Torre de Vigilância
Normalmente, Batman tomava a liderança nas reuniões, uma figura sombria e confiável. Então, não era surpresa os heróis se mostrarem apreensivos quando foram convocados pelo rei de Atlântida.
Aquaman não dormia bem há dias, as olheiras evidenciando seu estado cansado e desnorteado, acompanhado de um cabelo bagunçado e olhos injetados de sono alertos.
– Parece que viu um fantasma – brincou Flash, o que não era impossível.
Aquaman adquiriu uma carranca, ignorando completamente o velocista e dando um grande resmungo.
– Perdoem pelo chamado de última hora, infelizmente, situações atípicas pedem medidas ainda mais atípicas – os heróis se entreolharam, estranhando o comportamento do companheiro.
Aquaman suspirou mais uma vez, a mão passando do rosto para o cabelo.
– No meu reino, muito antes mesmo da criação de Atlântida, existia um templo muito antes da criação que acabou sendo abandonado – o tom do herói captou a atenção de todos, até mesmo Shazam se empertigou na cadeira – O templo é enorme e suas colunas são incrustadas com várias frases, vários estudiosos tentaram traduzir, mas nunca conseguiram chegar num consenso.
Ele engoliu em seco antes de continuar.
– Normalmente, eu, e a maioria dos atlantes, evita o edifício. Mas, há uma semana, acordei no meio da noite e me senti compelido a ir até ele. Quando cheguei, o altar começou a brilhar e a imagem de um homem surgiu à minha frente – quanto mais falava, mais Aquaman ficava pálido – A imagem se auto titulou Poseidon, deus dos mares.
O herói deu um momento de silêncio, esperando seus colegas digerirem a informação.
– E eu pensava que quem mandava nessa lagoa era ele – sussurrou Shazam para Flash, nenhum pouco discreto.
Aquaman grunhiu irritado, Mulher Maravilha o encarava atentamente.
– Não é essa questão! – cuspiu com a voz tremendo – Nós não temos notícias do Lord Poseidon há milênios, e ele não apareceu por acaso.
Batman franziu o cenho e inclinou o corpo pra frente.
– Ele te pediu alguma coisa? – seus olhos dançavam entre o rei de Atlântida e a amazona, notando que a heroína assumiu uma postura rígida.
Aquaman concordou com a cabeça.
– Depois que os deuses se retiraram do nosso mundo, tivemos pouco contato com eles, pra não dizer que foi completamente cortado – seus olhos pousaram por um instante na Mulher Maravilha – A mensagem saiu entrecortada, mas eu consegui pegar o principal: “Encontre o meu filho e o ajude em sua missão”.
– Peraí, quer dizer que tem algum deus andando por aí e você só nos contou agora? – Lanterna Verde questionou.
Aquaman deu de ombros.
– Ele pode tanto ser um semideus quanto um monstro marinho. Lorde Poseidon é conhecido por ser o Pai dos Monstros – acrescentou Mulher Maravilha com a voz distante, mais para si mesma do que para os outros – Mas, como se trata de uma missão, é definitivamente um semideus.
Batman a encarou, mas não disse nada.
– Eu não contei antes porque eu passei a última semana rondando o oceano, em busca dele ou de qualquer pista, mas não encontrei nada – continuou Aquaman massageando a têmpora – Foi por isso que convoquei essa reunião. Vocês notaram alguma coisa diferente ou alguém pelas redondezas?
Todos negaram, com exceção de Mulher Maravilha.
– Tem alguma coisa a acrescentar? – perguntou Batman.
Mulher Maravilha hesitou.
– Há alguns dias também recebi uma mensagem dos deuses – ela manteve a voz firme, mas Batman a conhecia muito bem para saber que estava nervosa – Agora que sei que Aquaman também recebeu uma, creio que a situação é ainda mais grave do que o esperado. Uma sombra se aproxima de Gotham e o filho do Lorde Poseidon está ligado a ele.
– Você acha que o filho desse deus é uma ameaça? – perguntou Superman, arrancando um grunhido ofendido do herói do mar.
Mulher Maravilha negou.
– A mensagem dada a Aquaman diz para ajudá-lo em sua missão, provavelmente ele foi mandado para combater a sombra sobre Gotham – sua voz ficou mais branda – Como a sua missão aponta para Gotham, talvez ele já esteja na cidade.
Todas as cabeças se voltaram para Batman, que manteve a expressão neutra, mesmo que a sua cabeça já estivesse montando mil quebra-cabeças diferentes.
Havia um novo perigo em sua cidade, algo que ele não precisava.
– Não tenho notado nada fora do comum, além de alguns desaparecimentos – concluiu lentamente – Posso tentar localizá-lo e arrancar respostas. Há algo mais que preciso saber? É alguma ameaça que precise convocar a Liga?
Os heróis estremeceram. Algo que precisa-se convocar toda a Liga nunca era algo pequeno.
– Isso só saberemos se encontrar o semideus – respondeu curta, não agradando o Batman.
Flash pigarreou vendo que, aparentemente, a discussão tinha terminado.
– Então, desde quando você chama as pessoas de Lord? – perguntou sorrindo ao Aquaman.
Mesmo depois da reunião terminar, Batman não parava de pensar o que estava acontecendo com Gotham.
Jason
Nós tínhamos conversado até tarde e acabamos dormindo no tapete da sala.
Antes de cair no sono, fiquei observando o rosto de Percy adormecido (tínhamos nos sentado no chão e em algum momento ele me convenceu a deitar ao seu lado).
Percy foi o primeiro a dormir. Ele parecia tão cansado e preocupado que não quis acordá- lo e mandá-lo para o apartamento ao lado (o fato dele ter se aconchegado no meu peito também foi um ótimo impedimento).
Não muito depois e eu também adormeci, e mesmo dormindo no chão, foi uma das noites mais confortáveis que tive.
Acordei com o rosto de Percy ao meu lado, minhas mãos em sua cintura e os braços de Percy em meu peito.
Imediatamente senti meu rosto queimar. Ele tinha que ser tão lindo?
Não me atrevi a me mexer por um longo tempo, querendo curtir o momento.
Os cílios de Percy começaram a tremer antes dele abrir os olhos.
Percy me encarou confuso por alguns segundos, suas bochechas adquirindo um tom rosado. Me senti tentado a beijá-las, mas apenas sorri.
– Bom dia. Dormiu bem? – ele ficou ainda mais vermelho.
– Sim. Foi mal ter pegado no sono, acho que tava muito cansado – disse com um sorriso envergonhado, mas não me afastando.
Dei de ombros.
– De boa. Poder dormir aqui a hora que quiser – tranquilizei.
Percy assentiu e seus olhos se arregalaram.
– Meus deuses! Eu to atrasado pro trabalho – rapidamente ele se pôs de pé, me fazendo sentir falta de meus braços entorno de si – Eu ainda tenho que tomar banho e me trocar! Ai meus deuses!
– Eu posso te dar uma carona – ofereci.
– Jura?! – Percy se agachou na minha frente e pegou as minhas mãos – Muito obrigado Jason. Prometo que vou te recompensar.
Senti minhas orelhas queimarem com isso.
Percy me abraçou e, antes que pudesse corresponder o abraço, me deu um beijo na bochecha e correu pro seu apartamento, me deixando perplexo e com o rosto vermelho.
Percy
– Muito obrigado pela carona, Jason – agradeci tirando o capacete.
Nunca fui uma pessoa que gostasse de motos ou de motoqueiros (cof Ares cof), mas andar com Jason foi uma experiência surpreendente agradável (embora eu tenha segurado a cintura dele com mais força que o necessário. Espero não ter deixado marcas).
Estendi o capacete para devolvê-lo. Jason encarou o capacete e depois me encarou.
– Fica com ele. Vai precisar quando eu vir te buscar – não havia nada demais nisso, mas senti meu rosto esquentar.
– Tem certeza? Você já me deu carona, não quero te atrapalhar mais ainda.
Jason balançou a cabeça.
– Você não me atrapalha, Percy. E além disso, é só uma desculpa pra passar mais tempo com você – Jason disse isso tranquilamente, o que não ajudou nada meu rubor.
– Até mais então? – perguntei sorrindo.
Jason também sorriu.
– Até Percy.
Assim que entrei na cafeteria, 4 pares de olhos me encararam. Letícia e Andressa tiveram uma conversa silenciosa, Alex mostrava um sorriso mínimo, ao contrário de Mike e Charlotte, seus sorrisos igualmente maliciosos.
– Só amigos, hein Percy? – seu sorriso alargou, suas sobrancelhas pulando.
– Cala a boca – eu queria que a minha voz não tivesse saído esganiçada.
– Não sabia que gostava dos bad boys – o sorriso e a voz de Charlotte pingava malícia – Cuidado, se não o seu coração não vai ser o único a ser roubado.
Todos começaram a rir pelo meu constrangimento.
Deuses, eu preciso conversar com Annabeth.
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