Protegendo-a em seus braços, a dor se espalhava por todo o seu corpo. O som alto da borracha contra o asfalto e o impacto da batida, causava o zumbir irritante em seu ouvido. Sua cabeça latejava parecendo explodir. Com a visão desfocada, lutava para manter-se acordado, e não percebe que, mais uma vez, o mundo fica em silencio, como se desejasse um momento de paz apenas para ele.
Em sua perspectiva, quando recobrou a consciência, haviam se passado milésimos de segundos, o zumbido em seu ouvido havia sumido, dando lugar as barulhentas vozes dos espectadores em volta de si. De não muito longe, dava-se para ouvir as sirenes das ambulâncias apressadas.
— Consegue me ouvir? Fique calmo, o ajudaremos a levantar. – um paramédico que saía apressado da van¹, antes mesmo da mesma parar definitivamente, perguntava a nosso azulado ao perceber que estava consciente. Desvencilha a rosada de seus braços e observa a mesma ser enviada para dentro da ambulância antes de tentar levantar, mas em vão.
— Deveria ter mais cuidado garoto, acabou de sofrer um acidente, mesmo que não sinta, ainda haverá ferimentos. – o paramédico sorriu para Tetsuya, que o olhou.
Kuroko: Obrigado. – com a ajuda do paramédico, foi direcionado a ambulância.
Enquanto sua mente estava envolta de preocupação por Momoi, que ainda estava desacordada ao seu lado, não demorou muito tempo para que chegassem ao hospital.
— Garoto, você precisa ir por aqui. – o paramédico de antes o impede de seguir a maca que transportava Momoi para dentro.
Kuroko: ... Ok. – responde e, um tanto relutante segue o médico para ser atendido.
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“Onde estou?” – minha cabeça pesava. Abro meus olhos lentamente. Apenas para ser cegada pelo branco brilhante ao meu redor.
— Ugh... – sensação de náusea que sentia no momento era horrível.
— Acordou? Como se sente? Dói em algum lugar?
Momoi: Ku... Roko... ? – flashes do que havia acontecido passam por minha cabeça, fazendo-a latejar.
Kuroko: Você desmaiou por conta do susto. Tente não pensar muito por enquanto, descanse. De manhã eu te levo pra casa.
Momoi: Oh... – o cansaço que reprimia veio a tona com suas palavras, não demorou muito para eu adormecer.
Foi um sonho muito longo, meus arredores eram barulhento, com gritos, choros, risadas... Não via nada, mas ouvia tudo.
Caminhando pelo nada, me deparo com uma cena que me choca de incredulidade.
Kuroko... Kun?
O vejo ensanguentado com um corpo nos braços. A pessoa parecia ter morrido em descrença. Enquanto Kuroko-kun continuava inexpressivo.
— Kuroko-kun... Como... Pode? – não controlava o que saia da minha boca.
Ele me olhou sem emoções, como se estivesse olhando para o nada. Sem o meu controle, da minha boca saia acusações e xingamentos.
A cena minha frente é envolta de névoa e tudo começa a girar ao meu redor.
— Momoi-san...
— Momoi-san...
— Momoi-san...
Sua voz me chamava tão longe quanto de perto. Tudo ao meu redor me deixava enjoada. Tentava achar Kuroko-kun, porém era em vão, me deixando desesperada.
Sentia tudo abafado.
Sentia o ar frio arranhando meus pulmões, mesmo assim, faltava ar.
— Momoi!
Tudo ao meu redor para e o silêncio se instala.
— Por que não confiou em mim? – Kuroko, quem eu procurava freneticamente apareceu atrás de mim, tão pálido quanto papel, seus olhos estavam cheios de tristeza e decepção.
— Kuroko-
— Momoi-san!
— -Kun!
Meus ouvidos zumbiam e minha respiração forte e desesperada me deixava tonta.
— Momoi-san! Momoi-san! Você está bem? Momoi-san! - sua voz me trazia um medo profundo me fazendo tremer.
— Momoi-san! Calma, calma! Tá tudo bem! Respira fundo, segura... Solta de vagar... Isso... - a palma quente em meu rosto me trouxe aos poucos aos meus sentidos e, inconsciente fazia tudo o que me dizia.
— Está mais calma agora? - me olhou preocupado.
— Hum... - respondi em um fio de voz.
— Parecia estar tendo um pesadelo. Quer que chame um médico?
— Não se preocupe... Já não me lembro. – sorri para ele.
Depois de voltarmos a nos deitar, não demorou para adormecermos e amanhecer, troquei a bata de paciente pelo uniforme ainda meio sujo do acidente e saímos do hospital depois de acertar a papelada.
Andávamos lado a lado, Kuroko-kun seguia meu ritmo com paciência, sempre prestando atenção em mim com os mínimos cuidados. Tudo isso me apenas me fazia perceber o quanto ele era cavalheiro e gentil, pensava que, quem o conquistasse no futuro, seria uma pessoa muito sortuda e que, seria muito bom ter um namorado assim. Apenas esse pensamento fez meu rosto esquentar, e podia jurar ver fumaça sair pela minha cabeça, como se eu entrasse em curto-circuito.
Kuroko: Momoi-san? Você está bem? – me olhava preocupado.
Momoi: Sim! Sim! – respondi afobada, apenas para vê-lo suspirar de alivio. — Sabe... K-kuroko-kun... – só faltava enterrar minha cabeça no chão de tão baixa e envergonhada que estava.
Kuroko: Sim?
Momoi: Isso... É que... – olhava para todos os cantos, menos para ele. — E-Eu poderia te chamar de Tetsu? Assim como o Dai-chan? – o olhei pelos cantos dos olhos e o vi sem palavras por um momento, desviei o olhar e andei um pouco mais rápido.
— Tipo... Somos amigos e tals, e você me salvou. Até dormimos no mesmo “quarto’’ – brinquei sobre termos ficado na mesma ala médica, para aliviar o clima. — Então eu pensei... Que poderíamos estar... Mais próximos, ou... Algo assim. – quanto mais falava, minha voz sumia e, podia dizer com certeza dessa vez que, minha cara deveria estar alguns centímetros do chão por conta da vergonha.
Quando estava imaginando se deveria começar a correr e fugir dessa vergonha, o ouço rir, uma risada baixa e encantadora, me virei para olha-lo.
Kuroko: Claro, por que não? – sorriu para mim. Esse pequeno sorriso, foi como uma bomba em campo aberto, meu rosto queimava e não conseguia pensar em mais nada além do quão lindo era.
Momoi: S-s-sim! – talvez tenha sido minha gagueira, ou talvez a resposta sem sentido que dei, mas mais uma vez, o ouvi rir e, mais uma vez, foi como se todo o ensino ao longo de 15² anos desaparecesse da minha mente, e apenas pude olha-lo como idiota, fascinada como estava.
Sem que percebesse, já havíamos chegado ao portão da minha casa. Não soube o que fazer por um momento. Deveria agradecê-lo e entrar? Convida-lo para uma xícara de café?³
— Momoi-san? – Tetsu-kun chamou me acordando de meus devaneios. — Entre logo, faz frio a essa hora da manhã. Descanse hoje, entregarei o atestado pro professor depois, não se preocupe.
Momoi: Uhm... – minha voz saiu por um fio.
— Vai!
Foi como se uma onda de calor se espalhasse por todo meu corpo, me fazendo flutuar. Minha mente parou de funcionar e apenas pude assistir tudo o que aconteceu como uma espectadora. Meu corpo se movia sozinho chegando perto de seu corpo, nossas alturas são parecidas, não foi preciso muito esforço para ficarmos cara a cara. Envolvi meus braços em seu pescoço e... O beijei.
Não conseguia entender o que estava acontecendo, minha mente não funcionava, e meu corpo se movia sozinho, só pude assistir antes de acabar me entregando a felicidade que borbulhava em meu peito e o prazer de seus lábios de sabor baunilha.
Passaram segundos, talvez minutos antes de nos separarmos. O ar fazia falta, enquanto encarava seus belos olhos azuis, meu cérebro pareceu voltar a ficar online, e eu quis me jogar em um poço.
Momoi: I-isso... E-eu... – pude sentir meu rosto esquentar e não encontrava nenhuma explicação pro que havia ocorrido.
Kuroko: Tudo bem... Depois conversamos. Entre agora, seus pais devem estar preocupados. – acariciou minha cabeça e pude perceber em seu rosto desamparo e extrema indulgencia.
Momoi: Uhm... Vou entrar agora. Então... Tchau. – me afastei e acenei para ele.
Kuroko: Tchau. – acenou de volta em quanto me observava a entrar.
Ao fechar a porta, escorreguei pela mesma...
Aaaaah!! Satsuki!! O que você fez?!?! Morre... Só desapareça...
— AAAAAAAAHHHH!! – tentei apagar a imagem da minha cabeça até ficar descabelada.
— CALA A BOCA SATSUKI! Gritando a essa hora da manhã?! – minha mãe saiu da cozinha de pijama e roupão com uma colher de pau na mão. — Sei que tá feliz por conseguir um namorado, mas deveria prestar atenção! Isso são horas de voltar?
Momoi: N-Namorado?!
— O bonitinho que te trouxe! Eu vi tudo! Lembre-se de contar ao seu pai. E de preferência, não passe a noite fora se eu for descobrir, você ainda é muito nova~ – cantarolou enquanto voltava pra cozinha. Senti todo o calor que havia se dissipado de meu rosto voltar com força.
— MÃE!!! – gritei indignada enquanto a seguia tentando explicar e seu riso ecoava pela casa.
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