História Pecado da condenação eterna - Goodomensduo - Sujos

No horário do pôr do sol a estrela lentamente descia das alturas dando o seu lugar para a belíssima lua. Os animais já iam para suas tocas repousar e tudo começava a desacelerar. O clima agradável da brisa batendo era calma e gostosa. Com certeza esse cenário era gracioso. 

Melhor ainda quando estava naquele local, o melhor lugar para assistir aquela beleza de cenário, nos céus. 

O Reino dos céus. O local mais cobiçado e venerado pelos seres humanos que era repleto de anjos com suas missões, atividades, ações. 

Na classe dos Anjos existia os Querubins, os mensageiros de Deus e símbolo da Justiça, anjos que são respeitados firmemente e admiramos por terem sido escolhidos para esta classe em seu surgimento e de sua grandeza espiritual rentes a servos de Deus e manter a justiça, estando ao lado da Terra e considerados soldados para proteção necessária. 

Dos anjos que estavam no Jardim do Éden havia um Querubim, ele observava com seu coração cheio de amor pelo local, considerava o jardim sendo seu segundo lugar favorito, os animais davam graça e a flora maravilhosa deixava o paraíso mais perfeito. O Anjo adorava os animais e gostava de observá-los e cuidar quando não estava fazendo alguma ação importante. 

O anjo virou o rosto ao ver uma de suas parceiras se aproximar de si com um sorriso esbelto. 

- Boa noite, São Batista. Irei para o palácio. Espero te encontrar lá hoje. - Ela diz com uma voz calma e serena, sendo música para os seus ouvidos. O Querubim acena com mão e devolve o sorriso e assiste sua companhia sair do Jardim. 

Os olhos azuis brilhavam observando o seu se escurecendo e as estrelas finalmente aparecendo. Nunca se cansaria das divinas criações do seu senhor. 

Estava tão entretido aos céus que mau notou a presença de um corvo se aproximando de onde estava sentado. Ele pousou em seu lado rapidamente atraindo a atenção desejada. 

- Oh, olá amigo. Está precisando de alguma.... - Não terminou a fala após notar o bracelete na pata direita do corvo ao seu lado. O símbolo de ziguezague com detalhes em preto já era o que precisava. 

O anjo viu o corvo levantando vôo e saindo rapidamente sem nem olhar para trás. Ele estava sozinho, com a sua presença e uma mensagem e por mais que não queira admitir, ele irá a encontro da mensagem. 

E assim, após ver o corvo sumindo de sua vista e de averiguar se tinha alguém por perto, o querubim se aproxima da saída do paraíso e olhando em direção a terra abaixo de si, relembrou da mensagem depois de soltar um suspiro. Suas asas não estavam mais retraída e com animação em suas penas, se pois a viajar para a terra e local já bem conhecido. 

(...) 

Entrava dentro da antiga casa pela porta dos fundos, a natureza já tomava conta dos cômodos. Sua localização se mantinha no meio da floresta, logo quando foi abandonada quase nenhum ser sabia de sua existência. 

Passos silenciosos foram contra o chão empoeirado, os móveis antigos agora eram apenas história para outra hora, só possuía matagal, grama e destroços temporais. 

Caminhou até o centro da sala. Encarou os cantos tentando encontrar algo. Seus sentidos foram chamados após sentir uma presença se materializando pelas suas costas e um objeto voando. 

Teve ação rápida ao desviar antes de ser atingido. Encarou o item que foi jogado, sendo ele uma espécie de batata crua selvagem. Suspirou e colocou a mão na testa. 

- Uma batata selvagem dessa vez? Tá ficando sem criatividade em. 

A presença finalmente se amostra saindo do escuro. Sua cauda pontuda levantava á cada passo ao aproximar. 

- Eu não tive tempo de achar algo mais interessante pra jogar em você, mas essa foi por pouco. Tá ficando enferrujado já. - A voz do outro finalmente é presente. Céus, como aquela voz o dava arrepios. 

O Anjo revirou os olhos e ficou de frente para o demônio que o encarava com uma cara zombateira após a provocação costumeira. 

- Você está pirando?! Um corvo no jardim?! Você sabe que os corvos não ficam no jardim e sim no Palácio! Se alguém visse um corvo voando livremente no Reino dos céus daria um problema grandíssimo! 

Scott escutava com os braços cruzados e com uma cara tediosa. 

- Não entendo pra que tanta gritaria Fe, é literalmente só um corvo - Deu de ombros. 

Febatista bate a mão em seu próprio rosto tentando encontrar paciência extra para explicar detalhadamente seu desespero. 

- Era um corvo com um bracelete, eles claramente iam saber que aquilo era uma mensagem escondida e daria um problemão. 

- Fe, Fe. Nós já somos o problema. - Scott disse irônico e sorrindo para o anjo mostrando sua alta despreocupação. - Somos o maior problema de todo o universo inteiro e você tá com uma preocupaçãozinha de um corvo com acessório. - Ele continua mas riu pequeno. - Você tá muito paranóico, você sinceramente precisa relaxar cara. Tá dando importância demais e principalmente, fazia semanas que a gente não se via e você tá prestando atenção e outra coisa. 

O demônio disse contornando o anjo e colocando a mão em seu ombro. O anjo caiu os olhos e se virou pro outro. 

- ... A sua sorte é que você tem um abraço muito bom. - Foi até seu corpo dando inicio a um abraço quente e confortável. 

Os dois se apegam e recosta a cabeça no ombro de Scott, suspirou sentindo sua energia aumentar. Aquele era seu lugar seguro, longe de responsabilidade, sem preocupações, apenas o carinho necessário e sincero. 

Os cabelos vermelhos eram afagados com um carinho lento e reconfortante, os dois presos um no outro jogados no colchão - este que foi encontrando por Febatista e levado até a casa de encontro. Scott com os olhos fechados e aproveitando o cafuné dado pelo seu futuro namorado. O loiro sorria pequeno assistindo aquele demônio forte e temido estando calmo a sua frente, Febatista não era um cupido e muito menos foi acertado por este anjo mas sentia como se tivesse levado dez flechas em seu corpo, ele era muito agradecido por ser um anjo apaixonado mesmo isso sendo horrível.

Seres celestiais são proibidos de possuir qualquer relacionamento romântico com qualquer ser ou humano. Anjos são feitos com o teu próprio propósito e servidão ao seu senhor, nenhum anjo pode possuir desejos internos ou gostos próprios pois não são para isso que eles são criados e pensar neste assunto era mais egoísmo ainda. O único ser relacionado a algo romântico era apenas os cupidos mas ainda era relacionado a sua missão. 

O pior era possuir qualquer contato com um demônio sendo esses os maiores inimigos do sagrado. Febatista era o anjo mais sujo do Reino dos céus assim como Scott era o mais sujo do Inferno. 

Dois proibidos em um relacionamento proibido com ações proibidas banhados em pecados. Não eram leigos, sabiam o que estavam fazendo e suas consequências mas tudo desaparecia na presença um do outro. 

- Sinceramente, essa casa precisa de um cheiro melhor, essa porra fede a gambá morto e fungos. - Scott diz já fora do abraço de Fe, estavam deitados ainda próximos mas agora com Scott virado para cima. 

- Talvez se pusermos... Umas flores aromáticas? É mais fácil do que encontrar um daqueles sprays que os humanos gostam. - Fe dá de ombros com seus olhos fechados. 

Alguns minutos se passam em silêncio, as corujas faziam barulho e os grilos cantavam. A única luz era a de um lampião velho e enferrujado que estava no chão ao lado do colchão. O local era pobre de objetos mas o ambiente era confortável - A menos para um deles. 

- Fe, a gente pode ter problemas. - Um olho do anjo se abre mostrando estar atento. - Eu percebo que estão começando a desconfiar da minha saída. Por mais que a gente tá se encontrando menos justamente pra isso não acontecer não está dando certo. - Scott fala com seriedade encarando o teto velho. - Aqueles desgraçados estão prestando mais atenção em mim e a porcaria dos treinos estão maiores, cansativos. Claramente possui um propósito de me cansar e machucar. Eles estão notando e é questão de tempo até descobrirem. 

O clima agora era frio. O vento gélido adentrava pelo local deixando mais pesado. 

- Não é só você. - O loiro se vira e agora ficava com o corpo para cima, imitando Scott. - Eu notei que estava tendo movimentações um pouco maiores que o normal. Estão me dando mais ordem e missões, mais anjos se aproximando, sinto que estão me rodando mais que o comum e chega até a ser sufocante. Sabe, eu sei que o meu posto é muito importante e eu tenho que fazer por onde mas... Eu não sei. Talvez seja pressão demais. - Suspirou olhando ao nada. - Se continuar essas aproximações o risco aumenta de acharam você. 

 - Você sabe muito bem que se um desses mimadinhos me encontrarem eu mato um por um. - Disse rispido. 

- Eu sei e você sabe muito bem que não pode fazer isso! No final eles continuam sendo meus amigos e irmãos. - O anjo diz tentando manter a calma mas estava um pouco raivoso. 

- Vocês matam os meus todas as noites. - Murmurou com raiva. 

Os dois não responderam mais, não havia motivo para iniciar uma discussão de quem sai mais ferido nessa guerra, as dores são iguais, era idiotisse continuar com aquilo e de qualquer forma os dois lados não queriam brigar então permaneceu um silêncio desconfortável. 

- ... Eu estava pensando em algo. - O demônio iniciou, sabia que tinha a atenção então continou. - Eu sinto inveja dos seres humanos. Eles são parecidos com nós mas muito mais simples... - Febatista poderia rebater aquela frase pelo fato de conviver muito com os humanos e saber mais sobre mas Scott parecia estar muito focado então guardou para outra hora. - Parece tudo mais fácil e dependendo do local que estão, realmente é. 

- O que você quer levar com isso? 

- O que eu quero é que você entenda que a vida seria muito mais fácil se fossemos humanos. Sem Lúcifer ou Cristo a servir. Sem Querubins ou Demônios. Apenas Scott e Fe. 

O anjo se senta na cama encarando o demônio, seus pensamentos em processo e sua cara em choque. 

- Você quer que a gente se transforme em humanos? Isso é loucura! 

- Eu sei! - Scott se sentou e puxou as mãos do outro com um sorriso que só um demônio conseguia dar. - Isso não é ótimo?! É uma bela loucura! - Movimentou-se as mãos no ar. - Apenas humanos, sem servir, viver a melhor vida possível que poderíamos viver! - Fe apenas observava pensando sobre o assunto e olhou para o sorriso lindo de seu amante. - Eu, e você. Tipo, porra! A gente se conhece desde criança, quase morremos um milhão de vezes e você sabe que cada dia é um .  - O sorriso já começara a diminuir. - E se algum dia você for rodeado de demônios e não conseguir fugir? Eu sou forte e eu sei que você também é mas não podemos contar que isso sempre funcione. Por que parece que eu que tô sendo o mais racional aqui? 

- Eu.. Não sei. Scott você tem bons argumentos mas é algo tão abrupto, é toda a nossa vida deixada para trás e você sabe muito bem que se iniciar não tem como voltar atrás. 

Óbvio que o demônio percebeu a incerteza naquelas frases, ele engoliu a seco e fechou a cara. Compreendia os motivos mas não iria suportar mais esse jogo de gato e rato. 

- Claro que sei, mas eu estaria disposto a perder tudo. Aparentemente não é o mesmo para você. - A Frase pegou Batista de surpresa. Os olhos do seu amante encarava o nada com raiva e um vazio. Sentiu o peso batendo em suas costas. Suspirou e se aproximou, botou sua mão no ombro de Scott e deu um sorriso angelical. 

- Scott. Eu iria até o inferno por você e sabes disso, eu só estou tentando pensar na melhor opção para a gente. - Scott soltou uma risada baixa e encarou Batista com irônia. 

- Deixa de ser baitola! 

-Ah?! Você diz que perderia tudo por mim e eu que estou sendo o homossexual aqui? 

- Fala que nem gente! Que porra de homossexual o que. - Scott disse rindo e batendo no ombro do outro. Os dois riram brevemente até ficar novamente em silêncio. 

Óbvio, anjos tinham condições melhores que os demônios e talvez seja esse o motivo por Febatista estar mais pensativo se fazer uma loucura daquela era viável ou não mas era incrível como a risada e pequena frase do seu demônio já o mantia fora da razão. 

- Eu não quero te perder, Scott. 

- Você não vai me perder seu idiota. 

- Não, você não me entendeu. - Os olhos se cruzam, um com curiosidade e confusão já o outro com seriedade. - Eu quero você. Para todo o sempre e se pra continuar tendo você eu terei que desistir de minhas regalias, postos e poderes celestiais, que assim seja. Me corrói a cada vez que imagino um dia você ser machucado ou talvez executado. A morte de um demônio é vitória para os anjos mas a sua morte para mim seria equivalente a eternidade no purgatório. Eu sou um anjo pecador mas esse pecado me deu.... a melhor coisa que poderia acontecer na minha existência que é sentir paixão. Scott e-eu... Eu te amo mais que tudo. 

Era inegável o quão quente aquele quarto ficou. Borboletas voavam internamente. O demônio encarava de olhos arregalados aquela confissão tão sincera e interna. Já o anjo sentia seu rosto quente e uma vergonha por todo o corpo, o sentimento era esquisito mas tão atrativo e gostoso. Sua boca estava seca e sentia vontade de falar mais mas as palavras não saiam. Agora o único som era da brisa adentrando nas frestas da madeira e de dois coração pulsando rápido. 

- Ah Fe, por que você tem que ser assim. - Scott respondeu sorrindo e Febatista riu sem jeito. Não precisava de uma resposta pois já a sabia, os dois sabiam. 

As unhas com garras foram caminhando lentamente até chegar nos cabelos loiros com os cachinhos mais lindos que existia, desceu para o pescoço arranhando levemente criando um arrepio gostoso. Com carta aberta as duas bocas se juntaram dando inicio a um ósculo coberto de paixão e atração. Era impossível dizer que aqueles dois não possuíam um imã que os puxavam para perto. Um beijo carregado de sentimentos como sempre, não puro, mas sincero. 

Os corpos agora completamente colados toques quentes e com amor, estavam aproveitando do pecado, era realmente muito tentador observar aquela boca e não querer beija-la. 

- Então, você aceita se tornar um humano comigo e deixar tudo para trás? - Após uma sessão de amassos, Scott pergunta enquanto cheirava os cabelos cheirosos e brilhosos do seu amado. 

- Sim, mas é bom que eu não me arrependa depois! - Batista responde brincando e aproveitando o abraço, se colando mais ainda no torso desnudo do demônio.