Após uma discussão que aconteceu na comunidade depois que Carl descobriu que Benjamin e Henry estavam vindo junto, nós optamos por irmos na van onde caberia todos nós em um só automóvel. Estávamos na estrada já há algum tempo e eu estava sentada ao lado de Carl que dirigia calmamente já sem a sua cara emburrada de antes. Eu checava o mapa com atenção ouvindo a conversa na parte de trás e conferi as rotas atentamente para me certificar de que não estávamos seguindo em direção errada. Ergui o olhar o focando nas arvores que passavam rapidamente por minha janela e soltei um suspiro antes de encarar o céu desejando que tudo ocorresse bem hoje, que não perdêssemos ninguém e que voltássemos bem para casa. Aliás, essa seria a nossa primeira saída depois do que aconteceu ao Rick. Carl colocou sua mão na minha perna e eu o olhei antes de sorri para o mesmo sem mostrar os dentes. Ele retribuiu e logo virou voltou a sua atenção para a estrada.
Quando a velocidade começou a diminuir de uma hora para a outra eu franzi o cenho olhando para frente e então Carl parou a van ao ver Daryl saindo todo sujo do meio da floresta. Eu me entreolhei com o garoto brevemente e voltei a olhar para o caipira que há muitos dias não dava sinal de vida para nenhum de nós.
-Onde pensam que vão? –Daryl perguntou quando eu desci o vidro e o encarei brava por não ter tido nenhuma notícia do mesmo por muito tempo. -Abre essa droga, eu estou indo junto. –Rosita bufou impaciente e abriu a porta de correr para que ele entrasse de uma vez. Assim que isso aconteceu Carl me olhou estranhamente e então soltou um suspiro seguindo caminho.
-Você está fedendo. –comentei com o Daryl cortando o silencio de algumas horas de viagem na van e todos pararam para nos olhar.
-E você me irritando. –ele retrucou. -Parece que nunca me viu na vida garota.
-Eu sou conhecida por irritar e você já devia saber disso seu pé no saco... –eu disse séria ainda não gostando dessa idéia dele ter desaparecido como se não fossemos nada para ele. -Aonde diabos você se meteu caipira? –eu perguntei sem olhá-lo e ele não respondeu. -Me deixou preocupada pra caralho... –ele apenas soltou uma risadinha debochada e bufou.
-Você não devia nem estar aqui para começar, então fica na sua. –foi à única coisa que foi dita até que chegássemos ao nosso destino um tempo mais tarde. Eu desci do carro batendo a porta e peguei a pistola já a destravando. Eu olhei em volta com atenção vendo alguns carros abandonados no estacionamento do hospital e o chão todo sujo com papeis, sangue e corpos. Tudo estava calmo, não ouvíamos quase nenhum som a não ser de alguns pássaros que me davam nojo. Eu olhei para o céu claro e cerrei os olhos por causa da claridade enquanto eu esperava os outros descerem com suas coisas. Olhei para o prédio que parecia abandonado e soltei um suspiro.
-Não fazemos idéia do que há aí dentro... Não acha isso muita loucura? –Rosita perguntou ficando ao meu lado e me olhando para saber o que eu achava.
-Tomara que seja... Não viemos até aqui para sair de mãos vazias. –comentei e olhei para Eugene mais ao canto. -Quer aproveitar para criar a cura, gênio? –perguntei fazendo graça com o cara que me olhou com uma cara de tédio. -Oportunidade única. –falei já rindo fraco.
-Muito engraçado, Noora. –ele respondeu.
-Ok, os dois grupos que separamos possuem uma lista de coisas principais. –Carl disse e eu o olhei quando ele terminou de checar o prédio com Siddiq e Alden. -Após pegarem esses itens, pegue o que acharem de útil... Nos encontraremos aqui assim que o sol começar a se pôr então não percam tempo.
-E não desperdicem as balas com os zumbis... E se alguém aparecer vocês já sabem, um tiro se for uma pessoa, dois se for um grupo. –eu disse e eles assentiram com a cabeça. Nos aproximamos da entrada do hospital e eu passei a minha mão no vidro sujo para tentar enxergar algo lá dentro. Havia um monte de papeis jogados no chão e cadeiras velhas por toda parte, além de alguns corpos estirados. -Vamos esperar alguns minutos... –pedi e dei duas batidas fortes na porta.
Eu me encostei-me à parede começando a chutar uma folha que estava no chão e assim que ergui olhar, olhei para Daryl que estava perto do outro grupo. Um zumbi se chocou contra o vidro nos fazendo levar um susto repentino e eu guardei a arma pegando a minha faca presa no cinto. Eu e Carl nos entreolhamos e ele assentiu quando estava pronto para abrir a porta junto com Alden que cortou o cadeado com um alicate grosso. Ele a puxou e o zumbi saiu cambaleando na nossa direção. Eu me afastei para que ele me seguisse e Rosita o matou com sua faca. Eu enfiei a minha no segundo que vinha logo atrás desse e o soltei no chão como se fosse um saco de batatas.
-Certo. –Carl falou em um tom baixo e ligou sua lanterna iluminando o ambiente escuro. Demos uma olhada no hall de entrada e nós começamos a entrar calmamente e sem fazer muito barulho. Acho que já estávamos acostumados o bastante para sempre agir dessa maneira. A porta voltou a ser fechada e eu senti a minha respiração começando a pesar devido à tensão de que estar em uma busca trazia.
-Pode seguir com eles na frente, eu quero falar com o Daryl. –eu disse a Carl que revezou o olhar entre nós dois antes de assentir tranquilamente.
-Não saia de perto deles. –fiz um sinal para ele de que eu não faria isso e nós nos beijamos apenas por alguns segundos. Vi Beijamin desviando o olhar e começando a trocar algumas palavras com Alden e Siddiq que estava a nossa espera e então eu me curvei dando uma ajeitada rápida na minha bota. O grupo de Carl, Rosita, Eugene, Noah e Gabriel saiu andando pelo primeiro corredor e eu olhei para as pessoas que haviam ficado. Henry, Beijamin, Daryl, Alden, Cyndie e Siddiq.
-Ok, vamos nessa. –eu disse indo na direção do outro corredor. Eu caminhei segurando a faca pronta para enfiá-la em uma cabeça se necessário e segui o caminho pela luz que as lanternas de Siddiq e Alden proporcionava. Eu olhei algumas caixas no chão vendo algumas manchas de sangue e eu empurrei a primeira porta sentindo o cheiro de mofo por toda parte devido ao fato do lugar estar fechado há um bom tempo.
-Difícil acreditar que ninguém invadiu esse lugar antes... Parece estar intacto. –Cyndie comentou e eu encarei o corpo podre de uma mulher terminando de decompor ensina da maca. Provavelmente esse foi um dos primeiros lugares a serem tomados. -Será que não tem mesmo alguém vivendo aqui? –eu me assustei quando uma prateleira tombou e encarei Henry de olhos arregalados ao perceber que ele foi o responsável.
-Se tivesse já teriam aparecido com essa barulheira toda. –Daryl falou e bufou sentindo ódio de termos trazido uma criança.
-Quer tratar de ficar quieto?! –eu briguei com o garoto.
-Desculpa, foi sem querer... –ele respondeu segurando o seu bastão e eu neguei com a cabeça ainda sem acreditar que eu permiti que ele viesse. Henry costumava a mais atrapalhar do que ajudar.
Após algumas horas invadindo quartos, matando zumbis e revistando tudo chegamos à conclusão de que o lugar estava realmente intacto no instante em que entramos em uma sala com estantes cheias de remédios. Eu fui até lá abrindo a mochila e Cyndie foi conferindo a lista comigo enquanto o resto do grupo pegava coisas aleatórias. Eu deixei o trabalho com ela e me aproximei de Daryl que vigiava a porta. Essa seria a oportunidade que eu teria de falar com ele longe de todo mundo e antes que ele resolvesse sumir novamente. Nem a Carol tinha tido noticias dele por todo esse tempo.
-E então? Você vai me responder agora ou quer voltar à relação que a antiga Noora e que o antigo Daryl possuíam? –eu perguntei e ele me olhou. -Onde diabos você estava, Dixon?
-Você já sabe a resposta, não precisa ficar me perguntando. –ele disse soltando um suspiro e eu engoli em seco assentindo com a minha cabeça.
-Você estava atrás do Rick... De novo. –eu falei e ele ficou inquieto por eu saber mesmo. -Você precisa parar... –eu pedi. -Parar de procurar porque ele morreu, Daryl.
-Cala a boca. –ele mandou.
-Não, cala a boca você! –eu disse irritada e nós nos encaramos. -O fato de não termos encontrado um corpo não significa que ele esteja vivo... Se ele estivesse, qual teria sido o motivo dele não ter voltado para nós?! –perguntei a ele. - Encare isso... Já faz dias e agora que o Carl começou a realmente superar tudo isso... Todos nós. O que precisamos que você faça é que volte para Alexandria e fique por lá nos ajudando porque estamos sozinhos, Daryl. A Michonne não sai daquele quarto e eu sou a pessoa que tem que encarar o Negan todos os dias...
-Porque não o mata? –ele me perguntou me interrompendo. -É menos uma pessoa para se preocupar Noora. –abaixei o olhar antes de voltar a encará-lo. Ele negou com a cabeça e soltou um suspiro pesado. -O Rick não teria desistido de você... –Daryl continuou por fim. -Porque desistiríamos dele?
-Porque quando você mantém esperança em algo, as pessoas esperam que coisas boas aconteçam... –eu falei sentindo as minhas vistas embaçaram. -E não é assim com a gente. Você sabe que não... Então sim, eu prefiro acreditar que ele esteja mesmo morto. É melhor para eu lidar com isso porque eu cansei de colocar fé nas coisas e não receber nada em troca... –continuei. -E ou você volta com a gente por vontade própria ou eu juro que vou mandar sedarem você... E então te colocarei trancado com o Negan, babaca. –eu saí andando na direção das prateleiras e soltei um suspiro pegando as coisas de bebê que tínhamos achado por aqui.
-Oi encrenca. –Beijamin falou aparecendo do outro lado da estante. Eu o olhei rapidamente e com o cenho franzido por causa desse apelido repentino. -Você não esta com uma cara legal... Dia ruim? –ele perguntou enquanto eu continuava juntando as coisas e as colocando na mochila que Siddiq havia me entregado mais cedo.
-Década ruim... –comentei sem parar de fazer o que fazia e ele riu fraco.
-Como você consegue? –ele perguntou e eu fiz uma cara estranha por não entender onde ele queria chegar. -Digo... Lidar com tudo como se tudo fosse superável? Até hoje eu pareço não ter superado a morte dos meus pais e você parece seguir em frente como se fosse fácil...
-Vá por mim, Beijamin... Ou você vive com certas coisas ou você não vive. –eu falei e então encarei Daryl por um tempo antes de voltar a minha atenção para os remédios.
**
2 meses depois...
Música: Gone –Olivia Broadfield
O portão de Alexandria foi aberto por Eugene que estava ao lado de uma placa escrita “Sessenta dias sem acidentes”. Eu cruzei os braços vendo Tara, Jesus e Maggie entrando com o Hershel e com uma mulher de cabelos grisalhos, que se eu me lembro bem era Georgie. A velha dos discos que eu não ia com a cara de jeito nenhum. Eu os acompanhei com o olhar os vendo se aproximando de mim e franzi o cenho estranhando o fato deles terem vindo para cá de uma hora para a outra ainda mais sem avisar que a traria. Olhei para trás vendo Judith brincando com Noah e Enid e engoli em seco antes de voltar a olhar para o grupo. Coloquei a mão na minha barriga já de cinco meses e respirei fundo por eu sempre ficar ofegante ao passar muito tempo andando de um lado para o outro.
-Oi! –Maggie falou colocando um sorriso no rosto enquanto segurava seu bebê que comia algo parecido com um pedaço de cenoura. Eu retribuí o sorriso e nós duas nos abraçamos por um tempo já que não estávamos nos vendo toda vez como antes. Fechei meus olhos percebendo que eu já havia acostumado a não tê-la tão por perto assim, mas a sensação de segurança que o seu abraço trazia era sempre muito boa.
-Oi... É bom ver vocês, o que vieram fazer aqui? –eu perguntei segurando a mãozinha de Hershel e dando um beijinho nele.
-Ahhh, foi como você mencionou Maggie! A barriga dela já está aparecendo... –a velha disse animada e eu a encarei antes de revezar o olhar com Tara e Jesus que continuaram por perto. -De quantos meses você está querida?
-Sou péssima em matemática. –eu falei não querendo dar muita conversa e voltei a olhar para a Maggie. -O que ela está fazendo aqui? –perguntei de imediato. -Não vamos fazer trocas, porque eu não confio nela...
-Eu estou bem aqui... –Georgie disse e eu assenti dando de ombros.
-Eu sei por isso eu estou falando... Se esse é o motivo de ter vindo onde não é chamada, pode dar meia volta... Não gostamos de desconhecidos vagando por aqui se é que me entende. –falei colocando as mãos na cintura e respirando fundo mais uma vez por minhas costas estarem doendo já há alguns dias.
-Noora... –Jesus começou e eu o olhei.
-Não! –eu disse de imediato. -Não vamos comercializar com ninguém além de Hilltop e do Reino. Esse foi o combinado e eu não vejo motivos para quebrarmos o trato.
-Só ouça! –Jesus pediu e Maggie me olhou segurando uma das minhas mãos.
-Precisamos conversar querida... –ela começou com um tom de voz diferente e eu engoli em seco sabendo que algo tinha acontecido ou estava acontecendo. Revezei o olhar entre as duas e entre o bebê no colo dela e então assenti ao entender o olhar que ela havia me dado. O olhar que me contou tudo que ela estava prestes a fazer.
-Você não pode fazer isso comigo Maggie. –eu disse em um tom baixo antes de voltar a olhar atentamente para ela. -Me diga que você não vai fazer isso...
-Eu quero ver o que ela tem para me mostrar, Noora. –ela falou. -Georgie tem planos para construir algo realmente grande, ela já começou a fazer isso sendo bem sincera... E um dia, vamos poder nos unir todos em um só lugar. –as minhas vistas embaçaram e eu neguei com a cabeça fazendo uma cara de choro.
-Por favor, não vai embora e me deixa aqui... –eu pedi sussurrando. -O que vai ser de Hilltop sem você?
-Entenda que é por uma boa causa... E eu vou voltar, pode ter certeza disso. –Maggie disse. -Quanto a minha comunidade Jesus e Tara ficarão cuidando de Hilltop enquanto eu não estiver... Mas eu me senti no dever de vir falar com você. Depois de tudo que passamos juntas, eu não podia simplesmente ir... –as lágrimas escorreram pelo meu rosto e eu assenti quando percebi que a decisão já estava tomada e que eu não conseguiria fazê-la mudar de idéia. Ela realmente estava indo embora. Revezei o olhar entre elas mais uma vez e engoli em seco tentando arranjar um jeito de encarar isso. -Eu te chamaria para vir junto... Mas o seu lugar é aqui.
-E o seu também. –eu falei. -O seu lugar sempre vai ser aqui... –ela segurou as minhas mãos e sorriu sem mostrar os dentes.
-Eu sei. Por isso eu falei que eu vou voltar. –Maggie falou e entregou o relógio que eu havia dado para o Hershel de volta há algum tempo atrás. -Eu vou ficar bem e o Hershel também vai... Lá é seguro e vamos estar a salvo, não quero que se preocupe com a gente. –eu assenti brevemente sem olhar para ela. -Não ache que eu estou deixando você, eu nunca faria isso... Só estou indo resolver algumas coisas para o nosso futuro. Ok? –ela perguntou e eu assenti mais uma vez. -Um dia as coisas que sonhamos irão se realizar Noora. Vai ter um dia em que não haverá mais dor e que estaremos mesmo todos juntos...
-Eu sei disso... –falei.
-Vou te dar a certeza de que eu voltarei e se isso não aconteceu é porque as coisas saíram do meu controle... Mas tanto eu quanto a você sabemos que isso não é algo fácil de acontecer. –nós duas rimos fraco e eu funguei. -Promete que irá se cuidar? E cuidar do seu bebê?
-Nós também vamos ficar bem. –eu falei. -Escuta... Vai ser questão apenas de meses, certo? –ela assentiu com a cabeça e eu respirei fundo. -Onde fica o lugar para o qual você vai? –perguntei.
-Isso não pode ser revelado... –Georgie falou se intrometendo e eu a olhei. -Questão de segurança.
-Até parece... –eu disse a olhando de cima em baixo.
-Maggie, você não pode contar. Eu sinto muito... –a velha confirmou e então ela assentiu com a cabeça.
-Eu fiz uma carta para você... –Maggie disse abrindo sua bolsa e pegando um papel dobrado. -Você sempre poderá lê-la quando estivermos com saudades ok? –eu assenti e ela me entregou antes de me puxar para um abraço forte e apertado. -Eu sei que você vai sobreviver Noora... Esse mundo é o seu e eu tenho a certeza de que você vai durar aqui... Então a gente se vê daqui um tempo. –concordei com a cabeça e soltei um suspiro segurando o choro que iria escapar a qualquer momento. -Leste de D.C ok? Saberá que algo aconteceu se um dia alguém chegar com o Hershel aqui. –ela sussurrou e eu memorizei um pouco mais aliviada por ela ter me dito isso. -Eu amo você Nory.
-Eu também amo você, Maggie. Fica bem, de verdade... –eu falei e ela assentiu com um sorriso no rosto antes de colocar a mão na minha barriga.
-Menino ou menina? –ela perguntou e eu ri fraco enxugando o meu rosto.
-Menino. –falei e nós sorrimos uma para a outra.
-Certo... Cuide bem do seu garoto. –Maggie falou e eu assenti para confirmar. Ela soltou um suspiro ajeitando o Hershel no colo e eu dei um beijinho nele de despedida nele.
-Te vejo depois Glenn dois... Cuide da sua mãe para mim... –eu falei segurando sua mãozinha e ri fraco quando ele deu um sorrisinho.
-Antes que eu vá... A Michonne já saiu do quarto? –ela perguntou.
-Do quarto sim porque eu quebrei a porta, de casa ainda não. –eu disse. -Mas, é só deixar quieto... Eu sei que ela vai sair uma hora e eu o Carl estamos nos virando por aqui... As coisas estão dando certo.
-E estão se dando bem... Dois meses sem acidentes, correto? –eu assenti e sorri para ela mostrando que era verdade. Sem mortes, sem feridos e sem problemas.
-Que continue assim... –nós conversamos por mais um tempo e ela foi à direção de Carl quando o mesmo a viu por aqui. Eu os olhei por um tempo e cruzei os meus braços os encarando. Eles se abraçaram fortemente por um tempo e eu abaixei o olhar.
-Será por pouco tempo. –Georgie disse a mim e eu me virei para ela assentindo. -Não quer ir junto?
-Não posso ir. –eu respondi e ela assentiu. -Olha, eu vou ser clara com você então preste atenção Georgie... Se alguma coisa acontecer com os dois, vai ser a sua culpa. Então saiba que se a Maggie não voltar a aparecer eu vou ser obrigada a andar o país inteiro atrás de você. –eu continuei e ela ajeitou os seus óculos. -E eu vou te achar. E vou te matar em seguida rasgando a sua garganta com a minha faca, então é bom que isso não seja algum tipo de armadilha porque sendo bem sincera... Eu sou a pessoa com a qual você não quer arranjar briga e se o motivo for aqueles dois, já sabemos quem é o ganhador não é? –perguntei arqueando uma sobrancelha e sorri debochadamente. -Faça uma boa viagem... E olhos atentos por aí. Há sempre alguém esperando por uma brecha, mas creio que você já saiba disso. –eu falei e ela assentiu antes de sair andando atrás da Maggie. As duas se juntaram com o resto do pessoal e Aaron fechou o portão quando se despediu dela mais uma vez.
-Achou isso uma boa idéia? –Carl perguntou vindo até mim e ficando ao meu lado enquanto as olhávamos partir.
-Não. –respondi e o olhei. -Vamos nos preparar caso precisemos ir atrás deles ok? –ele pensou um pouco e então assentiu com a cabeça soltando o martelo que segurava no chão. Me aproximei dele e colei nossas bocas antes de abraçá-lo ainda encarando seriamente a partida da Maggie.
**
Pov’s Carl Grimes
3 meses depois...
Eu tirei a minha camisa xadrez um pouco molhada de suor e caminhei até a minha casa após passar por uma das placas escrito “180 dias sem acidentes”. O meu cabelo estava um pouco molhado e eu olhei brevemente Michonne deitada no sofá encarando o teto como sempre andava fazendo quando não passar quase o dia inteiro na floresta. Ela não conversa com quase ninguém, mas eu estava muito menos preocupado só dela ter saído do quarto quando Noora quebrou a porta com uma marreta. Peguei um pouco de água para beber checando se Noora estava em casa, mas quando Daryl entrou avisando que ela estava na enfermaria, eu fui atrás dela.
Franzi o cenho vendo Rosita e Gabriel próximos de mais ao conversarem um com o outro e estranhei completamente porque sendo bem sincero eu achava que ela terminaria ao lado de Siddiq depois que eu os peguei se beijando em uma das estufas. Passei por Noah e Enid que riam de algo que havia acontecido e subi as escadas da entrada rapidamente. Parei no caminho ao ouvir algo de estranho e fiquei perto da porta pensando se ouvir direito.
-Há quanto tempo está assim? –Siddiq perguntou e quando eu chequei com cuidado Noora estava sentada na maca.
-Há alguns dias... –ela respondeu. -Já tem alguns dias que o bebê está quieto de mais... No começo eu achei que é porque eu estou tensa de mais com o nascimento, mas agora eu só consigo pensar em que tem algo de errado.
-Não há nada de errado, Noora. –Siddiq corrigiu.
-E se tiver? –ela perguntou. -E se algo aqui dentro de mim estiver errado, o meu bebê vai morrer e vai começar a me... –ela respirou fundo e o meu coração acelerou por eu ter tido um pequeno flashback.
-Isso não vai acontecer. –Siddiq disse. -Sabe por quê? Eu não vou deixar acontecer. Você só está assustada ok? O próximo mês já está chegando e logo o seu bebê estará aqui com todos nós. –eu ouvi o barulho de um choro e engoli em seco.
-E se eu não tiver um mês? –ela perguntou e a minha cabeça zumbiu enquanto imagens da minha mãe começavam a voltar na minha cabeça a fazendo rodar. -Ok, eu vou parar... Mas prometa para mim Siddiq, prometa para mim que se no dia do parto alguma coisa estiver acontecendo você vai salvar a ele e não a mim... E que não importa o que o Carl diga a você, você vai fazer o que eu pedi... –eu dei alguns passos para trás respirando fundo e me escorei na pilastra sentindo um nó tomando da minha garganta. Se a Noora estava pedindo isso, era porque ela estava com medo. Com muito do medo das coisas que poderia acontecer. Inspirei e expirei lutando para colocar a minha cabeça no lugar e assim que isso aconteceu, eu entrei na enfermaria. Os dois me olharam e eu me sentei na maca já me aproximando dela. Me virei a deixando no meio das minhas pernas e a abracei fortemente. Ela retribuiu de imediato e eu sabia que eu não podia ter feito nada melhor do que isso, porque o que eu menos queria era ter que conviver depois igual ao meu pai, sabendo que eu não estive ao lado dela.
-Eu sei que você está com medo... Eu também estou, mas eu estou com você. –eu disse e beijei sua cabeça por alguns segundos. -Eu vou estar com você e você vai ficar bem ok? Vocês dois... Prometo ficar aqui.
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