse calor. –eu cerrei meus olhos vendo um corte em sua mão sangrando e percebi o quão horrível estava por não ter sido tratado ainda.
-Posso olhar o seu machucado? –perguntei. -Se quiser, faço um curativo para você.
-Deixe-me terminar isso primeiro. –ele disse retirando outra tabua e eu coloquei a lata em cima de uma mesinha. Olhei em volta indo até uma estante ao lado de varias mochilas nossas que trouxemos de Alexandria para a nossa estadia aqui e abri uma gaveta pegando uma bolsa de kit de primeiros socorros. O soltei em cima da cama e me encaminhei ate outra janela para que eu pudesse ajudá-lo. -Vi o Negan no final do comboio quando estavam vindo para cá, e o ataquei. Foi assim que me machuquei. Eu tinha que tentar. Era preciso. –eu assenti e retirei a primeira madeira vendo alguns dos nossos sendo enterrados por Jerry e Hal. Desviei o olhar de lá e Rick me olhou. -Eu soube o que você fez por Hilltop. Que ontem, era o seu plano contra eles... Aqueles que estão vivos lá fora, você os salvou Noora. Salvou essa comunidade para que ela não acabasse como Alexandria. Você liderou e eu estou orgulhoso de você... –eu sorri para ele sem mostrar os dentes e então neguei.
-Vieram porque eu quis enfurecer o Negan. –eu disse. -Mandei Maggie atirar um dos salvadores para que mandássemos o corpo como um recado para o Santuário quando nos pegaram na estrada e mataram o Berton. Eu sabia que eles iriam vir uma hora e por mim estava tudo bem. Eu só queria que a última coisa que Negan visse fosse o tumulo do Glenn e para isso algumas pessoas tiveram que se sacrificar mesmo ele não tendo vindo. Não sei se foi uma boa liderança... Não sei se eu sirvo para isso. –eu dei de ombros e Rick estendeu sua mão machucada para mim. Nós nos sentamos na cama e eu abri a bolsa para pegar algo que faria o seu corte ficar melhor.
-A maioria sobreviveu, então foi sim... O mundo que estamos hoje tem de haver alguns sacrifícios e um dia Noora, será uma boa líder. –ele disse e eu bati um spray amarelo em cima do seu machucado para limpar com um algodão em seguida. Eu assenti para ele dando apenas um sorrisinho por estar começando a pensar nisso.
-Sabe... Siddiq é uma boa pessoa. –eu falei a ele. -Está ajudando no trailer médico e toda manhã eu o vejo rezando pelo Carl. –Rick me olhou esperando eu continuar parecendo um pouco incomodado com isso. -Para que ele cumpra o que prometeu a ele e eu creio que ele o fará... Somos o que ele precisava, Rick. Não é fácil nos acostumarmos, só que a única coisa difícil nesse mundo é nos mantermos vivos... Então, eu estou bem agora e espero que você também fique. –ele assentiu e eu enfaixei sua mão depois de prender uma bandagem por cima. Dei um nó na gaze e ele a olhou antes de encarar a parede.
-Leu a carta que ele escreveu? –ele perguntou e eu assenti com a cabeça.
-E você? –ele negou e então respirou fundo.
-Eu não tive essa coragem. –ele respondeu. -Mas farei o Carl pediu. Se isso fará o meu filho descansar melhor, é o que eu farei. –ele continuou e eu o abracei. Ele me abraçou de volta depois de dar um beijo na minha testa e eu senti um aperto no coração sabendo que ele merecia saber. Céus como ele merecia. Eu me desculpei com ele mentalmente e soltei um suspiro ficando na mesma posição do abraço, que parecia muito com o que meu pai costumava a dar.
**
Eu andava pelo corredor da casa com uma lamparina acesa que iluminava grande parte do caminho. Eu checava se todos estavam bem, pois havia colchões e sacos de dormir por toda parte. Achamos melhor nos reunir essa noite por não sabermos se os salvadores iriam revidar e então eu observei meus olhos pesando de cansaço por não ter dormido por um dia inteiro. Me aproximei de um dos moradores de Hilltop que havia sido esfaqueado durante o ataque e ele se levantou assim que me viu mesmo estando com sua perna enfaixada.
-Como você está? –eu perguntei a ele.
-Melhor... Siddiq e Dra. Dana são bons, quase não senti as suturas. –ele respondeu e eu assenti para ele.
-É uma sorte tê-los. –eu disse e ele negou.
-É uma sorte ter você e a Maggie por aqui. –ele falou. -Se Gregory estivesse no comando, o lugar não existiria mais. Ele só cuidava dele mesmo, e vocês cuidam de todos nós. Minha família deve a vocês... –eu sorri para ele assentindo e então desci as escadas após desejar uma boa noite. Olhei as pessoas no salão da sala e vi Benjamin deitado no chão ao lado de seu irmão que matracava sem parar. Me sentei em uma cadeira perto da porta de entrada e coloquei o rifle no meio das minhas pernas sentindo minhas costas doerem. Apoiei minha cabeça contra o meu punho planejando me manter acordada para vigiar e nem percebi o momento que peguei no sono.
Quando alguns breves minutos pareceram ter se passado, eu franzi o cenho e comecei a abrir meus olhos ao ouvir algo de estranho dentro da casa. A minha cabeça já estava tombada contra a mesa mostrando que eu apaguei e assim que minha visão ganhou foco foi no mesmo instante que eu ouvi um grito aterrorizante. Me mexi rapidamente deixando o rifle cair ao ver os zumbis dentro da casa e gritei quando um caiu por cima de mim me derrubando da cadeira. Peguei a pistola disparando um tiro para cima e uma movimentação dentro da casa começou após isso ocorrer. Segurei contra o pescoço do zumbi o empurrando para longe de mim e me assustei ao ver que era Tobin transformado. Seu corpo bateu com força contra a minha mão me obrigando a soltar o objeto e eu grunhi de raiva por não conseguir lidar com o mesmo enquanto eu me mantinha apavorada e sem reação por ver que era ele. O meu corpo se enfraqueceu e eu tentei sair debaixo o morto não conseguindo pegar a minha faca presa no meu cinto. Uma zumbi veio na minha direção e eu tentei afastá-la com o meu pé, mas ela apenas tombou em cima de mim quase fazendo o peso dos dois me esmagassem.
-Noora! –Benjamin gritou correndo até mim. Ele enfiou sua faca na cabeça do primeiro e depois puxou Tobin de perto de mim. Ele o empurrou para trás e Carol o segurou. Ela o encarou como se não tivesse acreditando e então cravou a faca contra a sua cabeça rapidamente.
-O que está acontecendo? –eu perguntei me levantando ao ver tudo um caos. -Como eles viraram?!
-Não sabemos... Acho que já estavam contaminados porque tenho a certeza de que ele não havia sido mordido. –Carol respondeu olhando em volta enquanto amputações aconteciam naqueles que haviam sido mordidos. Meu peito subia e descia devido a minha respiração acelerada e eu engoli em seco me dando conta do que os salvadores planejavam ao vir aqui. -Benjamin, cadê o Henry? –o garoto olhou em volta preocupado vendo que seu irmão não estava mais ao seu lado e então saiu correndo em disparada para procurá-lo. Carol o seguiu imediatamente e eu saí da casa olhando em volta para ver se tudo estava bem. Franzi o cenho ao ver Henry se levantando do chão enquanto os salvadores saiam correndo de sua cela.
-Não, não, não... –eu disse correndo até lá e acabei trombando com um deles. O de cabelos cumpridos me olhou acertando o rifle contra o meu rosto e eu caí no chão sentindo o meu nariz sangrando enquanto eu ficava um pouco zonza pelo impacto repentino.
-Olá gracinha... –ele falou sorrindo para mim. -Eu disse que vocês iriam causar a morte dessa gente... –ele se abaixou perto de mim e eu vi Gregory saindo correndo junto com os outros. -Essa gritaria é musica para os meus ouvidos. –eu limpei o meu rosto e quando ele mirou em mim Alden entrou na minha frente em questão de segundos.
-Hey, hey, se não for agora eles vão matar você cara. Não vale a pena matá-la ok? –ele disse para me proteger e me afastei deles rapidamente. O cara não perdeu tempo em sair correndo e o loirinho me olhou me ajudando a levantar. Eu o olhei analisando o mesmo por um tempo enquanto alguns zumbis perambulavam por aí. Eu estendi minha faca para ele e o mesmo a olhou antes de aceitá-la.
-Me ajude a matá-los. –eu disse e ele a pegou assentindo. Maggie saiu da casa com um grupo apontando as armas na direção dele que estava perto de mim.
-Esperem! –eu falei antes que atirassem. -Henry abriu o cercado. Alguns fugiram e outros se transformaram, ele me ajudou. –eu disse explicando tudo. -Os que ficaram com ele foram por ali fechar o portão. –parte do grupo foi até lá conferir e Maggie olhou para Alden.
-Para onde os outros correram? –ela perguntou.
-Eles não disseram. Só foram embora. –franzi o cenho e o encarei.
-Porque vocês não fizeram o mesmo? –eu perguntei. -Porque não deixou o seu amigo me matar?
-Vimos o que somos para o Negan. –ele respondeu. -E vimos o que essas pessoas são para vocês. Não valia a pena irmos. Pode ser burrice, não valemos para a sua gente também, mas quem ficou, ficou. Tivemos muitas chances de fugir. –Henry correu na nossa direção e eu o olhei brava.
-O que diabos você estava fazendo ali?! –eu perguntei. -Crianças não saem sozinhas de noite principalmente a caminho da morte, ninguém te ensinou isso por acaso?!
-Eu estava brincando... –ele respondeu. -Eu não queria me desculpa, Noora.
-Vá procurar o seu irmão e fique nas vistas dele, já causou uma tremenda bagunça por hoje. –eu disse e ele abaixou a cabeça saindo andando.
**
-Espera aí, o que aconteceu? –Carl perguntou enquanto eu o ajudava em uma volta por Alexandria quando consegui escapar de Hilltop para ir vê-lo. Ele se sentou em um banco e ergueu a cabeça para me olhar já que eu havia ficado em pé. -Hilltop foi atacado? –eu assenti entregando uma garrafinha de água para ele e o mesmo respirou fundo. -Muitas mortes?
-15. –eu respondi. -Entre elas, Tobin. Os outros eram moradores de Hilltop e havia apenas dois de Alexandria que morreram enquanto dormiam. –me sentei ao seu lado e entrelacei nossas mãos pensando em tudo que havia acontecido até agora. -Escuta, não quer acabar com essa historia e ir para lá comigo hoje? Podemos explicar tudo a todos. –me virei em sua direção e ele me olhou brevemente. -Estou começando a me sentir mal por ter que deixá-lo sozinho aqui toda vez. E se você precisar de alguma coisa?
-Eu estou bem, já posso caminhar e não sinto nada. –ele explicou. -Será melhor assim do jeito que estamos fazendo Nory. Meu pai precisa de um tempo para pensar nele e tomar as próprias decisões sem estar colocando a mim ou a Judith em primeiro lugar. –eu assenti e nós ficamos em silencio por alguns minutos apenas aproveitando a companhia um do outro. Me escorei nele sentindo meu rosto queimando devido ao sol que batia em nós e fechei meus olhos brevemente gostando de ter passado um tempo há mais aqui em Alexandria.
-Eu estava pensando sobre o que me falou no túnel... –eu comecei. -Sobre as coisas serem diferentes. Aquele salvador loiro que capturamos em um dos postos avançados, o Alden, me salvou ontem quando seu grupo fugiu. Acho que podemos tê-los do nosso lado, mas não o Negan. Ele tem que morrer, e aqueles que tentarem nos impedir ou nos machucar também. –Carl assentiu com a cabeça e eu soltei um suspiro. -Eu matei o Simon e o mandei de volta para o Negan... Eu não devia ter feito isso, agora estou com medo dele mandar Gabriel em um caixão como forma de nos punir. Eu não pensei nele, pensei apenas em mim e no que estava sentindo no momento.
-Se Gabriel ainda está vivo é porque ele tem utilidade ao Negan. –Carl falou. -Ele não vai matá-lo... Por incrível que pareça acho que ele, o Dr. Carson e Eugene se protegeriam lá dentro. Sabem que podem confiar um no outro. –eu pensei o que ele disse e então assenti.
-Acho que eu não confiaria no Eugene se eu estivesse lá. –respondi. -Não depois do que ele fez. Quer dizer, o cara vive no meio termo. Nunca sabe para onde correr.
-É talvez. –ele falou e nós rimos. -Mas olha, eu não quero que fique se atormentando achando que o Negan vai retaliar. Não pense nisso... Sinto que as coisas já estão acabando e então fortaleceremos essa comunidade novamente. Haverá mais moradores e... Voltará a ser nossa casa. –eu sorri para ele e o mesmo retribuiu antes de beijar minha testa. Eu o olhei colando nossas bocas por alguns segundos e então deitei minha cabeça em seu ombro antes de ficarmos encarando o pequeno lago e o por do sol que cercava Alexandria.
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